EBD – O Relacionamento entre nora e sogra

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16)

INTRODUÇÃO

Diante do estigma cultural do relacionamento com as sogras em nosso país, com um ente motivo de piada mesmo entre os evangélicos, encontramos uma das histórias mais belas de companheirismo das Escrituras se dê justamente entre Rute e sua sogra Noemi. Nesse drama se destaca a tenacidade de Rute, nora de Noemi, que foi capaz de superar as dificuldades com atitudes de fé, inteligência, lealdade, persistência e esperança. As atitudes de Rute são um exemplo para o relacionamento sadio e amoroso dentro da família. Sua história exemplifica a perseverança para o trabalho em busca do suprimento das necessidades básicas de subsistência física, mas, acima de tudo, uma mulher que aprendeu a confiar no Deus de sua sogra, Noemi, mesmo sendo uma estrangeira. É a história de uma nora cujo coração não só respeitava a sua sogra, mas que foi capaz de enfrentar a crise da escassez de alimentos com inteligência e disposição.

A outra nora, Orfa, voltou para os familiares depois que ficou viúva, mas Rute decidiu cuidar da sogra naquela terra inóspita e comer com ela o pão de cada dia. Ao acompanhar sua sogra de volta a Belém, Rute tinha no coração um grande amor por Noemi e não a desamparou.

Essa lição torna-se, portanto, uma excelente oportunidade para repensarmos esses paradigmas e os dilemas familiares em torno dessa relação de parentesco tão emblemática. Procuremos compreender o contexto diverso entre os alunos, já que para muitos a figura da sogra pode ser como a de uma segunda mãe, enquanto para outros, no entanto, pode representar algo problemático e até pesaroso. Possamos refletir sobre que fatores estabelecem essa dinâmica e, independentemente de como seja tal relação, que lições podemos extrair para as nossas vidas desse que é um dos mais lindos exemplos de bom relacionamento entre nora e sogra da história.

I – A CRISE ECONÔMICA NA TERRA DA JUDEIA

1. A escassez que provocou fome na “casa de pão” (Rt 1.1).

“E sucedeu que nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos.”

Um tempo em que a fome castigou a cidade de Belém (1.1)

Belém, a terra que manava leite e mel, está desolada. O livro de Rute fala da saga de uma família que vivia na cidade de Belém (Beth = casa, lehem = pão), a Casa do Pão, onde um dia faltou pão. A cidade deixou de ser um celeiro para ser um lugar de desespero e fome. A Casa do Pão estava com as prateleiras vazias, com os fornos frios e sem nenhuma provisão. Belém era uma mentira, um engano, uma negação de si mesma.

Quando a crise chega, ela atinge a todos, pobres e ricos, homens e mulheres. Elimeleque era um homem abastado, tinha terras e bens. Contudo, a crise o atingiu, a fome também chegou a sua casa.

A fome não era apenas uma casualidade, nem mesmo resultado de uma tragédia natural. A seca que devastou os campos, que fez mirrar a semente no ventre da terra, que cortou das despensas a provisão e levou para as mesas o espectro da fome, era um juízo de Deus à desobediência (Lv 26.19,20; Dt 28.23,24; 2Sm 24.13,14; Ez 5.16; Am 4.6,7).

O tempo dos juízes experimentou o juízo de Deus. Os inimigos que vinham e devastavam os campos e saqueavam seus bens e riquezas eram instrumentos do juízo de Deus ao Seu povo rebelde. A aliança de Deus encerrava bênçãos e maldições. A obediência produz vida, mas a rebeldia gera a morte. A fome era a vara da disciplina de Deus. A fome foi também a causa que levou Elimeleque a descer a Moabe, foi a causa que levou Abraão e Jacó ao Egito, foi a causa que levou Isaque a Gerar e o próprio Jesus a ser tentado no deserto.

Walter Baxendale diz que o pecado tirou os anjos do céu Adão do paraíso e privou milhares de israelitas da Terra Prometida. Agora, priva Israel de pão. Porque o povo apartou-se da Sua lei, Deus suspendeu a provisão. O juízo nacional enviado sobre a nação afetou a história individual dessa família.

A crise é uma encruzilhada, onde precisamos inevitavelmente tomar uma decisão. Uns colocam os pés na estrada na vitória, outros avançam pelos atalhos da fuga e do fracasso.

Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom escolheram fugir, em vez de enfrentar a crise. Eles apostaram que a crise era irremediável e que o caminho da fuga era a única rota de escape. Contudo, fugir nem sempre é a alternativa mais segura e sensata. Na hora da crise, devemos olhar para Deus, em vez de mirarmos apenas as circunstâncias.

Quando somos encurralados pelas circunstâncias adversas, precisamos acreditar que Deus está acima e no controle delas. Em um tempo de fome, Abraão fugiu para o Egito e ali quase acabou com o seu casamento. Na mesma situação, Isaque foi tentado a descer ao Egito, mas Deus lhe ordenou: “Não desças ao Egito”. O enfrentamento da crise é melhor do que a fuga. Fugir não é uma escolha segura. Na crise, precisamos buscar o abrigo das asas do Onipotente, em vez de buscar falsos refúgios. (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 17-18).

2. A crise de uma família (Rt 1.3-5).

“E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos, Os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.”

A fuga de Belém para Moabe foi marcada por muitos desastres na família de Elimeleque. Foi um tempo em que as crises se agigantaram (1.3-5). Buscar refúgio fora da vontade de Deus é um consumado engano. Eles foram para Moabe em busca de sobrevivência e encontraram a morte. Eles foram buscar pão e encontraram a doença. Eles foram buscar vida e encontraram uma sepultura. A terra estrangeira não lhes deu segurança, mas um enterro.

Que tipo de crise aquela família enfrentou em Moabe?

Em primeiro lugar, a enfermidade. A doença é pior do que a escassez de pão. Eles saíram por causa da fome, mas não puderam fugir da doença. Elimeleque liderou sua família rumo a Moabe para fugir da fome, mas não conseguiu livrar sua família dos tentáculos da enfermidade.

Em segundo lugar, a morte. Elimeleque tombou em terra estrangeira. Ele morreu e deixou sua família órfã em terra estranha. A dor do luto é mais aguda do que a dor da pobreza. A escassez é menos dolorosa do que a morte. Dez anos se passaram. Malom e Quiliom casam-se em Moabe, e novamente uma luz de esperança volta a brilhar no caminho daquela família imigrante. A morte, porém, volta a rondar aquela família já marcada pelo sofrimento. De súbito, sem qualquer explicação, a vida jovem de Malom e Quiliom é ceifada em terra estrangeira. Noemi perdeu tudo: sua terra, seu marido, seus filhos, seus sonhos. Ela está velha, viúva, pobre, sem filhos, em terra estrangeira.

Ela não tem filhos nem descendentes. Sua semente vai ser cortada da terra. Sua memória vai se apagar, e ela, então, passa a alimentar-se de absinto. Ela introjeta uma amargura existencial assoladora na alma. Chega mesmo a mudar de nome. Não quer mais ser chamada de Noemi, mas de Mara, que significa amargura (1.20).

Em terceiro lugar, a viuvez. O livro de Rute é um drama que fala da história de três mulheres que ficaram viúvas, pobres, desamparadas e sem filhos. A matriarca Noemi perdeu não apenas o marido, mas também os filhos, e isso em terra estrangeira. Para ela, o futuro havia fechado as cortinas. A esperança fora enterrada na cova dos seus próprios mortos.

Em quarto lugar, a revolta contra Deus. Noemi, embora fosse uma mulher crente, cuja fé foi mantida intacta no Deus de Israel em terra paga, desenvolveu uma teologia errada acerca da providência divina. Ela passou a olhar para a vida com os óculos do pessimismo. Ela não acreditava no acaso nem no determinismo cego. Sua teologia, porém, estava errada, pois pensou que Deus estava descarregando sobre ela o Seu juízo. Ela deixou de ver um plano mais elevado e um propósito mais sublime no meio da tragédia (1.20,21). (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 18-20).

II – SUPERANDO AS CRISES EXISTENCIAIS

1. Noemi decide voltar à sua terra (Rt 1.6-8).

Noemi, viúva com suas duas noras moabitas, Orfa e Rute, também viúvas, resolve voltar à sua terra na Judeia. Noemi tivera notícias de que a sua Belém Efrata e toda a terra da Judeia estavam outra vez produzindo grãos em abundância. Depois de dez anos de luta e escassez, Noemi toma o caminho de volta à sua terra. Sentindo-se uma mulher envelhecida, conversou com suas noras viúvas, Orfa e Rute, e as liberou para que voltassem às suas famílias de origem em Moabe. Orfa aceitou a liberação de Noemi e voltou para sua família, mas Rute resolveu ficar com sua sogra.

Imaginemos o estado de espírito de Noemi, que deve ter pensado que Deus a estivesse castigando com todos os sofrimentos experimentados, mas não podia imaginar o plano presciente do Senhor em todas aquelas circunstâncias. Aprendemos com o apóstolo Paulo que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28, NAA). (Cabral. Elienai, RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 126-127).

2. Rute conhece o Deus de sua sogra (Rt 1.16).

O relacionamento marcado pelo amor está disposto a assumir novos compromissos (1.16b). Rute diz a Noemi: “[…] o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”. Rute está pronta a começar novos relacionamentos com os homens e com Deus. Ela está disposta a fazer rompimentos com o passado e novas alianças com o futuro. Ela está disposta a deixar sua terra e seus deuses para abraçar o povo de Deus e o Deus desse povo. Rute não apenas ama a sua sogra, mas se converte ao Deus de sua sogra e adota o povo de sua sogra como o seu povo. (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 41).

3. Unidas contra a crise.

Então se pergunta: O que são crises existenciais? Geralmente a crise existencial surge quando nos questionamos acerca de vários aspectos da nossa vida, como a própria existência, o lugar no mundo, o propósito da vida e o motivo de estar aqui. Alguns sentimentos de medo, de ansiedade e de culpa, provocados por descontentamento com a vida, são elementos condutores para a depressão. Temos outra história de um grande homem de Deus que, depois de grande sucesso ministerial, acossado pelo inimigo, quis deixar tudo. Esse foi o caso do profeta Elias (1 Rs 19.4,10).

O que levou Noemi a ter uma crise existencial? De repente, morrem o marido e os dois filhos. Tudo isso provocou em Noemi uma crise existencial enorme com a qual se vitimou e entrou num estado de desânimo em continuar viva. Noemi chegou a declarar para suas noras: “Não, filhas minhas, que mais amargo é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim” ou como está na Bíblia Nova Versão Internacional “a mão do Senhor voltou-se contra mim” (Rt 1.13). A sua sensação era a de ter contribuído com seu marido para tomarem decisões erradas quando saíram de Belém e foram para Moabe. Assim que Noemi chegou à sua terra em Belém da Judeia, os antigos se lembraram dela e a receberam, mas ela, dominada ainda por um sentimento de humilhação, pediu ao povo da cidade que não a chamasse pelo nome Noemi, mas a chamassem “Mara”, porque grande era a sua amargura (Rt 1.20).

Noemi chegou a um ponto de sua vida pessoal em que não via nenhuma saída racional para solucionar seu dilema. Ela estava vivendo a falta de perspectiva na vida e achava que nada podia mudar aquela situação. A sensação que Noemi tinha era de que havia chegado a “um beco sem saída” para sua vida física, emocional e até mesmo espiritual, porque havia perdido a esperança.

Nossa visão da vida quando nos deparamos com crises se torna embaçada e limitada. Mas sabemos que podemos superar esses problemas com uma atitude de fé no Deus de toda provisão e declarar como o apóstolo Paulo ao dizer aos romanos perseguidos em Roma: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).

Noemi fora dominada por uma crise existencial de tal modo que via a Deus apenas como aquEle que a abandonou. Seus sentimentos tornaram-se amargos e Noemi não esperava mais nada, senão a morte. Porém, sua nora Rute foi capaz de superar as crises de sua casa e da sua sogra com uma visão de esperança, paciência e tenacidade. (Cabral. Elienai, RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 124-127).

III – FÉ E TRABALHO NUMA NOVA PERSPECTIVA

1. A chegada à terra do pão (Rt 1.19).

[…] uma comoção geral (1.19). A chegada de Noemi e Rute a Belém chamou a atenção de toda a cidade.

Elas ganharam notoriedade não pelo sucesso alcançado em Moabe, mas pelas tragédias colhidas naquelas plagas. Toda a cidade se comoveu ao ver aquela que saíra ditosa e voltara pobre. Saíra casada e voltara viúva. Saíra com dois filhos e voltara apenas com o atestado de óbito de ambos. O que provoca espanto e comoção em Belém é o retorno de Noemi depois de tantas perdas, de tantas tragédias, de tantos desastres. (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 42).

2. Recuperando a autoestima (Rt 1.15-18).

Esta terna amizade humana é similar à de Davi e Jônatas (1 Sm 20.17,41) e à de Cristo e os apóstolos (Jo 15.9,15). Além disso, é o reflexo de uma firme decisão religiosa. Rute estava determinada a abandonar os deuses de Moabe e tornar-se seguidora do Deus de Israel juntamente com Noemi. Ela viu alguma coisa nas vidas e na fé daqueles israelitas que fez com que ela se aproximasse não apenas deles, mas também do Senhor Jeová.

O fato de Rute ser recebida na situação em que estava pode indicar que as restrições divinas contra os descendentes de Moabe haviam sido removidas (Dt 23.3) ou que tais restrições se aplicavam apenas aos moabitas do sexo masculino.

“A grande escolha de Rute” é resumida nos versículos 14 a 18 num retrato preciso da opção que uma pessoa faz quando se torna um cristão. Ela foi (1) uma escolha de convicção, e não de emoção, conforme se vê no contraste com Orfa (v. 14); (2) uma escolha feita apesar de todas as dificuldades (veja w. 11-13); (3) a escolha em favor de um povo (v. 16); (4) a escolha de um objeto supremo de devoção (v. 16); (5) uma escolha sem opção de voltar atrás (w. 17,18). (Clyde Ridall. Comentário Bíblico Beacon. Rute. Editora CPAD. pag. 163).

3. A honra do trabalho no campo de Boaz (Rt 2.8-17).

Boaz conversou com Rute e a instruiu para que ficasse perto das moças cujo trabalho era juntar o feixe de espigas depois de os segadores terem tirado os grãos. A expressão: não ouves, filha minha? v 8, sugere que Boaz era mais velho que Rute. Ele ordenara aos rapazes que não a molestassem. Ela recebeu permissão para beber água dos vasos trazidos pelos próprios servos de Boaz.

Quando Rute expressou sua surpresa por ser tratada tão generosamente, apesar de sua condição de estrangeira, Boaz respondeu que ele já fora informado da bondade com que Rute tratara sua sogra Noemi desde a morte de seu marido e que, naquele momento, ela deixara seus pais e sua terra natal para habitar entre estrangeiros. Lealdade e fé religiosa sincera são companheiras de toda pessoa de bom raciocínio. O Senhor galardoe o teu feito, disse Boaz, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar v.12 – outra indicação do caráter religioso da grande escolha de Rute (cf. comentário de 1.16,17). Ela se tornou uma prosélita judaica.

Na hora da refeição do meio do dia, Rute foi convidada por Boaz para comer com ele e seus segadores. A refeição consistiu de trigo tostado e pão molhado no vinagre v.14, que pode ter sido vinho amargo ou vinagre de vinho. Levantando-se ela a colher v.15, indica que Rute deixou o grupo e voltou à sua tarefa antes de os trabalhadores retornarem ao trabalho. Então Boaz instruiu seus servos para que favorecessem Rute e não fizessem algo que a embaraçasse. (Clyde Ridall. Comentário Bíblico Beacon. Rute. Editora CPAD. pag. 164-165).

IV – RUTE ENCONTRA O REMIDOR DA FAMÍLIA

1. Rute descobre o remidor de Noemi (Rt 4.1-9).

Boaz afeiçoou-se a Rute desde o primeiro momento que a encontrou. Ele era um homem rico, piedoso e legalmente qualificado para ser o resgatador da família. Boaz já dera abundantes provas do seu amor por Rute, e ela sabia disso.

Por sua vez, Rute já fizera o pedido formal de casamento a Boaz, e ele estava empenhado em resolver a questão, pois na lista dos parentes próximos havia um homem que tinha preferência para resgatá-la e casar-se com ela. Boaz demonstra grande empenho no processo de ser o resgatador de Noemi, com vistas ao seu casamento com Rute. (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 115-116).

2. Boaz redime Rute, a moabita (Rt 4.11-13).

Foi um casamento abençoado pelas testemunhas (4.11,12). Os anciãos de Belém rogaram três bênçãos especiais sobre o casamento de Boaz e Rute:

  1. Eles pediram que Rute fosse uma mulher fértil (4.11).

Os estudiosos acreditam que Rute, além de moabita, era também estéril, pois somos informados de que ela passou quase dez anos casada com Malom em Moabe sem ter filhos (1.4,5). Os anciãos pediram a Deus que ela fosse como Raquel e Lia, as únicas esposas de Jacó, as progenitoras de toda a nação. Raquel também era estéril, e Deus a curou.

Quando Rute concebeu, somos informados de que foi o Senhor que lhe concedeu que concebesse (4.13). Há orações a favor de Rute para que ela se torne antecessora de uma raça famosa. Que ela tenha muitos descendentes dentro da família e dos propósitos de Deus.

  • Eles pediram que Boaz fosse um homem próspero (4.11).

Boaz já era senhor de muitos bens (2.1). No entanto, agora, os anciãos estão abençoando sua vida e rogando a Deus que ele seja afamado em sua cidade. Que ele adquira poder e fama. Que por intermédio desse casamento com Rute, a própria família de Boaz também seja estabelecida.

  • Eles pediram que a casa de Boaz fosse como a casa de Perez.

Perez foi filho de Judá, ancestral de Boaz e principal tronco da tribo que trouxe ao mundo o grande rei Davi e o Messias, o Salvador do mundo. Leon Morris diz que Perez era, à primeira vista, o mais importante dos filhos de Judá. Aparentemente, a tribo de Judá dependia dos descendentes de Perez, mais do que dos outros. Perez foi um dos ancestrais de Boaz e, assim, alguém muito oportuno para ser mencionado. Na verdade, parece que Perez foi o ancestral dos belemitas, em geral.

[…] o descendente é visto como dádiva de Deus (4.13). A Bíblia diz que os filhos são herança de Deus. Eles são dádivas do Senhor. Eles não são um acidente, mas presentes do céu. Pode ser que os pais não planejem os filhos ou até não queiram ter os filhos, mas eles são concedidos por Deus. Olhar para os filhos nessa perspectiva faz toda a diferença. Leon Morris diz que por todo o livro de Rute persiste o pensamento de que Deus está acima de tudo e faz cumprir a Sua vontade. Os anciãos e as demais pessoas consideravam os filhos como dádivas de Deus (4.12).

David Atkinson diz que, se há um tema que domina o livro de Rute acima dos outros, é o da providência soberana de Deus e da nossa dependência dEle como seres humanos. Deus é a fonte da vida. A vida, assim como as Suas bênçãos, é um dom da Sua mão. E, particularmente, aqui a concepção de um filho é entendida como um dom de Deus. Olhando para esse aspecto da concepção como um dom de Deus, o debate sobre o aborto deveria ganhar uma dimensão mais ampla. A interrupção da vida não deveria ser apenas restrita à decisão entre o médico e a mãe.

Warren Wiersbe diz que nos Estados Unidos, a cada ano, um milhão e meio de bebês são legalmente mortos ainda no ventre, e seus pedaços são removidos como se fossem tumores cancerosos. Uma enfermeira cristã comentou: “Em uma parte de nosso hospital, trabalhamos dia e noite para manter os bebezinhos vivos. Em outra parte, matamos as crianças”. (LOPES. Hernandes Dias. Rute, Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pag. 124-125).

3. Noras e sogras.

[…] Você já deve ter ouvido este clichê: “Roma não foi feita em um dia”. Isso também vale para os relacionamentos. A paciência tem de se tornar um estilo de vida. Não podemos esperar que todas as nossas diferenças sejam resolvidas da noite para o dia ou com um simples bate-papo.

É preciso tempo e perseverança para entender o ponto de vista dos outros e negociar alternativas para as diferenças. Trata-se não só de um processo contínuo, mas é também a essência, o ponto crucial de nossos relacionamentos. Não podemos desenvolver relacionamentos positivos se negligenciarmos o processo de comunicação de ideias e sentimentos, buscando o entendimento, a reanimação uns dos outros e soluções plausíveis.

Não espere perfeição de ninguém — nem de você. Em contrapartida, não se acomode com nada aquém de um relacionamento baseado em amor. Podemos até entender recaídas momentâneas. Nenhum de nós muda de repente, e é comum repetir antigos padrões de comportamento.

As falhas pressupõem pedidos de desculpas, e pedidos de desculpas pressupõem perdão. Quando estamos dispostos a admitir nossas falhas e pedir desculpas, é provável que recebamos o perdão, e assim nossos relacionamentos podem seguir adiante de maneira positiva. O amor é a maior força do mundo para o bem. A bondade e a paciência são dois dos mais importantes aspectos do amor. Aprenda a desenvolver esses traços e saberá como construir a amizade com os parentes de seu cônjuge. (Chapman. Gary, Como lidar com a Sogra, e sogro, cunhados, genros e noras. Editora Mundo Cristão. 1 Ed. 2009).

CONCLUSÃO

Como sabemos, embora fiéis ao Senhor, no mundo teremos aflições. E Deus nos deu a família como uma das forças motoras mais poderosas para nos ajudar a superar todas elas. Ao zelar pelo bom relacionamento com a nossa sogra, todos os membros da família são abençoados.

Por meio da união de fé entre nora e sogra, adversidades intransponíveis são, em Deus, superadas. E não apenas isso, tal comunhão, sobretudo em meio às crises, pode repercutir em bênçãos espirituais derramadas sobre toda a nossa família. Como muito bem nos mostra o exemplo de Rute e Noemi, Deus honra a quem sabe honrar.

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