Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.” (Jo 11.5)
INTRODUÇÃO
Chegamos a última lição do trimestre, temos como propósito abordar o tema da amizade da família cristã com a pessoa bendita de Jesus. Cremos que essa amizade com Jesus estimula a amizade entre os membros de nossa família. A vontade de nosso Salvador é que a família cristã cultive uma verdadeira amizade tal qual a família de Betânia cultivava com Ele. Veremos que a amizade de Jesus com Marta, Maria e Lázaro torna-se uma imagem da amizade que a nossa família pode desfrutar com Jesus hoje.
I – A VIDA SOCIAL DE JESUS
1- Jesus foi um ser social.
Está claramente demonstrado que Jesus não se satisfaz com obediência meramente servil. Seus amigos demonstram amizade quando fazem o que ele manda. Obediência é uma expressão de seu amor. O amigo é diferente do servo. O servo trabalha sem que o senhor compartilhe com ele seus planos, sua obra, seus sentimentos. O amigo de Jesus tem não apenas sua palavra e sua companhia, mas também seu coração. Jesus compartilha com seus amigos tudo o que ouviu do Pai. Ele traz os anelos do coração do Pai e os divide com seus amigos. John Wesley, pensando em sua conversão, descreveu-a como o momento em que ele trocou a fé de um escravo pela fé de um filho. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 399).
2- Uma casa hospedeira.
Essa é a terceira vez que Maria está quedada aos pés de Jesus. Na primeira vez, esteve aos pés de Jesus para aprender (Lc 10.39); na segunda, prostrou-se aos pés de Jesus para chorar (Jo 11.32). Dessa feita, demonstra a ele seu acendrado amor por intermédio de uma generosa oferta (Jo 12.3). Esse episódio ocorre seis dias antes da Páscoa, na casa de Simão, o leproso (Mc 14.6). Não sabemos ao certo se esse Simão era o pai dos três irmãos de Betânia, o marido de Marta, ou simplesmente um amigo da família.
Tanto Marta quanto Maria demonstram sua devoção a Cristo. Marta expressa sua consideração e afeição a Jesus mediante os pratos que preparou e colocou à mesa; Maria derrama um precioso perfume sobre a cabeça e os pés do seu Senhor. O texto em apreço apresenta um contraste. Dessa feita, o contraste não é entre Maria e Marta (Lc 10.38-42), embora as peculiaridades das duas irmãs ainda estejam em evidência. O contraste agora é entre Maria e Judas Iscariotes. A avareza disfarçada de amor aos pobres deste e a oferta sacrificial daquela estão em flagrante oposição. Aos motivos de Maria contrapõem-se a falácia e a avareza do ladrão e traidor.
Vale ressaltar que o gesto de Maria violou vários clichês culturais. Ela ofereceu o seu melhor a Jesus sem se importar com o protocolo, a etiqueta ou as regras culturais. Que regras ela violou? Primeiro, a sociedade esperava que, como mulher, ela estivesse servindo. Segundo tocar os pés de outra pessoa era considerado algo degradante. E, terceiro, Maria não apenas tocou os pés de Jesus, mas também os enxugou com os seus cabelos, sendo estes a coroa e a glória da mulher.
O gesto de soltar os cabelos em público era indigno para uma mulher naquele tempo. Quarto, o caro perfume que ela derramou sobre os pés de Jesus era um tesouro que as mulheres guardavam para as suas próprias bodas.3 Mesmo quebrando paradigmas, o gesto de Maria, embora censurado pelos homens, foi enaltecido por Jesus. Destacaremos alguns aspectos do gesto de Maria. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 316-317).
3- Jesus foi recebido por essa família.
A aldeia onde moravam estas pessoas era Betânia, situada a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Marta tinha uma irmã chamada Maria (10.39, que era provavelmente mais jovem, porque esta casa é descrita como pertencendo a Marta), e um irmão chamado Lázaro (que mais tarde Jesus ressuscitaria dos mortos, João 11). Jesus não tinha vindo sozinho – tinha consigo doze discípulos, e todos precisavam ter seus pés lavados, tinham que ser acomodados, e precisavam ter uma refeição. No mundo antigo uma anfitriã respeitável honraria seus hóspedes com todas estas cortesias.
A impressão aqui, entretanto, é que Marta estava exagerando. Ela queria oferecer algo especial ao Mestre, mas devido a estes afazeres chegou a estar distraída, sobrecarregada e incapaz de desfrutar a presença destes convidados. Numa tentativa de servir a Jesus, ela não entendeu ou percebeu a razão pela qual Jesus estava ali. Maria, no entanto, assentando-se… aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Ela estava aproveitando a oportunidade de ouvir a Jesus. Marta, por sua vez, queria dar aos seus convidados um tratamento real – e não deveria ser criticada por isto. Contudo, ela permitiu que a sua preocupação se transformasse em irritação. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 397).
II – FRUTOS DA AMIZADE COM JESUS
1- Presença real do Filho de Deus.
Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Tal é a promessa para os que, a despeito de saberem perfeitamente bem que serão desprezados e talvez até mesmo perseguidos por seus vizinhos, etc., acolhem e continuam a acolher os discípulos e sua mensagem. São informados de que, quando aceitam esses homens em sua verdadeira atribuição, como representantes de Cristo plenamente autorizados, estão aceitando ao próprio Cristo.
Não só isso, mas visto que Jesus, por sua vez, era enviado do Pai (15.24; 21.37; Mc 9.37; 12.6; Lc 4.18; 10.16; Jo 3.17,34; 5.23,24,40; 9.4,7; 10.36; G1 4.4; Uo 4.9; etc.), ou seja, do amorável coração do próprio Pai que autorizou a seu Filho a comissionar a esses discípulos (Mt 28.18-20; Jo 17.18; 20.21), eles, de boa vontade, estão aceitando o próprio Pai no coração, na vida e no lar. E mesmo possível imaginar uma benção que seja mais rica que esta? (HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus 1. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã. pag. 676).
2- Desenvolvimento espiritual.
Destacaremos alguns aspectos do gesto de Maria.
Em primeiro lugar, Maria deu o seu melhor (Jo 12.3). Os evangelistas Marcos e Mateus não nos informam o nome da mulher que ungiu Jesus, mas João nos conta que foi Maria de Betânia, a irmã de Marta e Lázaro (Jo 12.1-3). Jesus estava na casa de Simão, o leproso, na cidade de Betânia, participando de um jantar. A descrição das irmãs de Lázaro – Marta servindo e Maria cultuando — novamente chama a atenção por sua semelhança com o retrato que Lucas traça no único trecho em que as menciona (Lc 10.38-41). Esse jantar possivelmente foi motivado pela gratidão de Simão e Maria. Esta, num gesto pródigo de gratidão e amor, quebrou um vaso de alabastro e derramou o preciosíssimo perfume sobre a cabeça de Jesus. O perfume havia sido extraído do puro nardo, isto e, das folhas secas de uma planta natural do Himalaia, entre o Tibete e a índia. Pelo fato de a planta provir de uma região tão remota e ser transportada no lombo de camelos através de regiões montanhosas, era altamente cotada.
Em segundo lugar, Maria deu sacrificialmente (Jo 12.3). O gesto de amor e adoração de Maria foi público, espontâneo, sacrificial, generoso, pessoal e desembaraçado.6 A libra de bálsamo equivalia a uns 327 gramas de perfume. Cada grama desse perfume excelente valia um denário. O total desse caro unguento equivalia ao salário de um trabalhador comum durante um ano inteiro. Maria deu não apenas o seu melhor, mas deu, também, sacrificialmente. Aquele perfume foi avaliado por Judas em 300 denários (Jo 12.4,5). Representava o salário de um ano de trabalho. Assim como Davi, Maria se recusou a dar ao Senhor o que não lhe havia custado coisa alguma (2Sm 24.24). Judas Iscariotes fica indignado com Maria e considera seu gesto um desperdício. Ele culpa Maria de ser perdulária e administrar mal os recursos. Murmura contra ela, dizendo que aquele alto valor deveria ser dado aos pobres. Warren Wiersbe diz que Judas criticou Maria por desperdiçar dinheiro, enquanto ele desperdiçou a própria vida.8 O que Maria fez foi único em criatividade, régio em generosidade e maravilhoso em intemporalidade, diz William Hendriksen.9 Concordo com Werner de Boor quando ele diz que o amor não é calculista; o amor esbanja!10 O amor, depois de dar tudo, só lamenta não ter mais para dar!
Em terceiro lugar, Maria buscou agradar somente ao Senhor (Jo 12.7). Maria demonstrou seu amor a Jesus de forma sincera e não ficou preocupada com a opinião das pessoas a sua volta. Não buscou aprovação ou aplauso das pessoas nem recuou diante das suas críticas. O amor é extravagante, sempre excede! A devoção de Maria contrasta vivamente com a malignidade dos principais sacerdotes e a vil traição de Judas. Em quarto lugar, Maria demonstrou amor em tempo oportuno (Jo 12.7). Maria demonstrou seu amor generoso a Jesus antes de sua morte e antecipou-se a ungi-lo para a sepultura (Mc 14.8). As outras mulheres também foram ungir o corpo de Jesus, mas, quando chegaram, ele já não estava lá, pois havia ressuscitado (Mc 16.1-6). Muitas vezes, demonstramos o nosso amor tardiamente. A mais eloquente declaração do amor de Davi por seu filho Absalão ocorreu depois da morte do filho. Absalão sempre quis ouvir isso de seu pai, mas, quando Davi declarou seu amor a ele, Absalão já não podia mais ouvir. Muitas vezes, enviamos flores depois que alguém morre, quando a pessoa já não pode mais sentir seu aroma.
Em quinto lugar, Maria foi elogiada pelo Senhor (12.7,8). Jesus chamou o ato de Maria de boa ação (Mc 14.6) e disse que seu gesto deveria ser contado no mundo inteiro, para que sua memória não fosse apagada (Mc 14.9). Jesus diz que os pobres precisam ser assistidos, mas eles estão sempre entre os homens; ele, porém, morreria nessa mesma semana, e apenas Maria discerniu esse fato para honrá-lo antecipadamente. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 317-319).
3- Serviço concreto.
A mente de Marta vê-se atirada em todas as direções. Como poderei cuidar de todos os detalhes desta elaborada comida: os aperitivos, a salada, a carne, as verduras, os aromatizantes e condimentos, os pães, as sobremesas, a distribuição dos convidados ao redor da mesa, etc.? E tudo isto para:
“Jesus e Lázaro, Maria e Marta, mais Pedro, André, Tiago e João, Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé também, Tiago o menor e Judas, o maior, Simão Zelote e Judas, o traidor”.
A expressão Marta, Marta revela uma assinalada desaprovação, por certo, mas também um terno afeto e grave preocupação, porque, como Aquele que esquadrinha os corações sabe, Marta estava preocupava interiormente e zangada exteriormente. Isto era muito claro pela maneira como se via, falava e agia. “Com muitas coisas”, como se dissesse: Uma comida tão elaborada nem sequer é necessária. Além disso, há coisas que em excelência e importância ultrapassam de longe o comer.
“Pouco é necessário ou mesmo uma só coisa”, diz Jesus. Alguns interpretaram esta declaração como significando: “Um só prato teria sido suficiente”. Mas o que segue imediatamente certamente favorece a outra interpretação que tem uma acolhida mais ampla, ou seja: A única coisa necessária é a porção que Maria escolheu, quer dizer, ouvir minhas palavras.
Na realidade, pode haver algo maior em valor que uma devoção de todo coração e a adoração do Senhor Jesus Cristo, a revelação do Deus triúno? Essa e não outra coisa — por exemplo, este ou aquele prato de comida — é a porção que nunca será tirada de Maria, nem de ninguém que siga o seu exemplo. Veja-se Sl. 89:28; Jo. 10:28; Rm. 8:38, 39.
Às vezes se pergunta: Mas não foi Jesus um pouquinho injusto com Marta? Afinal de contas, não tinha ela razão? É preciso ter em mente o seguinte:
Exceto os toques finais, a comida já deveria estar preparada quando Jesus e seu grupo chegaram. Temos razões para crer que Ele tinha tomado cuidado de fazer com que sua anfitriã soubesse de Sua vinda. Não estava sempre enviando na frente homens para anunciar Sua chegada? Veja-se Is. 40:3–5; Ml. 3:1; Lc. 9:52; 10:1, 22:8.
Isto também significa que ao Ele chegar uma das irmãs deveria ter “atendido” ao honorável visitante. Digamos que deveria ter estado preparada para sentar-se aos Seus pés para ouvir Suas palavras. O não fazê-lo, até sob condições comuns, teria sido descortesia, contrário às bons maneiras, mas neste caso teria sido extremamente irreverente. Assim que Maria fez o correto.
Lc. 10:40, “tenha deixado que eu fique”, etc., provavelmente dê a entender que mais cedo Maria também tinha estado fazendo sua parte na preparação da comida. Marta aprendeu a lição. Sabia que as palavras de repreensão de Jesus foram ditas com amor, porque “amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro” (Jo. 11:5). (HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas. Editora Cultura Cristã. pag. 718-720).
III – LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM A AMIZADE DE JESUS
1- Uma história de amor.
O amor de Jesus por Lázaro e suas irmãs não impediu que eles passassem pelo vale da morte, mas lhes trouxe vitória sobre a morte. Concordo com as palavras de Charles Erdman a respeito:
Quando a tribulação assedia um crente, é perigoso afirmar que o seu propósito é algum benefício, ou que o seu motivo é alguma bênção futura. Os propósitos de Deus estão além de nossa compreensão; o sofrimento é um mistério que nem sempre podemos desvendar. Mas é absolutamente certo que, para um amigo de Jesus, o resultado do sofrimento será algum bem eterno, alguma manifestação da glória de Deus.
Como conciliar o amor de Jesus com o nosso sofrimento? Vejamos a seguir.
A família de Betânia era amada por Jesus. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro, mas, mesmo assim, Lázaro ficou enfermo. Se Jesus amava a Lázaro, por que permitiu que ele ficasse doente? Por que permitiu que suas irmãs sofressem? Por que permitiu que Lázaro morresse? Aqui está o grande mistério do amor e do sofrimento. Marta e Maria fizeram a coisa certa na hora da aflição. Buscaram ajuda em Jesus. Elas sabiam que Jesus mudaria sua agenda e as atenderia sem demora.
Elas buscaram ajuda na base certa. Basearam-se no amor de Jesus por Lázaro, e não no amor de Lázaro por Jesus. Quem ama tem pressa em socorrer a pessoa amada. Hoje dizemos: “Jesus, aquele a quem amas está com câncer. Jesus, aquele a quem amas está se divorciando? Jesus, aquele a quem amas está desempregado”. Por que Jesus não curou Lázaro a distância. Jesus poderia ter impedido que Lázaro ficasse doente e também poderia tê-lo curado a distância. Ele já havia curado o filho do oficial do rei a distância (Jo 4.46-54). Por que não curou seu amigo a quem amava? A atitude de Jesus parece contradizer o seu amor.
Alguns judeus não puderam conciliar o amor de Cristo com o sofrimento da família de Betânia (Jo 11.37). Eles pensaram que amor e sofrimento não podiam andar juntos. O fato de sermos amados por Jesus não nos dá imunidades especiais. O Pai amava o Filho, mas permitiu que ele bebesse o cálice do sofrimento e morresse na cruz em nosso lugar. O fato de Jesus nos amar não nos torna filhos prediletos. O amor de Jesus não nos garante imunidade especial contra tragédias, mágoas e dores. Nenhum dos discípulos teve morte natural, exceto João. Jesus não prometeu imunidade especial, mas imanência especial. Nunca nos prometeu uma explicação; prometeu a si mesmo, aquele que tem todas as explicações. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 296-297).
2- Compreender o outro.
É como Cristo em suas negações (1Co 13.4-6). O amor se manifesta positivamente na paciência e na bondade. Ele também se revela negativamente através das restrições que coloca a si mesmo. Assim sendo, podemos confiar no amor tanto pelo que ele faz, como por aquilo que ele não faz.
1) O amor não sente inveja (1Co 13.4). Invejar é um verbo usado às vezes em um sentido favorável, como em 12.31: “Procurai com zelo os melhores dons”. Essa palavra significa basicamente “ser zeloso por ou contra qualquer coisa ou pessoa”.61 Quando usada em um contexto desfavorável, ela significa ser zeloso contra uma pessoa; portanto, ter ciúme ou sentir desprazer perante o sucesso de alguém.
2) O amor não se ufana (1Co 13.4, versão ARA). A expressão não trata com leviandade introduz uma vívida palavra que quer dizer “fanfarrão ou falador”. Ela é “usada em relação a alguém que louva suas próprias qualidades”.63 Essa advertência foi especialmente necessária aos coríntios, que eram inclinados a se orgulhar dos seus dons.
3) O amor não se ensoberbece (1Co 13.4). Ensoberbecer (physioutai) significa inflar, ofegar, suspirar. Portanto, quer dizer “inchado de orgulho, vaidade e autoestima”. É diferente de jactar-se, no sentido de expressar ativamente sentimento de orgulho e egoísmo. Um homem pode ter um sentimento de auto exaltação e ser suficientemente inteligente para disfarçá-lo através de uma demonstração de religiosidade. Dessa forma, ele não irá se expor às críticas de ser uma pessoa soberba. O amor elimina esse sentido interior de auto-exaltação, assim como a sua manifestação exterior.
4) O amor não se porta com indecência (1Co 13.5). Aqui Paulo está falando sobre o perfeito amor e a maneira como ele opera na vida cristã. O “caminho mais excelente” é o caminho da santidade. O apóstolo não está se referindo simplesmente a um ideal a ser alcançado, mas indicando uma experiência de amor que está no tempo presente. O momento é agora. Esse amor não se porta com indecência, não faz nada que seja “vergonhoso, desonroso ou indecente”.64 O amor demonstra o devido respeito para com aqueles que têm autoridade, e uma adequada consideração pelas pessoas sobre as quais a autoridade é exercida. O amor “inspira tudo que é conveniente e próprio na vida, e protege contra tudo que é inconveniente e impróprio”.
5) O amor não é interesseiro (1Co 13.5). Jesus descreveu a abordagem básica à vida cristã quando falou sobre o grão de trigo que cai na terra e morre para que possa viver (Jo 12.24). Esse é o amor cristão que está em direta oposição ao interesse egoísta. O egoísmo e o amor não podem residir no espírito do mesmo homem. O amor não pode encontrar a sua própria felicidade às custas dos outros. Isso não significa que o homem não deva se preocupar com o seu próprio bem-estar, nem que ele deva se descuidar de sua saúde física, de seus bens, felicidade ou salvação.
Significa que o homem não deve fazer da sua felicidade pessoal e de seu bem-estar a principal motivação da sua vida. O amor leva o cristão a procurar o bem-estar dos outros, mesmo às custas do esforço, da abnegação e do sacrifício pessoal.
6) O amor não se irrita (1Co 13.5). O amor não se deixa provocar. “A leviandade é supérflua e dá um colorido diferente a uma afirmação que é absoluta: ele não é provocado, nem exasperado.se Quando usada em um sentido desfavorável, a palavra irritar significa “provocar a ira, enervar”. Portanto, o amor não é melindroso, nem hipersensível, e não se ofende. Somente o amor pode vencer as irritações reais ou imaginárias que uma pessoa experimenta na vida.
7) O amor não suspeita mal (1Co 13.5). A palavra traduzida como suspeita (logizetai) significa levar em conta, acusar, calcular ou registrar. O amor não soma, nem atribui más intenções ou desejos perniciosos a um homem. Como Godet explica: “O amor, em vez de registrar o mal como um débito em seu livro contábil, voluntariamente ‘passa uma esponja’ sobre aquilo que ele suporta”.
8) O amor não folga com a injustiça de qualquer espécie (1Co 13.6). O amor não participa de qualquer ato pessoal de pecado ou injustiça. Não se alegra com os vícios dos outros homens, nem encontra prazer quando outros se revelam culpados de algum crime. Pelo contrário, o amor se alegra com a verdade e encontra prazer nas virtudes dos outros. O amor e a verdade são irmãos gêmeos na família da fé. Esse amor não pode ser indiferente ou neutro; ele sempre é a favor de algum dos lados. O amor se retrai perante a injustiça, mas abraça a verdade.
O Amor é a Mais Abrangente de Todas as Graças (1Co 13.7). Nesse ponto, o apóstolo muda seu tema de retumbantes afirmações negativas para emocionantes afirmações positivas. Os dons carismáticos, especialmente a glossolalia, estavam confinados apenas a algumas pessoas e tinham pouco valor prático. O amor, por outro lado, é tão amplo e abrangente quanto o espírito do homem que é moldado pela graça de Deus.
a) O amor tudo sofre, tudo suporta (1Co 13.7a). Na literatura clássica a palavra sofrer (stego) significava “cobrir, considerar em silêncio, manter confidencial”. Aqui, uma excelente tradução da ideia de Paulo é “o amor que lança um manto de silêncio sobre aquilo que é desagradável em uma outra pessoa”. Essa palavra também contém a ideia de suportar. Portanto, o amor pode ocultar ou suportar aquilo que é desagradável em alguém. Whedon comenta: “Assim como a mãe procura cobrir as faltas dos seus filhos, Paulo preferia ocultar os erros dos coríntios, ao invés de expô-los”. O amor afasta os ressentimentos e espera o melhor das pessoas, mesmo quando as aparências indicam o contrário.
b) O amor gera confiança nos outros (1Co 13.7b). Os coríntios formavam uma multidão de céticos. Sentiam dificuldade em confiar uns nos outros. A rivalidade em relação aos vários dons havia produzido um abismo em sua confiança. Paulo diz a esses filhos problemáticos que o amor acredita em tudo; o amor tudo crê. O verbo crer (pisteuei) significa ter confiança nos outros, colocar a melhor interpretação em seus atos e motivos. Certamente Paulo não está sugerindo que um cristão cheio de amor seja uma pessoa extremamente crédula que acredita em tudo o que é apresentado à sua mente. Ele quer dizer que o amor está pronto para acreditar no melhor que existe nos outros e a tolerar as circunstâncias.
c) O amor produz uma esperança perpétua (1Co 13.7c). O amor nunca desiste – ele acompanha o homem até os limites da sepultura, sempre esperando o melhor. O amor não produz uma espécie de otimismo sentimental que cegamente se recusa a enfrentar a realidade, e se nega a aceitar o insucesso como definitivo. Em vez de aceitar o insucesso dos outros, “o amor irá se firmar nessa esperança até que todas as possibilidades de tal resultado tenham desaparecido, e é compelido a acreditar que a conduta não é suscetível a uma justa explicação”.
d) O amor permanece firme (1Co 13.7d). O amor permanece forte perante o desapontamento, é corajoso na perseguição e não se queixa. Suportar (hypomeno) significa “manter a posição, recusar-se a ceder, resistir”. Dessa forma, quando o cristão não consegue mais acreditar ou esperar, ainda assim ele pode amar. Essa permanência não é uma simples aquiescência, mas uma reação silenciosa e estável a pessoas ou eventos que não merecem paciência. O amor é permanente. (Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 345-347).
3- Ponderar quanto aos cuidados da vida.
Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Tanto trabalho e Maria só se senta ali, sem fazer nada! Marta explode de irritação. Sente-se exasperada. Sente que tem uma justa razão para estar completamente irritada. Em seu estalo não somente critica a Maria, mas também a Jesus por permitir que Maria sente-se ali ociosamente.
CONCLUSÃO
A relação de amizade de Jesus com a família de Betânia pode ser real em nossa família. Quando cultivam os uma relação sincera e verdadeira com o nosso Senhor, podemos desfrutar do mais precioso relacionamento familiar regado de amor que brota da relação com Jesus.