A frustração faz parte da vida. Já nos primeiros meses de vida, nos frustramos pelo colo que nos é negado em nossos momentos de manhã. Toda criança já se frustrou pelo presente desejado e que não nos é dado, pela nota escolar baixa depois de dias de estudo, ou pelo amigo que resolveu escolher uma outra criança para seu “melhor amigo”.
Na adolescência muitos se frustram por não terem a aparência que a sociedade julga ideal, ou pelo fato de não conseguirem ser populares e queridos por todos. E seguem a juventude se frustrando consigo mesmos, pelas escolhas equivocadas e/ou juízos errados sobre si e sobre os outros. Há os que se frustram com seus pais, quando estes escolhem maltratar, ferir, e dar preferência de afeto a outros irmãos. Sem falar na frustração causada por algumas figuras de afeto, que decidem abusar sexual ou emocionalmente, e até mesmo abandonar a família.
A vida adulta também abarca muitas frustrações. Há esposas que são frias, maridos que traem, filhos que fazem escolhas por vícios e amizades erradas, sócios que roubam a empresa, patrões injustos e amigos que decepcionam nossa confiança. E ainda podemos frustrar a nós mesmos, fazendo algumas escolhas erradas que vão influenciar negativamente nossa vida profissional ou sentimental.
Há ainda as frustrações causadas por decepções na área política: promessas não cumpridas, expectativas abortadas, e discursos demagógicos e mentirosos, que se escondem atrás de ideologias político-filosóficas, que visam denegrir valores e destruir princípios bíblicos essenciais para a vida em sociedade.
Muitas vezes nossas decepções e frustrações com pessoas e com eventos da nossa vida são tão grandes, que em meio à nossa dor e sofrimento, acabamos proferindo como Jó: Foram-se os meus dias, os meus planos fracassaram, como também os desejos do meu coração. Onde está então minha esperança? Quem poderá ver alguma esperança para mim? (Jó 17.11,15).
As instituições podem não nos representar como deveriam. Líderes podem errar mesmo quando se esforçam para acertar. Irmãos podem ferir nossos afetos, pois sabem colocar o dedo exatamente onde estão nossas feridas. Pais podem ser injustos em seus julgamentos. E muitas vezes nós nos magoamos severamente, mesmo enquanto tentamos nos defender dos ataques dos outros.
A verdade é que o único que nunca nos decepciona é Deus – até quando ele nos diz: Não, Deus está nos abençoando, mesmo que só compreendamos a bondade e o livramento dele tempos depois. Afinal, Deus faz sempre o melhor, da forma e no tempo dele. Portanto, quanto aos fatos e pessoas, supere as frustrações.
Admita seus erros, aprenda com sua falta de bom senso por confiar em todos, e avalie o quanto suas decepções traumatizaram você a ponto de se fechar para novas oportunidades. Decida aceitar os nãos, a conviver com as traições e a seguir em frente, acreditando na justiça divina e na sinceridade das pessoas que, ao longo dos anos, permanecem ao seu lado.
Esvazie-se das dores e mágoas, reavalie seus futuros posicionamentos e perceba o valor da aprendizagem ao longo dos momentos frustrantes da vida. Supere as frustrações e lembre-se que, como temos Deus, jamais poderemos abrir mão da esperança – Ele proverá respostas, livramentos, escapes, refúgio, alívio, consolo e alegria para os nossos dias.
Por Elaine Cruz – psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar.
