EBD – O Avivamento no Ministério de Pedro

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

Mais lidas

Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.” (At 2.14)

INTRODUÇÃO

Amados irmãos, nesta lição veremos o avivamento espiritual na vida do apóstolo Pedro após o Batismo no Espírito Santo. Antes do Dia de Pentecostes, os Evangelhos revelam características de um homem impulsivo, de caráter volúvel e indisciplinado. Após reencontrar o Senhor ressuscitado e receber a missão de apascentar as suas ovelhas, Pedro assume papel proeminente na liderança da igreja primitiva, tornando uma das colunas da Igreja. Mas para o exercício pleno de seu ministério, bem como de todos os demais discípulos de Cristo, faltava-lhe experimentar o revestimento de poder do Alto. Esse poder transformador capacitou o apóstolo, não apenas a operar milagres, como também a testemunhar a fé em Jesus por meio de uma mudança de caráter. A partir da experiência do apóstolo Pedro, sua classe aprenderá importantes lições no tocante às mudanças que o avivamento espiritual provoca no caráter do crente.

I – PEDRO ANTES DO PENTECOSTES

Originalmente chamado de Simão, era filho de João (Jo 1.42) e irmão de André (Mt 4.18; Jo 6.8). Pedro era casado e sua esposa o acompanhou em suas viagens (Mt 8.14; 1Co 9.5). Antes de ser chamado por Jesus, trabalhava com seu pai como pescador (Mc 1.16-20). Pedro não fora educado religiosamente e possuía forte sotaque da região da Galiléia (Mt 26.33). Era, portanto, considerado como leigo e sem estudos pelos líderes judaicos de Jerusalém (At 4.13).

Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, não porque tenha sido o primeiro a ser chamado, mas, devido ao fato de ser líder entre os discípulos. Em Mateus 10.2 lemos: “O primeiro, Simão, chamado Pedro” (também em Mc 3.16; Lc 6.14). Fazia parte do círculo mais íntimo dos discípulos de Cristo, no qual encontravam-se também Tiago e João (Mc 5.37; 9.2; 13.3; Lc 8.51).

Vemos, portanto, dois momentos decisivos na vida de Pedro: seu chamado no mar da Galileia — também chamado de mar de Quinerete ou Kinnereth (Nm 34.11; Js 12.3; 13.27), lago de Genesaré (Lc 5.1; Mt 14.34) ou mar de Tiberíades (Jo 6.1; 21.1) — e sua confissão de fé em Cesareia de Filipe. Foi neste momento que o Senhor disse a ele: “[…] Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.17,18, ARA).

A partir da pesca maravilhosa no mar da Galileia (Lc 5.1-11), Pedro vai-se tornando mais próximo do Mestre a cada dia. Ele é participativo, falante, sempre está por perto, faz perguntas, quer aprender, interage, vive experiências marcantes, mas também é repreendido por agir mais por impulso do que pela fé. No entanto, logo depois de sua importante declaração de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, seu ministério deveria ter adquirido outro status, já que o Mestre disse a ele: “eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16.18).

Como vimos, Jesus não quis dizer que Pedro tornou-se o fundamento da Igreja ou o seu primeiro papa por causa de sua confissão de fé, e sim que, desde então, sua responsabilidade aumentou. Todavia, minutos depois, o mesmo apóstolo põe tudo a perder ao incentivar o Salvador a desistir da cruz.

Jesus era um tipo de Mestre que corrigia seus discípulos — especialmente os que estavam participando de um treinamento especial, como era o caso de Pedro — imediatamente. E, por isso, reagiu sem meias palavras: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt 16.23). Que ironia!

Talvez, em toda a Bíblia, esse apóstolo seja o único que entregou a mensagem de Deus e, em seguida, empolgado, passou a falar da parte do Diabo.

Quando se quer elogiar a potência de um automóvel, diz-se que ele vai de zero a cem quilômetros em poucos segundos. No caso de Pedro, ele foi do “céu” ao “inferno” em poucos minutos, e essa experiência dupla parece ter afetado seu comportamento. A partir desse episódio até a última Páscoa de Jesus com seus discípulos, com exceção do ocorrido no monte da Transfiguração, vemos um Pedro mais comedido, cuidadoso com as palavras, menos afoito e disposto a seguir o Mestre mais de perto. (Zibordi., Ciro Sanches, Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018).

2. Pedro nega Jesus três vezes.

Pedro se achava forte demais, que ele era uma rocha, mas na verdade era pó. Apesar da séria advertência da sua fragilidade espiritual revelada pelo Senhor Jesus: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.31,32), demonstra autossuficiência diante do que o Senhor tinha dito a respeito de todos os discípulos (Mt 26.31), Pedro de forma arrogante responde: “[…] ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei” (Mt 26.33). Em lugar de ser humilde, Pedro se projeta acima dos demais, insinuando ser mais leal do que seus pares: “[…] ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu” (Mc 14.29). Confiar em se mesmo é insensatez, é o primeiro passo para a queda espiritual (Pv 16.18).

No primeiro degrau a negação. Quando estava assentado à beira da fogueira, uma serventuária aproximou-se e disse, olhando para ele: “Este também estava com ele” (Lc 22.56). E o “corajoso” Pedro “negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço” (v. 57). O homem que recebeu Jesus em sua casa e fazia parte de seu círculo de amigos mais chegados agora o nega. Pouco tempo depois, “vendo-o outro, disse: Tu és também deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou” (v. 58).

Passada “quase uma hora, um outro afirmava, dizendo: Também este verdadeiramente estava com ele, pois também é galileu” (Lc 22.59). Todos os apóstolos, exceto Judas Iscariotes, eram galileus.

Pedro, porém, respondeu-lhe com a maior desfaçatez: “Homem, não sei o que dizes” (v. 60).

Ele fez isso, enquanto “os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o. E, vedando-lhe os olhos, feriram-no no rosto e perguntaram-lhe, dizendo: Profetiza-nos: quem é que te feriu?” (vv. 63,64).

Ao negar a Jesus pela terceira vez, o galo começou a cantar, e Pedro percebeu o tamanho do seu pecado. Não bastasse o canto do galo, o próprio Jesus, em meio a escarnecedores e torturadores, virou-se e olhou para Pedro, que, imediatamente, “lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe tinha dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes. E, saindo Pedro para fora, chorou amargamente” (Lc 22.61,62).

No segundo degrau a mentira. O quarto Evangelho menciona outros detalhes desse quádruplo pecado de Pedro. Ele estava com outro discípulo — possivelmente, o apóstolo João —, que entrou na sala do sumo sacerdote, enquanto aquele ficou do lado de fora (18.15,16). Quando tal discípulo, que conhecia o sumo sacerdote, pediu para a recepcionista chamar Pedro, ela perguntou-lhe:

“Não és tu também dos discípulos deste homem?” E ele, friamente, respondeu: “Não sou” (v. 17). Havia servos e criados aquentando-se ao redor da fogueira; fazia muito frio. Logo que Pedro entrou ali, perguntaram a ele: “Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou e disse: Não Sou” (Jo 18.25). No entanto, para sua surpresa, “um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi no horto com ele?” (v. 26). Nova negação, “e logo o galo cantou” (v. 27). Pedro, portanto, mentiu descaradamente ao dizer que não conhecia Jesus.

Veja como é grande o amor de nosso Senhor Jesus, a ponto de perdoar, posteriormente, tamanha deslealdade e traição!

No terceiro e quarto degraus, juramento e maledicência. Mateus informa que Pedro negou ao Senhor “diante de todos” (26.70) e, ao negá-lo pela segunda vez, fez isso “com juramento” (v. 72). Por fim, quando os serventuários perceberam que ele era galileu — sua própria fala denunciava-o (v. 73) —, começou “a praguejar e a jurar” (v. 74; cf. Mc 14.71), dizendo que não conhecia o Nazareno.

Pedro chegou, de fato, ao “fundo do poço”. Negou, mentiu, jurou e praguejou. E, se não fosse a graça de Deus, seu destino teria sido o mesmo de Judas.

Na hora mais decisiva da vida do Senhor, Pedro negou a Jesus, à sua fé, ao seu apostolado e ao seu próprio nome. Ele recusou-se a identificar-se com o Galileu e o Nazareno (Mt 26.69-72). Esses dois qualificativos lançavam sobre Jesus uma pecha negativa, com fortes laivos de preconceito.

Os galileus eram vistos em Jerusalém como gente de segunda classe, um povo atrasado, pobre, doente e possesso. “Nazareno” era […] uma palavra assaz pejorativa, pois o entendimento da época é que nada de bom poderia ter saído de Nazaré (LOPES, 2015, p. 57-58).

Ser galileu ou nazareno nos dias em que Jesus andou na terra equivalia, em certa medida, a ser um cristão na pós-modernidade. Nessa era pós-cristã, os seguidores de Jesus são tratados como gente de segunda classe, atrasada, fanática e fundamentalista. Entretanto, aprendamos com o Mestre, que, mesmo sendo visto com preconceito pela sociedade daquela época, ganhou muitas almas para o Reino de Deus (Jo 1.45-51; 4.1-30). Como o próprio Pedro — que ora nega a Jesus — ensinará, devemos estar sempre preparados para responder ao mundo apologeticamente (1 Pe 3.15). (Zibordi., Ciro Sanches, Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018).

II – PEDRO APÓS O PENTECOSTES

1. Pedro batizado no Espírito Santo.

O Pentecostes foi um divisor de águas na vida de quem tantas vezes esteve dentro do mar da Galileia! “Antes de ser revestido com o poder do Espírito Santo, Pedro era um homem impetuoso, mas covarde; falante, mas precipitado; ousado em suas declarações, mas frágil em suas atitudes” (LOPES, 2015, p. 84).

Diante da zombaria de uma parte da multidão de judeus no dia de Pentecostes, ele colocou-se em pé, apresentando-se para falar. Num primeiro momento, ele apenas respondeu à pergunta: “Que quer isto dizer?”, seguida da acusação absurda de que os cristãos estavam “cheios de mosto”, citando a célebre profecia de Joel 2.28-21 (At 2.12-21). Foi somente depois dessa resposta pontual que ele, de fato, começou a pregar cheio do Espírito Santo. (Zibordi., Ciro Sanches, Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018).

2. Pedro e a cura do coxo.

Pedro um homem pentecostal e humilde, e milhares de judeus arrependidos após a pregação se converteram-se, de fato, haja vista as suas características. De acordo com Atos 2.42-47, eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão e no partir do pão, ajudavam uns aos outros e eram tementes a Deus, louvando-o todos os dias.

No entanto, como os apóstolos foram treinados pelo Mestre para não dormir sobre seus louros, o terceiro capítulo de Atos dos Apóstolos inicia com Pedro e João subindo “juntos ao templo à hora da oração, a nona”. Esse lugar sagrado era, para eles, seu local preferido de oração, embora não tomassem parte dos sacrifícios — uma vez que o Cordeiro de Deus fora oferecido de uma vez por todas — (cf. Mt 21.13).

Pedro e João mantiveram a tradição dos judeus de orar em três turnos no Templo. Como o dia judaico começava às seis da manhã (primeira hora) e terminava às seis da tarde (hora duodécima), havia três momentos de oração por dia para os devotos do judaísmo. Eles oravam às nove da manhã (hora terceira), ao meio-dia (hora sexta) e às três da tarde (hora nona).

Os apóstolos oravam porque queriam cumprir o chamado que receberam do Senhor. E o Paráclito começou a realizar grandes milagres por meio deles (At 2.43), cumprindo a promessa de Jesus de que fariam obras maiores do que as suas por meio do Espírito Santo (Jo 14.12-17). E, ao dirigirem-se ao Templo, depararam com um homem coxo “desde o ventre de sua mãe” que era levado com frequência para junto da porta chamada Formosa para pedir esmola (At 3.2).

Não há consenso entre os eruditos sobre esse portão (ou porta). Para alguns, como não havia nenhuma porta com esse nome, trata-se de uma em honra de Nicanor (de Alexandria) chamada de “Formosa” por ser toda de bronze. Como se supõe, entre “o átrio dos gentios e o átrio das mulheres havia uma bela porta de bronze cinzelado, estilo corinto, com incrustações de ouro e prata. Era mais valiosa do que se tivesse sido feita de ouro maciço” (HORTON, 1983, p. 45). Quem olhava para esse portão, que dava acesso ao pátio do Templo, e para os mendigos à sua frente, podia refletir sobre a desigualdade em Jerusalém.

Sempre ignorado por sacerdotes, levitas e outros frequentadores do Templo, o mendigo aleijado teve uma surpresa quando abordou Pedro e João. Estes não apenas pararam para ouvir seu pedido, como também lhe disseram: “Olha para nós” (At 3.4).

Deus sempre começa o milagre por meio daquilo que podemos fazer. O mendigo de Jericó, que não podia ver, precisou colocar-se em pé (Mc 10.49). Já o de Jerusalém, que não podia levantar-se, teve de olhar para os apóstolos. E ele mirou-os, com a mão estendida, esperando receber uma moeda.

O primeiro pregador pentecostal tinha algo mais precioso para oferecer-lhe. Se fosse um pregador triunfalista, adepto do antropocentrismo, teria dito ao aleijado: “Determina a tua cura agora!”. E, se o homem não tivesse sido curado, dir-lhe-ia que não teve fé para fazê-lo. Pedro, porém, era verdadeiramente pentecostal e disse-lhe: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6).

Estamos diante de um novo Pedro — guiado pelo Paráclito —, o qual falou com autoridade e, pela fé, levantou pela mão um homem que jamais andara e sequer sabia caminhar (At 3.7). Para alguém andar, não basta apenas ter pernas saudáveis. É preciso saber usá-las. Uma criança, por exemplo, leva vários dias para aprender a dar os primeiros passos.

Portanto, o que houve ali foi mais que uma restauração de pernas e pés!

Não pensemos, porém, que esse milagre ocorreu por causa da fé de Pedro ou da do mendigo. Os mestres triunfalistas, que prezam o falso evangelho antropocêntrico, costumam supervalorizar a fé — a fé na fé —, que é apenas o meio usado por Deus para realizar grandes maravilhas.

Curado, o homem entrou no Templo e começou a saltar, louvando a Deus diante daqueles que o conheciam, mas jamais o ajudaram. A narrativa de Lucas sugere que ele puxou os apóstolos pela mão para alegrarem-se com ele (At 3.8-10). Além de andar, o mendigo estava realizando outro sonho, o de ingressar no Templo, visto que “aos aleijados não era permitida a entrada” (HORTON, 1983, p.46).

Pense num homem alegre, saltando e glorificando a Deus sem nenhum receio! Não se tratava, porém, de dança exibicionista, frenética ou performática dentro da Casa de Deus, como vemos nos dias de hoje, e sim do extravasamento de uma felicidade jamais sentida por aquele mendigo até então.

Os dois apóstolos estavam preparados para não cair na tentação de receber o louvor do povo. E, diante da alegria do homem curado e do assédio da multidão, o pregador pentecostal sabia que precisava manter-se humilde e dar toda a glória a Jesus. Lucas diz que o povo estava maravilhado com o ocorrido e apegou-se a Pedro e João, junto ao chamado pórtico ou alpendre de Salomão, ignorando que fora o Senhor quem havia levantado o coxo de nascença (At 3.10,11).

Pedro era realmente um novo homem.

Diferentemente de muitos pregadores da atualidade que se gabam de ser pentecostais, mas que, na verdade, são soberbos, ele disse ao povo: “Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?” (At 3.12). Calcula-se que havia ali, nos arredores do Templo, cerca de dez mil pessoas (cf. HORTON, 1983, p. 47). Que oportunidade para anunciar a Cristo! (Zibordi., Ciro Sanches, Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal. Editora CPAD. 1 Ed. 2018).

3. Pedro avivado em outras ocasiões.

O livro de Atos, embora seja conhecido como Atos dos Apóstolos, destaca especialmente o ministério de Pedro e Paulo. Esses dois apóstolos são destacados como pregadores e operadores de milagres. O livro de Atos registra vários milagres operados por Pedro e outros experimentados por ele.

O primeiro milagre operado por Pedro foi a cura do paralítico na Porta Formosa do templo (At 3.1-3). Esse milagre deu a Pedro a oportunidade de pregar seu segundo sermão em Jerusalém, elevando o número de crentes para cinco mil.

O segundo milagre foi a morte instantânea de Ananias e Safira, num claro juízo de Deus à hipocrisia desse casal, que, para ganhar notoriedade na igreja, mentiu ao Espírito Santo (At 5.1-11).

O terceiro milagre ocorreu em Jerusalém, quando os enfermos eram levados pelas ruas e colocados em leitos c macas, para que, quando Pedro passasse, ao menos sua sombra se projetasse sobre alguns deles. Também das cidades ao redor ia muita gente para Jerusalém, levando doentes e atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados (At 5.15,16).

O quarto milagre acontece em Lida, quando Pedro cura o paralítico Eneias (At 9.32-35). Depois de Lucas nos relatar a conversão de Saulo, volta sua atenção para Pedro. No começo da perseguição da igreja, os apóstolos julgaram prudente permanecer em Jerusalém (At 8.1b), mas, agora que a igreja estava desfrutando um tempo de paz (At 9.31), sentiram-se livres para deixar a cidade. É dessa forma que Pedro inicia seu ministério itinerante (At 9.32a), pregando o evangelho e visitando os santos (At 9.32b).

A cura de Eneias foi algo maravilhoso. Ele era paralítico, e havia oito anos jazia de cama. Pedro lhe disse: […] Eneias, Jesus Cristo te cura. Levanta-te e arruma a tua cama. Ele logo se levantou (At 9.34). De maneira ainda mais nítida do que na cura do mendigo aleijado em Atos 3, aqui Jesus é imediatamente destacado como o verdadeiro e único doador da cura. Pela autoridade do seu nome, o Cristo ressurreto restabeleceu Eneias completamente. A cura foi instantânea, e o homem conseguiu se levantar e arrumar sua cama (At 9.34). Tornou-se um milagre ambulante, pois todos aqueles que viram esse fato extraordinário em Lida e Sarona converteram-se ao Senhor (At 9.35).

O quinto milagre aconteceu em Jope. Em Atos 9.36-43, há o registro da ressurreição de Dorcas (Tabita = gazela), uma mulher notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Ela vivia integralmente dedicada à beneficência e à ajuda ao próximo. Ela cuidava especialmente das viúvas. Essa notável serva do Senhor adoeceu e morreu, e os irmãos colocaram seu corpo no cenáculo. Não havia registro até então de que os apóstolos tivessem sido usados por Deus para a ressurreição de mortos. Isso mostra a fé e a confiança dos crentes de Jope em mandar buscar Pedro em Lida.

Pedro chegou e ordenou que as pessoas que estavam chorando e lamentando saíssem do quarto, pois o milagre que estava para acontecer ali não era um espetáculo, e ele, colocando-se de joelhos, orou e, voltando-se para o corpo, disse: […] Tabita, levantaste. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Ele lhe deu a mão, levantou-a e, chamando os santos, e as viúvas, apresentou-a viva (At 9.40,41). Que diferença fundamental em relação a todas as práticas feiticeiras e milagreiras de cunho ocultista! Aqui não são sussurradas fórmulas mágicas, não se cita nenhum nome misterioso, nem se realizam estranhas benzeduras. Emite-se uma ordem cordial, e espera-se com fé que essa ordem, possível como tal, será cumprida pela ação de Deus. (LOPES. Hernandes Dias. Pedro: Pescador de homens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2015. pag. 133-135).

III – A IGREJA DE HOJE E O AVIVAMENTO DO PENTECOSTES

1. A Igreja atual e o Pentecostes.

Há um grupo de teólogos que, se não peca por comissão, está sempre a pecar pelas omissões incabíveis e até impiedosas que perpetram contra a doutrina pentecostal.

Alegam eles, entre outras coisas, que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais já não têm qualquer serventia ou préstimo para estes últimos dias. E que só foram necessários àqueles dias primeiros da Igreja. As Escrituras Sagradas e a história do Cristianismo os desmentem; demostram que a experiência pentecostal jamais se ausentou dos arraiais cristãos. E tão atual hoje como o foi aos tempos antigos.

Em seu discurso, o apóstolo Pedro é mais do que conclusivo: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 3.39). Ao comentar essa passagem, o pastor Donald Stamps confirma: “A promessa do batismo no Espírito Santo não foi apenas para aqueles presentes no dia de Pentecostes, mas também para todos os que cressem em Cristo durante toda esta era. O batismo no Espírito Santo com o poder que o acompanha, não foi uma ocorrência isolada, sem repetição, na história da igreja”.

Não é somente a Bíblia que nos está a atestar essa verdade; a própria história comprova a realidade do Pentecostes em todas as eras. (Andrade. Claudionor Corrêa de, Fundamentos Bíblicos De Um Autêntico Avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pag. 103-104.

2. Tempos de multiplicação da iniquidade.

Na Segunda Carta a Timóteo diz: Sobrevirão tempos trabalhosos (2Tm 3.1). Abruptamente, o apóstolo volta sua atenção à maldade dos últimos dias e aos desastres dos erros doutrinários. Tal discussão é uma importante mudança na carta, passando das instruções pessoais a Timóteo para o enfoque dos falsos mestres. É o ataque final do apóstolo às heresias antes de sua conclusão pessoal de encorajamento a Timóteo.

Embora as Cartas Pastorais tenham repetidamente abordado a questão dos falsos mestres, neste contexto Paulo se refere ao conflito sob uma perspectiva teológica — a presença dos falsos mestres como uma indicação do final dos tempos. O Novo Testamento usa a expressão “últimos dias” para referir-se à vinda de Cristo, ao advento da nova era, e à era cristã (cf. At 2.16-21; Hb 1.2). Em outras palavras, os tempos do fim já chegaram, e estamos vivendo esta era.

O ponto principal é que Paulo deseja que Timóteo saiba (isto é, entenda, reconheça, perceba) “que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos”. O verbo “sobrevir”, nesta oração, não é simplesmente copulativo, uma vez que indica algo que é iminente. Fee (1988,269) assinala a conexão entre o fim dos tempos e a dificuldade como uma característica comum no apocalipse judaico do Antigo Testamento (Dn 12.1), na literatura intertestamentária (1 Enoque 80.2- 8; 100.1-3; Ascensão de Moisés 8.1; 2 Baruque 25-27; 48.32-36; 70.2-8), nas palavras dejesus (Mc 13-3-23), e nos escritos da igreja primitiva (1 Co 7.26; 2 Pe 3.3; 1 Jo 2.18; Jd 17,18). Estes últimos dias são descritos como “trabalhosos” ou “terríveis”, não simplesmente porque serão difíceis ou perigosos, mas por causa do mal associado a eles.

As Pessoas que Devem Ser Evitadas (3.2-5). Apesar de Paulo usar o tempo futuro no verso anterior, a lista de vícios apresentada reflete os problemas que prevaleciam na sociedade pagã, provando que Timóteo já estava vivenciando estes males. Já vimos uma lista de defeitos em 1 Timóteo 1.9,10 (cf. Rm 1.29-31; 1 Co 6.9,10), que era claramente organizada; porém esta lista de dezoito características parece não ter um padrão organizacional:

1) A lista começa descrevendo estas pessoas como “amantes de si mesmos” (v. 2). O egoísmo encabeça a lista dos males do final dos tempos;

2) O materialismo vem em segundo lugar; as pessoas serão “avarentas”, amando o dinheiro e aquilo que este é capaz de comprar;

3) A arrogância é o terceiro vício. A palavra “presunçosos” se refere a “alguém que alardeia e ostenta suas realizações, e em sua jactância ultrapassa os limites da verdade, procurando se destacar e se engrandecer em uma tentativa de impressionar” (Rienecker, 1980, 644);

4) A pessoa “soberba” (isto é, arrogante ou altiva) é “alguém que procura se mostrar superior aos outros” (ibid.);

5) Os “blasfemos” são aqueles que usam suas palavras para caluniar os outros. O termo grego fornece a raiz da palavra portuguesa “blasfêmia”;

6) Os “desobedientes a pais e mães” são os rebeldes;

7) Eles são “ingratos” ou mal-agradecidos;

8) Eles são “profanos” ou não religiosos (cf. 1 Tm 1.9);

9) Aqueles “sem afeto natural” (v. 3) são os que não amam a família, e insensivelmente não amam aos pais, isto é, desprezam o afeto natural. Sêneca cita a prática de expor os bebês indesejados como uma ilustração de tal falta de humanidade e sensibilidade, e de afeto natural (Brown, 1976, 2.542);

10) Os “irreconciliáveis” são aqueles cuja hostilidade não admitirá nenhuma trégua, aqueles que recusam a reconciliação, os implacáveis;

11) Os “caluniadores” são aqueles cujas palavras (literalmente) “diabólicas” colocam as pessoas em conflito umas com as outras. Promovem os conflitos na esperança de ter algum benefício (Lock, 1973, 106);

12) Aos “incontinentes” falta o poder e a autodisciplina da conversação até o apetite; não possuem a temperança;

13) Os “cruéis” são como os animais selvagens — indomados e incivilizados;

14) Aqueles que não têm “amor para com os bons” são indiferentes à bondade; odeiam o bem e não têm qualquer escrúpulo em relação à virtude;

15) Os “traidores” (v. 4) são falsos e enganadores. “Esta palavra era usada para alguém que traísse seu país ou que não cumprisse um juramento, ou ainda para aqueles que abandonassem outra pessoa em perigo” (Rienecker, 1980, 644);

16) Os “obstinados” são negligentes. Este adjetivo vem do verbo “cair à frente ou adiante”; isto é, ser precipitado em palavras ou atitudes. Estas pessoas “não medem as consequências para alcançar os seus objetivos” (Kelly, 1963, 194);

17) Os “orgulhosos” (literalmente) se “inflam, ou se enchem com fumaça”, ou “incham”. Todas estas imagens, como na idéia hebraica da névoa, da fumaça ou do vapor, significam vaidade, vazio, falta de autenticidade (veja também 1 Tm 3.6; 6.4);

18) Nesta lista, que apresenta pessoas com más condutas, existem numerosos exemplos de amor impróprio ou mal orientado. O exemplo final é o pior de todos — trata-se daqueles que são “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”. Estes hedonistas mantêm a “aparência de piedade” (cf. 1 Tm 2.2; Tt 1.16) enquanto negam seu poder. O apóstolo retornou ao enfoque de suas observações que eram direcionadas aos falsos mestres.

Estes gostavam das expressões visíveis, das práticas ascéticas e das discussões intermináveis sobre trivialidades religiosas, pensando ser obviamente justos por serem obviamente religiosos. Mas assim “negaram” a eficácia ou o poder da piedade cristã, eusebeia, por tomarem parte em tantas atitudes e práticas “não religiosas” que caracterizaram o mundo pagão (Fee, 1988, 270-271; ênfases acrescentadas pelo autor).

O apóstolo Paulo tem uma ordem explícita para Timóteo a respeito de tais pessoas; “Destes afasta-te”. (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1497-1498).

3. A Igreja será arrebatada.

A santificação da igreja torna possível a Cristo apresentar-se a si mesmo igreja gloriosa (Ef 5.27). Não devemos entender o verbo apresentar (parastese) com o sentido de apresentação de uma oferta, mas como mera “demonstração” de que Cristo é, “ao mesmo tempo, o agente e o fim ou objetivo da apresentação”. Cristo apresenta a sua noiva a si mesmo. E estranho que a preparação da noiva para o casamento seja fundamentalmente trabalho do Noivo. Não há embelezamento externo que a torne aceitável para ele. Beleza é o trabalho do amor. Neste caso, o amor sacrificatório do Noivo refina a relação com a igreja até que a noiva apareça na beleza da santidade.

Gloriosa significa “de acordo com a natureza com que ele a dotou”, uma natureza resplandecente por seus próprios méritos. Westcott parafraseia a expressão sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante por “sem um traço de corrupção ou marca de idade”. Wesley interpreta sem mácula por “impureza de qualquer pecado”. Ele explica que ruga é uma “deformidade de qualquer deterioração”. Santa e irrepreensível é repetição do pensamento de Ef. 1.4. Este é o grande objetivo do ministério de purificação do Senhor.

Em 2 Coríntios 11.2, o apóstolo fala do seu próprio “ciúme divino” sobre a igreja para apresentá-la como “noiva pura para o marido” (RSV). A última apresentação ocorrerá no dia final da aparição de Cristo, mas mesmo agora está ocorrendo, para que os homens vejam a maravilhosa graça de Cristo.

Nos versículos 25 a 27, temos “A igreja Gloriosa”. A igreja detém uma relação tripla:

a) Com o mundo, é a ecclesia (os reunidos);

b) consigo mesma, é a koinonia (comunhão);

c) com Cristo sendo seu corpo, é o kerygma (pregação).

1) A igreja é amada para que seja santificada, 25,26;

2) A igreja é santificada e purificada: pela lavagem da água — o batismo. Pelo sangue aplicado, conforme apresentado na Ceia do Senhor. Pela palavra. Todos estes são vitalizados e efetuados na presença do Espírito, 26.

3) A igreja é apresentada como a noiva de Cristo, submissa, gloriosa, universal e vitoriosa, 27 (G. B. Williamson). (Willard H. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Efésios. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 185).

CONCLUSÃO

A biografia do apóstolo Pedro é um clássico exemplo do que Deus é capaz de fazer na vida de uma pessoa, que apesar das suas fragilidades e declínio espiritual, mas, ao se permitir ser trabalhado pela ação do Espírito Santo, pode desfrutar de uma vida cheia da presença do Senhor, desfrutando de um ministério frutífero para a glória de Deus.

- Propaganda - spot_img

Últimas Noticias

- Propaganda -