EBD – Missões Transculturais no Antigo Testamento

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Disse mais: Pouco e que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os guardados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra.” (Is 49.6)

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos o princípio das Missões Transculturais no Antigo Testamento. Deus é a fonte de Missões, e que após a queda, o Senhor toma a iniciativa de buscar o homem perdido, fazendo-lhe uma promessa redentora, “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3.15). Estaremos aprendendo o propósito da escolha de Israel e por último a escolha da Igreja.

 I – ISRAEL, UM POVO ESCOLHIDO PARA UM PROPOSITO MISSIONÁRIO

Analisando a palavra bahar expressa o termo “escolher”. A primeira vez que aparece na Bíblia é em relação a Israel, no livro em Deuteronômio 7.6, “[…] povo santo és ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu”.    

  1. O plano de Deus.

Deus planejou a redenção da humanidade. Em seu livro John V. York, “Deus arquitetou todo um planejamento para que o seu testemunho sobre Jesus Cristo fosse dado a todos os habitantes da terra” (Gn 12.3; Mt 24.14; 28.18-20). Portanto, o Senhor quer que todos os moradores da terra tenham o conhecimento sobre a pessoa de Jesus Cristo.

  • A falha de Israel.

“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra.” Gênesis 12.2-3

O Senhor deu três títulos a Israel:

  1. “propriedade peculiar”,
  2. “Reino de sacerdotes” e
  3. “nação santa”, dependendo de serem um povo obediente e cumpridor da aliança.

Esses títulos resumiam as bênçãos divinas que um povo como esse experimentaria:

a) pertencer especialmente ao Senhor,

b) representá-lo na terra e

c) ser posto à parte para servir aos propósitos do Senhor.

Os títulos igualmente desdobram o significado ético e moral de Israel ter sido levado ao Senhor. “Porque toda a terra é minha” – no meio dos títulos, dava ênfase à peculiaridade e soberania do Senhor e devia ser tomado no sentido de descartar todas as outras reinvindicações pelos assim chamados de deuses das nações.

  • A contribuição de Israel para o mundo.

“E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo.” João 4.42

Analisando a expressão “o Salvador do mundo” em João 4.42, que ocorre também em 1 Jo 4.14. O versículo constitui o clímax da história da mulher samaritana. Os próprios samaritanos se tornaram testemunhas de uma série de eventos no Evangelho de João, que demonstraram a identidade de Jesus como o Messias e o Filho de Deus. Esse episódio representa o primeiro exemplo de evangelismo transcultural (At 1.8).

“A história do Antigo Testamento não é uma história onde tudo é um mar de rosas. Podemos dizer que é o longo e doloroso relato de como Deus amou Israel como um marido a sua esposa, mas esta esposa escolheu repetidamente se prostituir, entregando-se a ídolos e rebelando-se contra o amor de seu Senhor. É a história de um Deus paciente diante do pecado de seu povo de coração duro.” (https://coalizaopeloevangelho.org/article/por-que-deus-escolheu-israel-como-seu-povo-no-antigo-testamento/)

Quando Moisés foi chamado por Deus para libertar o povo de Israel do Egito, Deus lhe disse: Diga que o Eu Sou te enviou. Deus estava dando continuidade ao seu projeto de fazer com que Israel fosse bênção a todas as nações. Por isso, Ele dizia: Eu sou o eterno, o único Deus Todo Poderoso. Foi seguindo essa orientação que Moisés fez a obra libertadora. Jesus veio ao mundo e utilizou várias vezes a expressão Eu Sou. Ele a utilizou para falar daquilo que Ele faz, daquilo também que Ele pretendia fazer com as pessoas. Em todas elas, está a ideia da libertação. Embora Israel tenha falhado em sua missão, a nação contribuiu na revelação do plano de Deus ao mundo.

II – O AMOR DE DEUS PARA COM OUTRAS NAÇÕES

1. Os olhos de Deus sobre todos os povos.

As Escrituras nos revelam que Deus amava Israel desde a eternidade de uma forma diferente da forma como ele ama as outras nações. Nelas entendemos que existe um verdadeiro Israel composto de crentes no Messias Jesus, a quem ele amou desde a eternidade de uma forma diferente da forma como ele ama as outras pessoas. Assim, entendo que Ele amos a viúva de Sarepta. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, Deus se empenha em nos dizer isso (Ez 16.1-14). Deus disse a Israel no exílio: “Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” (Jr 31.3). Por trás de todos os atos divinos de amor na história de Israel estava o amor eterno. Ela era amada antes de existir.

“O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos… Mas, porque o Senhor vos amava” (Dt 7.7-8).

Ele a amava de forma diferente de todas as nações, porque ele a amava. Não foi causado por ela. Foi antes dela existir.

No Novo Testamento, Paulo deixa claro que o tempo todo existia um verdadeiro Israel, um remanescente dentro da nação de Israel — os que realmente confiam no Messias Jesus. “Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29). “Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Rm 9.8).

E esses “filhos de Deus”, ele continua a dizer, estão “não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios” (Rm 9.24). “Todo aquele que nele crer não será confundido. Porque não há distinção entre judeu e grego” (Rm 10.11-12). Então, ele deixa claro que estes verdadeiros judeus — estes filhos de Deus, esses crentes no Messias — tem sido amados por Deus desde a eternidade, diferentemente de todas as outras pessoas, e amados com um grande amor: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo… em amor nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo” (Ef 1.4-5). Paulo chama isso de “grande amor”: “Pelo grande amor com que nos amou, Deus nos deu vida com Cristo” (Ef 2.4-5). Grande amor nos deu vida.

2. A viúva de Sarepta e o profeta Elias.

Deus enviou Elias à viúva de Sarepta para suprir suas necessidades materiais no momento em que ela julgava que tudo estava perdido (1Rs 17:12), mas a maior bênção que aquela mulher recebeu foi, sem dúvida, o fortalecimento de sua fé no Deus de Elias. Por meio do profeta Elias, aquela viúva recebeu de Deus não somente uma bênção material, como também uma bênção espiritual: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (1Rs 17.24).

A resposta da viúva conclui com uma declaração de fé. Ela agora sabia que o Deus de Israel podia sustentar a vida e também dar vida. A Bíblia não nos conta mais nada sobre o que aconteceu com a viúva de Sarepta. No entanto, podemos ver por esses dois episódios que a vida dela foi completamente transformada. A viúva de Sarepta conheceu o amor e o poder de Deus e recebeu uma nova esperança!

3. A Missão de Jonas em Nínive.

Jonas era galileu e contemporâneo dos profetas Amós e Oséias. Os fariseus se equivocaram quando disseram que “da Galileia não se levanta profeta” (Jo 7.52), pois Jonas era galileu. De acordo com uma tradição judaica não atestada, Jonas era o filho da viúva de Sarepta ressuscitado dentre os mortos por Elias (lRs 17.8-24) Jonas foi o mais estranho de todos os profetas:

  1. Ele foi o primeiro profeta transcultural da História
  2. foi o primeiro profeta a desobedecer a uma ordem de Deus.
  3. foi o primeiro profeta a ver um resultado 100% positivo à sua mensagem.

A pregação de Jonas no capítulo 3 foi um sucesso estrondoso. Este é o maior fenômeno na história do evangelismo mundial. Porém, em vez de Jonas manifestar alegria pelo sucesso do seu trabalho, explode em ressentimento.

Sua mensagem produziu efeitos até naqueles que não o ouviram diretamente. No entanto, nenhum pregador foi tão bem-sucedido. No hebraico, o sermão de Jonas se compunha de apenas cinco palavras, nada mais:

“Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.”

Contudo, o sermão produzia muito impacto. E que impacto!

  1. Jonas fez todo o possível para que a sua missão fracassasse.
  2. Jonas tinha um espírito indignado, um preparo insatisfatório, um sermão medíocre.
  3. Resultado: um sucesso tremendo!

A maioria dos pregadores trabalha duramente para obter bons resultados; Jonas trabalhou duramente para não ter bons resultados, mas ele teve sucesso, apesar da sua atitude. Deus se responsabiliza pelo resultado! E aqui já temos uma preciosa lição!

Isaías 55.11: “assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei”

Jonas foi o único pregador da História que ficou frustrado com o seu sucesso. Um pregador que deseja ver a morte e a destruição dos seus ouvintes e não a salvação deles.

Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus.

  1. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-Lhe obstáculos nem frustrá-Lo. Sua graça é para todo o mundo.
  2. O peixe só é citado duas vezes no livro enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive.
  3. Deus é quem envia uma tempestade atrás de Jonas.
  4. Deus é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo.
  5. Deus é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive.
  6. Deus é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado.

Percebam que Jonas é o único profeta especificamente comissionado a pregar aos gentios. Este é o grande livro missionário do Antigo Testamento. Jonas, um nacionalista zeloso, é chamado por Deus e enviado a Nínive, uma grande cidade para proclamar contra ela.

Nínive, mencionada pela primeira vez em Gênesis 10.11, foi a antiga capital do império assírio. Situava-se na margem oriental do rio Tigre. Senaqueribe fê-la a capital da Assíria e os medos e persas a destruíram no ano 612 antes de Cristo. Nínive era a maior cidade do mundo daquele tempo (1.2; 3.2; 4.11).

Os pecados dos pagãos sobem até o céu e ofendem a Deus. Todavia, o amor de Deus pelos pagãos desce até a terra e Deus envia a eles um mensageiro para anunciar-lhes Sua Palavra.

O propósito do livro de Jonas é ensinar que a providência e o cuidado de Deus não se limitam a Israel, mas se estendem também aos gentios. O livro de Jonas descreve o maior protótipo da morte e ressurreição de Cristo no Antigo Testamento. O livro de Jonas nos oferece um protótipo das duas mais importantes doutrinas do cristianismo: a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

III – ALIANÇAS ENTRE DEUS E A HUMANIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

1. Alianças de Deus.

Uma aliança com Deus é um acordo que une a pessoa com Deus. Na Bíblia, Deus fez várias alianças com os homens. A maior dessas alianças é a aliança de salvação em Jesus.

“A Bíblia fala de sete alianças diferentes, das quais quatro (Abraâmica, Mosaica, Palestina ou Palestiniana, Davídica) Deus fez com a nação de Israel e são incondicionais em sua natureza. Ou seja, independentemente da obediência ou desobediência de Israel, Deus ainda vai cumprir essas alianças com Israel. Uma das alianças, a Aliança Mosaica, é de natureza condicional. Ou seja, esta aliança vai trazer uma bênção ou maldição, dependendo da obediência ou desobediência de Israel. Três das alianças (Adâmica, Noética, Nova) são feitas entre Deus e os homens em geral, e não se limitam à nação de Israel.

Pode-se dividir a Aliança Adâmica em duas partes: a Aliança Edênica (inocência) e a Aliança Adâmica (graça) (Gênesis 3:16-19). A Aliança Edênica é encontrada em Gênesis 1:26-30; 2:16-17. Ela delineia a responsabilidade do homem para com a criação e a direção de Deus a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal.

A Aliança Adâmica incluía as maldições proferidas contra a humanidade por causa do pecado de Adão e Eva, assim como a provisão de Deus para esse pecado (Gênesis 3:15).

A Aliança Noética foi uma aliança incondicional entre Deus e Noé (especificamente) e Deus e a humanidade (em geral). Depois do dilúvio, Deus prometeu à humanidade que nunca mais destruiria toda a vida na Terra com um dilúvio (ver Gênesis capítulo 9). Deus deu o arco-íris como sinal da aliança, a promessa de que toda a terra nunca mais teria um dilúvio e um lembrete de que Deus pode e vai julgar o pecado (2 Pedro 2:5).

Aliança Abraâmica (Gênesis 12:1-3, 6-7; 13:14-17, 15, 17:1-14; 22:15-18). Neste pacto, Deus prometeu muitas coisas para Abraão. Ele pessoalmente prometeu que faria o nome de Abraão grande (Gênesis 12:2), que Abraão teria inúmeros descendentes físicos (Gênesis 13:16), e que ele seria o pai de uma multidão de nações (Gênesis 17:4-5). Deus também fez promessas a respeito de uma nação chamada Israel. Na verdade, os limites geográficos da aliança com Abraão são mencionados em mais de uma ocasião no livro de Gênesis (12:7; 13:14-15; 15:18-21). Uma outra provisão na Aliança Abraâmica é que as famílias do mundo seriam abençoadas através da linhagem física de Abraão (Gênesis 12:3; 22:18). Esta é uma referência ao Messias, que viria da linhagem de Abraão.

Aliança Palestiniana/Palestina (Deuteronômio 30:1-10). A Aliança Palestina amplia o aspecto de terra detalhado na Aliança Abraâmica. De acordo com os termos deste pacto, se o povo desobedecesse, Deus faria com que fossem espalhados pelo mundo (Deuteronômio 30:3-4), mas Ele acabaria restaurando-os em uma nação (v. 5). Quando a nação for restaurada, então eles vão obedecê-lo perfeitamente (versículo 8), e Deus fará com que prosperem (v. 9).

Aliança Mosaica (Deuteronômio 11; et al.). A Aliança Mosaica era uma aliança condicional que ou trazia bênção direta de Deus pela obediência ou maldição direta de Deus pela desobediência sobre a nação de Israel. Uma parte da Aliança Mosaica (Êxodo 20) eram os Dez Mandamentos e o resto da Lei, que continha mais de 600 comandos, cerca de 300 negativos e 300 positivos. Os livros de história do Antigo Testamento detalham (Josué-Ester) como Israel sucedeu ou fracassou miseravelmente em obediência à Lei. Deuteronômio 11:26-28 detalha o tema de bênção/maldição.

Aliança Davídica (2 Samuel 7:8-16). A Aliança Davídica amplifica o aspecto da “semente” na Aliança Abraâmica. As promessas feitas a Davi nesta passagem são significativas. Deus prometeu que a linhagem de Davi duraria para sempre e que o seu reino jamais deixaria de existir permanentemente (versículo 16). Obviamente, o trono de Davi não tem estado em vigor em todos os momentos. Haverá um tempo, no entanto, quando alguém da linhagem de Davi vai novamente sentar-se no trono e governar como rei. Este futuro rei é Jesus (Lucas 1:32-33).

Nova Aliança (Jeremias 31:31-34). A Nova Aliança é um pacto feito primeiro com a nação de Israel e, no fim das contas, com toda a humanidade. Na Nova Aliança, Deus promete perdoar os pecados, e haverá um conhecimento universal do Senhor. Jesus Cristo veio para cumprir a Lei de Moisés (Mateus 5:17) e criar uma nova aliança entre Deus e Seu povo. Agora que estamos sob a Nova Aliança, tanto os judeus quanto os gentios podem ser livres da penalidade da Lei. Temos agora a oportunidade de receber a salvação como um dom gratuito (Efésios 2:8-9).

Dentro da discussão sobre as alianças bíblicas, há algumas questões sobre as quais os cristãos discordam entre si.

Primeiro, alguns cristãos pensam que todas as alianças são de natureza condicional. Se as alianças são condicionais, então Israel falhou miseravelmente em cumpri-las. Outros acreditam que as alianças incondicionais ainda tenham de ser totalmente cumpridas e, independentemente da desobediência de Israel, serão concretizadas em algum momento no futuro.

Segundo, como a igreja de Jesus Cristo se relaciona com as alianças? Alguns acreditam que a igreja as cumpre e que Deus nunca irá lidar com Israel novamente. Isso é conhecido como a teologia da substituição e tem pouca evidência bíblica. Outros acreditam que a igreja inicialmente ou parcialmente cumprirá essas alianças. Embora muitas das promessas para com Israel ainda estejam no futuro, muitos acreditam que a igreja faça parte de alguma forma. Outros acreditam que as alianças sejam apenas para Israel e que a Igreja não tem nenhuma parte nelas.” (https://www.gotquestions.org/Portugues/Aliancas-Biblia.html)

2. Aliança incondicional e condicional.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica para aliança é berith. Ela é usada 285 vezes. A palavra grega no Novo Testamento para aliança é diatheke. Ela aparece 30 vezes. O significado central de aliança é um laço ou relacionamento entre duas partes na forma de um contrato. Existem dois tipos de alianças que Deus fez com Israel: condicional e incondicional.

Numa aliança condicional, o acontecimento é futuro e incerto, pois a eficácia da aliança depende exclusivamente do receptor. Algumas obrigações ou condições devem ser satisfeitas pelo receptor da aliança antes que o outorgador se obrigue a cumprir o acordado. Temos na aliança mosaica, pactuada entre Deus e a nação de Israel como exemplo de aliança condicional. É caracterizada pela conjunção “se”: “Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara” (Êx 15.26). “Se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos” (Dt 28.12).

Já na aliança incondicional, o acontecimento é futuro e certo. O cumprimento do que foi acordado depende exclusivamente daquele que fez a aliança, portanto o que foi prometido é soberanamente concedido ao receptor da aliança com base na autoridade e integridade daquele que pactuou a aliança Deus.

CONCLUSÃO

A promessa da salvação foi a resposta amorosa de Deus para reconciliar consigo mesmo o ser humano. A partir do momento em que Adão e Eva pecaram, a raça humana passou a expressar e a vivenciar a maldade (Gn 3.6,7 cf. 4.8-26). Enquanto vivia o período da inocência, o primeiro casal relacionava-se plenamente entre si e com Deus (Gn 2.23-25). Mas a partir do advento do pecado, o casal passaria a enfrentar conflitos entre si e com o Criador, passando a encobrir a maldade do seu coração. A obra de Cristo, porém, realizada no Calvário não nos permite viver hipocritamente, mas em verdade e sinceridade. Em Jesus, a maldade do coração é substituída pela capacidade de amar, realizar boas obras, pela fé, manifestar a bondade de Deus e cuidar do próximo (Ef 2.10).

Já em Gênesis, temos a primeira anunciação do Evangelho – “A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher têm ambas sentido fortemente pessoal. Deus disse à serpente: A Semente da mulher te ferirá a cabeça. Compare a referência de Paulo a isto em Romanos 16.20. A serpente só poderia ferir o calcanhar da Semente da mulher. De fato, ferir não é forte o bastante para traduzir o termo hebraico, que pode significar moer, esmagar, destruir. Uma cabeça esmagada que leva à morte é contrastada com um calcanhar esmagado que pode ser curado. O versículo 15 é chamado de ‘proto-evangelho’, pois contém uma promessa de esperança para o casal pecador. O mal não tem o destino de ser vitorioso para sempre; Deus tinha em mente um Vencedor para a raça humana. Há um forte caráter messiânico neste versículo. Em Gênesis 3.14,15, vemos ‘o Calcanhar Ferido’.

1) O Salvador prometido era a Semente da mulher — o Deus-Homem;

2) Esta Semente Santa feriria a cabeça da serpente — conquistar o pecado;

3) A serpente feriria o calcanhar do Salvador — na cruz, Ele morreu”

(Comentário Bíblico Beacon. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.41).

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