Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
Nesta lição estudaremos a respeito do caráter vitalício do casamento. Veremos que a Bíblia condena o adultério e afirma a indissolubilidade do casamento. Num contexto em que a instituição do casamento é tão atacada, aprendemos um estudo que fortalecerá a instituição do casamento e apresentará seu caráter divino, pois foi Deus quem a instituiu.
INTRODUÇÃO
Em seu ensino sobre a cobiça, Jesus atinge literalmente o cerne da questão ao explicar que o pecado começa no coração. Com uma linguagem forte, Jesus descreveu como seus seguidores devem se libertar desse pecado. Embora não sejamos capazes de ficar completamente isentos de pecados até que finalmente nos encontremos com Cristo, nesse ínterim devemos prestar atenção aos nossos pensamentos, motivos e tentações. Quando encontrarmos um hábito ou um padrão de pensamento que sejam devastadores, precisaremos nos livrar deles.
I- A CONDENAÇÃO DO ADULTÉRIO
1- Definição de adultério.
Atentando para a Palavra de Deus quanto a esse assunto, compreendemos que o adultério fala de um tipo de coabitação entre uma pessoa que é casada com outra que não seja seu cônjuge. À luz de 1 Coríntios 5.1, isso é denominado de fornicação, que do grego é o substantivo feminino “porneía”, que significa ter relação sexual ilícita.
Adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo, relação sexual com animais, relação sexual com parentes próximos (Lv 18), relação sexual com um homem ou mulher divorciada (Mc 10.11,12). No aspecto metafórico, fala da adoração a ídolos, da impureza que se origina na idolatria, na qual se incorria ao comer sacrifícios oferecidos aos ídolos.
As Escrituras Sagradas se posicionam firmemente contra o adultério porque no propósito divino isso jamais deveria ser praticado, para que o casamento e a família fossem preservados e para que a santidade no lar se desenvolvesse cada vez mais (Êx 20.14; Dt 5.18). Quando lemos Levítico 18.20, novamente se nota que o Senhor proibia um homem de se deitar com a mulher do seu próximo, quem fizesse isso estaria cometendo pecado grave perante Deus, o qual prontamente deveria ser morto (Lv 20.10; Jo 8.5).
Interessante observar que no Antigo Testamento não ficou esclarecido como deveria ser a execução (Dt 22.22), todavia, pelo texto de João 8.5, possivelmente ela se dava por meio de apedrejamento (Ez 16.40; 23.43-47).
Apesar de toda exigência divina para rejeitar a prática do adultério, tendo-o como algo condenável, podemos notar que muitos se envolviam nesse pecado hediondo, não respeitando a Palavra de Deus (Jó 21.9-11; Pv 7.5-22). Um exemplo lamentável de uma pessoa conhecida na Bíblia que o praticou, envolvendo um homicídio, foi o rei Davi. Ele, mesmo tendo se arrependido, pagou um alto preço por causa de seus pecados (Sl 51.1-5).
O certo é que quando atentamos para Êxodo 20.14, com tal ordem divina o Senhor desejava colocar uma cerca no casamento e na família para que não fossem atingidos, isso porque quem procurasse fugir do adultério e da prostituição estava desejando desenvolver uma vida de santidade para com Deus, pois não se tratava apenas de uma questão de conduta, mas uma real prova de uma pessoa que tinha em seu coração sentimentos e desejos puros.
Amados, não podemos tratar a questão do adultério como algo normal, uma simples falha. Ele jamais deve ser praticado como também nem se deve alojar em nosso coração a cobiça, mas devemos ser vigilantes sempre fazendo um exame meticuloso para saber se de fato estamos vivendo à luz da Palavra de Deus, para realmente sabermos se estamos alicerçados na fé (2Co 13.5), assim, preservaremos nossos casamentos e famílias. (Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 58,59).
2- A posição de Jesus quanto ao adultério.
Dissemos anteriormente que a citação do sétimo mandamento feita pelos opositores de Cristo, os escribas, não estava errada. O problema consistia na exposição que faziam sobre ele, a qual era defeituosa. É possível que fizessem apenas a citação de Êxodo 20.17 e Deuteronômio 5.18, não ligando o assunto com o décimo mandamento, no qual estava bem claro: “Não cobiçaras a mulher do próximo”. Caso tivessem feito essa ligação, teriam compreendido o que Jesus vai ressaltar, ou seja, que é do coração que procede tudo, inclusive o adultério (Mt 15.19).
A aplicação do sétimo mandamento feita pelos judeus era totalmente legalista. Eles apelavam apenas para os atos exteriores, e, por vezes, valiam-se da prática da Lei para consecução de seus intentos malignos, como no caso da mulher que foi apanhada em ato de adultério (Jo 8.1-11). Ao contrário deles, Jesus faz menção ao antigo mandamento da Lei, mas destaca que o adultério, assim como o homicídio, tem sua gênese nos desejos maléficos que nascem no coração.
O posicionamento de Jesus contra o adultério é algo que está bem explícito, conforme ensinou, um simples olhar para uma mulher com um desejo impuro no coração já era considerado adultério. O Senhor não deu qualquer abertura para a prática do adultério, quando perdoou a mulher pecadora. Antes que ela fosse embora ordenou: “Vá e não peques mais” (Jo 8.11). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 59,60).
3- Os males do adultério.
Todo cristão deve ser consciente de que a prática do adultério, quer seja por parte do esposo, quer seja por parte da esposa, é sempre algo ruim e que traz consequências desastrosas para a vida a dois. É bom lembrar também que qualquer ato de infidelidade no casamento já está ferindo o sétimo mandamento.
O que cada cônjuge deve considerar é que para a vida a dois caminhar bem e em total harmonia, em uma relação social gloriosa, é preciso que entre ambos haja respeito, consideração e honra. A inclusão do sétimo mandamento no Decálogo busca salvaguardar a vida do casal e da família. O casal deve procurar viver em oração e santidade, e evitar toda e qualquer relação sexual ilícita, inclusive o adultério na mente, procurando sempre manter o matrimônio e o leito puros (Hb 13.4; Lv 20.10).
Pelo sétimo mandamento, o Senhor Deus desejava manter a sacralidade do casamento, e também destaca a família como uma unidade social, mostra que não pode haver ditadura do corpo físico, e todo pensamento impuro já constitui uma infidelidade contra o cônjuge.
Quando o adultério entra no relacionamento conjugal, não se pode mensurar as desagradáveis consequências que irão sofrer. A primeira coisa que acontece é a queda na vida espiritual, desmoralização, quebra da lealdade, colocando em jogo o amor, a alegria, o respeito, a comunhão com os filhos, parentes e demais familiares. (Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 60).
O Senhor Jesus condena claramente a prática do adultério.
II – O QUE REGE O CORAÇÃO REGERÁ O CORPO
1- O que procede do coração.
“Mas o que sai da boca…” O coração é a fonte dos pensamentos (isto é, é usado como símbolo), das ações interiores do homem, da mente e do caráter espiritual. Do interior do homem é que procedem as coisas que realmente contaminam o homem à vista de Deus. E possível que Jesus tenha indicado aqui que as «ações» do coração são reveladas pelas palavras, isto é, que a boca profere as palavras que indicam nossa natureza. Podemos compreender, pela conversa de uma pessoa, qual o estado geral de sua alma qual o seu progresso ou retardamento na vida espiritual, e quais condições pecaminosas prevalecem em sua vida. As palavras representam os pensamentos, os desejos e as ações dos homens. Adam Clarke diz sobre essa questão: No coração do homem não regenerado escondem-se as sementes de todos os pecados. A iniquidade sempre é concebida no coração, antes da palavra ou da ação. Há alguma esperança de que o homem possa abster-se do ato real do pecado em seu próprio coração, essa fonte abominável de corrupção, enquanto não fique totalmente limpo? Penso que não. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. p.434).
2- O homem é o que pensa.
A partir do momento em que o ser humano passa a estar em Cristo, ele recebe uma nova mente (1Co 2.16), e o Senhor assume controle de sua vida, usando-o e ajudando-o a compreender a sua vontade e a sua Palavra (Lc 24.45; 1Co 14.14,15). A mente do cristão caminha sempre para a perfeição, desejando compreender a vontade do Senhor (Ef 5.17), a santidade (1Pe 1.13) e no desejo de viver cada vez mais no amor do Senhor (Mt 22.37).
Como nova criatura, o cristão pensa como Cristo Jesus, pois tem uma nova mente, e segue o conselho de Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4.8, ARA). Ele ainda acrescenta que tudo é puro para os puros (Tt 1.15). Essa pureza de vida foi destacada nas beatitudes de Cristo: os limpos de coração (Mt 5.8). O cristão salvo tem seus pensamentos cativos em Cristo Jesus (2Co 10.5). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. EditoraCPAD. 1ª edição: 2022. p. 61.
3- Sujeitando o corpo ao Espírito Santo.
Paulo dá um imperativo novo, mas relacionado: Digo, porém: Andai em Espírito (16). O verbo grego traduzido por andai “peripateo” é termo comum no Novo Testamento. Nos Evangelhos Sinóticos é usado exclusivamente em sentido literal; no Evangelho de João, Apocalipse e Atos tem geralmente o significado literal. Nos escritos de Paulo sempre é usado em sentido figurado, significando “viver” ou “portar-se”, “conduzir-se”. Para viver essa vida de amor, os gálatas têm de viver pelo Espírito. Neste contexto, Espírito “pneuma” não se refere ao espírito humano nem ao Espírito divino do ponto de vista independente um do outro, mas ao Espírito divino quando Ele habita o espírito humano. O homem interior do crente tem de estar sob a força motivadora e capacitadora do Espírito Santo. Isto está em contraste diametral com a vida anterior, que era motivada pelos desejos da carne.
Esta vida nova vivida permanentemente debaixo do Espírito é possibilitada pela apresentação da crise pessoal a Deus. Antes de viver em tal relação, a pessoa tem de primeiro entrar nela. Esta é a dupla preocupação de Paulo.
O apóstolo preferiu declarar a consequência negativa do andar pelo Espírito: E não cumprireis a concupiscência da carne (16). Quando o homem de fé vive e anda pelo Espírito, duas coisas acontecem:
a) A concupiscência (luxúria, “desejos”) da carne (pecaminosa) não se cumpre, ou seja, não é satisfeita. É porque o homem de fé não vive de acordo com a carne. Paulo descreve vividamente os desejos satisfeitos da carne como “as obras da carne” (19-21).
b) A segunda coisa que acontece quando o crente anda pelo Espírito é o resultado positivo: A vida do crente produz o fruto do Espírito (começando com o amor). O contexto indica que o problema imediato era a falta desta frutificação de amor entre os irmãos gálatas. (E. Howard. Comentário Bíblico Beacon. Galatas Editora CPAD. Vol. 9. p. 68).
O que procede do coração que permeia o pensamento do homem de terminarão seu comportamento
III- A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO
1- O casamento na perspectiva bíblica.
Myer Pearlman, na cerimônia de casamento em seu Manual do Ministro, afirma o seguinte: “No jardim do Éden, Deus instituiu essa união a partir do primeiro casal humano, a fim de tomar feliz toda a humanidade. Desde então os seres humanos o têm praticado e, para dar-lhe consistência, o têm legalizado. Pode-se dizer que o casamento é o contrato jurídico de uma união espiritual”. Essa declaração é confirmada na Bíblia e na História.
As Escrituras Sagradas mostram que o casamento foi instituído por Deus no jardim do Éden (Gn 2.18-25) e sancionado pelo Senhor Jesus em sua presença nas bodas de Caná da Galileia (Jo 2.1-11). O propósito, entre outros, é a felicidade, o companheirismo mútuo do casal e a procriação, a maneira legítima da multiplicação dos seres humanos sobre a Terra. (Soares. Esequias, Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia. Editora CPAD. p. 13-14).
2- O que fazer para que o casamento seja para sempre?
Paulo destaca a completa mutualidade dos direitos conjugais (1Co 7.3,4). Paulo vivia em uma sociedade de profunda influência machista, mas ele quebra esses paradigmas da cultura prevalecente e afirma a igualdade dos direitos conjugais. Diz Paulo: “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido” (7.3). O imperativo presente “conceda” indica o dever habitual. Paulo está falando do relacionamento sexual. A mesma Bíblia que condena o sexo antes do casamento, o pecado da fornicação, e também o sexo fora do casamento, o pecado do adultério, está dizendo que a ausência de sexo no casamento é pecado. O marido deve conceder à esposa o que lhe é devido e semelhantemente à esposa ao seu marido. Ambos, marido e mulher, têm direitos assegurados por Deus de desfrutarem a plenitude da satisfação sexual no contexto sacrossanto do matrimônio. (LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. EditoraHagnos.p.130).
3- Casamento: uma união indissolúvel.
É do Antigo Testamento que vem o significado do termo “divórcio”. Na verdade, o assunto é tratado com escassez na Bíblia. As poucas referências bíblicas dificultam elucidar o tema e deixam margem a muitas interpretações. Tudo isso revela que se trata de algo que não é da vontade de Deus.
Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, e se este último homem a aborrecer, e lhe fizer escrito de repúdio, e lho der na sua mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o SENHOR; assim não farás pecar a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança (Dt 24.1-4).
Aqui está o ponto de partida para compreendermos o assunto em foco. Primeiro, o divórcio não foi instituído por Deus nem é mandamento divino, já existindo na época de Moisés. O termo “quando” (v.1a) mostra ser uma prática social à qual o grande legislador dos hebreus deu forma jurídica ao escrever: “Ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão” (v. 2b). O termo hebraico usado aqui para repúdio é keríthüth, “rompimento (de relações), demissão, divórcio”, do verbo kãrath, “cortar fora” (DITAT, pp. 751, 752). Esse significado é o mesmo nas línguas semitas cognatas (GESENIUS-TREGELLES, 1982, p. 414; BAUMGARTNER, vol. I, 2001, pp. 497, 500). A LXX usa o termo grego apostasion, “certificado de divórcio” (BALZ & SCHNEIDER, vol. I, 2001, p. 423), o mesmo que aparece no Novo Testamento (Mt 5.31).
A expressão “escrito de repúdio” é, em hebraico, sêpher kenthüth, “carta, livro, escrito, termo, documento de divórcio, de repúdio”. Essa carta de divórcio era um documento público reconhecido pelas autoridades judaicas, que liberava a mulher para se casar novamente com outro homem. A LXX emprega biblion apostasiou, expressão grega para designar a carta de divórcio (Dt 24.1,3). A expressão reaparece também em Isaías: “Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei?” (50.1), em Jeremias: “A rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de divórcio” (3.8) e em duas ocorrência do Novo Testamento: “Por que Moisés mandou dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la” (Mt19.7) e “Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar” (Mc 10.4). A ARA traduz por “termo de divórcio”.
Assim, o conceito de divórcio em toda a Bíblia, no Antigo e no Novo Testamento, é de ruptura do casamento, o fim e o corte do relacionamento conjugal.
O texto sagrado continua: “Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem” (Dt 24.2). Essa mesma mulher, em quem foi encontrada “coisa feia”, motivo que deu causa à separação, tem a permissão da lei para contrair novas núpcias, pois o divórcio é o fim e a ruptura definitiva do casamento. A sociedade israelita naquela época aceitava essa situação, e ninguém era considerado adúltero por causa disso. Não há indícios, nem aqui nem em qualquer outra parte do Antigo Testamento, que provem ser proibido um divorciado casar-se pela segunda vez. Jamais, na história de Israel, alguém ousou considerar adúltera uma mulher divorciada, ou vice-versa, que contraiu novas núpcias. O que a legislação mosaica proibia, naqueles dias, era o retorno da esposa ao seu primeiro marido, caso ela fosse divorciada ou viúva do segundo marido (vv. 3, 4).
A base para a realização do divórcio ficou sem solução nesse texto até a vinda do Messias. A expressão “Se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia” (v. 1), ou “coisa indecente” (ARA), é muito vaga e foi ponto de discussão ao longo dos séculos.
Essa mesma expressão aparece também em Deuteronômio 23.14, mas não nos ajuda a compreender a passagem em apreço. Isaías 50.1 nada de novo acrescenta. Jeremias 3.8 dá a entender que o adultério justifica o divórcio.
O clímax desses debates aconteceu pouco antes do nascimento de Cristo. Havia nos dias de Herodes, o Grande, dois rabinos que fundaram escolas: um deles chamava-se Shammai, extremamente radical, e o outro, Hillel, liberal. Eles discutiram sobre o assunto.
Shammai insistia dizendo que o divórcio seria legítimo somente em caso de adultério. A Mishná afirma que Shammai interpretava a expressão “coisa indecente” como pecado imoral (Gittin IX. 10). Ainda há muitos que pensam dessa maneira, acreditando que tal expressão diz respeito ao pecado pré-marital. O adultério era punido com a morte: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv 20.10); “Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal de Israel” (Dt22.22). Se ambos, adúltera e adúltero, deviam ser apedrejados, logo não havia espaço para o divórcio. Visto que essa mesma lei se aplicava também ao pecado pré-marital: “Porém, se este negócio for verdade, que a virgindade se não achou na moça, então, levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.20,21), tal interpretação é inconsistente.
Hillel, por outro lado, insistia que o divórcio podia ser aprovado por qualquer razão apresentada pelo marido. Relacionava a expressão “coisa indecente” a qualquer coisa de que o marido não gostasse na mulher. O rabino Akiva (falecido em 132 d.C.) interpretava a referida “expressão” como tendo o homem direito de se divorciar de sua mulher, caso encontrasse outra mais bonita. Alfred Edersheim, citando a Mishná, diz que “coisa indecente” para Hillel era “no sentido mais amplo possível, e declarava que havia base para o divórcio, se uma mulher perdia o jantar do seu marido” (EDERSHEIM, vol. 2, 1989, p. 280). Por exemplo, continua Edersheim, se passasse a achar feia a sua mulher, isso era considerado “coisa indecente”. Se a comida preparada por ela já não o agradasse, era também tido como “coisa indecente”. Assim, o homem se divorciava quando quisesse. (Soares. Esequias, Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia. Editora CPAD. p. 36-39).
Na perspectiva bíblica, o casamento é uma união indissolúvel.
CONCLUSÃO
Pela Palavra de Deus, compreendemos que o casamento é para sempre, mas sua construção depende de uma vivência com Deus em um relacionamento marcado pelo amor. Frente aos problemas que possam surgir, o caminho não é o divórcio. Os cônjuges devem agir com boa vontade e sacrifícios, buscando sabedoria divina para que se volte à verdadeira harmonia, com a presença de Jesus.