Paz do Senhor!
Prezados professores e alunos,
Estudamos na semana passada, que Salomão marcou o seu reinado com riquezas, poder e muita prosperidade para Israel. Entretanto, toda aquela majestade, pompa e riqueza, que tanto orgulho e soberania nacional haviam trazido para os israelitas, estavam prestes a desmoronar com morte dele. A sua ruína foi predita por Deus:
“Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o coração do Senhor, Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera. E acerca desta matéria lhe tinha dado ordem que não andasse em seguimento de outros deuses; porém não guardou o que o Senhor lhe ordenara. Pelo que disse o Senhor a Salomão: Visto que houve isso em ti, que não guardaste o meu concerto e os meus estatutos que te mandei, certamente, rasgarei de ti este reino e o darei a teu servo. Todavis, nos teus dias não o farei, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei; porém todo o reino não rasgarei; uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi e por amor de Jerusalém, que tenho elegido” (1Rs 11.9-13)
Deus na sua soberania e presciência avisou através do profeta Aías predisse a ruína do reinado de Salomão ao rasgar a sua capa de profeta e dar dez pedaços a Jeroboão e vaticinar que Deus rasgaria o reino da mão de Salomão (1Rs 11.29-39).
Nessa lição, aprenderemos a importância de se pedir orientação ao Senhor na hora de tomarmos as importantes decisões da nossa vida. Buscar conselhos com pessoas idôneas, experientes e prudentes, e saber discernir dos conselhos que recebemos, atentando sempre para a Palavra de Deus.
AS PRINCIPAIS CAUSAS DA CISÃO
Nos últimos anos de Salomão, o império começou a desintegra-se ao redor. A razão é bem clara nas Escrituras:
“Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o coração do Senhor, Deus de Israel, o qual duas vezes lhe apareceu” (1Rs 11.9)
Salomão foi tolerante com a idolatria, pois as muitas mulheres exigiram que ele lhes fizesse um local apropriado para os seus deuses. Além disso, tinha uma pesada carga tributária imposta ao povo. A política insensata de Salomão deu ímpeto ao espírito de divisão. Em vez de tentar fechar a brecha, Salomão aumentou. As repetidas buscas de trabalhadores para que se realizassem trabalhos forçados nos projetos de construção produziram descontentamento no interior da nação. Para piorar as coisas, aparentemente Salomão isentou a sua própria tribo do trabalho. (HOLF, 1996, p. 199). Salomão havia feito muitas alianças políticas e todas as articulações, despertando um imenso desejo de poder e ostentação, mesmo com aquela linda oração que Salomão fez no início do reinado e na consagração do templo, permitiu corromper seu coração.
A primeira ruptura na estrutura do reinado de Salomão surgiu no leste do mar Morto, na província de Edom. Este reino orgulhoso havia sido tomado por Davi em algum tempo na primeira metade do seu reino, provavelmente em conexão com as guerras amonitas. Mas um da família real conseguiu escapar, o príncipe Hadade. Viajando pelo deserto, esse príncipe chegou a Egito, onde encontrou refugio. De acordo com a Bíblia Hadade casou com a cunhada do Faraó Siamum no período do seu reinado no Egito (978-959).
“E achou Hadade grande mercê aos olhos de Faraó; de maneira que lhe deu por mulher a irmã de sua mulher, a irmã de Tafnes, a rainha” (1Rs 11.19)
Quando soube que Davi e Joabe morreram, ele retorna, numa atitude de vingança, espera o melhor momento por cerca de trinta anos, para revindicar a independência de Edom.
“Ouvindo, pois, Hadade no Egito que Davi adormecera com seus pais e que Joabe, chefe do exército, era morto, disse Hadade a Faraó: Despede-me, para que vá à minha terra”. (1Rs 11.21)
A segunda fonte de ruptura foi Razom de Damasco. Embora Damasco fosse pelo menos teórica-mente, uma província de Israel sob o comando de Salomão até o final de sua vida, fica claro que Razom foi uma constante irritação durante todos esses anos. Um pouco depois da morte de Salomão e da divisão do reino Razom ou seu sucessor, tirou a cidade de Damasco de sob o controle de Israel.
A terceira fonte de ruptura foi Jeroboão, filho de Nebate, um dos mais confiáveis e importantes oficiais da corte Salomão. Ao encontrar com Jeroboão, Salomão ficou impressionado com as habili-dades e rapidamente foi promovido ao cargo de supervisor dos trabalhos no distrito de Efraim.
“E esta foi a causa porque levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado a Milo e cerrou as aberturas da Cidade de Davi, seu pai. E o homem Jeroboão era varão valente; e, vendo Salomão a esse jovem, que era laborioso, o pôs sobre todo o cargo da casa de José” (1Rs 11.27,28)
Deus também havia notado Jeroboão. Deus envia o profeta Aías, e chamou Jeroboão à parte e disse-lhe que dez tribos de Israel separariam do reinado de Davi e que ele havia sido escolhido por Deus para ser seu líder. Salomão ficou sabendo, e Jeroboão embora aparentemente inocente, pois não tinha nenhuma pretensão política, fugiu para o Egito. Depois da morte de Salomão, Jeroboão voltou para tornar o primeiro rei do reino do norte de Israel. (ANTIGO TESTAMENTO, História de Israel no, 2001, p. 317,318)
“E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão e a ti darei as dez tribos” (1Rs 11.31)
OS ERROS DE ROBOÃO
Roboão hebraico significa: “Ele faz o povo aumentar”. Roboão era filho de Salomão e Naamá, Amonita (1Rs 14.31). Foi o último rei sobre as doze tribos unidas, continuando a reinar sobre Judá depois da divisão. Sua dura resposta ao povo, resultou na separação das 10 tribos, das de Judá e Benjamim, (1Rs 12). Deus proibiu que ele pelejasse contra as 10 tribos do norte (1Rs 12.24). Houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias (1Rs 14.30). Vejamos alguns erros de Roboão:
Seguiu conselhos insensatos.
O Texto Sagrado diz que Roboão desprezou os conselhos dos anciãos; estes conviveram com Salomão e pediram que Roboão servisse ao povo:
“Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e responderes-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos” (1R 12.7).
Roboão, em vez disso, acatou as recomendações dos jovens que haviam crescido com ele, e falou duras palavras ao povo:
“meu pai lhes tornou pesado o jugo; eu o tornarei ainda mais pesado. Meu pai os castigou com simples chicotes; eu os castigarei com chicotes pontiagudos” (1Rs 12.11 – NVI).
Por causa de um mau conselho uma nação foi dividida. A Bíblia nos manda ter cuidado com os conselhos dos ímpios (Nm 31.15-16; Sl 1.1; Pv 13.18,20), pois eles trazem prejuízos diversos.
Casou-se com mulheres estrangeiras.
Roboão, em desobediência a Deus, casou-se com várias mulheres:
“ele tinha tomado dezoito mulheres, e sessenta concubinas; e gerou vinte e oito filhos, e sessenta filhas” (2Cr 11:21).
Essa atitude era expressamente contrária ao que Deus determinara:
“Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie” (Dt 17.17).
O padrão bíblico de casamento é o mesmo, seja para o rei ou para toda a humanidade. Ele deve ser heterossexual e monogâmico (Gn 2.24; Mt 19.4; Hb 13.4). O que passar disso é pecado.
Abandonou a lei de Deus.
Logo após a divisão da nação em dois reinos, Roboão teve o seu reinado confirmado e fortalecido. Foi nesse momento que o rei abandonou a Lei do Senhor, e todo o povo seguiu o seu mau exemplo (1Cr 12.1). Como consequência desse desvio, Deus permitiu que Sisaque, rei do Egito, subisse contra Judá (1Cr. 12.2). Todo ato de repulsa a lei de Deus leva a consequências graves tais como: rejeição (1Sm 15. 23) e morte (Êx 33.12). No entanto, a obediência à palavra de Deus produz bênçãos (Dt 5.29; 11.13; 1Sm 15.21); além disso, os que obedecem a Deus tem o Espírito Santo (At 5.32) e tem suas orações respondidas (1Jo 3.22).
REINADO E A IDOLATRIA DE JEROBOÃO
O nome Jeroboão na língua hebraica significa: “O povo tornou-se numeroso”. Jeroboão I, filho de Nebate, efrateu, (1Rs 11.26). O profeta Aías rasgou a capa nova de Jeroboão em 12 pedaços e lhe devolveu 10, profetizando que Deus rasgaria o reino de Salomão, dando-lhe 10 das tribos (1Rs 11.30). Era o primeiro rei sobre Israel:
“E sucedeu que, ouvindo todo Israel que Jeroboão tinha voltado, enviaram, e o chamaram para congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel; e ninguém seguiu a casa de Davi, senão a tribo de Judá” (1Rs 12.20).
Pôs um bezerro de ouro em Dã e outro em Betel (1Rs 12.29). Devido aos seus pecados, Aías profetizou contra Jeroboão (1Rs 14). Houve guerra contínua entre Jeroboão e Roboão, rei de Judá (1 Rs 15.6), reinou 22 anos (1Rs 14.20) sendo sucedido por seu filho, Nadabe (BOYER, 1999, p. 417).
Notemos alguns pecados de Jeroboão:
Erigiu ídolos em Israel para manter o povo afastado de Jerusalém.
“Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém: vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito”. (1Rs 12.28)
Jeroboão, do reino do norte, fundou um falso sistema religioso, levando o povo a adorar falsos deuses, (1Rs 12. 27-30; Êx 20.3,4), tendo como modelo o bezerro de ouro feito por Arão (Êx 32.8). Nomeou sacerdotes “Também fez casa dos altos e fez, sacerdotes dos mais baixos do povo, que não eram dos filhos de Levi” (1Rs 12.31), e assim pôs no ministério homens que não tinham as qualidades para isso segundo a lei de Deus. A instituição de um falso sistema religioso, por Jeroboão, produziu dois resultados:
1) a maior parte do povo do reino do Norte passou a adorar a Baal, cujo culto incluía a prática imoral da prostituição religiosa.
2) A maior parte do reino de Israel que permaneceu fiel a Deus e à sua lei, teve grandes perdas. (STAMPS, 2007, p. 542,543).
“Três vezes no ano, todo varão entre ti aparecerá perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Paes Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos Tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante o Senhor” (Dt 16.16)
As pessoas que obedeceram a Jeroboão, desobedeceram a Deus. Algumas ideias embora práticas, podem incluir sugestões que nos levam a nos afastar de Deus. Não permitamos que alguém nos dissuada a fazer o que é direito, ao afirmar que as ações morais não justificam o esforço. Façamos a vontade do Senhor, a despeito do custo em tempo, energia, reputação ou recurso. (BEERS, Ronald, 2003, p. 481)
Nomeou sacerdotes que não pertenciam à tribo de Levi.
Jeroboão nomeou sacerdotes, homens que não possuíam os requisitos exigidos por Deus, feito pelo homem, as exigências estão registradas em (Nm 3.6-9; 8.5-20). Deus proibiu a nomeação de sacerdotes de outras tribos. A desobediência a tal preceito seria punida com a pena de morte:
“Mas a Arão e a seus filhos ordenarás que guardem o seu sacerdócio, e o estranho que se chegar morrerá.” (Nm 3.10).
Na Nova Aliança, o sacerdócio levítico já não existe, ainda assim Deus estabeleceu qualificações essenciais definidas aos que aspiram ao ministério (pastores ou dirigentes de igrejas locais). Atendamos para as qualificações espirituais e morais que foram registradas pelo apóstolo Paulo ao ordenar alguém para o Santo Ministério (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9).
Confiou mais em sua própria inteligência do que nas promessas de Deus.
O rei Jeroboão se destacou por ser um varão valente e apto para liderança (1Rs 11.28), isso foi reconhecido por Salomão. No entanto, Jeroboão confiou mais nessas habilidades do que em Deus. Isso ficou evidente na seguinte situação:
como manter a lealdade de um povo que constantemente ia a capital de Judá?
“E disse Jeroboão no seu coração: Agora, tornará o reino à casa de Davi. Se este povo subir para fazer sacrifícios na Casa do Senhor, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá, e me matarão e tornarão a Roboão, rei de Judá” (1Rs 12.26,27)
A solução de Jeroboão foi erigir seu próprio centro de adoração. Confeccionaram dois bezerros de ouro, os quais foram aclamados deuses de Israel. A palavra de Deus nos orienta a não se estribar.
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3.5,6)
Quando temos que tomar uma decisão importante, devemos confiar no Senhor (Sl 56.3; Pv 16.3; Jr 17.7-8). Não convém ser sábios aos nossos olhos, mas entregar tudo em oração e leitura da Palavra de Deus, pois o Senhor sabe o melhor para nós.
Conclusão
Enquanto Jeroboão praticou a idolatria de forma direta, Roboão se envolveu numa espécie de veneração que, embora oculta aos olhos humanos, produz as mesmas danosas consequências. Os desejos egoístas de Roboão estavam acima da vontade de Deus, o ídolo dele era ele mesmo, sua própria vontade. Quando o crente tem Deus como seu guia e conselheiro, ele não toma conselhos com pessoas que falarão o que quer ouvir, mas decidirá por ouvir pessoas que lhe falem a verdade.