Lindas melodias na escuridão

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Nossa vida é permeada de vales. Todos passamos por momentos complexos, quando só o que nos resta é a esperança no favor e na misericórdia divina.

Há mais de vinte anos, eu passava por um destes períodos complexos. Estava bastante debilitada, me recuperando de um enfarto, sobrecarregada de ocupações. E em uma noite escura, quando meu marido estava viajando a trabalho, e meus filhos estavam passando as férias escolares na casa dos meus pais em outro país, eu decidi, como sempre fiz, fazer uma vigília sozinha.

Foi quando aconteceu: no meio da madrugada, no meio do meu choro desesperado, eu ouvi uma melodia linda preenchendo todo o meu quarto!

Eu cresci com minha mãe tocando violino e meu pai regendo o coral da igreja. Meu marido e eu namoramos sempre às voltas com violão, piano e acordeão (que ele toca muito bem!), e compusemos vários hinos. E meus filhos, nora e genro, tocam e louvam a Deus com prazer, compondo canções de adoração ao Senhor. Portanto, música é algo que eu amo.

Cantar músicas alegres nos ajuda a demonstrar a Deus nossa gratidão pela bondade inegável dele por nós. E cantar na dor, usando letras que tocam e lavam a alma, sempre me ajudaram a chorar quando as palavras são pobres para expressar a angústia da alma. Assim sendo, eu canto sempre. Acordo cantando, e estou sempre com uma canção nos lábios quando dirijo meu carro, leio a Bíblia, ou faço atividades domésticas, profissionais ou ministeriais. E quem já me ouviu pregar, sabe o quando gosto de inserir melodias e músicas ao longo da minha pregação.

Contudo, nada do que eu já cantei ou ouvi se compara à melodia e harmonia ouvida naquela madrugada, trazendo cura para meu corpo, alma e espírito. Sei que foi um presente de Deus para mim – uma pequeníssima amostra do que teremos no Céu!

Desde então, tenho uma nova percepção ao cantar o hino 126 da Harpa Cristã, Bem-Aventurança do Crente:

Bem-aventurado o que confia

No Senhor, como fez Abraão

Ele creu, ainda que não via

E, assim, a fé não foi em vão

É feliz quem segue, fielmente

Nos caminhos santos do Senhor

Na tribulação é paciente

Esperando no seu Salvador.

Os heróis da Bíblia Sagrada

Não fruíram logo seus troféus

Mas levaram sempre a cruz pesada

Para obter poder dos céus

E depois, saíram pelo mundo

Como mensageiros do Senhor

Com coragem e amor profundo

Proclamando Cristo, o Salvador.

Quem quiser de Deus ter a coroa

Passará por mais tribulação

Às alturas santas ninguém voa

Sem as asas da humilhação

O Senhor tem dado aos Seus queridos

Parte do Seu glorioso ser

Quem no coração for mais ferido

Mais daquela glória há de ter

Quando aqui as flores já fenecem

As do céu começam a brilhar

Quando as esperanças desvanecem

O aflito crente vai orar

Os mais belos hinos e poesias

Foram escritos em tribulação

E do céu, as lindas melodias

Se ouviram, na escuridão

Sim, confia tu, inteiramente

Na imensa graça do Senhor

Seja de ti longe o desalento

E confia no Seu santo amor

Aleluia seja a divisa

Do herói e todo o vencedor

E do céu mais forte vem a brisa

Que te leva ao seio do Senhor

A letra dos três últimos versos deste hino me emociona pelas profundas verdades que apregoam. Afinal, desejar a coroa da vida implica passar por tribulação e humilhação. E só quem no coração for mais ferido receberá a glória prometida.

Quando as flores e as esperanças desvanecem, precisamos orar. E é então quando os mais belos hinos e poesias, que confortam nossos corações, são compostos, escritos – e ouvidos!

Não importa quão longa, triste, escura, solitária e fria seja a nossa noite: Precisamos confiar inteiramente na imensa graça do Senhor.

E, enquanto cantamos, podemos sentir do céu a brisa que nos leva ao seio do Senhor.

Por Elaine Cruz – psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar.

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