Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar para as ajuntar em batalha.” (Ap 20.8)
INTRODUÇÃO
O livro de Ezequiel trata de profecias que ainda não se cumpriram em Israel. Isso significa que elas se cumprirão no futuro, pois a Palavra de Deus não falha. As profecias da Bíblia, a respeito da nação de Israel, são um testemunho poderoso da intervenção divina no mundo. Essas profecias revelam muito da natureza da relação de Deus com o seu povo. A profecia de Gogue e Magogue é uma daquelas que ainda se cumprirá.
I – SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 1)
Essa passagem bíblica que estaremos estudando envolve muitos nomes, e alguns deles até parecem enigmáticos. O tentaremos identificar quem são, hoje, os povos que Ezequiel mencionou naquela época.
1- Os invasores (38.6; 39.2).
O capítulo 39 descreve a derrocada de Gogue e seus confederados, e isso é anunciado e descrito na segunda metade dessa profecia. O profeta não se cansa de dizer que a fonte dos oráculos que ele anuncia é o próprio Javé, e na introdução desse discurso não é diferente: Assim diz o Senhor Deus (v. 1b.). Na última parte do versículo o profeta reafirma que Javé é contra Gogue e seu bando, com praticamente as mesmas palavras que introduz a mensagem no capítulo 38:
Eis que estou contra você, Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal (v. 1c). Essa repetição enfatiza que Javé é contra esses invasores. A identificação deles já foi dada anteriormente (38.2). Mais uma vez, a palavra profética expressa é que Deus que vai conduzir Gogue e suas tropas: Eu o farei mudar de direção e o conduzirei (v. 2a), e mostra a procedência deles, os lados do Norte, para serem derrotados nos montes de Israel: e o trarei aos montes de Israel (v. 2b). (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 111).
2- Compreendendo a profecia.
As ações reconstituintes de Yahweh começam onde é necessário, com 0 reagmpamento do seu povo de todas as nações para onde foi disperso. A promessa, que concebe o evento como um novo êxodo, prevê três fases, descritas em três linhas paralelas:
wèlãqahtí ‘etkem min-haggôyim wèqibbasti ‘etkem mikk”l-hã’ãrãsôt, wèhêbê’ti ‘etkem ‘el-‘admatèkem.
Eu vos tirarei dentre as nações,
Eu vos ajuntarei de todas as terras,
Eu vos trarei para a vossa própria terra.
O tema do novo êxodo ocorre dez vezes em Ezequiel, mas ganha crescente preeminência nos oráculos de restauração. Embora Êx 6.6,7 possa ter estado na mente de Ezequiel, sua fraseologia foi influenciada mais diretamente por Dt 30.4: “Ainda que os teus desterrados estejam para a extremidade dos céus, desde lá Yahweh, teu Deus, te ajuntará (qibbês), e desde lá ele te tomará (lãqah), e Yahweh, teu Deus, te trará (hêb’ ’) para a terra que os teus antepassados possuíam”. Dirigindo-se diretamente para o insulto escarnecedor dos observadores do exílio de Israel (v. 20), essa promessa declara que o próprio Yahweh vai demonstrar tanto fidelidade ao seu povo e à sua terra, como competência para cumprir suas responsabilidades de protetor, conforme é entendido pelas nações. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 329-330).
3- Gogue (38.2a; 39.1a).
Mas não se deve confundir a confederação de Gogue e Magogue de Ezequiel com a rebelião de Apocalipse 20.8. G. K. Beale diz: “Essa universalização da profecia de Ezequiel sugere que a opressão de Israel em Ezequiel 38–39 é também universalizada, e de fato é equivalente a Apocalipse 20.9 para ‘o acampamento dos santos e a cidade amada’, a qual é para ser entendida como a igreja em toda a terra”.
Os detalhes de Ezequiel e Apocalipse mostram que se trata de eventos distintos. A invasão de Israel, segundo Ezequiel, será depois da sua restauração nacional (Ez 38.8), e a de Apocalipse, depois do milênio (Ap 20.7.8); a de Ezequiel será feita por um pequeno grupo de nações (38.1-6), a de Apocalipse, pelas “nações que estão nos quatro cantos da terra” (Ap 20.8). Em Ezequiel, Gogue é o governante, e Magogue, uma localidade geográfica (38.2); em Apocalipse são personalizações satânicas (Ap 20.7, 8). Então, não existe a alegada “universalização da profecia de Ezequiel”.
A identidade de Gogue, Magogue, Meseque e Tubal.
Sobre a expressão, Filho do homem, ver o Estudo 1, “Ezequiel, o atalaia de Deus”. Com respeito à mensagem … contra Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal, o nome “Gogue” só aparece em Ezequiel, cinco vezes no capítulo 38.2, 3, 14, 16, 18 e seis vezes no capítulo 39.1 (duas vezes), 11 (três vezes), 15 (uma vez). Fora da profecia de Ezequiel, só aparece mais duas vezes nas Escrituras, como um descendente de Rúben, sem nenhum vínculo com a profecia (1Cr 5.4), e na revolta de Satanás contra Deus e seu povo depois do milênio (Ap 20.8).
Mas os nomes “Gogue e Magogue” em Apocalipse são emprestados de Ezequiel e não significa que os dois eventos escatológicos, a invasão de Israel depois de sua restauração nacional e a rebelião de Satanás depois do milênio, sejam o mesmo. Alguns consideram nomes enigmáticos, mas não é o que parece, pois isso indicaria que os aliados, como os persas, os etíopes e o de Pute, ou seja, os líbios (v. 5), seriam também nomes enigmáticos, o que não vem ao caso.
Há diversas interpretações para esse nome desde a antiguidade, todas inconclusivas. Para alguns, a descrição profética parece indicar um título, como “Faraó”, no Egito; Xá, na antiga Pérsia; César”, em Roma, e não o nome pessoal de alguém. A inexistência de consenso para a identidade de Gogue não é por falta de esforço ou de pesquisas. Há uma tentativa antiga em identificar com Gogue com Gyges, rei da Lídia, nome que aparece em seis inscrições de Assurbanipal, rei da Assíria (668-631 a.C.). Houve a batalha de Eclipse entre Lídia e Média em 585 a.C.; além disso, Lídia tornou-se dominante na Anatólia ocidental pelo bisneto de Gyges, Alyattes. Se compararmos as datas de Gyges e de Ezequiel, tal interpretação pode fazer sentido; contudo, trata-se de uma interpretação possível, mas que não é absolutamente uma certeza. Para a maioria dos expositores do Antigo Testamento e dos arqueólogos, Gyges é o nome mais cotado para Gogue. A Enciclopédia Judaica identifica também Gogue com o rei Gyges, também conhecido como “Gogo, rei da Lídia”, uma região da Anatólia, na atual Turquia asiática. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 112; 106-107).
II – SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES. (PARTE 2)
1- Magogue (38.2b; 39.1b, 6a).
O verso 2b parece colocar Gogue como cabeça de Meseque e Tubal, conquanto a sintaxe de nèé’ rõ ’s meSek wètubãl seja problemática. A questão gira em tomo de se rõ’s é o nome de um grupo étnico ou um substantivo comum. Tanto o ápxovxa Pwç da versão da Septuaginta como a pontuação construto dos massoretas argumentam a favor da primeira hipótese.” Mas quem é, então, este Rôs? A identificação popular de Rôs com a Rússia é incrivelmente anacrônica e baseada numa etimologia imperfeita, sendo as semelhanças assonantes entre a Rússia e Rôs puramente acidentais.
No 19° século, alguns estudiosos associaram Rôs com Rús, uma tribo cita, habitante dos Montes Taurus do Norte, de acordo com os escritos bizantinos e árabes. Tentativas recentes para equiparar Rôs com Ráshu/Rêshu/Arashi nos anais neoassirios são mais confiáveis, com exceção de que o lugar assim denominado se localizava na fronteira extrema entre a Babilônia e o Elão, e não teria nada a ver com Meseque e Tubal. Esta interpretação também é difícil (embora não impossível), a partir de um ponto de vista gramatical.
Se Rôs deve ser lido como o primeiro de uma série de nomes, a conjunção deveria preceder “Meseque”. rõ’s é, portanto, melhor compreendido como um substantivo comum, apositivo e oferecendo uma definição mais próxima de nõi”. Consequentemente, o principe, chefe de Meseque e Tubal. combina com o título preferido por Ezequiel para os reis, com uma designação hierárquica, sendo que a adição serve para esclarecer o termo arcaico precedente. O alvo de Ezequiel é mostrar que Gogue não é apenas uma das muitas figuras principescas anatolianas, mas o líder entre os príncipes e sobre vários grupos tribais/nacionais. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 398-399).
2- Meseque e Tubal (38.2c; 39.1c).
Meseque e Tubal. Tubal e Meseque são dois dos sete irmãos filhos de Jafé, filho de Noé: “Os filhos de Jafé foram: Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras” (Gn 10.2). Esses dois nomes juntos, “Meseque e Tubal” ou “Tubal e Meseque”, aparecem sete vezes nas Escrituras, cinco em Ezequiel, dessas três nessa profecia (38.2, 3; 39.1) e duas nos oráculos contra as nações vizinhas (27.13; 32.26); e as outras duas vezes, como já foi dito, na genealogia de Jafé (Gn 10; 1Cr 1.5). Há outra personagem de mesmo nome da linhagem de Sem que não aparece na genealogia de Gênesis 10 (1Cr 1.17).
Meseque aparece ainda como localidade em Salmos 120.5. Josefo identifica Tubal com os “iberos” e Meseque com os capadócios “mescinianos”.80 Esses dois jafetitas deram origem a Tabal e Mushki, reinos frigianos da Capadócia, na Anatólia, segundo inscrições assírias. Nessa coalizão de Gogue e seus aliados, aparece mais um da família de Jafé, Togarma, filho de Gomer (Gn 10.3). Gomer é o primeiro da lista dos filhos de Jafé; ele é identificado desde a antiguidade com o povo do Cáucaso, que segundo Josefo são os frígios. Os gomerianos estão também nessa confederação (v. 6). (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 108).
3- A coalização de Gogue (38.5).
Fazem parte do bando de Gogue mais cinco povos: persas e etíopes e Pute com eles, todos com escudo e capacete (v. 5). Esses três povos são mencionados nas profecias contra as nações vizinhas na segunda parte do livro: os persas, os de Pute (27.10) e Etiópia (30.5). A Bíblia hebraica emprega o nome cushe, para a Etiópia e pute para a Líbia. Esses dois povos são de origem camita, filhos de Cam, netos de Noé (Gn 10.6; 1Cr 1.8). Os persas são os atuais iranianos, a Pérsia teve o nome mudado para Irã em 1935. A maior dificuldade é entender como a Pérsia, sendo uma grande nação nos dias de Ezequiel, aparece como um povo confederado de Tiro juntamente com os lídios e os de Pute (27.10).
Gômer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, do lado do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos com você (v. 6). O oráculo reitera os nomes de Gômer e Togarma, como os outros dois povos, e traz a informação de que eles procedem “do lado do Norte” e são acompanhados por muitos povos. O Norte nessa profecia é em relação a Israel e isso inclui a Mesopotâmia, a Ásia Menor e as regiões do mar Negro e do mar Cáspio, mas com o Norte dos oráculos de Jeremias, que identifica claramente o Norte como Babilônia e o seu rei Nabucodonosor (Jr 25.9). Ele foi posto como o azorrague de Javé para açoitar o seu povo (Jr 27.8; 51.20-24).
Gogue não é o inimigo do Norte anunciado por Jeremias; Gogue é escatológico, para o “fim dos anos” (38.8); “nos últimos dias” (38.16), e a invasão de Jerusalém por Nabucodonosor é evento contemporâneo de Jeremias (Jr 39.11). (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 110).
III – SOBRE O CONTEXTO ESCATOLOGICO
1- Gogue e Magogue.
Muitos acreditam que “Gogue e Magogue” é uma expressão genérica para indicar o futuro inimigo de Israel. O rei Gyges, da Lídia, por exemplo, seria a figura do futuro inimigo de Israel que comandaria os seus confederados. Segundo o Talmude, literatura religiosa muito antiga dos judeus, Gogue e Magogue são dois nomes paralelos de uma mesma nação.
A frase Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal (v. 2) é uma das passagens mais difíceis das Escrituras. A passagem paralela do capítulo seguinte é mais curta: estou contra você, Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal (39.1), omitindo as palavras “da terra de Magogue”. A palavra “Rôs” é uma transliteração do termo hebraico ro’sh, de significado amplo, “cabeça, chefe, pico, monte, parte superior”. As versões TB e ARA traduzem por “Rôs”; a ARC, por “chefe”; a NTLH, por “principal governador”; a TEB, por “grande príncipe”; a BJ, por “príncipe e cabeça”; a BP, por “chefe e caudilho”; a EP, por “chefe e cabeça”; a MB, “príncipe soberano”; e a NVT, por “príncipe que governa”. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 111-112; 108).
2- Como a Rússia aparece nesse contexto?
Mas pouquíssimo ou quase nada há entre os pesquisadores que leve essa interpretação a sério. Walther Zimmerli, uma referência internacional respeitada em Ezequiel, é um deles: “Certamente שאר (“chefe”) é para ser conectado com אי שנ (“príncipe”), e não para ser interpretado como uma indicação geográfica”. Ele reafirma o que é dito por Gesenius, que a identificação de Rôs com a Rússia veio do período bizantino. O pensamento que é consenso na atualidade mostra que foi a semelhança de sons, Roshe – Rússia, e não a exegese bíblica, que levou muitos estudiosos a identificarem Roshe com a Rússia, Meseque com Moscou, atual capital da Rússia, e Torgarma com Tobolsk, cidade russa. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 108).
Na Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal diz que: “No cap. 37, Ezequiel revelou como Israel seria restabelecido ã sua terra, vindo de muitas partes do mundo. Uma vez que a nação se tornasse forte, seria atacado por uma confederação das nações do norte, liderada por Gogue (ver Ap 20.8). O propósito dela era destruir o povo de Deus. Os aliados de Gogue viriam da área montanhosa do sudeste do mar Negro e do sudoeste do mar Cáspio (Turquia central), como também da área do atual Irã, Etiópia. Líbia, e possivelmente da Rússia.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1076).
3- Origem da interpretação.
Muitos daqueles que, em virtude de tal demonstração, voltarem-se para o verdadeiro Deus, certamente estarão entre o enorme grupo de redimidos em Apocalipse 7.9-14.
Ezequiel 38—39 é uma das mais formidáveis profecias em toda a Escritura, e tudo parece estar caminhando para seu cumprimento em um futuro próximo, A Rússia e as nações islâmicas radicais que cercam Israel são fundamentais nesta profecia, À proporção que o decorrer do tempo nos aproxima do retomo de Cristo, estes são os lugares que devemos vigiar. (LAHAYE, Tim & HINDSON, Enciclopédia popular de profecia bíblica. Editora CPAD, Ed. 2008, pag. 244).
CONCLUSÃO
Ao estudarmos essa lição, concluímos que as profecias bíblicas são atuais e concretas.