Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4)
INTRODUÇÃO
O tema desta semana é o movimento sutil que visa enfraquecer a identidade pentecostal. Ele é real e já está entre nós. Há quem trabalhe para enfraquecer a liberdade das manifestações das línguas, as manifestações dos dons espirituais no culto ao Senhor e, principalmente, as línguas como evidência inicial do Batismo no Espírito Santo.
Imagine Gunnar Vingren, ao desembarcar em Belém do Pará, ensinando: As línguas não são a evidência inicial do Batismo no Espírito. Você consegue imaginar isso? Ora, é um ensino que contraria toda a história do Movimento Pentecostal no Brasil. Infelizmente, há quem defenda esse tipo de ensino, ignorando completamente o que o Espírito Santo fez nos primórdios de nossa história e continua a fazer nos dias atuais. Vejamos, pois, como corrigir esse desvio doutrinário.
I – O PENTECOSTES BÍBLICO
1- O Espírito prometido.
Gideão, em contraste com Débora, precisou ser encorajado repetidas vezes. Pertencia a uma família de pouca importância na tribo de Manasses. (A tribo de Efraim, embora descendesse do filho mais novo de José, assumiu a liderança e fez com que a tribo de Manasses se sentisse marginalizada e esquecida). Deus encorajou Gideão por meio de uma prova com um velo de lã e do sonho de um midianita, a fim de que ele assumisse a liderança e cresse que receberia a vitória. Obedeceu, inclusive, ao anjo que lhe apareceu e destruiu a idolatria na casa de seu pai.
Esse ato de fé e de obediência não demorou a ser seguido por uma experiência muito rara com o Espírito Santo. Lemos: “O Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz 6.34). Nesta passagem, a palavra hebraica é bem diferente daquela que é traduzida por “veio sobre” em Juízes 3.10. “Revestiu a Gideão” significa “vestiu-se de Gideão”.
Muitos estudiosos bíblicos não alcançam o significado total desse fato. A interpretação mais comum de Juízes 6.34 é que o Espírito Santo revestiu Gideão. Keil não chega à altura, quando diz que o Espírito Santo “desceu sobre ele, e colocou-se ao seu redor como se fosse uma armadura, ou um equipamento forte, para Gideão tornar-se invencível e invulnerável no seu poder”. Semelhantemente, A.B. Davidson diz que subentende “o envolver completo de todas as faculdades humanas na dimensão divina”. Knight, embora ofereça a tradução correta do texto hebraico, interpreta-o no sentido de que Gideão “vestiu-se do Espírito do Deus vivo! A ação poderosa que então realizou ao livrar Israel não era apenas sua própria ação; era também a ação salvífica de Deus”.
O Targum judaico explica simplesmente que o Espírito da força do Senhor veio sobre Gideão. Alguns escritores modernos tratam do assunto como apenas mais uma manifestação repentina ou violenta do Espírito Santo, ao passo que outros (tais como Bertheau, Fuerst e Ewald) oferecem uma interpretação semelhante à de Keil.
Uns poucos reconhecem, no entanto, que o hebraico somente pode significar que o Espírito Santo encheu Gideão. Ele não se revestiu do Espírito Santo, o Espírito Santo revestiu-se de Gideão. Para Gideão estar vestido do Espírito Santo, é mais provável que foi usada outra forma do verbo hebraico. Gideão era apenas a roupa, “o manto exterior do Espírito Santo que governa, fala e testifica nele”. HORTON. Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD
2- O Espírito derramado.
Este é um sinal visível do dom que os discípulos receberam. Eles viram línguas repartidas, como que de fogo (At 2.3), as quais pousaram – “ekhatise”. Não foram as línguas repartidas que pousaram, mas Ele, o Espírito (assim significado), que pousou sobre cada um deles, como ocorreu com os profetas de antigamente. Ou conforme a descrição do Dr. Hammond: “Houve o surgimento de algo parecido com a luz de fogo em chamas sobre cada um deles, que se dividiu e, assim, assumiu a semelhança de línguas divididas ou repartidas próximo das suas cabeças”. A chama de uma vela é algo semelhante a uma língua. Existe um meteoro que os naturalistas chamam ignis lambens – uma chama suave, não um fogo voraz, como fora este. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD.
II – O DISTINTIVO PENTECOSTAL DE NOSSA IGREJA
1- A atualidade dos dons espirituais.
A importância do verdadeiro entendimento dos dons espirituais (12.1). Quando Paulo escreve: Não quero, irmãos, que sejais ignorantes, ele está indicando a importância de todo esse assunto. Os coríntios haviam sido recentemente convertidos ao cristianismo. “Com suas ideias sobre a moralidade cristã ainda em fase de formação, com pouco conhecimento das Escrituras do AT, e com as Escrituras do NT ainda em fase de composição, não é de admirar que os coríntios fossem ignorantes”.
Era muito importante ter conhecimento sobre o lugar e a natureza dos dons espirituais, porque os coríntios tinham uma formação voltada à idolatria. Paulo estava ansioso para “apagar das suas mentes alguns traços do seu antigo politeísmo, imprimindo nelas a verdade de que os diversos dons vêm de um Espírito, da Unidade Infinita”.
Em Corinto o conceito que as pessoas tinham sobre os dons do Espírito havia se degenerado. Como consequência natural, “os dons eram muito reverenciados, não aqueles que eram os mais úteis, mas os que eram aparentemente mais impressionantes. Entre eles o dom de línguas era o mais proeminente por ser o mais expressivo da nova vida espiritual”. A maioria dos dons relacionados por Paulo no capítulo 12 foi ignorada e aquele que mais se distinguia dos outros era o dom de falar em línguas. Parece que o interesse estava centralizado em adquirir o poder de fazer coisas milagrosas e de provocar admiração na mente dos descrentes. O Espírito Santo foi explorado com a finalidade de se obter resultados sensacionais. “Parece que a sua função santificadora na vida dos cristãos havia sido relegada a um segundo plano, e Ele era considerado o autor, não da graça… mas dos [dons] charismas, e no vocabulário da época a palavra ‘espiritual’ era um atributo imputado aos efeitos do espírito de poder, e não aos efeitos de um espírito de santidade”.
Dessa maneira, o Espírito Santo passou a significar, na mente das pessoas comuns, não o poder de crer, de esperar, de amar ou de ser puro, mas o poder de falar admiravelmente, em êxtase, e de realizar feitos sensacionais. Sobre esse tipo de religião o mesmo autor declara:
Toda a comunidade das pessoas que podem ser religiosas, mas ao mesmo tempo falsas, ambiciosas e sensuais, que se dobram como juncos frente à crescente corrente de um tempo de entusiasmo, mas sem uma radical mudança do coração, logo começa a fervilhar. Elas apareciam em toda parte, como a praga no meio do trigo do Reino, e eram singularmente abundantes na igreja de Corinto, onde todos podiam falar de uma forma ou outra, e a virtude não era levada em conta – uma igreja que havia se limitado a uma mistura de línguas.
Por causa da dissensão e dos atritos causados pela perda de perspectiva em relação aos dons espirituais, a igreja de Corinto enfrentava sérias dificuldades, correndo até mesmo o risco de uma extinção espiritual. Como Hayes comentou: “Esta é uma prova da insuperável genialidade do apóstolo Paulo, que foi capaz de salvar essa e todas as suas igrejas do fanatismo e da dissolução, e de construir por meio delas um cristianismo que conquistou o mundo”. Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD. Vol. 8.
2- As línguas como evidência.
São duas as marcas distintivas do pentecostalismo clássico, “batizar ou ser batizado no Espírito Santo” como algo distinto da conversão, trata-se de uma experiência subsequente à salvação, como capacitação para o serviço, e a identificação do falar em línguas como evidência física inicial do batismo no Espírito.
O falar línguas é a evidência física inicial que indica que o irmão ou a irmã foi batizado no Espírito Santo, “mas somente a evidência inicial, pois há evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22) e a manifestação dos dons (1Co 14.1)”.46 Esse é o resultado de muitos debates desde os pioneiros do pentecostalismo moderno como Charles Fox Pahram e William J. Seymour, esse último liderou o movimento da Rua Azusa. Outros líderes surgiram não somente em Los Angeles, na Califórnia, como também no estado do Texas, em Topeka e Houston, em Chicago, no estado de Illinois, em Nova Iorque e também em diversas regiões da Europa, como Alemanha, Inglaterra e Suíça. Mas, foi na primeira Conferência Mundial Pentecostal, organizada em Zurique, Suíça, 1947, que afirmou a doutrina da evidência inicial.
Charles Fox Pahram, um itinerante metodista convertido ao movimento Holiness e pregador de curas pela fé, é tido por muitos como o fundador do pentecostalismo. Ele influenciou o movimento com o pensamento único do falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Mas, isso já havia sido ensinado na Grã-Bretanha. Cerca de 75 anos antes do avivamento da Rua Azusa, Edward Irving (1792-1834), teólogo presbiteriano escocês, que, segundo o Dicionário do Movimento Pentecostal, foi o precursor do movimento pentecostal, fundou em Londres a Igreja Apostólica Católica, que não sobreviveu tempo o suficiente para se juntar aos pentecostais do século 20.48 Um discípulo de Pahram, William J. Seymour, liderou o movimento da Rua Azusa a partir de 1906.
Houve divergências entre os pioneiros do pentecostalismo clássico, cuja posição nunca foi monolítica. Vamos às Escrituras. O fenômeno, “falar em outras línguas”, aparece explicitamente três vezes associado diretamente a ação divina de batizar no Espírito Santo (At 2.4; 10.44-48; 19.1-7).
A narrativa de Atos 2.1-13 mostra que as línguas do Pentecostes são ininteligíveis, a glossolalia, que se distinguem das línguas humanas reais. Lucas emprega dois termos gregos para “línguas” na narrativa do dia de Pentecostes: glo¯ssa (vv. 3, 4, 11) e dialektos (vv. 6, 8). Glo¯ ssa significa “língua”, como fala, linguagem, “idioma” e também membro ou órgão físico da boca (Tg 3.5), que aparece metaforicamente no relato de Lucas: “E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (v. 3). Ao serem cheios do Espírito Santo, os discípulos e as discípulas “começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (v. 4). A exegese das línguas permite os pentecostais clássicos interpretarem o falar em línguas como um dom do Espírito e de natureza ininteligível.
A palavra “outras” em grego é heteros, assim: lalein heterais glo¯ ssais significa “falar em outras línguas”. Segundo o Dicionário Vine, o adjetivo heteros “expressa uma diferença qualitativa e denota ‘outro’ de tipo diferente”. Lucas está falando de uma língua que só pode ser compreendida por um milagre.
O falar em línguas revela as grandezas de Deus: “todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (v. 11). E quando Cornélio com sua família e amigos foram batizados no Espírito Santo, o apóstolo Pedro e a sua comitiva: “os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46). Nessas línguas, glo¯ ssai, plural de glo¯ ssa, eles magnificam a Deus como em Pentecostes, eles falavam das grandezas de Deus. Mais adiante, o apóstolo Paulo revela que o dom de línguas é a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). O termo grego para “línguas”, no derramamento do Espírito em Pentecostes, na casa de Cornélio e nos discípulos de Éfeso, é glo¯ ssa (At 10.46; 19.6).
O dialekto é a “linguagem” de um país ou região, “idioma, dialeto”. Fora da narrativa do Pentecostes, essa palavra aparece mais quatro vezes no Novo Testamento como idioma (At 1.19; 21.40; 22.2; 26.14). Quando esses peregrinos de Jerusalém se referem a sua língua materna, Lucas emprega o substantivo dialektos, “porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” (v.6); “Então como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (v. 8). A manifestação das línguas nos discípulos era o dom de línguas, glossolalia, e os de fora ouviam em seu próprio idioma, em que cada um foi nascido. O milagre em Pentecostes foi duplo: os discípulos falaram línguas desconhecidas, a glo¯ ssa, e cada representante dessas 17 nações os ouvia cada um em sua própria língua, dialektos. Deus capacitou a cada um para que entendesse em sua própria língua, mas a língua que os discípulos falavam era ininteligível.
A glossolalia é a manifestação das línguas estranhas no batismo no Espírito Santo bem como das línguas como um dos dons espirituais. São línguas celestes e ininteligíveis. Trata-se de um termo técnico de origem grega, glo¯ ssa, “língua, idioma”, e de lalía, “modo de falar” (Mt 26.73), “linguagem” (Jo 8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein, “falar”. A expressão lalein glo¯ ssais, “falar línguas” (1 Co 14.5), é usada no Novo Testamento para indicar a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). É comum o uso do termo “glossolalia” nos temas pentecostais para designar o “falar em línguas”.
A xenolalia é outra coisa, é a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não aprendeu. O termo vem do grego xenos, “estrangeiro, estranho”, e lalein, “falar”. Os pioneiros pentecostais da Rua Azusa pensavam que o dom de línguas fosse uma xenolalia, e por isso esperavam evangelizar rapidamente o mundo com esse recurso. Os precursores do avivamento da Rua Azusa, como A. B. Simpson e W. B. Godbey, entendiam o dom de línguas como uma xenoglossia missionária. Alguns pais da igreja chegaram a pensar dessa maneira, como Irineu de Lião em Contra as Heresias, no livro V.6.1, e também João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, em Homilia sobre 1 Coríntios 12.1, 2. Pahram defendeu essa ideia a vida inteira, mas a maioria dos pioneiros pentecostais da Rua Azusa abandonou rapidamente essa visão de “língua missionária”.
Segundo Robert Menzies, as línguas podem servir como ferramenta evangelística, mas em casos muito especiais, e o único exemplo xenolálico é o próprio Pentecostes: “E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At 2.5). Mas, segundo Max Turner, Lucas não deixa evidência de que “glo¯ ssais lalein geralmente servia a um propósito evangelístico”. Mas, isso não significa necessariamente que Deus não tenha operado esse milagre ao longo da História. Soares. Esequias,.O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD. 1 Ed. 2020.
III – MANTENDO A CHAMA PENTECOSTAL ACESA
1- Fidelidade às Escrituras.
Alistam-se quatro atividades das quais participavam. Geralmente, são consideradas como quatro coisas separadas, mas também é possível argumentar que são, na realidade, os quatro elementos que caracterizavam uma reunião cristã na igreja primitiva e, de modo geral, é este o ponto de vista preferível.
Em primeiro lugar, havia a doutrina dada pelos apóstolos, que eram qualificados para esta tarefa por causa do seu convívio com Jesus. É possível que tenham sido considerados, num sentido especial, os guardiães das tradições acerca de Jesus, na medida em que a igreja crescia e se desenvolvia.
Em segundo lugar, havia comunhão-, a palavra significa “coparticipação”, e, embora pudesse referir-se à distribuição dos bens conforme a descrição nos At. 44,45, é mais provável que aqui se refira a uma refeição em comum ou a uma experiência religiosa da qual todos participavam.
Em terceiro lugar, havia o partir do pão. Este é o termo que Lucas emprega para aquilo que Paulo chama de “Ceia do Senhor”. Refere-se ao ato que dava início a uma refeição judaica, e que passara a ter um significado especial para os cristãos, tendo em vista a ação de Jesus na Última Ceia, e também quando alimentou as multidões (Lc 9:16; 22:19; 24:30; At 20:7, 11). Alguns alegam que o que há em mira aqui não passa de mera refeição de convívio, talvez uma continuação das refeições feitas com o Senhor ressurreto, sem qualquer relação específica à Última Ceia ou à forma paulina da Ceia do Senhor, que celebrava a Sua morte; é muito mais provável, no entanto, que Lucas aqui está empregando um nome antigo palestiniano para a Ceia do Senhor no sentido rigoroso.
Finalmente, mencionam se as orações. Caso não se trate de uma referência a parte de uma reunião cristã, então trata-se da maneira dos cristãos observarem as horas de oração marcadas pelos judeus (3:1). Estes são os quatro elementos essenciais na prática religiosa da igreja cristã. Howard Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 62-63.
2- Exercício dos dons espirituais.
Quando Vingren foi batizado no Espírito Santo em 1909, já fazia três anos que o avivamento da rua Azusa chegara a Chicago trazendo a firme convicção de que as línguas sempre evidenciam o batismo pentecostal.
Quando Vingren foi participar de uma conferência de avivamento na Primeira Igreja Batista de Chicago, ele já tinha assimilado por intermédio de William H. Durham que as línguas eram a evidência do batismo no Espírito. E foi com essa convicção que ele foi buscar o batismo pentecostal.
Tendo se radicado no Brasil, Vingren e Berg espalharam a doutrina pentecostal das línguas como evidência do batismo no Espírito nos quatro cantos da terra de Vera Cruz. Na verdade, a doutrina das línguas como evidência do batismo no Espírito Santo foi o pilar principal sobre o qual a Assembleia Brasileira foi fundada. As línguas como evidência eram uma prova física da presença do Espírito no crente e a porta para a entrada em outras manifestações do Espírito (At 19.6). Por onde iam, eles faziam discípulos e os ensinavam sobre a necessidade de serem batizados no Espírito Santo com o falar em outras línguas como sinal que o acompanhava.
Em 1950, o jornal Mensageiro da Paz publicou um artigo sobre o batismo no Espírito Santo escrito por Gustavo Kesller (pai do pastor Nemuel Kesller). Fica claro no artigo de Kessler como a doutrina pentecostal verberada no Brasil por Gunnar Vingren havia se consolidado. Como observou Émile Léonard em seu pioneiro livro O Iluminismo num Protestantismo de Constituição Recente (2015, p.108), esse artigo foi apresentado como uma espécie de “Declaração de Fé”.
O artigo foi escrito para alcançar as denominações históricas, as quais Kessler identifica como “irmãos denominacionais”.
Nós crentes das Assembleias de Deus cremos como vós que Jesus é o único e suficiente Salvador; que a salvação é inteiramente pela graça, por meio da fé, em Jesus Cristo. Nós cremos em todas as doutrinas ensinadas por Jesus Cristo e pelos apóstolos e cremos também que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. É por isso, somente por isso, que cremos que ele ainda batiza com o Espírito Santo, pois ele ainda é o mesmo. “Porque em verdade João Batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. O batismo com o Espírito Santo não é recebido no momento da salvação, nem na hora do batismo nas águas.
Os crentes de Samaria eram salvos e batizados nas águas, mas ainda não tinham recebido o batismo com o Espírito Santo (Atos 8.15-16). Os que creram na casa de Cornélio foram salvos e receberam o batismo com o Espírito Santo antes de receberem o batismo nas águas (Atos 10.44). O sinal do batismo com o Espírito Santo é o falar em línguas estranhas; assim como ocorreu no dia de Pentecostes (At 2.4); na casa de Cornélio (Atos 10.48); em Éfeso (Atos 19.6). Em Samaria o mesmo sinal visível houve uma vez que Simão ofereceu dinheiro aos apóstolos; logo vira algum sinal sobre os que eram batizados com o Espírito Santo (Atos 8.19) […] o batismo com o Espírito Santo não é a salvação; a salvação vem pela fé; mas o batismo com o Espírito Santo é uma bênção advinda da salvação. Aceitar a salvação que Deus oferece e rejeitar ou negligenciar o batismo com o Espírito Santo, que Deus também oferece, não pode deixar de ser uma grande falta que ofende a dignidade do bondoso Pai Celestial. Irmãos denominacionais, vós todos os salvos, buscai o batismo com o Espírito Santo.
A doutrina pentecostal de Vingren fez escola. Sua mensagem foi consolidada. Da pena de nativos, o que ele havia crido no início do pentecostalismo estava sendo proclamado com toda força nos quatro cantos do Brasil. Aquilo que havia começado com um punhado de gente agora já era uma multidão. A identidade pentecostal gerada em Topeka e Azusa, formatada em Chicago, agora estava sendo verberada no Brasil. Gonçalves. José,. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022
CONCLUSÃO
Oremos que o Senhor Jesus batize os crentes no Espírito Santo, distribua dons espirituais e edifique a Igreja, o Corpo de Cristo, mantendo essa chama acessa em cada coração.