EBD – Uma Perspectiva Pentecostal de Missões

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados Professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8)

INTRODUÇÃO

O amor pelo Evangelismo e Missões é uma marca do movimento pentecostal no mundo e, especificamente, em nosso território brasileiro. Essa prioridade no Reino de Deus, sobre a ação do Espírito Santo, está sendo a causa do crescimento da obra pentecostal no mundo. No Dia Pentecoste, a Igreja nasceu debaixo do fogo e no fervor espiritual Pedro pregando o Evangelho aos que estavam presentes, advindos de diversas regiões do mundo alcançou quase 3.000 almas (At 2.14-41). Nos dias atuais, o Mover Espiritual é grande responsável por levar o Evangelho aos lugares que ainda não tinham sido alcançados.

I- UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES

1- Somos evangélicos.

Quando focamos nos termos protestante e evangélico, percebemos a multiplicidade de sentidos dos conceitos no contexto mundial. O termo protestante, está ligado historicamente à Dieta de Espira (1529), quando um grupo protestou contra as medidas do rei Carlos V. Foi um protesto a partir da consciência. Assim, católicos e protestantes estavam, juridicamente, separados. Já o termo evangélico tem duas maneiras de ter sua origem verificada. Num primeiro momento aparece na Alemanha como um termo positivo, ou seja, no sentido teológico de adequação da doutrina com o Evangelho. É por essa razão que os luteranos no Brasil, por exemplo, se identificam como Igreja Evangélica Luterana do Brasil e Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. A ideia de colocar a doutrina em acordo com o Evangelho está na origem do termo usado por Lutero. Os evangélicos, portanto, são aqueles que procuram seguir o Evangelho de Jesus Cristo tornando a doutrina mais próxima dessa perspectiva. Por essa razão, cristão e evangélico tornaram-se termos intercambiáveis. O missiólogo Paul Pomerville afirma que “Deus levantou a “terceira força” no século XX para “apressar a vinda” de seus dias, acelerando a obediência missionária de sua igreja.”

2- Somos pentecostais.

O surgimento do movimento pentecostal é datado de 1906, ano em que William Joseph Seymour, um pregador afro-americano, iniciou reuniões num barracão na Rua Azuza, número 312, em Los Angeles, EUA. Nessas reuniões, a ênfase era a busca pelo batismo com o Espírito Santo, o que Seymour ensinava ser uma experiência pós-conversão, acompanhada pelo falar em línguas. “Os pentecostais enfatizam uma experiência pós conversão conhecida como ‘batismo no Espírito Santo’. A singularidade do ensino dos pentecostais, contudo, e que os dons do Espirito (ou charismata) devem normalmente acompanhar esta experiência de batismo e con­tinuar a ser manifestados na vida do crente e na igreja. Os dons mais frequentemente enfatizados pelos antigos pentecostais era o falar em línguas e os dons de curar. O ensino da ‘evidencia inicial’ e o ponto central da teologia da maioria das igrejas pentecostais clássicas em todo o mundo. Este ensino enfatiza que o falar em línguas (glossolalia) desco­nhecidas do falante e o primeiro sinal, necessário para se saber que alguém recebeu a experiência pentecostal. Este ensino é baseado no fato de que as línguas apareceram quando o Espírito foi derramado na Igreja Primitiva, em Atos 2, 10 e 19, e estão implícitas em Atos 8 e 9″ (Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.567).

3- Contribuições Pentecostais às Missões.

Uma característica notável do atual movimento pentecostal desde o seu início na virada do século tem sido a paixão por evangelismo e missões. Os pentecostais no Brasil não crescem porque buscam pessoas em outras igrejas, mas crescem porque as evangelizam e as discipulam por meio do Evangelho de Cristo. Segundo dados do IBGE em 2010, os evangélicos eram constituídos de aproximadamente 42 milhões de pessoas. Desse número, a esmagadora maioria é de tradição pentecostal. Certamente, a próxima pesquisa do IBGE confirma a tendência de alta. Tudo isso foi fruto do poderoso Avivamento Pentecostal que Deus enviou para a nossa nação.

“Os antigos pentecostais não se consideravam como uma nova denominação, mas preferiram ser vistos como um movimento de avivamento que tinha uma mensagem para o Corpo de Cristo como um todo. A primeira igreja pentecostal foi fundada em Copenhague, em 1912. Consequentemente, algumas outras igrejas locais foram fundadas. Essas igrejas independentes organizaram-se em uma associação livre. Embora as igrejas dinamarquesas mantiveram laços estreitos com outros grupos pentecostais da Escandinávia, o Movimento Pentecostal não prosperou na Dinamarca como na Noruega e Suécia” (Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.569).

II- A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES

1- A causa da obra missionária da primeira igreja

Em Atos 1.8 encontramos a base e a amplitude do plano de Deus para que a igreja executasse missões. Embora a lição focalize o Pentecostes como força motriz missionária da Igreja Primitiva, é somente em Atos 13 e 14 que vemos uma igreja comissionando e enviando missionários – a Igreja de Antioquia foi a primeira no envio de missionários, depois de uma ordem expressa do Espírito Santo!

Em Atos 2, a incumbência que Jesus havia dado aos discípulos de levar o evangelho ao mundo inteiro parecia uma tarefa difícil. E, de fato, teria sido, se o derramar do Espírito Santo não tivesse acontecido (At 2.1-3). Em poucos dias, aquele grupo de cento e vinte pessoas tornou-se uma multidão de salvos (At 2.41; 4.4 e 5.14).

2- A expansão missionária da primeira igreja

A igreja nasceu em Jerusalém e seus membros se estruturaram para dar continuidade à obra de Jesus. Para a igreja cumprir a sua tarefa missionária, ela precisa de autoridade espiritual. Autoridade é a base ou o ponto de partida da missão, isto é, saber quem a enviou e em nome de quem ela realizará o seu trabalho. Esta foi a pergunta que Deus fez a Moisés: Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? (Êx 3.13). Em outras palavras, eu vou aos filhos de Israel com que autoridade ou em nome de quem? Resposta: Disse Deus a Moises: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros (Êx 3.14). A Igreja em Atos dos Apóstolos partiu para cumprir a missão sob a autoridade de Jesus. Ela partiu para o trabalho em nome de Jesus (Mt 28.19; Lc 24.47).

A igreja de Jerusalém era uma família, de modo que as necessidades de cada irmão eram supridas e havia cooperação de todos os membros para ajudar os apóstolos (At 6.1-3): ali foi instituído o diaconato, escolhendo para tal função homens que deveriam possuir três requisitos básicos: bom testemunho (aspecto social), serem cheios do Espírito Santo (aspecto espiritual) e de sabedoria (aspecto intelectual). Para os apóstolos ficaram reservadas a prática da oração e da pregação da Palavra (At 6.4). Toda a igreja era, então, completamente envolvida com a obra de Deus, porém, ainda restrita a Jerusalém. A perseguição foi o instrumento usado por Deus para desaglutinar a igreja de Jerusalém e alcançar outros povos. Inicialmente concentrada em Jerusalém, entretanto, Deus estava firme em seu propósito de levar a bênção do Evangelho às outras regiões e, por fim, a todas as nações. Ocorreu então que, com a perseguição vinda diretamente contra a igreja de Jerusalém, os que foram dispersos começaram a pregar em toda parte por onde passavam (At 8.1,4 e 5.11, 19, 20 e 13.46,47. Com a morte de Estêvão (At 6 e 7), as testemunhas de Jesus foram espalhadas.

Felipe prega em Samaria (At 8.4-8), e em missão transcultural prega ao etíope, um alto oficial da rainha de Candace, que crê e pede para ser batizado naquele mesmo dia (At 8.26, 28-36 e 39). A história indica que aquele etíope pode ter preparado o caminho para o posterior estabelecimento de milhares de igrejas no longínquo vale do Nilo, na África. Pedro prega para Cornélio, um centurião romano. Foi difícil para Pedro, ainda que cheio do Espírito Santo, aceitar a conversão de um gentio. Mas, após uma visão, entendeu que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.9, 23, 34 e 35); Saulo, escolhido por Deus para levar a mensagem aos gentios (At 9.15, 16), cumpre com êxito a sua tarefa. Em pouco mais de dez anos, e em três viagens missionárias, ele estabelece a igreja em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia (At 13.2, 14.28, 15.40, 18.23 e 21.17).

3- “Deus não faz acepção de pessoas”

A Igreja foi estabelecida no “centro do mundo” antigo. Na Judéia daqueles dias as rotas comerciais traziam mercadores e embaixadores, onde eles entravam em contato com o evangelho. Dessa maneira, no livro de Atos vemos a conversão de oficiais de Roma (At 10.1-48), da Etiópia (At 8.26-40), e de outras terras. Logo depois da morte de Estevão, a igreja deu início a uma atividade sistemática para levar o evangelho a outras nações. Pedro visitou as principais cidades da Palestina, pregando tanto a judeus como aos gentios. Outros foram para a Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria. Ouvindo que o evangelho era bem recebido nessas regiões, a igreja de Jerusalém enviou a Barnabé para incentivar os novos cristãos em Antioquia (At 11.22-23). Barnabé, a seguir, foi para Tarso em busca do jovem convertido Saulo e o levou para a Antioquia, onde ensinaram na igreja durante um ano (At 11.26).

Um profeta por nome Ágabo predisse que o Império Romano sofreria uma grande fome sob o governo do Imperador Cláudio. Herodes Agripa estava perseguindo a igreja em Jerusalém; Ele já havia executado a Tiago, irmão de João, e tinha lançado Pedro na prisão (At 12.1-4). Assim os cristãos de Antioquia coletaram dinheiro para enviar a seus amigos em Jerusalém, e despacharam Barnabé e Paulo com o socorro. Os dois voltaram de Jerusalém levando um jovem chamado João Marcos (At 12.25). Por esta ocasião, diversos evangelistas haviam surgido no seio da igreja de Antioquia, de modo que a congregação enviou Barnabé e Paulo numa viagem missionária à Ásia Menor (At 13-14).

III- A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A OBRA MISSIONÁRIA

1- A função do Espírito na obra missionária.

“E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, pois, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49).

“A promessa de meu Pai” refere-se ao derramamento do Espírito Santo. Vemos esta promessa no Antigo Testamento, em Is 32.15, 44.3; Jl 2.28; Ez 39.29; e no NT, em Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7; At 1.4-8; 2.17,18,33,38,39. Os discípulos aguardaram o cumprimento desta promessa em oração perseverante (At 1.14). O crente atual que busca o batismo no Espírito Santo deve fazer a mesma coisa.

O batismo com o Espírito Santo outorga maior dinamismo espiritual, isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20). Jesus foi ungido com o Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18, 19). Assim também cada crente foi chamado para servir (1Ts 1.9). O Espírito Santo desperta o crente para entregar-se ao serviço de Deus (Rm 6.13,19,22). O mesmo Espírito eterno que levou Jesus a se oferecer para expiar os nossos pecados, opera também em nós o propósito de servir ao Deus vivo (Hb 9.14). Se antes do batismo com o Espírito Santo o crente tem prazer em servir ao Senhor Jesus, quanto mais depois que “recebe a virtude do Espírito Santo para ser testemunha”! (At 1.8). O propósito principal do batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder divino para testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele, e ensinar-lhes a observar tudo quanto Cristo ordenou.

2- O Espírito Santo capacita para a obra.

Mateus 28.18,19 diz: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, estas palavras constituem a Grande Comissão de Cristo a todos os seus seguidores, em todas as gerações. Elas declaram o alvo, a responsabilidade e a outorga da tarefa missionária da igreja. O propósito da Grande Comissão é fazer discípulos que observem os mandamentos de Cristo. Este é o único imperativo direto no texto original deste versículo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversão. As energias espirituais não devem ser concentradas meramente em aumentar o número de membros da igreja, mas, sim, em fazer verdadeiros discípulos que se separem do mundo, que observem os mandamentos de Cristo e que o segam de todo o coração, mente e vontade (Jo 8.31). Observe-se, ainda, que Cristo nos ordena a concentrar nossos esforços para alcançar os perdidos e não em cristianizar a sociedade ou assumir o controle do mundo.

3- Deus age por meio do Espírito Santo.

Na dimensão do batismo com o Espírito Santo, a experiência inicial é o falar em línguas, conhecido por “dom do Espírito” (At 2.38). Inicialmente, é importante destacar que “o dom” e “os dons” são distintos: após a conversão, pode-se receber o dom do Espírito, porém, os dons do Espírito apenas ocorrem na vida coletiva da Igreja, para sua edificação e para a glória de Deus. Em At 2.38, o termo grego charisma é singular, diferente da ocorrência em 1Co 12.31 onde o termo é charismata, plural de charisma. Em Ef 4.11-13, os termos gregos dorea e doma são também usados para designar “dons”, referindo-se àqueles dons como capacitadores ou equipadores para o culto pessoal no reino de Deus. Também o termo pneumatika empregado em 1Co 12.1, é usado para descrever os dons como “coisas pertencentes ao Espírito”. O ponto é que cada ocorrência dessas palavras dá o sentido contemporâneo à obra sobrenatural do Espírito em nossas vidas. Da nossa palavra chave entendemos que o termo latino que traduz o grego charisma é donum, presente, dádiva, e de maneira nenhuma se trata de algo que recebemos para guardar; os dons do Espírito não são presentes que recebemos para proveito nosso e nem tampouco o Despenseiro leva em consideração os nossos méritos para concedê-los. São concedidos graciosamente, segundo o conhecimento e soberania divinas. A Bíblia de Estudo Pentecostal afirma no Estudo Doutrinário Dons Espirituais para o Crente: “As manifestações do Espírito dão-se de acordo com a vontade do Espírito (1Co 12.11), ao surgir a necessidade, e também conforme o anelo do crente na busca dos dons (1Co 12.31; 14.1)” (STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal; CPAD. 2ª impressão, 1996, Rio de Janeiro; Adaptado do no Estudo Doutrinário Dons Espirituais para o Crente).

Assim Deus também testificou da mensagem das testemunhas oculares apostólicas “por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito Santo segundo a sua vontade” (Hb 2.4) A palavra aqui em grego não é charismata, mas merismoi, “distribuições” (melhor que a tradução “dons” da ARC), e pode referir-se à distribuição de poderes, como sugere o contexto, em vez de dons. O que visa essa distribuição de poder? Para o Pr Hernandes Dias Lopes, “poder para sair do campo da especulação escatológica e ir para o campo da especulação missionária” (Pr Hernandes Dias Lopes, Sermão pregado na abertura da XII Consciência Cristã, 08 Mar 2011).

CONCLUSÃO

Nesta lição, estudamos sobra a ação do Espírito Santo na vida da Igreja levando-a a fazer missões. Vimos que assim ocorreu no ministério terreno de Jesus, bem como o ministério terreno da Igreja Primitiva. Nos mostrou que o Evangelho o poder do Espírito Santo é indispensável para qualquer projeto missionário que toda obra comece e termine sob o seu poder e direção. A presença santa do Espirito Santo que garante o sucesso e eficácia da obra missionária em pleno século XXI.

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