EBD – Orando e jejuando como Jesus ensinou

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

Nesta lição, estaremos aprendendo que o Senhor Jesus ensinou largamente a respeito da oração e jejum. Nesse sentido, a Palavra de Deus tem orientação de como orar e jejuar, o que significa que quando executamos essas duas práticas piedosas, de acordo com o que Jesus ensinou, têm a certeza de que Deus não estará indiferente à aspiração da alma, isto é, às nossas orações. Perseveremos na oração e no jejum.

INTRODUÇÃO

Dificilmente poderemos exagerar a importância da oração; e, no entanto, nos vemos tão preguiçosos em sua prática. Jesus advertiu contra o abuso da oração, pois os fariseus e outros líderes religiosos, que deveriam saber melhor, usavam-na como meio de se glorificarem ante os homens. Jesus não condenou a adoração pública e nem as orações em público, mas tão somente procurou sujeitar tudo ao espírito de humildade. Ele queria libertar as orações das atitudes teatrais, tornando-as parte do santuário. Com Jesus iremos aprender a orar da maneira certa, e não praticar orações de modo errado.

I – A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1- A natureza da oração.

A oração é a expressão mais íntima da vida cristã, o ponto alto de toda experiência religiosa genuinamente espiritual. Por que, então, permanece tão negligenciada (para não dizer ignorada)?

Vivemos numa época em que os indivíduos evitam a intimidade e os relacionamentos pessoais. O receio de expor seus sentimentos e desenvolver amizades profundas e afeta tanto as relações espirituais como as sociais, erguendo barreiras dentro da própria família e dividindo comunidades. Inconscientes de que esse modismo entrou na igreja e por ele influenciados, alguns cristãos sentem-se nada confortáveis quando se chegam próximos demais a Deus. O resultado imediato é a falta de oração — não querem intimidade!

Além disso, também estamos muito ocupados. Vivemos para realizar, e não para ser. Admi-ramos a vida ativa mais do que o caráter e os relacionamentos. O sucesso é medido por nossas realizações; portanto, corremos, corremos, corremos — tentando fazer tudo quanto podemos em nossas horas ativas. Mais preocupados em fazer do que em ser, recusamo-nos a aceitar a realidade bíblica de que as realizações humanas são temporárias e fugazes.

Somente a obra do Espírito é permanente e eterna. A falta de oração nos impede de alcançar aquilo que tão desesperadamente ansiamos.

A falta de oração, na verdade, é impiedade.

O fracasso em compreender o propósito da experiência pentecostal e o papel primário da oração na manutenção da vitalidade dessa experiência resulta, igualmente, na falta de oração. O crente cheio do Espírito anda e fala com Deus, e isto pode ser facilmente percebido, não importa que seja considerado um místico, um profeta ou um estranho vindo de outro mundo — esta é, de fato, a realidade. A cidadania nos domínios do Espírito é tão real quanto à do mundo físico.

A compreensão da natureza da oração e de sua importância para nos tornarmos represen-tantes efetivos de Cristo é essencial para começarmos nosso estudo. (Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. p. 17-18).

2- Como os homens de Deus viam a oração?

Três fatos são dignos de observação acerca do ministério de oração de Jesus: Em primeiro lugar, o cansaço físico não impedia Jesus de orar (1.35). Jesus se levantou alta madrugada, depois de um dia intenso de trabalho, e foi para um lugar deserto para orar. Ali ele derramou o seu coração em oração ao seu Pai celestial. Ele tinha plena consciência que não podia viver sem comunhão com o Pai, por meio da oração. Jesus entendia que intimidade com o Pai precede o exercício do ministério.

Jesus dava grande importância à oração. Ele mesmo orou quando foi batizado (Lc 3.21). Orou uma noite inteira antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ele se retirava para orar quando a multidão o procurava apenas atrás de milagres (Lc 5.15-17). Ele orou antes de fazer uma importante pergunta aos discípulos (Lc 9.18) e também orou no Monte de Transfiguração, quando o Pai o consolou antes de ir para a cruz (Lc 9.28). Ele orou antes de ensinar seus discípulos a “Oração do Senhor” (Lc 11.1). Jesus orou no túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42). Orou por Pedro, antes da negação (Lc 22.32). Orou durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 14.16; 17.1-24). Orou no Getsêmani (Mc 14.32-39), na cruz (Lc 23.34) e também após a ressurreição (Lc 24.30). Hoje, Ele está orando por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).

John Charles Ryle diz que um mestre tão comprometido com a oração não pode ter servos descomprometidos com ela. Um servo sem oração é um servo sem Cristo, inútil, na estrada da destruição. Quando há pouca oração, a graça, a força, a paz e a esperança são escassas. Ryle pergunta:

Se Jesus que era santo, inculpável, puro e apartado dos pecadores orou continuamente, quanto mais nós que somos sujeitos à fraqueza? Se Ele foi encontrado necessitando orar com alto clamor e lágrimas (Hb 5.7), quanto mais nós devemos clamar por nós, que ofendemos a Deus diariamente de tantas formas?

Nós devemos orar com mais empenho se quisermos ter comunhão com o Pai. Devemos orar com mais fervor se quisermos fazer sua obra. Trabalho sem oração é presunção. Sigamos as pegadas do nosso Mestre!

Em segundo lugar, a oração para Jesus era intimidade com o Pai e não desempenho diante dos homens (1.35). Jesus buscava mais intimidade com o Pai do que popularidade. Ele era homem do povo, mas não governado pela vontade do povo. Sempre que os homens o buscaram apenas como um operador de milagres, viu nisso uma tentação, mais do que uma oportunidade e refugiava-se em oração.

Marcos registra três momentos quando Jesus preferiu o refúgio da oração: Primeiro, depois do seu bem-sucedido ministério de cura em Cafarnaum, quando a multidão o procurava apenas por causa dos milagres (1.35-37); Segundo, depois da multiplicação dos pães, quando a multidão o queria fazer rei (6.46). Terceiro, no Getsêmani, antes da sua prisão, tortura e crucificação (14.32-42).

Em terceiro lugar, Jesus dava mais valor à comunhão com o Pai do que ao sucesso diante dos homens (1.37). A multidão desejava ver a Jesus novamente, mas não para ouvir sua Palavra, porém, para receber curas e ver operações de milagres. Certamente Pedro não discerniu a superficialidade da multidão, sua incredulidade e sua falta de apetite pela Palavra de Deus. Todo pregador é fascinado com a multidão, mas Jesus algumas vezes, fugiu dela para refugiar-se na intimidade do Pai através da oração. O pregador que busca intimidade com Deus mais do que popularidade diante dos homens sabe ir ao encontro das multidões e também fugir delas. A intimidade com Deus em oração é mais importante do que sucesso no ministério.

Em 1997, estive visitando a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. Certa feita, o presidente da Coréia do Sul ligou para o pastor da igreja, Paul Yong Cho. A secretária lhe disse: “O pastor não pode atender o senhor, pois ele está orando”. O presidente, inconformado, retrucou: “Eu sou o presidente da Coréia do Sul e quero falar com ele, agora!”. A secretária, firmemente respondeu: “Ele não vai atender o senhor, pois ele está orando”. Mais tarde, o presidente ligou para o pastor em tom de reprovação, por não ter sido atendido, mas o pastor lhe disse: “Eu não o atendi, porque estava falando com alguém muito mais importante do que o senhor. Eu estava falando com o Rei dos reis e Senhor dos senhores”. (LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. 1ª edição 2006).

3- A maneira de orar.

Em relação à maneira certa de orar, é preciso que o cristão saiba que o mais importante não é a postura. Podemos ver que na Bíblia homens e mulheres de Deus oraram nas mais diversas posições: em pé (Mc 11.25); ajoelhado (1Rs 8.54); prostrado no chão (Mt 26.39); deitado na cama (Sl 63.6); assentado (1Rs 18.42); pendurado na cruz (Lc 23.42). Deus nunca disse: “Orem nessa posição”. Para Ele, o que vale não é a postura, e sim os motivos — se forem sinceros, verdadeiros, buscarem priorizar o Reino, a resposta é certa.

Acima dissemos que a postura não importa tanto, porém, há uma coisa que precisamos levar em consideração: a oração de joelho representava duas atitudes — humildade e entrega absoluta a Deus.

No demais, é verdadeiro o que disse Jesus, que seja a posição que for, se o coração não for puro, a oração não terá qualquer serventia, pois muitos o honravam apenas com os lábios, mas o coração estava longe dEle (Mt 15.8).

Ainda envolvendo a maneira de orar, é preciso ressaltar a necessidade de o cristão ter momen-tos reservados para falar com Deus. Quando lemos Lucas 18.1, Jesus falou do dever de orar sempre, isso também foi reforçado por Paulo quando falou que devemos orar sem cessar (Ef 6.18; 1Ts 5.17). Obviamente, não há nas Escrituras uma exigência quanto à prática ou lugar da oração, quantas horas ou minutos se deve orar; todavia, entendemos que ela mostra que reservar momentos para ficar a sós com Deus é de suma importância (Dn 6.10; Sl 55.17; At 3.1).

A prática de ter um momento para construir intimidade com o Pai por intermédio da oração é um bom hábito para a vida espiritual, revela também disposição, equilíbrio e disciplina na vida cristã. Além da necessidade de orar sempre, e dos momentos reservados para ficar em comunhão a sós com o Pai, lemos na Bíblia que os santos do Senhor sempre praticavam orações nos momentos das refeições ou em outras situações especiais (Lc 6.12,13; Jo 6.15; Sl 50.15). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 103-104.

Na oração devemos glorificar a Deus e suplicar ao Senhor a respeito de nossas dificuldades.

II – A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

1- Jesus não condenou a oração em público.

Aqueles homens selecionavam os lugares mais públicos para orar. Lemos que naqueles dias muitos judeus observavam horas determinadas para suas orações, que nunca deixavam passar. Eram atores que saíam às ruas propositalmente, especialmente nas ruas principais, para que, chegada a hora certa, estivessem em algum lugar bem visível. Chegada a hora da oração, oravam onde se encontravam, sem nenhum pejo da sua hipocrisia, mas até com orgulho. Jesus não condena a prática de orações em horas definidas, e, sim, censura o costume de orar em lugar público, somente para atrair a atenção alheia. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. p. 322).

2- Jesus quer que sejamos discretos.

O tameion (câmara) é o quarto dos suprimentos, é o recinto escondido, secreto, a peça mais íntima da casa, porque os suprimentos precisam estar seguros de ladrões e animais selvagens. Essa câmara de suprimentos é a única peça na casa do agricultor palestino que pode ser trancada. Tampouco possui janelas. Portanto, é duplamente apropriada para ilustrar o sentido do “secreto”, porque ninguém pode entrar nem olhar para dentro. – Com que nitidez é caracterizada, assim, por Jesus, a diferença entre a natureza da oração em contraposição à prática da oração dos fariseus! Quantas vezes o próprio Jesus procurou a solidão da noite para orar.

Só o administrador tinha acesso àquele lugar, pelo que era um lugar privativo dele. Mais tarde, a palavra passou a ser usada para indicar qualquer sala privada no interior da residência. Essa palavra é usada em Mt 24.26: “Se vos disserem: Eis que ele está no deserto não saiais. Ei-lo no interior da casa não acrediteis”. Este versículo ilustra muito bem o amplo sentido da palavra. A expressão alude, portanto, ao lugar que uma pessoa reserva só para si, onde outras não têm acesso.

Nesse lugar é que se deve orar, onde ninguém nos vê. Com esse ensino Jesus faz contraste com os lugares públicos, onde era costumeiro ver orando as autoridades do povo, quer nas sinagogas, quer nas ruas principais.

Fechada à porta. Para frisar mais ainda a lição. Não devia ser apenas um lugar onde nenhum outro pudesse entrar, mas também não se deveria deixar a porta aberta para que outros o vissem.

3- Não useis de vãs repetições nas orações.

Um cristão não imita os pagãos multiplicando palavras em vãs repetições (6.7,8). Charles Spurgeon diz que as orações cristãs são medidas pela sinceridade, e não pela duração. Os pagãos repetiam palavras e mais palavras, com o fim de serem ouvidos por seus deuses, mas o cristão é alguém que está na presença daquele que sonda os corações e conhece as necessidades do cristão antes mesmo que este faça algum pedido. A expressão grega me battalogesete, traduzida por “vãs repetições”, traz a ideia de mero palavrório ou tagarelice, palavreado oco, conversa tola, repetição vazia.

Traduz a expressão popular “blá-blá-blá”. Podemos ilustrar isso com a prática dos adoradores de Baal (1Rs 18.26) e com os adoradores da deusa Diana (At 19.34). LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. p. 215-216.

O Senhor Jesus não condena a oração pública. Entretanto, a oração deve apresentar discrição em sua prática, bem como não ser conduzida por vãs repetições.

III – ORAÇÃO E JEJUM

1- Oração e jejum: uma combinação perfeita.

Os ensinamentos de Jesus sobre o jejum e a oração não são volumosos, fornecendo-nos apenas algumas poucas orientações. Apesar dEle ressaltar a importância dessa prática quando se preparava para cuidar de casos difíceis, sua única instrução direta trata mais com os motivos para o jejum do que com procedimentos e diretrizes. No entanto, não há razão para duvidar que Ele reconheceu as virtudes de se praticar o jejum.

E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará (Mt 6.16-18).

A principal preocupação desse ensino é que os crentes se guardem de fazer do jejum um ato de hipocrisia. É uma advertência de Jesus a que não cedamos à tentação do auto-engrandecimento (Edgar R. Anderson, “The Holy Spirifs Role in Prayer and Fasting”, em Conference on the Holy Spirit Digest, vol. 2, ed. G. Jones, Springfield, Missouri: Gospel Publishing House, 1983, p. 225-229).

Todos quantos advogam o jejum deveriam dar ouvidos às considerações de Jesus sobre esse assunto. No entanto, não devemos permitir que tais advertências sirvam de desculpa à negligência dessa válida atividade espiritual.

O exercício espiritual de jejuar e orar longamente, em face de uma necessidade urgente, não pode ser encarado como um artifício para se obter a atenção de Deus ou sua aprovação àquilo que queremos.

Apesar do jejum ter consigo mesmo uma recompensa toda peculiar, tal recompensa diz respeito mais àquele que jejua do que ao objetivo final da oração. A prática da oração associada ao jejum deve resultar numa percepção espiritual mais aguçada e num aumento de fé. A oração e o jejum podem trazer valiosas contribuições à vida do crente ou de toda a congregação, embora nunca se deva permitir que sua prática degenere numa formalidade vazia ou numa tentativa de manipular Deus.

O pungente e agonizante problema que arrancou de Jesus o comentário: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum” (Mc 9-29), só pode ser compreendido à luz de seu contexto (leia Mc 9-14-28). (As palavras finais — “e jejum” — acham-se em alguns manuscritos gregos, mas não em todos. Evidências textuais parecem apontar para a inserção e não para o apagamento dessas duas palavras. É por isso que elas não aparecem em muitas traduções contemporâneas. Sabemos que Jesus disse que seria apropriado que seus seguidores jejuassem após a partida dEle deste mundo, Mt 9.15; Mc 2.20; Lc 5.35. A oração, em conjunto com o jejum, indicaria a intensidade ou a urgência daquela.)

As palavras de Jesus em Marcos 9.29 foram uma resposta à total incapacidade demonstrada pelos discípulos, de exercer a fé requerida para conseguir o livramento de uma possessão demoníaca.

Foi o lamentável comentário daquele pai, que trouxera o filho aos discípulos, sem que estes pudessem libertá-lo, que levou Jesus a repreender os discípulos:

“Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui” (Mt 17.17).

Assim, a oração intensa e urgente, conjugada ao jejum, foi o meio de se chegar ao livramento desejado.

A oração invoca a ajuda de Deus e deixa a pessoa sem nenhuma reserva em si mesma. O jejum subjuga a carne, desperta as energias da alma e faz entrar em exercício as partes mais elevadas da natureza humana. Assim equipado, o crente fica aberto para receber do alto o poder para dominar os ataques do maligno (Lukyn, Matthew, p. 178).

Em seus ensinamentos, observamos claramente que Jesus considera a oração um item de fundamental importância na realização da obra de Deus na Terra. A oração é essencial para afastar a tentação e o desânimo. Provê forças quando as pressões tornam-se tão intensas que pensamos em desistir. O verdadeiro centro da oração, de acordo com o ensino de Jesus, não está em nossas necessidades ou no nosso querer. Está em Deus e em sua vontade. E oramos no nome daquEle que ensinou quão importante é a oração — o nome de Jesus! (Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. p. 208-209).

2- O aspecto bíblico sobre o jejum.

Eis um exercido espiritual que tem perdido sua popularidade na adoração religiosa, talvez como sinal de nossos tempos, que se caracterizam por grande ausência de disciplina; pois, acima de tudo, o jejum requer disciplina. Não obstante, é fato bem conhecido entre os estudiosos do misticismo, que o jejum tem seu valor como preparação da alma, para que possa exercer suas funções mais elevadas, porque, nesse estado, os apetites do corpo são negados, e esses apetites sempre impedirão as faculdades mais exaltadas da alma. A máxima que diz que a alma brilha mais quanto menor for a atenção dada ao corpo, parece expressar uma verdade, especialmente no que concerne ao jejum e a tudo que diz respeito aos apetites físicos. O jejum, pois, fazia parte importante da adoração judaica, e aparentemente, continuou assim na igreja cristã primitiva.

3- O ensino de Jesus sobre o jejum.

Jesus não somente falou sobre o jejum, mas o praticou. Em seu ensino, não estava sendo contra ao ato de jejuar; pelo contrário, combatia as atitudes e comportamentos errados dos legalistas do seu tempo. Ao praticar o jejum, muitos judeus faziam na intenção simplesmente de obterem o reconhecimento por parte dos homens, receber deles os aplausos, e, para que seus objetivos fossem alcançados, apresentavam-se com seus rostos melancólicos, sujos, bem barbudos, isto é, qualquer coisa que pudesse causar impacto nos que olhassem para suas fisionomias. Alguns se vestiam como se estivessem de luto, buscavam ser atores para serem louvados, mas era simplesmente hipocrisia.

Jesus ensina como realmente deve ser o nosso jejum, mostrando que a primeira coisa a ser feita quando alguém resolve fazê-lo deve ser ungir a cabeça. Interessante analisar que nesse ato de lavar e ungir o rosto era sinal de alegria (Ec 9.8), poderia também representar preparação para ir a alguma festa, mas aquele que queria exibir-se ao fazer jejum sempre iria mostrar-se triste, melancólico, pois anelava ser visto por todos como estando em jejum. Nesse caso, o jejum se findaria nele mesmo, pois não estava sendo feito com propósito realmente espiritual.

Na questão do jejum, não importa se ele é feito uma vez por ano, duas vezes ou mais por semana, seu valor não está nisso. Ele pode ser feito por tristeza de pecado, necessidade de orientação, para se ter mais sensibilidade espiritual, porém Jesus nos ensina que o jejum jamais poderá ser praticado com intenções carnais.

Jesus não aprovou a forma como os judeus do seu tempo observavam o jejum, pois queriam a aprovação pública, sendo que o jejum deveria partir da própria pessoa com total discrição, com alegria, no secreto da alma, sem jamais querer se exibir espiritualidade. Ao fazer uso da expressão “em secreto”, Jesus queria dizer que nunca se deveria fazer essas coisas piedosas querendo aprovação dos olhares dos homens, e, como seriam atos piedosos, deveriam ser feitos com amor, reverência, temor a Deus e total devoção.

Portanto, esse terceiro ato de piedade ensinado por Cristo, o jejum, deve ser realizado como ato para se dedicar mais a Deus. Seu real objetivo é nos conduzir mais à oração e nos ensinar a ter autodisciplina. O jejum só tem efeito salutar e resultados maravilhosos quando é feito para Deus, porquanto o homem não pode acrescentar nada em nossa vida espiritual. (Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 110-111).

A oração e jejum são duas disciplinas que se combinam perfeitamente

CONCLUSÃO

Após estudar a presente lição, desafie a classe para a prática da oração e do jejum. Proponha uma sugestão de temas de oração para os alunos orarem Se houver algo difícil que esteja acontecendo na vida de um aluno, proponha um dia de jejum por aquela vida ou pela classe, se esse for o caso. Oremos e jejuemos!

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