EBD – Acabe e o Profeta Elias

Mais lidas

Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

Acabe e suas escolhas erradas

Acabe, do hebraico “’Ah’ãv”, significa: “irmão do pai”. Era filho de Onri e reinou por vinte e dois anos sobre Israel, (874-852 a.C.). Da dinastia de Onri, foi o mais destacado monarca. Foi um reinado próspero e com influência internacional, graças à política severa de seu pai. Tendo contraído matrimonio com Jezabel, de Sidom, Acabe fomentou relações favoráveis com os fenícios. Acabe construiu cidades e fortificou muitas cidades incluindo Jericó, cumprindo uma profecia de 500 anos relativa à reconstrução de Jericó, veja:

“Em seus dias, Hiel, o betelita, edificou a Jericó; morrendo Abirão, seu primogênito, a fundou; e, morrendo Segube, seu último, pôs as suas portas; conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Josué, filho de Num” (1Rs 16.34; cf. Js 6.26).

Além disso, ele impôs pesado tributo a Moabe, na forma de gado, veja:

“Então, Mesa, rei dos moabitas, era contratador de gado e pagava ao rei de Israel cem mil cordeiros, e cem mil carneiros com a sua lã” (2Rs 3.4)     

O que lhe conferiu balança comercial favorável com a Síria e com a Fenícia. Assegurou uma política de amizade com Judá, por meio do casamento de sua filha, Atalia, com Jeorão, filho de Josafá, (SCHULTZ, 1995, p.169). Embora Acabe exercesse um forte poder político e diplomático em relação às nações vizinhas, por outro lado era uma pessoa muito fraca no aspecto espiritual e moral. Mesmo que nunca tenha deixado publicamente de ser seguidor do Senhor, ele edificou para Jezabel um templo edificado a Baal-Melkart, o deus fenício das tormentas e das colheitas. Também rendeu sacrifícios a essa divindade pagã. Acabe permitia que sua dominante e inescrupulosa esposa propagasse em Israel a impura religião de Baal-Melkart. O que Jezabel ambicionava era desalojar o culto do Senhor e instituir o culto a Baal como religião oficial de Israel. Ela convenceu a Acabe a introduzir também o perverso culto a Aserá e lhe permitir perseguir os profetas do Senhor que se lhe opusessem. (HOLF, 1996, p. 208,209)

Jezabel a rainha pagã e perversa

A rainha pagã Jezabel promoveu todos tipos de luxuria, excessos de rituais, feitiçarias, paganismo, sincretismo, prostituição e homossexualismo em nome de religião, com a participação de Acabe, dos profetas e dos sacerdotes e sacerdotisas. Por isso, a Bíblia chama-a de prostituta,

“E sucedeu que, vendo Jorão a Jeú, disse: Há paz, Jeú? E disse ele: Que paz, enquanto as prostituições da tua mãe Jezabel e as suas feitiçarias são tantas?” (2Rs 9.22)

Olha o que diz o pastor Esdras Bentho, sobre Jezabel a rainha pagã:

“Jezabel é uma das personagens femininas mais intrigantes do Antigo Testamento, inteligente, dominadora e hedonista, ela contrariou a tudo o que o seu nome significava. No hebraico, luzebel quer dizer “casta”, todavia essa rainha é conhecida na história bíblica com mulher impudica e idolatra. Jezabel era uma princesa sidônia, filha do poderoso Etbaal (no hb “com Baal”). Conjecturo que Jezabel era alta sacerdotisa da deusa Astarte, divindade quer, conforme crido na época, era esposa de Baal. No culto a esses deuses, era praticados todos os tipos de orgias. Embora a Lei Mosaica proibisse o casamento com os povos pagãs, o incrédulo Acabe casou-se com a mais poderosa e vil mulher da Fenícia. Esse casamento não fora realizado pelos sacerdotes diante do Senhor, mas pelos sacerdotes de Baal, diante essa mesma divindade:

“E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nabate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele” (1Rs 16.31)

A confiança de Acabe não estava em Iavé, mas nos acordos diplomáticos por Onri, seu pai. Essa união, no entanto, trouxe a ruína moral, espiritual e social do Reino do Norte, Israel. A capital, Samaria, tornara-se, a partir de então, o centro religioso do culto a Baal e a Astarte, contendo no palácio 450 profetas de Baal e 400 sacerdotisas de Astarote ou Asera:

“porque sucedeu que, destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os escondeu, numa cova, e os sustentou com pão e água” (1Rs 18.4)

Isso significa que não apenas foram mortos os profetas, mas também muitos sacerdotes fiéis a Iavé. O paganismo de Jezabel unia prostituição e homossexualismo com religião e religiosidade. Essa é uma das principais razões pelas quais Jezabel é conhecida como prostituta. E, na verdade o era, entretanto, uma hieródula ou prostituta sagrada. Segundo a tradição fenícia e canaanita, o rei e a rainha eram elementos indispensável nessas festividades, pois a presença deles assegurava o favor das divindades cultuadas. A rainha Jezabel incitava o rei Acabe para fazer o que era “mau aos olhos do Senhor”. diz o redator das crônicas dos reis (1Rs 21.25). A vida impudica de Jezabel recebeu a justa retribuição divina pelo modo como morreu, leia 2Rs 9.30-37. O nome desta mulher tornou-se sinônimo de idolatria, falsas profetas, prostituição, falsos ensinos, tolerância ao pecado, perseguição aos servos de Deus, heresias entre outros. É com esse sentido que nome Jezabel aparece em Apocalipse 2.20. No entanto, a associação de Jezabel com ornamentos femininos é uma brincadeira de mau gosto. Provavelmente resulta de uma má compreensão do texto de 2 Rs 9.30, que relata a visita de Jeú e o fato de a rainha se pintar e se adornar para receber o profeta.

“E Jeú veio a Jezreel, o que ouvindo Jezabel, se pintou em volta dos olhos, e enfeitou a sua cabeça, e olhou pela janela”.

Todavia, no Antigo Testamento era muito comum as mulheres se adornarem com artefatos de ouro, prata e cobre, além, é claro, de usarem maquiagem. A imagem caricata que se faz dessa personagem é jocosa e não representa a realidade, mas apenas tenta exprimi-la. A Bíblia está repleta de exemplos de mulheres santas que usavam esses artefatos e que se adornavam, conforme o costume da época. Todavia, o apodo “jezabel” é usado mais frequentemente para descrever os costumes imorais e a impiedade que crassa na religião e, infelizmente, adentrou numa comunidade cristã nos idos do primeiro século depois de Cristo. (BENTHO, Esdras Costa, PLÁCIDO, Reginaldo Leandro. Introdução ao estudo do Antigo Testamento, p. 243,244,245, 2019)

ELIAS PREVÊ A GRANDE SECA

Diante da apostasia e idolatria, Deus levanta um poderoso profeta conhecido simplesmente como Elias, o tesbita.

“Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra”. (1Rs 17.1) 

À semelhança de Melquisedeque, Elias aparece no texto bíblico sem qualquer menção a pai, mãe ou arvore genealógica. Sem qualquer informação concernente à sua chamada ou passado, ele emerge subitamente da cidade de Tisbe, dos moradores de Gileade (1Rs 17.1; 2Rs 1.7,8), com a missão de enfrentar a corrente de baalismo fenício que ameaçava varrer completamente a religião javista, ou seja, o culto a Yahweh, do Reino do Norte. O nome de Elias é abreviação grega de dois nomes hebraicos; El (Deus) e Yahweh (Senhor). No hebraico, Eliyyahu significa “Deus é meu Senhor” ou “Yahwen é meu Deus”. Mesmo que ele fosse designado como “profeta”, a expressão que se emprega com mais frequência para descrevê-lo é a de “varão de Deus”. Ele tinha um aspecto rústico, como o cabelo longo e a cintura cingida por um cinturão de couro, sobre o qual, às vezes, ele lançava um apele de ovelha. Destacou-se por suas aparições e desaparições repentinas, sua “coragem inquebrantável e zelo fervoroso”. (HOLF, 1996, p. 209,210)

Recorrendo outra vez o pastor Esdras Bentho, ele nos informa sobre o caráter e ministério de Elias:

“Elias era uma pessoa cujo caráter fora forjado no calor escaldante da Transjordania e dificuldades do chão pesado e cru de Tisbe. Da sua historia identificamos alguns traços de seu caráter:

a) Coragem. A coragem é uma energia moral que nasce e se fortalece diante do perigo.  Enquanto muitos veem o perigo e recuam, o corajoso avança e o enfrenta. Ninguém questiona aquele que evita o perigo para salvar a própria vida. A prudência e a sabedorias até exigem isso. Mas o corajoso é impulsionado a agir quando todos recuam. Elias dirigia-se à casa real ciente dos perigos, no entanto, anunciava a verdade que Israel precisava ouvir. Ele convoca os profetas e sacerdote de Baal para um teste decisivo. É lamentável que hoje tenhamos tantos profetas palacianos e tão poucos Elias. Profetas que desejam agradar ao rei em vez de apontar-lhe o caminho. Lideres recolhem em sua intimidade profetas que interpretam seus sonhos e profetizam somente o que lhes agradam. Onde estão os Elias de Javé?

b) Zelo. “E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o teu concerto, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem”. (1Rs 19.10)

O zelo é uma dedicação ardente, o cuidado, diligencia e desvelo com que assumimos e colocamos em ação em nossas responsabilidades. Elias zelava pela santidade do Senhor e pureza de Israel. Seu ardente cuidado o tirou de sua terra e família, pondo-se em perigo diante do rei idólatra. Mas a verdade precisava ser dita. Os profetas de Baal desafiados e Yahweh triunfando sobre as falsas divindades Cananéia.

c)Fé. “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tg 5.17,18).

Nesse contexto, é crer que Deus é capaz de realizar sob nossas palavras ações sobrenatural. O impossível se torna possível quando estamos na relação certa com Deus.

c) Perseverança. É uma qualidade moral mediante a qual a pessoa se mantém firme e constante diante das dificuldades. Elias assim permaneceu Elias diante das agruras enfrentadas em seu ministério. Apesar dos desafios, permaneceu firme”. (BENTHO, Esdras Costa, PLÁCIDO Reginaldo Leandro, Introdução ao estudo do Antigo Testamento, p. 247, 248, 249, 2019)

Elias foi chamado por Deus para ser profeta, também era chamado de ish ha Elohim, homem de Deus. Segundo o significado da palavra profeta, Elias era aquele que falava em nome e no lugar de Deus. Os termos hebraicos para profeta apontava para a pessoa que entrava em estado de ebulição e despejava palavras proféticas e tinha visões da parte de Deus. O profeta Elias, contudo era chamado, vocacionado.

A chamada é uma ferida incurável. Ela não sara, não cicatriza, permanece sempre aberta. O tempo passa e ali está ela, aberta, incurável aguardando o momento de dizermos:

“Eis-me aqui, envia-me a mim”.

Fiquemos atentos ao chamado de Deus!

O ENCONTRO DE ELIAS COM ACABE

Existem profetas que tem perspicácia e astúcia humana tem que conseguem numa simbiose favorecer tanto um como outro. Deus abomina! O profeta Elias foi diferente. Mesmo ciente que não seria ouvido, sofrendo ameaças e correndo risco de morte, fez o trabalho que Deus havia-lhe ordenado, e isso foi corajoso ao extremo e o seu zelo para com a Lei do Senhor.

A Bíblia nos mostra que a monarquia foi instituída alguns séculos após a morte de Moisés (1Sm 8.5-7). Ele profetizou o surgimento do rei entre os hebreus (Dt 17.14) e, direcionado por Deus, estabeleceu os requisitos para um homem assentar-se no trono real. O rei deveria:

(a) ser escolhido pelo Senhor e não ser estrangeiro (Dt 17.15);

(b) não acumular riquezas e mulheres (Dt 17.16,17);

(c) ter uma cópia da Lei sempre ao seu lado para lembrar-se dos estatutos do Senhor (Dt 17.18,19).

Apesar destas recomendações, boa parte dos reis de Israel procederam impiamente, nos âmbitos político, social e religioso. Às vezes, os profetas serviam como conselheiros do rei. Natã, Gade e Isaías figuram como conselheiros reais (2Sm 7.2,3; 24.18,19; Is 37.21-35). Além disso, vemos profetas repreendendo monarcas pelos seus pecados. O profeta Elias repreende Acabe (1Rs 18.17,18). Por não ser aceito pelo ímpio Acabe, o profeta do Senhor fora acusado de ser um perturbador (1Rs 18.17). Elias, porém, denunciou ao rei quem realmente estava causando perturbação em Israel:

“Então disse ele: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai […]” (1Rs 18.18).

A justiça social recebeu importante destaque na Lei do Senhor. Ela versa sobre a generosidade para com os necessitados (Dt 24.14); sobre as obrigações do patrão para com os assalariados (Dt 24.15) e sobre o respeito aos direitos do estrangeiro, do órfão e da viúva (Dt 24.17) dentre outras coisas (Êx 22.22; Dt 23.24,25; Dt 15.1- 18). Na contramão de tudo isso, Acabe e Jezabel planejaram possuir a vinha de Nabote criminosamente. Ele tinha uma vinha junto ao palácio real e, mesmo recebendo uma proposta vantajosa de Acabe, não a vendeu (1Rs 21.2). O casal, então, tramou contra o inocente, acusando-o de blasfemar contra Deus e contra o rei. Nabote foi punido com a morte (1Rs 21.10-14), e Acabe apoderou-se de sua vinha (1Rs 21.14-16). Essa injustiça cometida pelo casal não ficou impune, pois Deus ordenou que o profeta Elias lhes dirigisse uma árdua mensagem (1Rs 21.17-23).

As intervenções de Elias na vida de Acabe demonstram o desejo que o profeta tinha, impulsionado pelo Espírito Santo, de trazer a luz da Palavra de Deus sobre o rei e levá-lo ao arrependimento e, dessa forma, permitir que Israel experimentasse a bondade de Deus.

A missão profética da igreja é definida pela palavra grega é “kerigma”, que é traduzida por “pregação” (Rm 16.25; 1Co 1.21; 2Tm 2.17; Tt 1.3), e “proclamação” (Lc 4.18; 1Ts 2.9 – ARA). É a tarefa exercida pela Igreja de Cristo após a sua ascensão (Mt 28.19-20; Mc 16.15; At 1.3-5).

A Igreja:

a) proclama o reino de Deus (Mt 28.19-20; Mt 4.17; Mc 1.15; 16.15);

b) denuncia o pecado e chama os homens ao arrependimento (At 2.38; 3.19), e

c) expõe a mensagem profética de Deus, outrora exposta pelos profetas do AT (Hb 11.13; Rm 16.25), os quais vislumbravam a revelação plena, Cristo Jesus (Hb 10.1cf. Rm 16.26; 1Co 2.7; Ef 1.9; 3.3,4,9; 5.32; 6.19).

Conclusão

Apesar da grande misericórdia de Deus sobre o rei Acabe, permitindo que o profeta Elias o exortasse a retornar aos caminhos do Senhor, ele acabou levando seu reino à ruína. Não deixamos que a ignorância e a sequidão espiritual nos atinjam. Para isso devemos estar vigilante à convocação Deus ao arrependimento.

No Senhor Jesus,

Sergio Loureiro, pr.

- Propaganda - spot_img

Últimas Noticias

- Propaganda -