O Brasil possui invernos bastante confortáveis, com temperaturas amenas e sol até o final da tarde – com exceção para os que moram no sul do país, que enfrentam temperaturas abaixo de zero e eventualmente assistem nevar em seus quintais.
Quando um país enfrenta invernos rigorosos, há uma política de abrigos para os moradores de rua, as casas, fábricas e escritórios possuem aquecedores, os estabelecimentos comerciais têm um sistemas de portas duplas para garantir o aquecimento interno, e até mesmo os carros precisam usar um aditivo especial na gasolina para que esta não congele. Já morei em países onde o inverno era essencialmente de temperaturas negativas, e a temperatura mais baixa que peguei foi de trinta e seis graus negativos: um frio horroroso, com tempestades de neve que bloqueavam ruas e fechavam comércios e escolas.
A neve é linda de ser vista, especialmente em filmes cartões de natal. Mas conviver com ela, dirigindo em estradas com gelo fino e sal para ajudar a não derrapar, é um grande desafio. É sempre divertido fazer bonecos de neve, mas ter que raspar a neve da entrada da garagem diariamente é bastante exaustivo. Além disso, ela pode nos enganar: assim que cheguei nos EUA, eu costumava fazer um caminho para o trabalho cortando o caminho por um trajeto que incluía uma bela estada – até que, ao final do verão, enquanto eu estava andando por ela, fui alertada que de a estrada, de fato, era um lago que ia ficando com sua cobertura de gelo cada vez mais fina, até que as águas voltassem a correr na primavera!
No inverno, além do frio, os dias costumam ser mais curtos. Em Rostock, uma cidade da Alemanha em que temos uma igreja filiada à nossa, o sol se põe por volta das 14:30 horas, mudando a rotina de escolas e fábricas, além de aumentar os impostos com energia elétrica e ou ampliar o uso de madeira para as lareiras domésticas.
Em Israel o inverno costuma ser bem rigoroso. Tanto que a mulher sábia… não teme por seus familiares quando chega a neve, pois todos eles vestem agasalhos. Ela faz cobertas para a sua casa (Provérbios 31.21,22). No frio do inverno, nada aquece mais do que bons agasalhos e cobertas bem quentes para dormirmos quentinhos. E a mulher sábia prepara sua casa para o inverno, garantindo calor para sua família.
De forma semelhante precisamos nos organizar para os invernos da vida e da alma. Todos nós passamos por montes gélidos na saúde, em relacionamentos e até mesmo na vida profissional e sentimental. Em momentos assim, muitos podem congelar sua vida e seus sonhos.
Viver sem aconchego, calor humano ou afeto caloroso faz com que a alma congele. Conviver com pais distantes, que não demonstram afeto, que não abraçam ou elogiam, que são incapazes de perceber e de amar seus filhos, é como viver dentro de um iceberg emocional. Assim como a frieza em um casamento, com cônjuges que não se aquecem mutuamente, pois são extremamente egoístas, é algo que causa uma morte lenta por congelamento!
Nossa casa precisa estar aquecida. É muito bom voltar para uma casa calorosa depois de um dia estafante de trabalho. É gratificante saber que por mais que o mundo corporativo e profissional seja estressante e frio, podemos encontrar calor humano em casa: pais interessados no cotidiano dos filhos, filhos solícitos à instrução amorosa de seus pais, cônjuges prontos a abraçar e aquecer a alma e o corpo um do outro.
Agasalhe seu cônjuge. Abrace, beije, diga palavras de ânimo, e o apoie em suas tribulações e lutas pessoais. A vida conjugal implica em cumplicidade, entrega e uma boa dose de calor humano, fazendo com que o outro não se sinta só. Em momentos difíceis, cante, faça uma boa massa ou um gostoso chocolate quente, abrace muito e aqueça as noites frias com muito carinho e afeto.
Agasalhe seus familiares de amor sincero e incondicional, dê o beijo de boa noite, cubra com cobertas antes de dormirem, e não deixe de cobri-los de orações, de elogios, de ensinos e de afeto. Quando fecharmos a porta, e deixarmos a neve do inverno da vida do lado de fora, que nossas casas estejam sempre aquecidas, para que haja calor em nossas noites frias!
Por Elaine Cruz – psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar.