EBD – O Avivamento Espiritual no Mundo

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar.” (Ez 47.5)

INTRODUÇÃO

Nesta lição partiremos da imagem do vale de ossos secos no capítulo 37 e da imagem das águas no capítulo 47 do Livro de Ezequiel. Embora haja um contexto específico para a nação de Israel, essas duas imagens podem ser aplicadas como paradigma do que Deus deseja fazer com o seu povo: trazer vida onde não há mais vida; manifestar o fogo santo onde há frieza espiritual; avivar o que já está morto. Veremos que Deus fez isso muitas vezes em sua Igreja ao longo da história. Portanto, Ele pode fazer de novo.

É preciso cultivar uma boa expectativa da parte de Deus. O Espírito de Deus não age por força nem por violência (Zc 4.6). Entretanto, é preciso reconhecer que Deus ainda tem levantado talentos na sua obra, o Espírito tem soprado em pessoas que amam ao Senhor e zelam pela proclamação do Evangelho. É vontade de Deus que o seu povo seja avivado.

I – O AVIVAMENTO NO TEMPO DE EZEQUIEL

1. Calamidade e restauração de Israel.

William Greenhill: Estes versículos (Ez 36.21-24) focalizam o fundamento da restauração dos judeus, que é a quarta parte geral do capítulo. Estando eles no cativeiro e pecando muito ali, fizeram com que o nome de Deus fosse profanado pelos pagãos.

Nada merecendo senão vergonha, ele se compadeceu deles e os libertou por amor do seu nome. O nome de Deus vem acompanhado por dois adjuntos, ou epítetos: santo e grande.

O hebraico traz: “E eu os poupei por causa da minha santidade. Ou seja, eu os poupei por causa do meu santo nome. Eu não toleraria que ele fosse profanado pelos pagãos e, por isso, os libertei. A Septuaginta traz: “Eu os poupei por causa do meu santo nome. Eu tenho um temo respeito pelo meu nome, e porque é santo, não admito que seja submetido à maledicência pagã.

…O nome do Senhor é santo. Sua essência, sua vontade, seus atributos, suas obras, sua palavra são o seu nome. Tudo isso exibe Deus, o faz conhecido, e assim constitui o seu nome, igualmente o nome de sua santidade, ou “seu santo nome”. Não há nenhum nome debaixo do céu como o do Senhor. E um nome santo, e tão glorioso; um nome grande, e tão temível. Devemos santificar o nome de Deus, e isso fazemos quando cremos.

Libertação e arrependimento.

Matthew Meade: Foi a misericórdia de sua libertação que entemeceu-lhes o coração numa disposição pesarosa e penitente. “Então vos lembrareis que tive compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi” (Ez 36.21). O que isso indica? Ezequiel 36.24 nos diz: “Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra…. Libertação e arrependimento vêm juntos.

Eles estavam tão distantes do arrependimento do pecado em seu cativeiro que continuaram em sua impiedade para o grande opróbrio de Deus entre os pagãos… Eles não tinham expectativa de livramento e, onde não há fé, não pode haver aptidão para livramento. Portanto, quando Deus os liberta ele lhes diz que isso não foi por causa deles. É como se ele dissesse: eu faço isso não porque vocês o mereçam, mas por causa da glória do meu próprio nome. “Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome” (Ez 36.22). (Carl L. Beckwith; traduzido por Heber Carlos de Campos Jr., Lucas Ribeiro, Paulo Sérgio Gomes e Vagner Barbosa. Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel. Editora Cultura Cristã. 1 Ed 2014. pag.215).

2. Um vale de ossos secos.

Essa parte do oráculo mostra o que Deus vai fazer e como isso será feito. É a restauração de Israel representada nessa ressurreição dos ossos secos. Javé revela isso a Ezequiel e manda que ele profetize aos ossos, como se fossem um auditório de ouvintes.

A pergunta de Javé ao Profeta: será que estes ossos podem reviver? serve para lembrar o Profeta do poder de Deus para trazer a vida até mesmo os ossos, o que, aliás, já havia acontecido em Israel (2Rs 13.21). Ezequiel sabia a resposta, sem dúvida alguma, mas devolveu a questão a Javé: Senhor Deus, tu o sabes. Isso, segundo Moshe Greenberg, realça que “o profeta evita invadir a liberdade de Deus em sua resposta respeitosamente evasiva”.

Então, Deus ordena a Ezequiel: Profetize para estes ossos. E o conteúdo da profecia é: Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor, como se falasse a um auditório ou a uma multidão. Como afirma Zimmerli, “o profeta é de repente transformado de porta-voz humano impotente para porta-voz onipotente divino Note que, em seguida, o profeta introduz o discurso usando a fórmula de autoridade divina: Assim diz o Senhor Deus a estes ossos. Ele recebe a incumbência de proclamar sobre os ossos secos a palavra profética, para que eles prestem atenção no mensageiro autorizado que vai trazer a mensagem divina: Eis que farei entrar em vocês o espírito, e vocês viverão. Esse espírito é o elemento crucial para a vida. A expressão hebraica rûaḥ wîḥyîtem, “espírito e vocês viverão”, traduzida na Septuaginta pela expressão grega pneuma zōēs, “espírito de vida” dado por Deus, é a mesma usada em Apocalipse 11.11.

Segundo a agenda divina, que Javé antecipa ao Profeta e manda-o a profetizar, porei tendões sobre vocês, farei crescer carne sobre vocês e os cobrirei de pele. Os tendões, ou “nervos” (ARC, TB), correspondem à palavra hebraica gîd, “tensão, nervo”, a mesma usada para descrever a contusão da coxa de Jacó (Gn 32.32). Tendão ou nervo é o tecido fibroso pelo qual um músculo se prende a um osso. Depois de religar os ossos com os tendões, virá a cobertura dos ossos com a carne e, em seguida, a carne será revestida com a pele. A vivificação dos ossos por meio da entrada do espírito é reiterada e a razão dessa restauração: Então vocês saberão que eu sou o Senhor, frase muito comum na profecia de Ezequiel, explicada. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 95-97).

3. O rio das águas purificadoras.

Vilalpandus interpreta essas águas como sendo as águas subterrâneas que eram transportadas por tubos no subsolo e saíam no átrio dos sacerdotes, para lavar os sacrifícios e limpar o sangue, os excrementos e a sujeira ocasionada pelo abate de tantos sacrifícios. Certamente se não houvesse aquedutos em tomo do templo de Salomão para manter limpos os lugares onde os sacrifícios eram abatidos e preparados, esse local seria malcheiroso e insalubre. Essas águas fluíam, algumas do limiar, algumas do lado sul do altar, e assim corriam. Dessas águas, o Senhor aproveita a ocasião para falar de águas espirituais.

Águas debaixo do limiar. John Bunyan:

Embora na relação sagrada do edifício do templo nenhuma menção seja feita a essas águas, mas apenas se menciona o monte no qual o rei o construiu e os materiais com que ele o edifícou, não obstante, parece-me que nesse monte, e ali também onde o templo foi construído, havia uma fonte de água viva. Isso parece mais que provável, por Ezequiel 47.1, onde ele diz: “Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de debaixo do limiar do templo, para 0 oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar.

E de novo: “Sairá uma fonte da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim” (J1 3.18). E onde quer que estivesse a primeira aparição dessas águas santas, essa fonte só estaria no santuário, que é o mais sagrado de todos (Ez 47.12), onde ficava o propiciatório, que em Apocalipse é chamado de “trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22.1-2).

…Em Ezequiel e Apocalipse é dito que essa água tem a árvore da vida crescendo em suas margens e era um tipo da Palavra e do Espírito de Deus, por meio qual o próprio Cristo se santifícou, a fim de adorar como sumo sacerdote (Ez 47; Ap 22). E também essa água é aquela que cura todos os que serão salvos e pela qual, sendo eles também santificados por ela, fazem toda a sua obra de adoração e serviço aceitável, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim, é dito que essas águas correm para o mar, o mundo, e curam os seus peixes, os pecadores nele; de fato, essa é aquela água da qual Cristo Jesus, nosso Senhor, diz: “Quem dela beber viverá eternamente” (Ez 47.8-10; Zc 14.8; Jo 4.14). (Carl L. Beckwith; traduzido por Heber Carlos de Campos Jr., Lucas Ribeiro, Paulo Sérgio Gomes e Vagner Barbosa. Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel. Editora Cultura Cristã. 1 Ed 2014. pag. 259).

II – OS GRANDES AVIVAMENTOS NO MUNDO

1. Na Europa.

O historiador Lecky, nomeia o Grande Avivamento como sendo a influência que salvou a Inglaterra de uma revolução, igual à que, na mesma época, deixou a França em ruínas. Dos quatro vultos que se destacaram no Grande Avivamento, João Wesley era o maior. Jônatas Edwards, que nasceu no mesmo ano de Wesley, faleceu trinta e três anos antes dele; Jorge Whitefield, nascido onze anos depois de Wesley, faleceu vinte anos antes dele; e Carlos Wesley continuou o seu itinerário efetivo somente dezoito anos, enquanto João continuou durante meio século.

Mas a biografia deste célebre pregador, para ser completa, deve incluir a história de sua mãe, Susana. De fato, é como certo biógrafo escreveu: “Não se pode traçar a história do Grande Avivamento do século passado (1700), na Inglaterra, sem dar uma grande parte da herança merecida à mãe de João e Carlos Wesley; isso não somente por causa da instrução que inculcou profundamente aos filhos, mas por causa da direção que deu ao avivamento.”

Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes espirituais de Wesley; o seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso e ele trabalhou ininterruptamente durante 53 anos, com o coração abrasado pelo amor divino.

Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 Vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.

Apesar de enfrentar a apatia espiritual quase geral nos crentes, a par de uma onda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadores acharem-se tão angustiados, que gritavam e gemiam.

Se célebres materialistas, tais como Voltaire e Tomaz Paine, gritaram de convicção ao se encontrarem com Deus no leito de morte, não é de admirar que centenas de pecadores gemessem, gritassem e caíssem ao chão, como mortos, quando o Espírito Santo os levava a sentir a presença de Deus. Multidões de perdidos, assim, tornavam-se novas criaturas em Cristo Jesus, nos cultos de João Wesley. Muitas vezes os ouvintes eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; receiam também visões da perfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como mortos. (Ver Apocalipse 1.17.)

Como todos que invadem o território de Satanás, os irmãos Carlos e João Wesley, tinham de sofrer terríveis perseguições. Em Moorfield os inimigos do Evangelho acabaram com o culto, destruindo a mesa em que João subira para pregar e o insultaram e maltrataram. Em Sheffield, a casa foi demolida sobre a cabeça dos crentes. Em Wednesbury, destruíram as casas, roupas e móveis dos crentes, deixando-os desabrigados, expostos à neve e ao temporal. Diversas vezes João Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.

Mas a perseguição da parte da igreja decadente era a sua maior cruz. Foram denunciados como “falsos profetas”, “paroleiros”, “impostores arrogantes”, “homens destros na astúcia espiritual”, “fanáticos”, etc. Ao voltar para visitar Epworth, onde nascera e se criara, João assistiu, no domingo, ao culto da manhã e ao culto da tarde, na igreja onde seu pai fora fiel pastor durante muitos anos, mas não lhe foi concedida a oportunidade de falar ao povo. Às dezoito horas, João, em pé, sobre o monumento, que marcava o lugar em que enterraram seu pai, ao lado da igreja, pregou ao maior auditório jamais visto em Epworth – e Deus salvou muitas almas.

– Qual a causa de tão grande oposição? Entre os crentes da igreja dormente, alegava-se que eram as suas pregações sobre a justificação pela fé, e a santificação. Os descrentes não gostavam dele porque “levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada.”

João Wesley não somente pregava mais que os outros pregadores, mas os excedia como pastor, exortando e confortando os crentes, e visitando de casa em casa.

Nas suas viagens, andava tanto a cavalo, como a pé, ora em dias ensolarados, ora sob chuvas, ora em temporais de neve. Durante os 54 anos do seu ministério, andou, em média, mais de 7 mil quilômetros por ano, para alcançar os pontos de pregação. Esse homenzinho que andava 7 mil quilômetros por ano, ainda tinha tempo para a vida literária. Leu não menos de 1.200 tomos, a maior parte enquanto andava a cavalo. Escreveu uma gramática hebraica, outra de latim, e ainda outras de francês e inglês. Serviu durante muitos anos como redator dum jornal de 56 páginas. O dicionário completo que compilou da língua inglesa era muito popular, e seu comentário sobre o Novo Testamento ainda tem grande circulação.

Revisou e republicou uma biblioteca de cinquenta volumes, reduzindo-a para trinta volumes. O livro que escreveu sobre a filosofia natural teve grande aceitação entre o ministério. Compilou uma obra de quatro volumes sobre a história da Igreja. Escreveu e publicou um livro sobre a história de Roma e outro sobre a da Inglaterra. Preparou e publicou três volumes sobre medicina e seis sobre música para os cultos. Depois da sua experiência em Fetter Lane, ele e seu irmão Carlos, escreveram e publicaram 54 hinários. Diz-se que ao todo escreveu mais que 230 livros. (Orlando S. Boyer. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Editora CPAD. 15ª edição: 1999).

2. Nos Estados Unidos.

A principal preocupação da igreja não deveria ser sobre adesão de membros, mas sim sobre a salvação. Os avivamentos que ocorreram durante os séculos XIX e XX foram responsáveis pela salvação e restauração de muitos.

Durante os últimos duzentos anos aconteceram várias renovações, reformas e avivamentos. No século XVI, a Igreja Luterana foi forte em sua persuasão.

Depois disso, a Igreja Católica na Europa começou a perder um pouco de sua credibilidade.2 Os puritanos experimentaram um avivamento sob a liderança de Oliver Cromwell, John Bunyan e John Newton; e a Igreja Wesleyana trabalhou junto a eles, além de ajudar a Inglaterra no período em que a França estava lutando na revolução.

Durante o século XIX, pessoas tiveram maravilhosas experiências sob a influência de Charles G. Finney e Dwight L. Moody. Em 1860, 23% da população americana participava de algum tipo de reunião de igreja. Dentro da Igreja Metodista no Norte e no Sul havia um interesse em retornar ao movimento de santidade, o qual prevalecia nos Estados Unidos em 1858.

O movimento gerou grandes contribuições, que prepararam a terra para a ascensão pentecostal. A primeira delas foi a experiência que veio na sequência, da crise à experiência de salvação, e a segunda foi a produção de outra onda de manifestações de Deus notável da história, o que incluiu o batismo pelo Espírito Santo.

Em 1870, os bispos do Sul pediram pela restauração da santificação. Eles enfatizaram que não havia nada mais necessário naquele período. O retorno da santificação traria foco às verdades bíblicas e possivelmente produziria uma renovação. Eles chamavam esta doutrina de “as três obras da graça, porém muitos cristãos a ignoraram devido ao seu interesse no “Evangelho social.

O movimento de santidade se tornou sólido e convicto em suas crenças. Era bastante independente e não era facilmente aceito por outras denominações. Este movimento foi marcado por seu início em Vineland, Nova Jersey, em uma reunião ao ar livre em 17 de Julho de 1867. O foco do evento era “exercer influência sobre o Cristianismo, sobre a santidade e “trazer uma nova era ao Metodismo.”

Os Efeitos do Movimento Santidade nas Denominações

O movimento teve também um efeito sobre outras denominações do século XX.

Vinson Synan, um estudioso escritor afirmou: “estes homens em muito pouco se deram conta de que esta reunião eventualmente resultaria na formação de mais de 14.000 denominações ao redor do mundo, e nasceria a “terceira força” do Cristianismo, o Movimento Pentecostal. Elmer T. Clark, autor de “The Small Sects in America” – Os pequenos grupos religiosos na America, lista 60 grupos Pentecostais e Santidade que vieram à existência entre os anos de 1880 e 1930. (Bispo Otis G. Clark & Dra. Gwyneth Williams. O Avivamento de Azusa. Dando liberdade ao Espírito Santo, Sinais, Maravilhas, & Milagres. Ed. 2018).

3. Raízes do avivamento pentecostal.

Na noite de 9 de Abril de 1906, um derramamento do Santo Espírito teve lugar que iria acender um dos maiores movimentos missionários na história da igreja. O derramamento aconteceu num lugar inesperado e com um povo inesperado. O lugar foi uma casa pequena de quatro quartos que pertencia ao Richard e à Ruth Asberry, situada à Rua Boonie Brae, número 214, na secção “mista” de Los Angeles. O Richard era um homem africano nascido na América que trabalhava como continuo num prédio de escritórios. As pessoas em que o Espírito derramou o seu poder, nas palavras de um escritor, foram “mulheres africanas de lavagem, alguns dos seus maridos, e uma mão cheia de brancos pobres.

Os cultos eram dirigidos pelo William J. Seymour, um pregador espiritual africano que tinha acabado de chegar de Houston, Texas. Ele veio para Los Angeles com uma mensagem que queimava no seu coração. Era uma mensagem da Graça e do Poder de Deus. O Seymour acreditava que Deus daria, a quem pedisse, a mesma experiência que Ele deu aos seus discípulos no Dia de Pentecostes, uma experiência chamada o batismo no Espírito Santo. Ele também acreditou que os que recebessem este batismo Pentecostal teriam as mesmas “provas Bíblicas” que os discípulos originais, que iriam falar em línguas que o Espírito lhes daria.”

Noite após noite, por várias semanas, o grupo de Bonnie Brae juntava-se para buscar a Deus, Contudo, até aí, nenhum deles tinha recebido o Espírito Santo nem tinham falado em línguas. Até mesmo o próprio Seymour não tinha recebido.

Determinados a sucederem com a sua busca, no dia 6 de Abril o grupo comprometeu-se a um jejum de dez dias, confiando que Deus iria responder as suas orações.

Durante esta altura, o Seymour morava na casa de um homem americano irlandês que se chamava “Irish” Owen Lee. Na noite de 9 de Abril, quando Seymour estava saindo da casa de Lee para o culto na Rua Bonnie Brae, ele parou para orar por Lee, que estava fraco e doente devido ao jejum. O Lee então pediu para o Seymour orar com ele para que ele recebesse o Espírito Santo. Enquanto oravam o Espírito Santo desceu de uma maneira poderosa sobre Lee e ele começou a falar em línguas.

Todo empolgado, o Seymour correu para a casa dos Asberry e contou o que tinha acontecido aos que estavam presentes. Os seus corações se encheram de esperança. Mais uma vez, como tinha feito várias vezes antes, o Seymour exortou os perseguidores de Actos 2:4. Depois levantou as suas mãos para o céu e o Espírito de Deus desceu sobre ele. Ele foi cheio do Espírito e começou a falar em línguas. Comovido pela presença de Deus, ele caiu para o chão, seguido pela Jennie Moore e outros. Todos começaram a falar em línguas.

A notícia espalhou-se rapidamente, e as pessoas da vizinhança juntaram-se para verem o que estava a acontecendo.

Vendo a multidão, e sentindo a oportunidade de pregar o evangelho, o Seymour e os outros ergueram um púlpito temporário na varanda da frente, O Seymour começou a exortar a multidão.

Nos dias que se seguiram, a multidão cresceu mais e mais. Uma testemunha reportou, “Gritaram por três dias e noites. Era a altura da Páscoa. As pessoas vieram de todo o lado. Na manhã seguinte não havia maneira de se aproximarem da casa. Quando as pessoas entravam e caíam debaixo do poder de Deus, e a cidade toda foi agitada.

Os cultos na Bonnie Brae continuaram todos os dias.

Centenas foram salvos, e muitos foram curados e batizados no Espírito Santo, falando em línguas como no Dia de Pentecostes.

Algumas pessoas testemunharam que o lugar tremeu com o poder de Deus. O Seymour e os outros sabiam que tinham que encontrar um prédio maior para os seus cultos e para poderem continuar com o reavivamento.

Cerca de duas milhas dali descobri um prédio velho de dois andares com armação de madeira, situado à Rua Azusa, uma rua curta sem saída no distrito industrial da cidade. O prédio era originalmente usado por uma igreja metodista, depois como armazém, e finalmente como estábulo para cavalos. Era um prédio com o telhado de asfalto, e tinha 12 metros de largura e 16 metros longo (40 x 60 pés). Tinha um telhado chato e paredes de lambrim em escama temporadas brancas. A janela gótica em forma de arco acima da entrada era a única característica que identificava o prédio como sendo uma igreja no passado.

O prédio necessitava de muita reparação. As portas e janelas estavam partidas, e havia restos por todo o lado. Apesar da condição pobre em que se encontrava, o prédio foi escolhido para ser a casa da missão nova. Os voluntários começaram logo a trabalhar para repararem e aprontarem o prédio para os cultos.

A parte interior do prédio estava limpa e os voluntários jogaram um pouco de serradura no chão. Construíram-se bancos de barris vazios, e caixões de pinho vermelho da Califórnia em cima. Fez-se um púlpito de duas caixas de madeira vazias e foi posto no centro do maior quarto de baixo com os bancos de madeira organizados em forma retangular à volta do púlpito. O altar de oração foi outro caixão apoiado por duas cadeiras no centro do quarto. O segundo andar do prédio estava dividido em quartos. Tinha dois propósitos. O quarto maior era um “quarto superior” onde as pessoas podiam ficar orando por um tempo, para serem cheias do Espírito Santo. Os outros quartos serviam de quartos de habitação para o Seymour e o outro pessoal permanente.

No exterior, a Rua Azusa era uma estrada de terra. Quando chovia, as pessoas tinham que andar pela lama para irem ao culto.

A Missão da Rua Azusa era um lugar bem humilde para o grande reavivamento que passaria a ter um local. (Denzil R. Miller. De Azusa para África para as Nações. Sociedade Bíblica Internacional. pag. 7-9).

III – OS AVIVAMENTOS MUDAM A HISTÓRIA

1. Impactos no mundo.

Como visto acima, os avivamentos apareceram na Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo provocaram mudanças nas igrejas e nos locais onde ocorreram. Uns se posicionaram a favor do movimento espiritual que surgira nas suas comunidades; outros se levantaram contra e perseguiram os crentes, mas as coisas nunca ficaram da mesma forma.

2. A geração depois dos avivamentos.

Uma observação torna-se oportuna a meu ver. Os avivamentos não se tornaram permanentes. Por quê? Por razões bem simples e compreensíveis. Os homens que foram usados por Deus para serem instrumentos do avivamento passaram. Os seus sucessores não tiveram o mesmo ímpeto e interesse em manter “o fogo aceso”.

A Bíblia diz que não há fogo sem lenha: “Sem lenha, o fogo se apagará […]” (Pv 26.20a). Na Bíblia, a lenha é símbolo das coisas humanas. O avivamento espiritual é de Deus, é divino, mas Ele não usa anjos. O Senhor sempre usou e quer usar homens e mulheres que se coloquem diante dEle como instrumentos do avivamento. A Europa foi pré-cristã; depois se tornou um continente cristão, onde houve avivamentos históricos nas suas nações; hoje, a Europa é pós-cristã. Catedrais enormes que reuniram milhares de pessoas em grandes avivamentos hoje são “ossos secos”, transformadas em bares, danceterias, museus e até mesmo em templos de outras religiões. Os sucessores dos avivalistas esfriaram-se, acomodaram se, e os lares cristãos desprezaram o culto doméstico, e os filhos desviaram-se de Deus. Essa história repete-se inclusive no Brasil, onde a maioria dos crentes não faz o culto doméstico e nem se interessa pela leitura diária da Bíblia.

Que Deus opere no seio das igrejas evangélicas no Brasil e no mundo, promovendo um poderoso avivamento ou reavivamento espiritual que sacuda as estruturas eclesiásticas dominadas pelo formalismo religioso ou denominacional; que deixem de lado as teologias contemporâneas, liberalistas, frias e sem vida e busquem o batismo no Espírito Santo com intenso fervor para que, como no Pentecostes, possamos ver sinais, milagres, prodígios e maravilhas pelo uso abundante dos dons espirituais, que são mais necessários hoje do que nos tempos da Igreja Primitiva. Oremos pelo Brasil e pelo mundo. O comunismo globalista é a nova face do comunismo marxista, pois não usa mais tanques mísseis, mas procura enganar os povos com uma mensagem de progressismo, feminismo, ambientalismo, tudo para implantar a chamada Nova Ordem Mundial, que nada mais é que a preparação para o governo do Anticristo na trindade satânica que dominará o mundo após o arrebatamento da Igreja. Maranata! (Renovato. Elinaldo, Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).

CONCLUSÃO

Deus deseja realizar grandes coisas na vida das igrejas no mundo. Promover um poderoso avivamento espiritual que venha sacudir as estruturas eclesiásticas e denominacionais. Portanto, é preciso buscar o Batismo no Espírito Santo com perseverante fervor. Que haja sinais, milagres, prodígios e maravilhas em nome de Jesus! Que o Santo Espírito sopre nos quatro canto desse Brasil o vento do avivamento e que capacite a sua Igreja com os dons espirituais, manifestando o Seu Poder de uma maneira abundante em nossos cultos!

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