Paz do Senhor!
Prezados professores e alunos,
Depois de estudarmos as lições sobre os dons de Deus, constatamos a sabedoria de Deus, mediante a tudo que o homem se pode entender com a limitada percepção humana. O ser humano tem uma sabedoria segmentada em áreas do conhecimento, todavia a sabedoria de Deus e multiforme. Podemos vê a visão do salmista com relação a sabedoria e o poder de Deus quando exclama:
“Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas” (Sl 104.24)
Em suas reflexões sobre o universo, Salomão declarou:
O Senhor, com sabedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteligência” (Pv 3.19)
A sabedoria de Deus e sua inteligência divina sempre agiram juntas para que o Eterno, alcançasse seus objetivos e propósitos, ao criar todas as coisas. (RENOVATO, Elinaldo. p. 149, 2021)
A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS
A palavra Multiforme no grego polupoikilos, significa “variegado” e foi usado por escritores clássicos com referência a roupas e flores. Era usado para descrever flores, coras, tecidos bordados e tapete trançados. Essa palavra também foi usada para descrevera “emaranha beleza de um bordado” ou intérmina variedade de matizes nas flores. Eis, diz o apóstolo Paulo, como é a sabedoria de Deus que a Igreja declara. A igreja como uma comunidade multirracial e multicultural é, portanto, como uma bela tapeçaria. Seus membros vêm de uma vasta gama de situações singulares. Nenhuma outra comunidade humana se assemelha a ela. Sua diversidade e harmonia são sem igual. (Lopes, Hernandes, p. 80, 2009)
Os anjos sabem do poder de Deus, observável em sua criação. No entanto, a sabedoria de Deus manifesta em sua nova criação, a Igreja, é algo inédito para eles. A multiforme sabedoria de Deus está exposta na criação, em seu Filho como encarnação dessa sabedoria, e agora também na Igreja. Certamente, a multiforme sabedoria de Deus é reconhecida nas coisas criadas sendo personificada em Cristo como algo muito esplendoroso, iridescente, que continuamente se desdobra em beleza. (Pentecostal, Comentário bíblico, p. 1229, 2003)
OS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAS
O Espírito Santo usa como recursos os dons espirituais para manifestas o poder de Deus e sua multiforme sabedoria, através de instrumento humanos, para fortalecimento e a edificação da igreja local. Os crentes devem buscar com humildade e discernimento como diz Paulo:
“Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificar da igreja” (1Co 14.12)
São diversos
Quando lemos a passagem de 1 Coríntios 12.8-10 são mencionados nove dons do Espírito Santo. A Bíblia revela outros dons espirituais como estudamos nesse trimestre, como Romanos 12.6-8; 1 Coríntios 12.28-30; 1Pedro 4.10,11 e Hebreus 2.4. Está dividida em dons na esfera congregacional e na esfera ministerial da Igreja. Na esfera ministerial vemos em Efésios 4.7-11 e 2 Timóteo 1.6.
São amplos
A sabedoria de Deus é multiforme, e que o seu poder é ilimitado, Deus concede à Igreja a sua “multiforme” graça. Deus não está limitado a um determinado número de dons. Portanto, o leque dos dons de natureza espiritual pode ser ampliado. Os dons ainda se subdividem conforme a necessidade – dons de curar podem se multiplicar, pois são muitas as doenças e enfermidades. Dom de Línguas pode se subdividir em pelo menos 4 tipos de línguas. todos na igreja podem ter dons e alguém sozinho pode ter muitos dons ao mesmo tempo, como Paulo, que a meu ver, os tinha todos em operação em seu ministério de apóstolo.
Deus dispensa a sua Igreja dadivas para anunciar o evangelho a toda criatura, que são:
A dádiva do amor
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3.16)
Esse amor é o “ágape”, é o amor de Deus, é sacrificial. Deus ofereceu seu Filho, para redimir o homem da sua situação pecadora e distante do Criador.
A dádiva da filiação divina
“Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12)
Somos integrados na família de Deus, através da fé em Cristo. Esse direito ninguém pode conquistar. É resultado da obra de Cristo e do amor e da graça de Deus.
O dom do batismo com o Espírito Santo
Vemos na casa de Cornélio o Espírito Santo caindo sobre os que ali estavam, Pedro afirma:
“Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era então, eu, para que pudesse resistir a Deus?” (At 11.17)
Sem dúvida ocorreu um sinal externo de línguas estranha como no início (At 2.4). Visando a capacitação para a Igreja cumprir a sua missão aqui na terra.
O dom do crescimento
“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1Co 3.6,7)
O apóstolo Paulo ensinando a Igreja de Corinto, reprovou os grupos que se levantaram na igreja, causando divisão interna. Pois tinha partidarismo em torno dos apóstolos. Paulo com sabedoria doutrinou a igreja que o crescimento é acima de tudo espiritual.
O ministério da reconciliação
O apóstolo Paulo escrevendo a segunda carta aos coríntios fala sobre a nova vida do salvo em Cristo, relata o milagre da salvação, que inclui a regeneração (novo nascimento), a justificação (está livre condenação ou absorvido) e a santificação (separado para uso e posse de Deus), tudo provém de Deus, que nos concedeu o “ministério da reconciliação”.
“Assim que se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação”. (1Co 5.17-19)
O espírito de fortaleza, de amor e de moderação
Entendemos que Deus nos dá o equilíbrio espiritual e emocional, quando nos submetemos à sua vontade. Deus nos concede o “espirito de temor” (Sl 128.1) para que o sirvamos com profundo respeito e reverencia, e dá-nos o “espirito de fortaleza”, ou de poder, porém esse poder não fique sem controle, concede o “espirito de amor e de moderação” (2Tm 1.7).
Devemos ter em mente que o Espírito Santo não autoriza a glória para ninguém, exceto para Cristo, o que é a sua missão:
“Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.14)
BONS DESPENSEIROS DOS MISTÉRIOS DIVINOS
O termo despenseiro deriva-se do grego “oikonómos” e significa “mordomo da casa”, “gerente”, “administrador” de qualquer espécie (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1Pe 4.10). A ideia de despenseiro sugere-nos que a igreja é a “família de Deus”, sobre a qual vários oficiais são nomeados, para melhor funcionamento dessa casa. O candidato precisa possuir qualidades administrativas, além de mostrar-se apto na pregação da Palavra e no conhecimento das doutrinas cristãs, vejamos:
· Humildes (At 20.19);
· Abnegados (1Cor 9.27);
· Santos (Êx 28.36; Lv 21.6; Tt 1.8);
· Sóbrios, justos e temperantes (Lv 10.19; Tt 1.8);
· Puros (Is 52.11; 1Tm 3.9);
· Hospitaleiros (1Tm 3.2; Tt 1.8);
· Pacientes (1Tm 3.2; Tt 1.7);
· Aptos a ensinar (1Tm 3.2; 2Tm 2.24);
· Voluntários (Is 6.8; 1Pe 5.2);
· Estudiosos da Palavra de Deus (1Tm 4.13,15);
· Vigilantes (2Tm 4.5);
· Não cobiçosos (2Co 12.14; 1Tss 2.6);
· Imparciais (1Tm 5.21);
· Dedicados à oração (Ef 3.14; Fp 1.4);
· Gentis (1Tss 2.7; 2Tm 2.24);
· Bons governantes de suas famílias (1Tm 3.4,12);
· Dedicados (At 20.24; Fp 1.20,21);
· Afetuosos com o rebanho (Fp 1.7; 1Tss 2.8,11);
· Fortes na fé (2Tm 2.1);
· Bons exemplos para o rebanho (Fp 3.17; 2Tss 3.9; 1Tm 4.12; 1Pe 5.3).
O administrador deve provar ser fiel ou confiável na administração da responsabilidade para com seu mestre. No mundo antigo, era dada ao mordomo a responsabilidade de zelar de todas as propriedades, enquanto o senhor estivesse fora. Uma das suas tarefas principais era cuidar que os membros da casa recebessem a partilha de comida. Ele poderia dá-la diária, semanal ou mensalmente. O ponto é que seu trabalho lhe exigia que servisse e não exercesse poder. Seu senhor poderia voltar a qualquer momento. Quando o senhor volta, um “mordomo fiel e prudente” deve estar desempenhando seus deveres.
“E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração”? (Lc 12.42)
OS DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO
Os Dons Espirituais são capacitações do Espírito Santo (Deus) para abençoar e equipar Seus filhos e para demonstrar seu senhorio sobre tudo e todos. Os dons são, também, armas de guerra no combate ao reino de Satanás. Enquanto estivermos na Terra os dons são imprescindíveis para a pregação do legítimo evangelho de nossos Salvador e Senhor Jesus Cristo. São de extrema relevância para que a Igreja cumpra a sua missão aqui na terra. Mas, eles não são mais importantes do que o Fruto do Espírito (Gl 5.22). Em Mt 7.21-23 o Senhor Jesus falou acerca de pessoas que iriam profetizar, expulsar demônios e fazer maravilhas, mas, Ele não as conhecia: “Nunca vos conheci” (Mt 7.23). Logo, devemos ser abundantes nos dons (1Co 14.12); mas, acima de tudo, devemos ser frutíferos (Mt 3.8; Jo 15.1-16).
3.1 O que é o fruto do Espírito. São virtudes e qualidades manifestadas pelo Espírito Santo na personalidade do crente. O Fruto do Espírito é a verdadeira característica da vida cristã. É o resultado na vida dos que participam da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados à Cristo, a “videira verdadeira” (Jo 15.1-5). Assim, passamos a obter uma nova natureza, porque fomos “gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23). Pelo fruto do Espírito manifestado em sua vida diária, é que o cristão dá evidência da vida de Cristo em seu interior (Mt 7.16-20). Analisemos cada uma de suas virtudes:
· Caridade (amor). Do grego “agape”, é o maior de todos os sentimentos e o fundamento sobre o qual os demais dons e virtudes do Espírito Santo estão edificados (Gl 5.22). O amor é o solo onde são cultivadas as demais virtudes e é a base onde todos os dons espirituais são implantados (1Co 13.1-3). O amor é o sentimento que busca o bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Rm 5.5; 1 Co 13.1-13; Ef 5.2; Cl 3.14); e é a principal virtude do cristão (Jo 13.35).
· Gozo. O termo deriva-se do grego “chara”, e refere-se à felicidade que o crente desfruta no Espírito Santo, independente das circunstâncias: “Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (II Co 7.4). “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24). A Epístola aos Filipenses, por exemplo, foi escrita quando Paulo estava preso em Roma (Fp 1.12,14). No entanto, nesta carta ele demonstra o seu regozijo e alegria (Fp 1.4,18; 2.2,17; 3.1; 4.1,4,10).
· Paz. Do grego “eirene” significa “estado ou condição de tranquilidade ou quietude”. A Bíblia diz que Cristo é a nossa paz (Ef 2.14) e Nele o crente desfruta a paz (Jo 14.17; 16.33). A paz como fruto do Espírito Santo é, primeiramente, ascendente, para Deus (Rm 5.1,2); depois, interior, para nós mesmos (Cl 3.15); e, finalmente, exterior, para nosso semelhante (Rm 12.18). Esta característica do fruto do Espírito excede todo entendimento: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7).
· Longanimidade. Do grego “makrothumia”, significa “perseverança”, “paciência”, “tardio para irar-se” (Ef 4.2; 2Tm 3.10; Hb 12.1). Deus é o exemplo supremo que devemos seguir: “Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade” (Êx 34.6). A paciência como fruto do Espírito opera exteriormente, em direção ao nosso semelhante; e intimamente, em direção a nós mesmos (Hb 12.7-11; 1Tss 5.14).
· Benignidade. Deriva-se do grego “chrestotes” e significa “ternura”, “compaixão”, “brandura” e tem o sentido de “sentimento de não querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor” (Ef 4.32; Cl 3.12; IPe 2.3). Se Deus é benigno (Sl 5.7; 6.4; Is 63.7; Jr 31.3); Jesus é benigno (2Co 10.1; Tt 3.4); o crente não pode ser diferente (2Co 6.6; Cl 3.12). Por isso, Paulo diz: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32).
· Bondade. Deriva-se do grego “agathosune” e significa “zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal”. É a prática do bem ou daquilo que é bom. Pode ser expressa em atos de bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na correção do mal (Mt 21.12,13). Nas Escrituras, o homem bom é retratado como sendo acompanhado por Deus: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” (Sl 37.23).
· Fé. A fé como fruto do Espírito não é a fé natural (Hb 11.3); nem a fé como dom espiritual (I Co 12.9); nem a fé salvífica (Ef 2.8,9). Trata-se da “lealdade constante e inabalável a Cristo e à Sua Palavra”. Ela tem o sentido de “compromisso, fidedignidade e honestidade” (Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10). A fé como dom opera no crente momentaneamente. Mas, como fruto do Espírito, opera permanentemente na vida do salvo (Ap 2.10).
· Mansidão. O termo grego para mansidão é “prautes” e significa “moderação associada à força e à coragem”. Descreve alguém que pode irar-se com equilíbrio quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for preciso (2Tm 2.25; 1Pe 3.15). Jesus Cristo foi o maior exemplo da mansidão: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29; 21.5; 2Co 10.1). A mansidão deve estar presente em cada detalhe da vida espiritual, nas obras e no viver (1Co 4.21; 1Pe 3.4; Tg 3.13; Tt 3.2). Esta virtude é considerada uma grande qualidade espiritual, e deve ser desejada e buscada pelos santos (Mt 5.5; 1Co 4.21; 2Co 10.1; Gl 5.22; 6.1; Ef 4.2; Cl 3.12; 2Tm 2.25).
· Temperança. No grego, a palavra traduzida por temperança é “egkrateis” e significa: “autocontrole”, “domínio próprio”, “estado ou qualidade de ser controlado” ou “moderação habitual” e diz respeito ao controle ou domínio sobre os próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade aos votos conjugais (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5). Quando o Espírito do Senhor implanta em nosso ser esta virtude espiritual, nossas ações e palavras passam a ser diretamente controladas por Ele (Gl 5.16,25). Se permitirmos ao Espírito encher nossa vida, seremos também por Ele controlados.
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a multiforme sabedoria de Deus pode ser vista na manifestação dos dons assistenciais, espirituais e ministeriais para que a Igreja seja edificada e possa cumprir eficazmente a sua missão. Mas, cada crente individualmente, deve ser um bom despenseiro dos mistérios divinos, fazendo bom uso dos dons para a edificação do corpo de Cristo. Embora os dons espirituais sejam extremamente necessários à Igreja, eles não devem ser visto como mais importantes do que o fruto; pois, enquanto os dons “falam” de serviço, o fruto “fala” de caráter. Por isso, devemos buscar os dons, mas, acima de tudo, manifestar as virtudes do fruto do Espírito no dia a dia.
Em Cristo,
Sergio Loureiro, pr.
GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Kessler, Nemuel. Quem aspira o episcopado. Editora Pentecostal do Brasil
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