Após celebrar quarenta anos eu conjugo a minha vida com meu primeiro namorado, que eu escolhi quando eu tinha quinze anos, e com quem me casei aos vinte anos. E quando as pessoas me perguntam qual a receita para um casamento feliz, eu posso dizer que não há uma receita simples, mas posso pensar em, pelo menos, cinco aspectos importantes.
Em ordem decrescente, posso afirmar que escolher bem é um fator fundamental. E quando digo escolher bem, refiro-me a uma pessoa que partilhe da fé evangélica, que tenha um caráter bem formado, com valores e conceitos de vida equivalentes aos nossos, de modo a facilitar a construção da família e a educação dos filhos. A pessoa escolhida não precisa ser rica, mas deve gostar de trabalhar; assim como não precisa ser bonita, mas deve ser boa, educada e bem-humorada!
Em quarto lugar, é importante que todo cônjuge, desde o namoro, tenha maturidade emocional suficiente para encarar os desafios da vida. Há contas que precisam ser pagas, relações com parentela que devem ser realinhadas, e acordos entre os cônjuges que precisam ser cumpridos. Muitas serão as pressões no trabalho, a dedicação nas atividades na igreja e os desafios dos projetos e carreiras individuais.
Quando decidimos conjugar a vida, partilhamos os mesmos sonhos, oramos pelos mesmos propósitos e reorganizamos nossos sistemas de valores. A vida não é simples ou fácil, e partilhar a vida ao lado de alguém implica estar pronto para carregar as nossas próprias cargas e as cargas do nosso cônjuge, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza.
Em terceiro lugar, conjugar a vida implica em decisão diária. Todos os dias decidimos manter a conjugalidade, reafirmando os votos de estar ao lado de quem também nos escolheu. Escolhemos diariamente manter a chama do desejo sexual, beijando, abraçando e mantendo o olhar em quem nos casamos. Escolhemos valorizar as qualidades em detrimento dos defeitos que já conhecemos tão bem!
Para uma vida conjugal feliz é importante aprender a olhar e admirar nosso cônjuge, em vez de procurar as possíveis vantagens nos casamentos dos outros. Assim sendo, a postura de reclamar ou de acusar precisa ser substituída pela decisão diária de agradecer, elogiar, perdoar e amar.
Envelhecer ao lado de alguém que fica ao nosso lado, ao longo de décadas em um casamento é um grande privilégio – esta pessoa esteve conosco na juventude assistindo o auge da nossa beleza, acompanhou a chegada das primeiras rugas e cabelos brancos, e tem em sua memória os anos em que estávamos mais bonitos, bem como agora, quando estamos mais maduros. Portanto, a escolha diária de permanecer do lado de alguém é a forma mais bela de reafirmar ao outro nossa escolha de amor e nosso compromisso com os votos trocados no casamento.
Em segundo lugar, para manter um casamento feliz, é importante ser feliz – lembrando que ser feliz não é simplesmente depositar nossas expectativas no que o cônjuge pode ou deve fazer por nós. Ao contrário, é construir, interna e concomitantemente, prioridades de vida que nos tragam autorrealização, como a maternidade, uma carreira profissional, uma vida ministerial, e a construção de uma família bem-educada e afetiva. Afinal, não podemos atribuir nossa felicidade só aos filhos, pois eles saem da nossa casa para construírem suas famílias, assim como todos vamos nos aposentar. Precisamos cuidar da vida pessoal, sentimental, familiar, profissional, ministerial, física, etc., fazendo o melhor que pudermos para nos adaptar às tantas mudanças que nos esperam ao longo da vida. Cônjuges felizes fazem seus cônjuges felizes.
Por fim, primeiramente, que Deus seja sempre o centro do nosso relacionamento. A Ele seja sempre a nossa maior gratidão, nosso melhor elogio, nossa melhor canção, nosso melhor abraço, nosso mais profundo afeto e nosso amor puro e verdadeiro. Quando Deus é Senhor da nossa alma, ele se torna Senhor de tudo o que temos ou somos, inclusive do nosso casamento!
Por Elaine Cruz – psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar.