São muitas as notícias que temos ouvido sobre o aumento da violência doméstica, pois o isolamento não reduz os conflitos familiares. Infelizmente existem famílias que não conseguem se relacionar e o fato de estarem mais tempo juntos as levam a conflitos e alguns ao comportamento agressivo.
As mulheres são as maiores vítimas da violência doméstica, isto se dá por fruto de um padrão familiar de subordinação, onde, na dinâmica familiar prevalece um modelo caracterizado pela figura paterna. Nesse modelo pode operar o machismo, e o homem vê a mulher como um ser inferior. Este homem desconta, por vezes, sua agressividade na mulher. Normalmente a dinâmica em que os pais são agressivos entre si, ou mesmo com os filhos, favorece a “normatização” da violência, isso também é violência doméstica. As mulheres vítimas são, em geral, as que cresceram vendo o pai bater na mãe e nos irmãos, e os mais velhos nos mais novos. Reproduzindo assim, um ciclo de violência. Apanhar, nesse modelo familiar, acaba sendo visto como forma normal de se “educar”. E ao meu ver isso acaba sendo um dos motivos, pelos quais muitas mulheres acabam sendo agredidas e tendo dificuldades de romper com esse tipo de comportamento.
Eu te pergunto: O que você sentia quando apanhava? Muitos, quando faço essa pergunta em palestras e consultório, me respondem: Raiva e Ódio. A Palavra de Deus diz: “Pais, não provoqueis a ira de vossos filhos”.
Para Cardozo (1997 apud Menezes), sofrer violência na Infância torna as pessoas inseguras, com baixa autoestima, com dificuldades de estabelecer uma relação positiva com as pessoas.
E esse comportamento de apanhar pode levar a pessoa a achar que a violência na vida adulta é algo normal. Outro problema que observo na clínica é movimento sistêmico familiar, onde o filho acaba repetindo o que o pai fazia, assim como o pai batia na mãe, ele bate na esposa.
Existem homens e mulheres livres de qualquer suspeita de serem agressivos na relação conjugal. Isto se dá, pois a agressividade não tem a ver com a posição social que se tem. Em minha experiência profissional tenho observado, inclusive casos de cristãos que na igreja são amáveis e queridos de aparência, mas em casa são violentos. Tito 1.7. “Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso e de torpe ganância; antes hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio próprio.”
Já atendi irmãs que pediam em oração a morte do marido, pois não aguentavam mais. Outras pensam até em suicídio por não aguentarem e não verem mudanças no marido “cristão”. Eu te pergunto: Você acredita que é isso que Deus quer pra você? Quando questiono eu ouço: “Mais ninguém vai acreditar em mim. Ele é tão bonzinho para o outros!”.
Alguns agressores demonstram ser fracos com o controle de seus impulsos, apresentando necessidade do ego, o Eu, dependência emocional, baixa autoestima e ciúmes excessivos. Nenhum dos conjugues deve permanecer passivo e conformado com uma pessoa violenta. Tudo começa com a violência verbal. Não aceite ser maltratada ou maltratado, olhe nos olhos de seu marido ou esposa e diga: “A partir de hoje não fale mais assim comigo, não vou aceitar mais, me respeite!” Alguns com promessas de mudanças intercalam seus comportamentos com atitudes de demonstração de amor. Ora amor, ora agressão. Por isso, muitas pessoas se tornam reféns de mentes doentes e acaba ocorrendo um ciclo vicioso e aparentemente “natural”.
Tudo começa com agressões verbais, indo para apertões, empurrões etc. Nesse momento, em geral, a vítima se assusta e tenta acalmar o agressor. Com o passar do tempo há a aceitação da agressão, sem que nada aconteça. Com isso, a tendência em agredir a vítima aumenta, sem motivo, pelo simples fato da descarga da tensão, acaba ocorrendo como sendo normal e, em geral a mulher é espancada, independente do seu comportamento. Aliás, que fique claro, não existe comportamento que justifique qualquer tipo de agressão. E tende a piorar com o passar do tempo. Quando a vítima diz que vai tomar alguma atitude, logo o agressor procura pedir perdão e se reconciliar. Isso ocorre quando as agressões se tornam visíveis aos outros. O agressor acabar tomando a atitude de reconciliar pelo medo de ser responsabilizado. São, nesse instante, carinhosos e amáveis, o que faz com que a vítima se confunda emocionalmente, fique com dó e perdoe. Só que esse ciclo tende a aumentar desenfreadamente, sendo visíveis as lesões corporais, cutâneas, neurológicas, oculares, ósseas, quer mordidas, tapas, espancamentos e, em alguns casos, por fim, a vítima pode chegar a óbito.
Algumas vítimas acabam desenvolvendo prejuízos físicos, cognitivos, sociais, morais, emocionais e afetivos. Algumas pessoas adquirem insônia, pesadelo, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite e até depressão, ansiedade, síndrome do pânico e estresse pós-traumático.
Outros comportamentos autodestrutivos também são observados, como: uso de álcool, drogas e tentativa de suicídio. E até porque não dizer, que algumas vítimas são obrigadas a ter relações sexuais (outra forma de abuso e violência), com chantagens e ameaças.
E vocês, Jovens, precisam estar constantemente atentos durante o namoro, afinal é nesse momento que se evidenciam muitos indicativos de agressividade, como jogar objetos no chão, segurar com força os braços, entre outros, dessa forma já se pode observar um futuro quadro de agressão, seja por parte do rapaz ou da moça.
É necessário que a vítima tome uma atitude para que o agressor não repita as agressões, precisam ser corajosas e buscar ajuda, pois somente dessa forma, o agressor também poderá temer. Se for um jovem que viveu em um ambiente destrutivo e violento, precisa ser barrado no primeiro instante, para que possa cair e si e mudar o seu comportamento, entendendo que, o que ele viveu não é certo.
Na próxima postagem veremos como agir mediante a violência. Abraço a todas vocês.
Por Valquíria Salinas é cristã evangélica, com vasta formação na Psicologia e áreas correlatas.