EBD – Vivendo no Espirito

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados alunos e professores,

Paz do Senhor!

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gl 5.22)

INTRODUÇÃO

Na próxima lição veremos que o verdadeiro avivamento espiritual proporciona ao crente uma nova dinâmica de vida no Espírito. No entanto, isso não significa que o crente esteja isento de enfrentar lutas espirituais, bem como batalhas na carne para que não obedeça à vontade de Deus.

A caminhada espiritual requer do crente o esforço para preservar uma vida santa, consagrada a Deus por intermédio da oração e leitura da Palavra. O Senhor Jesus alertou aos seus discípulos de que enfrentariam aflição neste mundo, mas deveriam manter o bom ânimo, haja vista que Ele mesmo venceu esse sistema pecaminoso (Jo 16.33). A Bíblia ressalta que o nascido de Deus tem condições de vencer o mundo mediante a fé (1 Jo 5.4). Logo, o estilo de vida pela fé requer andar no Espírito.

I -A VIDA NO ESPÍRITO

1- Andando em Espírito.

Não obstante, como os gálatas podem escapar da luta carnal tão explicitamente descrita em 5.15? Como podem se guardar de serem envolvidos pelos mandamentos carnais da lei? Como podem se proteger contra os motivos carnais dos judaizantes? A resposta de Paulo para todas estas perguntas é que devem “andar [lit., caminhar] em Espírito” (5.16).

Paulo usa a palavra “andar” metaforicamente para descrever todo o modo de viver (Ef 2.10; 5.2, 8; Cl 2.6; 1Ts 2.12; 4.1). Em outras palavras, manda que os gálatas permitam que o Espírito Santo controle cada aspecto de suas vidas. (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180).

2- Por que andar em Espírito?

Nós nos sentimos condenados porque Satanás usa as culpas do passado e os erros do presente para nos levar a questionar o que Cristo fez por nós. Nossa segurança deve estar centrada em Cristo e não no nosso desempenho. Não importam os nossos sentimentos, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Pelo fato de termos sido resgatados por Cristo (7.24,25) não estamos condenados. Estar em Cristo Jesus significa ter depositado nele a nossa fé, tornando-nos membros do seu corpo de crentes. Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).

O Espírito de vida é o Espírito Santo que estava presente na criação do mundo como um dos agentes da própria origem da vida (Gn 1.2). Ele é o poder (ou lei) que está por detrás de cada cristão, e aquele que nos ajuda a viver uma vida cristã. O Espírito Santo nos liberta, de uma vez por todas, do poder (ou da lei) do pecado, e da sua natural consequência, a morte. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 53).

3- Como andar em Espírito?

O “viver segundo a carne” se revela através do veículo do corpo. Portanto, devemos nos afastar da carne (natureza pecaminosa) e das suas iníquas atitudes, das suas práticas e suas habituais respostas. Esse é um ato que deve ser realizado e uma atitude que deve ser tomada; devemos todos os dias nos afastar dos desejos que nos levam para longe de Deus. Os judeus já se consideravam filhos de Deus por causa da sua herança, mas Paulo explica que agora esse termo tem um novo significado. Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que são guiados pelo Espirito de Deus como ficou provado no seu estilo de vida. Os crentes não têm apenas o Espírito (8.9), eles também são guiados por Ele. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 55).

II- O CONFRONTO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO

1- Carne x Espírito.

É oportuno esclarecer o que significa “a carne” no contexto deste estudo. Há pessoas que imaginam que “a carne” se refere ao corpo físico, formado por cabeça, tronco e membros. É um equívoco elementar. O corpo humano não peca; os olhos, os ouvidos, a boca, os braços, as mãos, as pernas, os pés, bem como os órgãos sexuais não pecam. Em termos bíblicos, para o crente fiel, o corpo humano é “templo do Espírito Santo” (1Co 6.19.20).

Em termos espirituais, é a maior luta que existe na realidade humana. Ela começou no Éden, quando o Diabo, “a antiga serpente”, conseguiu seduzir a mulher para a desobediência a Deus. Enganada pelo Maligno, Eva convidou o seu esposo para experimentar do fruto proibido por Deus, e a tragédia espiritual e moral cumpriu-se na vida deles. Ambos só tiveram prejuízos espirituais, morais, físicos e materiais. Expulsos do Paraíso, levaram consigo o pecado original. Esse pecado tem em si o domínio sobre a natureza carnal do homem e provoca constantemente uma disputa entre o novo e o velho homem. Essa é a luta entre a carne e o Espírito.

A concupiscência da carne

A palavra concupiscência, em termos etimológicos, tem origem do latim, concupiscens, que tem o significado de “forte desejo”, no sentido de obter bens materiais ou prazer sexual. Ela provoca no homem natural, que não tem o Espírito Santo, intenso desejo de buscar a prática do sexo ilícito, conduzindo o homem para a fornicação, que é a relação sexual pecaminosa entre solteiros; ao adultério, que é o pecado envolvendo pessoas casadas com outras que não são os seus cônjuges; prostituição, que é o pecado da mercantilização ou da venda do corpo para obtenção do prazer sexual; e para a homossexualidade, que é a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo. A concupiscência da carne faz parte das estruturas pecaminosas criadas pelo Diabo ou pelos homens para afastá-los de Deus. Diz João:

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. (1 Jo 2.15-16

A carne contra o Espírito

A maioria absoluta das pessoas no mundo não quer saber de Deus. São seduzidas e afastadas para longe do Senhor por vários meios: pelas falsas religiões; pela sabedoria diabólica, fruto dos conhecimentos humanos e materiais que exaltam o homem; pelo humanismo e pelo materialismo. Como resultado, as pessoas em geral esquecem-se de Deus e preferem agradar ao Diabo e à sua natureza carnal, corrompida pelo pecado, e tal confronto configurasse como a luta entre a carne e o Espírito. Quem melhor compreendeu esse combate crucial de proporções espirituais e humanas foi o apóstolo Paulo. Escrevendo aos crentes, ele disse:

“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17).

Paulo dirigia-se na sua epístola aos cristãos que serviam a Deus na igreja da Galácia. Ele tomou conhecimento de que os crentes daquela igreja estavam inclinando-se para voltar aos velhos preceitos cerimoniais do judaísmo, como, por exemplo, a guarda do sábado, de forma legalista, a submissão ao rito da circuncisão da carne, coisas que aparentemente eram de natureza espiritual, mas, na verdade, as suas práticas, depois de terem conhecido a Cristo, eram práticas carnais. Daí a razão por que Paulo escreveu grave exortação contra esse desvio doutrinário:

“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gl 5.1-4)

Deve ter sido muito duro para os irmãos da Galácia ouvirem a leitura da carta de Paulo. Alguém se intrometeu no meio deles e induziu-os a deixar a liberdade concedida por Cristo para que voltassem a ficar “debaixo do jugo da servidão”; e o apóstolo alertou-os de que, caso se deixassem circuncidar, não só estariam obrigados a cumprir todos os preceitos da Lei, mas também o que era pior: estariam “separados de Cristo” e “caídos da graça”. Então, vejamos que a luta da carne contra o Espírito pode começar dentro das igrejas cristãs, podendo manifestar-se na pregação de doutrinas falsas, de heresias, de discursos de hereges pelas redes sociais, em sites da Internet, além de levados ao seio da congregação. Homens carnais, travestidos de espirituais, podem levar os crentes a dar lugar à carne. Porém, o que é mais comum é a luta da carne contra o Espírito através das “obras da carne”, como veremos no item a seguir. (Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).

2- As obras da carne.

Paulo comparou as obras da carne com as obras da vida cheia do Espírito, em 5.19-21 e 5.22,23. Os pecados da lista de Paulo classificam-se em quatro categorias. Estes pecados em particular eram especialmente habituais no mundo pagão, e os gálatas os teriam compreendido prontamente.

Com poucas exceções, nós podemos também reconhecer estes pecados como presentes na nossa época atual.

Na primeira categoria, são mencionados três pecados sexuais;

Prostituição – qualquer forma de relação sexual ilícita. A palavra serve para destacar o comportamento sexual proibido entre as pessoas ou a participação indireta como um espectador.

Impureza – a impureza moral. Talvez nenhum ato sexual tenha ocorrido, mas a pessoa exibe uma grosseria e uma insensibilidade em questões sexuais que ofende aos demais. Um exemplo hoje seria o uso excessivo de humor sexual (ou o que se supõe que seja humor), em que as pessoas fazem declaração com um duplo sentido sexual.

Lascívia — uma indulgência franca e excessiva quanto a pecados sexuais. A pessoa não tem sentimento de vergonha nem moderação. Este é o resultado da imoralidade e da impureza sexual.

Os dois pecados a seguir são pecados religiosos característicos da cultura pagã.

Idolatria – adoração de ídolos pagãos.

A pessoa cria substitutos para Deus e então os trata como se fossem Deus.

Esta pessoa está se entregando a desejos humanos pecaminosos.

Feitiçarias (ou participação em atividades demoníacas) — envolvimento com os poderes malignos, usando, às vezes, poções e venenos. Na idolatria, o indivíduo age submissamente com relação ao mal; na atividade demoníaca, o indivíduo é um agente ativo que serve aos poderes malignos.

Os oito pecados seguintes dizem respeito ao comportamento com relação às pessoas (relações interpessoais) que é motivado por desejos pecaminosos. E triste notar, mas muitos destes pecados são frequentemente vistos nas nossas igrejas hoje.

Inimizades – uma situação de inimizade constante entre grupos.

Isto pode ser um conflito real e não solucionado, cuja causa já foi esquecida, mas que resultou em muita amargura.

Porfias – competição, rivalidade, conflitos amargos — as sementes e o fruto natural do ódio.

Emulações (ou ciúmes) — o sentimento de ressentimento de que alguém tenha o que outro acha que merece.

Iras – raiva egoísta. A forma plural transmite o significado de um comportamento contínuo e descontrolado.

Pelejas (ou ambição egoísta) – a abordagem à vida e ao trabalho que tenta progredir à custa dos demais.

Não somente pode se referir ao que chamamos de “vício de trabalho”, como também pode implicar em uma atitude mercenária, agressiva em relação aos demais, na busca dos próprios objetivos.

Dissensões – fortes desentendimentos ou discussões. A situação que pode se instalar rapidamente entre as pessoas quando prevalece uma atitude desagradável.

Heresias (ou o sentimento de que todos estão errados, exceto os do seu pequeno grupo) – a dissensão criada entre as pessoas por causa de divisões.

Isto descreve a tendência de procurar aliados no meio do conflito. A geração quase espontânea de facções demonstra esta característica dos desejos humanos pecaminosos.

Invejas — o desejo de possuir alguma coisa dada a outro ou conseguida por ele; ou até mesmo a lógica corrompida que grita: “Injusto!”, com respeito às circunstâncias de outra pessoa, e expressa o seguinte desejo; “Se eu não posso ter isto, eles não deveriam poder também!”

Finalmente, Paulo relaciona dois pecados, comuns às culturas pagãs, que estão frequentemente conectados com os rituais de adoração de ídolos;

Bebedices – o uso excessivo de vinho e bebidas fortes.

Glutonarias (ou “farras”) – “festas” com muita bebida, frequentemente cheias de promiscuidade sexual, eram associadas com as festividades para alguns deuses pagãos. Os banquetes em honra a Baco eram particularmente infames pela sua imoralidade.

E coisas semelhantes a estas – Paulo acrescentou um “etc.”, para mostrar que a lista não estava, de maneira nenhuma, completa.

“Os que cometem tais coisas” refere-se ao modo de vida das pessoas que habitualmente exibem estas características. Isto não quer dizer que os crentes que cometerem algum destes pecados irão perder a sua salvação e a sua herança.

Mas as pessoas que habitualmente exibem estas características se revelam escravizadas à natureza humana pecaminosa. Elas não são filhos de Deus; consequentemente, não podem participar da herança do reino de Deus. As pessoas que aceitaram Cristo e que têm o Espírito Santo dentro de si mesmas manifestarão esta nova vida, rompendo claramente com os pecados que foram listados acima, bem como com outros que sejam semelhantes. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295-296).

III- O AVIVAMENTO PELO FRUTO DO ESPÍRITO

1- Fruto do Espírito.

O estudo do fruto do Espírito insere-se no amplo espectro da Pneumatologia, ou do estudo dos assuntos relativos ao Espírito Santo. Dons e fruto são elementos essenciais para a vida e o caráter do cristão avivado. O uso dos dons espirituais sem a prática do fruto do Espírito pode tornar-se apenas numa demonstração de egoísmo e exibicionismo. Nem todos os cristãos são portadores da graça dos dons espirituais, mas todos têm a obrigação de experimentar e testemunhar na vida o fruto do Espírito. O crente pode ser salvo sem ter dom algum, mas sem o fruto do Espírito não pode haver salvação e nem avivamento no meio da igreja. O crente que cultiva e pratica o fruto do Espírito é um crente espiritual.

A expressão “fruto do Espírito”, no singular, tem causado embaraço a alguns crentes, mas ela faz sentido. Em Gálatas 5.22,23, lemos: “Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

Contra essas coisas não há lei”. Um cristão não pode dar bom testemunho sem a unidade do fruto do Espírito; não pode ter caridade sem ter fé; não pode ter gozo (alegria) e não ter benignidade, bondade ou temperança. Um aspecto do fruto não pode ser dissociado do outro. Pode-se usar o exemplo de uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto. (Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).

2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22).

Caridade – Amor Ágape

O Dicionário Aurélio, traduzindo a palavra caridade, diz que: “No vocabulário cristão, o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus; ágape, amor-caridade. Benevolência, complacência, compaixão.

Beneficência, benefício; esmola. Rel. Uma das virtudes teologais”. A palavra caridade (gr. agape) tem sofrido um desgaste em relação ao seu sentido inicial. Em termos modernos, tem sido empregada como sinônimo da prática de filantropia, dar esmolas, ajudar os carentes.

É um sentido pobre para o seu verdadeiro significado. Ao ser utilizada nas traduções bíblicas mais antigas, a palavra tinha o sentido do verdadeiro amor, como sinônimo do amor ágape, que é o amor de Deus no coração do homem. É nesse sentido que tomamos o termo caridade em Gálatas 5.22.

Um cristão sincero demonstra na sua vida que possui essa caridade, ou o amor de Deus, infundido pelo Espírito Santo no interior do ser e cultivado no seu testemunho cotidiano. Podemos dizer que caridade é o amor em ação. Diz Paulo: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 5.1-2). O apóstolo pede aos efésios que a sua “caridade aumente mais e mais […]” (Fp 1.9). Os obreiros têm a árdua missão de liderar todo tipo de ovelhas, desde as mais fortes às mais fracas; desde as obedientes às mais complicadas. É preciso ter amor.

O apóstolo João bem exprime o sentido do fruto do Espírito, caridade. Diz ele: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade” (1 Jo 4.7,8). “Deus é caridade”. Eis a razão por que não podemos confundir a caridade, como fruto do Espírito, de maneira simplista, com o dar esmolas ou praticar outros atos de generosidade ou filantropia. Estes são necessários, mas o fruto da caridade é muito mais amplo, visto que “Deus é caridade”: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é caridade e quem está em caridade está em Deus, e Deus, nele” (1 Jo 4.16).

Sem caridade (amor), até os dons espirituais perdem o seu sentido e o seu valor. Ter dom de variedade de línguas, dom de profecia, dom da ciência e outros sem ter caridade não significa nada para Deus (ver 1 Co 13.2,3). Ministério sem caridade nada é diante de Deus. (Rm 5.5; 1 Co 13; Ef 5.2; Cl 3.14).

Gozo (Alegria)

O gozo, ou a alegria (gr. chara), como fruto do Espírito, é de natureza divina, concedida pelo Espírito Santo e demonstrada na vida do cristão fiel. A raiz de uma planta nem sempre é vista, mas o seu fruto aparece sempre no tempo apropriado. Ter a alegria como fruto do Espírito é fundamental para uma vida cristã produtiva e feliz.

Há pessoas em igrejas evangélicas que não demonstram ser alegres. Certamente, tais pessoas não tiverem, ou não têm, a graça para desenvolver uma vida cristã plena da alegria do Senhor.

Quando o crente cultiva esse fruto, este se manifesta na sua face e nas suas atitudes e ações. Um crente alegre irradia contentamento perante os outros.

Em certo lugar, havia um vizinho de uma igreja evangélica que passava todos os dias pela frente do templo, inclusive nas horas de culto. Os que evangelizavam sempre visitavam aquele senhor, mas ele nunca quis fazer a decisão para Cristo. Um dia, porém, inesperadamente, num domingo à noite, ele entrou no templo e ouviu a pregação. No fim do culto, aceitou a Cristo como o seu Salvador. O pastor, muito feliz, foi cumprimentá-lo, dizendo sentir-se alegre por ele ter aceitado a Jesus após ouvir a mensagem da noite.

O visitante, recém-convertido, respondeu: “Pastor, não aceitei por causa da mensagem. Aceitei por causa do sorriso do seu porteiro.

Chamou-me a atenção o fato de ele estar sempre alegre, ali, na porta da igreja. Eu concluí que sendo ele uma pessoa pobre, mas sempre alegre, deveria ser por causa da sua fé. E resolvi aceitar a Jesus”.

A alegria do Espírito é a mesma alegria do Senhor. Diz a Bíblia:

“[…] portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). É essa alegria que dá força ao crente fiel. Se o crente não tem a alegria do Espírito Santo, ele torna-se fraco.

Normalmente, um crente alegre não se desvia e nem se afasta da congregação, muito menos deixa de servir a Deus; mas, quando fica abatido e deprimido por qualquer motivo, a tendência é ficar enfraquecido e desanimar na fé. Assim, é indispensável o crente ter o gozo ou a alegria do Espírito Santo. Onde encontrar essa alegria?

A Bíblia responde: “Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16.11). Quando se trata do obreiro que não demonstra ter essa alegria, tende a cansar-se mais cedo a render menos no ministério, bem como a sofrer sérios problemas emocionais e físicos (Sl 119.16; 2 Co 6.10; 12.9; 1 Pe 1.8).

Paz

A paz, como fruto do Espírito, é aquela paz (gr. eirene) a que se refere Paulo: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7). A paz proveniente do Espírito Santo equivale à paz desejada e difundida no meio do povo de Israel, a Shalom de Deus, ou seja, a paz que não é apenas a expressão de falta de guerra, de pelejas ou de harmonia. A paz de Deus, Shalom, é serenidade, tranquilidade, saúde, harmonia, bem-estar, segurança, provisão e muito mais. Ela difere da “Pax romana”, que propugnava o lema: Si vis pacem parabellum, ou seja, “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. A paz de Deus conduz à paz entre os homens. Quando os anjos anunciaram o nascimento de Jesus, disseram: “[…] paz na terra, boa vontade para com os homens!”.

Não deve haver de maneira alguma quaisquer tipos de disputas ou dissensões no meio do povo de Deus. É lastimável quando se ouve ou se vê que existem obreiros que se envolvem numa disputa pelo poder humano, por cargos e posições em igrejas ou convenções de modo tão agressivo que causa escândalo aos mais simples. Diz a Palavra:

Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer. (1Co 1.10)

A paz como fruto do Espírito é indispensável para que o crente seja exemplo para o mundo. Imaginemos o que tem ocorrido em convenções de ministros por esse Brasil. Às vezes, por falta de amor e por falta de paz, há tantas pelejas e tantas dissensões que obreiros mais novos se sentem escandalizados, imaginando estarem em reunião de disputas de partidos ou de sindicatos. Que Deus nos ajude a ser exemplos dos fiéis em tudo (1 Tm 4.12).

Longanimidade

Como fruto do Espírito, longanimidade (gr. makrothumia) é a paciência para suportar as ofensas e os defeitos dos outros. Pode também ser perseverança e disposição para evitar a ira e o desespero (Ef 4.2; 2Tm 3.10; Hb 12.1). Com a longanimidade, o crente demonstra compreensão com os que erram, mesmo não concordando com as suas faltas. Deus é longânimo. Criticando a impenitência dos judeus, Paulo disse: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2.4; 9.22).

Pedro ressalta a longanimidade de Deus: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3.9).

A longanimidade é uma qualidade necessária a todos os salvos, mas principalmente àqueles que são líderes na igreja do Senhor.

Paulo exorta os obreiros a serem exemplo na longanimidade (2Co 6.6). Sem essa virtude, muitos homens de Deus sofrem terríveis desgastes nos seus ministérios, por não terem paciência com os fracos, com os trabalhosos, com os errados, com os que não têm condições espirituais para atenderem às expectativas da liderança.

Nos dias presentes, há obreiros que não têm condições de suportar os desafios impostos por comportamentos muitas vezes estranhos, que contrariam normas ou regras estabelecidas no passado. Não nos referimos a ter longanimidade com o pecado, mas, sim, a termos compreensão com os que erram. Deus tem longanimidade para conosco, e isso é resultado do seu amor. Nós, obreiros, também precisamos ser pacientes com todos. Diz a Bíblia:

Rogamos-vos também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com todos” (1 Ts 5.14).

Benignidade

É a qualidade daquele que é benigno, bondoso, complacente, indulgente e perdoador. É qualidade indispensável para lidar com a natureza humana, que é sempre imprevisível e sujeita à maldade.

Um servo de Deus, sobretudo um obreiro, jamais deve esquecer-se de ser benigno. A benignidade (gr. chrestotes) constitui-se um dever cristão, além de ser fruto da sua espiritualidade. Exortando os efésios, Paulo alinhou diversos comportamentos que deveriam ser excluídos da vida cristã, tais como a mentira, a ira, o roubo, a amargura, a cólera, a gritaria, a blasfêmia, e concluiu: “Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (ver Ef 4.25-32).

Temos um exemplo extraordinário de benignidade no Novo Testamento. Jesus contou a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-35). O sacerdote e o levita passaram de largo, vendo o homem caído, ferido, quase à morte, à beira do caminho, mas o samaritano, que era estrangeiro, parou, interessou-se pelo ferido, desceu da sua cavalgadura, cuidou dos ferimentos do homem, transportou-o com cuidado a uma estalagem e despendeu recursos com a sua recuperação. Ele foi benigno. Deus quer que os seus servos sejam benignos, principalmente os que lideram a sua obra.

Bondade

É a qualidade daquele que é bom. Bondade (gr. agathosune) é um aspecto do fruto do Espírito necessário a todos os cristãos. Aos crentes em geral, torna-se qualidade que deve permear todas as suas atitudes. Paulo, falando aos efésios sobre o “fruto do Espírito”, disse: “porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade” (Ef 5.9 – grifo acrescentado). Um obreiro, assim como todo o que é de Deus, tem o dever de ser bom para ser aprovado por Deus. Diz o salmista: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” (Sl 37.23).

O homem bom é bom com a sua família, no seu casamento, com os seus filhos, com os membros e congregados, com as crianças, com os jovens e adolescentes, com todos na igreja, tanto fora dela como em toda parte. É um homem de bem. É “um santo homem de Deus” (2Rs 4.9): “Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro […]” (Mt 12.34b,35a). Essas “boas coisas” podem ser boas palavras, boas mensagens, bons conselhos, boas orientações.

Fé, no léxico, é sinônimo de confiança, de crença, em alguém ou em alguma coisa. Como fruto do Espírito, é muito mais do que isso. É confiança absoluta em Deus. É a fé de que fala o escritor aos hebreus quando diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Essa fé (gr. pistis) não é a fé natural. Ela é potencializada pelo Espírito Santo no coração daqueles que creem em Deus conforme as escrituras (Jo 7.38). Sem a fé, ninguém agrada a Deus (Hb 11.6), pois a fé confirma a salvação dos crentes (At 16.5); a fé santifica (At 26.18); a fé justifica (Rm 3.28); vive-se pela fé (Rm 1.17); a fé protege o crente (Ef 6.16).

Outras características da fé poderiam ser indicadas. Quando cultivada como fruto do Espírito, todas as características da fé são incrementadas; todos os seus aspectos são destacados; todas as suas potencialidades são aumentadas. O Espírito Santo faz a fé nascer, crescer e ser usada como poderoso instrumento a serviço do Reino. A fé, ativada pelo Espírito Santo, é um elemento poderoso para dar vitória contra o mundo (1 Jo 5.4). Um obreiro sem fé é um obreiro derrotado. Quando o obreiro tem fé, é um vencedor.

Mansidão

É sinônimo de “brandura de gênio ou índole”. Mansidão (gr. prautes) é qualidade daquele que é manso. Dependendo do temperamento, há pessoas que têm dificuldade em ser mansas. Os chamados “sanguíneos” e os “coléricos” têm uma tendência a serem ríspidos, grosseiros, agressivos no relacionamento com os outros. Um cristão não pode deixar-se levar por essa faceta do temperamento. Mansidão, como fruto do Espírito, pode ser conseguida ao longo dos anos no relacionamento com Cristo. Ele é Mestre por excelência em mansidão. Pedro, que era “sanguíneo”, quando viu a turba cercando Jesus, sacou a espada e fez a orelha de Malco cair no chão num golpe certeiro. Ele não era nada manso.

Porém, para espanto de Pedro e de todos os que ali estavam, Jesus calmamente tomou a orelha do homem e imediatamente a repôs no seu lugar. E, numa lição magistral de mansidão, amor, humildade e de poder, também disse: “[…] Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). Foi na cruz que Jesus demonstrou a sua mansidão sem medida quando esteve ante aos olhares perplexos da multidão e dos seus discípulos. Ele poderia ter pedido fogo do céu sobre os seus algozes, mas exclamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).

Não é fácil termos condições emocionais para suportarmos uma agressão; todavia, quando o crente tem o fruto do Espírito da mansidão, é capaz até mesmo de dar a outra face ao inimigo (Lc 6.29). Só sendo grandemente forte na graça de Deus é que se é capaz de cumprir esse ensino do Mestre. Poucos obreiros podem fazer isso. É comum usarmos a autoridade ministerial para revidarmos qualquer desfeita. Peçamos a Deus que nos ensine a desenvolver o fruto da mansidão em nossas vidas e em nossos ministérios.

Temperança

Quer dizer autocontrole, domínio próprio. Temperança (gr. egkrateia) é qualidade elevadíssima no relacionamento com os outros, com situações e fatos diversos na vida de um crente em Jesus. É qualidade de quem é moderado, sobretudo de quem modera apetites ou paixões. A temperança fecha a lista de aspectos ou virtudes do fruto do Espírito. Tanto o homem quanto a mulher de Deus devem demonstrar esse precioso fruto no seu dia a dia. Ele fala de equilíbrio no espírito, na alma e nas emoções. O crente guiado pelo Espírito Santo tem equilíbrio nas atitudes. A Bíblia exorta a que o bispo, ou o pastor, seja temperante (Tt 1.8). A fé do crente deve ter a virtude da temperança (2 Pe 1.6). Os obreiros do Senhor precisam ter temperança em tudo: nos hábitos, nos usos, nos costumes, na oração, na santidade e em tudo na vida.

Parece tão simples, mas há muitos crentes obesos, doentes e estressados, porque não têm a temperança na alimentação; outros se tornam radicais por agirem sem temperança no trato com os problemas da igreja sob a sua responsabilidade. A Bíblia orienta que o fruto da temperança é desejável e indispensável para que o obreiro não se desvie “nem para a direita nem para a esquerda”, conduza-se com prudência, no equilíbrio e no bom senso, obedecendo à Palavra de Deus (Js 1.7). Que o Senhor nos ajude e nos ensine pelo seu Espírito Santo a nos conduzir com temperança.

Os dons não são dados a todos os crentes, mas o fruto do Espírito é produzido e cultivado no coração de todos os que são cheios do Espírito Santo. A conclusão de Paulo sobre o fruto do Espírito é impressionante. Ele afirma incisiva e categoricamente: “Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.23-25). (Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).

3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei.

Deus deu a lei para tornar as pessoas conscientes dos seus pecados e restringir o mal. Mas ninguém faria uma lei contra as características deste fruto (virtudes), pois elas não são nem pecaminosas nem más. Na verdade, uma sociedade onde todas as pessoas agissem assim precisaria de poucas leis.

Como Deus, que enviou a lei, também enviou o Espírito, os subprodutos da vida cheia do Espírito harmonizam-se perfeitamente com o objetivo da lei de Deus. Uma pessoa que exibe o fruto do Espírito satisfaz a lei muito melhor do que uma pessoa que mantém os rituais, mas tem pouco amor no seu coração. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 298).

CONCLUSÃO

Se entregarmos todo o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele, infalivelmente, vai produzir o seu fruto em nós através de uma ação contínua e abundante. Como crentes, tudo que concerne ao caráter santificado, ou seja, a nossa semelhança com Cristo, é obra do Santo Espírito “até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19).

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