Filadélfia: A Igreja Fiel

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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“Filadélfia significa “amor dos irmãos” ou “Amor fraternal”. Sem dúvida, amor fraternal é uma característica importante dos crentes. Paulo escreveu aos irmãos em Tessalônica que “por Deus instruídos que [devemos amar] uns ao outros” (1Tss 4.9). Filadélfia, 64 quilômetros a sudeste de Sardes, e ficava num lugar estratégico na rota principal do Correio Imperial de Roma para o Oriente, sendo chamada, assim, de “portal para Oriente”. Isso fazia com pessoas de todas as partes do Império Romano passassem por ali, criando uma grande oportunidade de evangelização.

Também era conhecida como “pequena Atenas” por causa do grande número de templos na cidade. Sem dúvida, a igreja situava-se em um lugar de oportunidades extraordinária.  A cidade sofreu efeitos a longo prazo do terremoto de 17 d. C. Ao que parece, a cidade do amor fraternal não era nada segura! Embora haja pouca evidencia extra bíblica de uma comunidade judaica na cidade, a carta indica uma situação semelhante à de Esmirna. Nada se sabe da origem da igreja, mas há uma ligação com o ministério de Paulo em Éfeso, como as outras seis igrejas locais. Historicamente ela foi a única das sete igrejas da Ásia Menor que transpôs os séculos. Mesmo depois que os mulçumanos tomaram a província da Ásia e dominaram aquela região, a fé cristã persistiu em Filadélfia e ainda hoje há cristãos naquela região que agora pertence a Turquia.

 A carta à igreja de Filadélfia começa com uma saudação da parte de Cristo. A saudação foi destinada “ao anjo da igreja”, que era o líder e representante local daquela comunidade cristã (cf. Apocalipse 1:20).

Cristo, apresenta-se à igreja de Filadélfia como “o Santo” no seu caráter, em suas palavras, em suas ações e em seus propósitos. Cristo apresenta-se à igreja como “Verdadeiro”, ou seja, autentico. Entre tantos deuses na época, mas só Cristo tem o direito de declarar ser o Deus verdadeiro. Além de Santo e verdadeiro, Ele tem de abrir e fechar porta. A expressão a chave de Davi e ninguém abre faz lembrar Isaias 22.15-25. Chave literal ou metafórica, indica o controle que o mordomo tinha sobre a distribuição dos recursos, e fala da autoridade de Cristo na família de Deus. O Novo testamento menciona três espécie de chaves:

a) As chaves do reino, o direito dado por Cristo a todos os apóstolos e às igrejas para declarar as condições de salvação;

b) As chaves da morte e do hades, poder de Cristo sobre o túmulo, como vemos na sua ressurreição para demonstração da ressurreição dos mortos quando Ele voltar;

c) As chaves de Davi, a prerrogativa de Cristo para abrir a porta da oportunidade à igreja.   

Essa narrativa de Cristo certamente trouxe um conforto muito grande aos crentes da igreja de Filadélfia. Isso porque aqueles cristãos eram perseguidos pela comunidade judaica daquela cidade que insistia que somente os judeus é que pertenciam ao povo de Deus. Mas ao falar à igreja de Filadélfia, Jesus Cristo deixou claro que a segurança de sua salvação não estava sob a autoridade do julgamento judaico, mas estava sob as mãos d’Aquele que verdadeiramente segura a chave de Davi.

Elogio à igreja de Filadélfia

Após informar que as questões da salvação são deliberadas por Aquele que é inteiramente santo e verdadeiro, a carta à igreja de Filadélfia mostra que Cristo está pessoalmente atento ao seu povo. Por isso, na carta, Ele próprio disse: “Conheço as tuas obras — eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar — que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apocalipse 3:8).

A igreja de Filadélfia era pequena em número e tinha pouca força, mas suas obras eram conhecidas pelo Senhor. Deus havia colocado diante daquela igreja uma “porta aberta”.

Então a igreja de Filadélfia não desperdiçou essa maravilhosa porta aberta, e como uma verdadeira igreja missionária, pregou Evangelho com firmeza e fidelidade. E mesmo diante do escárnio e da oposição daqueles que eram inimigos da obra do Senhor, a igreja de Filadélfia não negou o nome de Cristo e guardou a sua palavra. A igreja de Filadélfia era pequena e insignificante aos olhos dos homens, mas era grande aos olhos do Senhor.

A perseguição à igreja de Filadélfia

A carta à igreja de Filadélfia tinha como pano de fundo o ambiente adverso que os crentes daquela cidade tinham de enfrentar. Na carta, Cristo disse que estava ciente da oposição daqueles que pertenciam a “sinagoga de Satanás”.

Assim como os crentes da igreja de Esmirna, os cristãos de Filadélfia também estavam sofrendo perseguição por parte dos judeus que viviam ali. Qualquer um que se convertesse ao Cristianismo, era identificado como herege e apóstata diante do Judaísmo, e impedido de frequentar as sinagogas.

Os membros da assembleia judaica em Filadélfia se orgulhavam de ser o povo eleito de Deus, mas na carta o Senhor disse que, na verdade, eles eram mentirosos e que aquela assembleia era uma sinagoga de Satanás, pois servia como instrumento nas mãos do inimigo para destruir a obra do Senhor. Jesus Cristo ainda disse que haveria de fazer com que os opositores reconhecessem que aquela igreja era mesmo o objeto do seu amor divino.

Diante desse cenário, Cristo também garantiu que assim como a igreja de Filadélfia tinha guardado a palavra de sua perseverança, Ele também guardaria aquela igreja da hora da provação que haveria de vir sobre o mundo (Apocalipse 3:10).

A palavra grega usada nesse versículo para falar da proteção do Senhor é a mesma aplicada na oração sacerdotal de Jesus pedindo que o Pai não retirasse seus seguidores do mundo, mas que os livrasse do mal (João 17:15). Então a declaração: “eu te guardarei da hora da provação” não implica na ideia de “retirada da provação”, mas de “preservação na provação”.

Em outras palavras, Cristo não estava dizendo que haveria de livrar os crentes de Filadélfia de passar pela provação, mas que Ele haveria de livrá-los através da provação. Essa é uma garantia que se estende aos cristãos de todas as épocas e lugares. Os crentes podem ser confortados de que o Senhor preserva o seu povo na hora da provação que abate o mundo.

Exortação à igreja de Filadélfia

À luz de toda essa verdade sobre a preservação divina, Cristo informou aos crentes de Filadélfia que Ele não demoraria a voltar, e deixou a importante exortação: “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Apocalipse 3:11).

Nesse ponto fica muito clara a forma como a soberania divina e a responsabilidade humana são apresentadas lado a lado. O mesmo Senhor que disse: “eu te guardarei”, também recomendou: “conserve o que tens”.

Outro detalhe importante é que na carta à igreja de Filadélfia, Jesus Cristo diz que aqueles crentes já possuíam a coroa de um vencedor; ou seja, a exortação não dizia para eles conquistarem a coroa, mas para simplesmente cuidarem apropriadamente da coroa que eles já eram possuidores. A instrução era para que os crentes de Filadélfia continuassem sendo fieis, e para tanto, eles podiam contar com o cuidado pessoal do Senhor que haveria de mantê-los firmes sejam quais fossem as circunstâncias (cf. 1 Coríntios 1:8).

Promessa à igreja de Filadélfia

A carta à igreja de Filadélfia termina trazendo a promessa de recompensas gloriosas aos vencedores.

Em primeiro lugar, Cristo prometeu fazer do vencedor “coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá” (Apocalipse 3:12). Essa era uma promessa muito significativa para os crentes de uma cidade que vivia assombrada por terremotos. Inclusive, os tremores de terra eram tão frequentes e o medo da população era tão grande, que muitos habitantes de Filadélfia resolveram morar em campo aberto, fora dos muros da cidade. Mas Cristo prometeu uma estabilidade permanente aos vencedores, afinal, eles seriam pilares no templo de Deus, de onde jamais precisariam sair. Na cidade celestial, os crentes de Filadélfia jamais precisariam sair da cidade pela ameaça de um desastre.

Em segundo lugar, Cristo prometeu gravar sobre o vencedor o nome de seu Deus e o nome da cidade do seu Deus, isto é, a Nova Jerusalém, e o seu próprio novo nome. Quando Filadélfia foi arrasada pelo terremoto de 17 d.C., a cidade recebeu ajuda financeira do Império Romano para sua reconstrução. Em gratidão, Filadélfia teve seu nome trocado para honrar o Imperador Tibério. Depois, uma vez mais o nome da cidade foi alterado para homenagear o imperador Vespasiano.

Então a promessa de que os crentes fieis de Filadélfia receberiam um novo nome, realmente era muito significativa. Mas diferentemente daquela cidade que tinha recebido um nome em homenagem ao deus imperial romano, os crentes da igreja de Filadélfia teriam escrito sobre si o nome divino numa indicação de que eles pertenciam a Deus, à Nova Jerusalém, e a Cristo.

Contextualizando, alguns estudiosos dizem que Filadélfia representa a igreja ideal. Vejamos as características de uma igreja ideal:

1 – A IGREJA IDEAL É A IGREJA QUE AMA (filadélfia = amor fraterno) 1 João 4.8 “Aquele que não ama não conhece a Deus porque Deus é amor”

2 – A IGREJA IDEAL É A ESPERANÇA DO MUNDO (chaves do Reino) MATEUS 16.18-19 18 “E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”

3 – A IGREJA IDEAL É MISSIONÁRIA (porta aberta ao HERMO) Atos 1.8 “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra”

4 – A IGREJA IDEAL É PURA (não é da sinagoga de Satanás) I João 3.3 “A si mesmo se purifica todo aquele que nele tem esta esperança, assim como ele é puro”

5 – A IGREJA IDEAL É FIEL (guardar a Palavra) I Coríntios 15.58 “Meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”

6 – A IGREJA IDEAL SERÁ REDIMIDA (nome gravado na eternidade) Apocalipse 7.9-10 “…vi uma grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas e de palmas nas mãos: e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro pertence a salvação”

Conclusão

Filadélfia nos ensina sobre ser uma Igreja abençoada, fiel ao Senhor não importa o que aconteça e apesar das dificuldades. Quando a Igreja realiza seu papel missionário, está cumprindo a vontade de Deus para o estabelecimento do Reino de Deus. Ao invés de ficar cuidando de interesses internos, a igreja precisa marchar adiante em busca daqueles que estão perdidos lá fora. Este é o verdadeiro problema da igreja: vidas que estão se perdendo sem conhecer a Jesus.

As portas para a evangelização estão abertas como nunca, basta a igreja entrar e pregar. Muitas igrejas hoje estão acomodadas, mas a Igreja que o Senhor quer buscar é lutadora e perseverante.

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