Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4)
INTRODUÇÃO
No próximo domingo estudaremos o avivamento produzido por intermédio do Espírito em Atos. Veremos que é uma promessa que diz respeito a todo crente salvo em Cristo Jesus. Esse avivamento do Espírito traz vida a igreja local, dinamiza a sua obra e, em tudo, glorifica a Cristo. O Avivamento gerado no Espírito Deus unge seus servos para uma grande obra e autentica o ministério cristão. Assim, não podemos viver uma atividade ministerial que não esteja sob o pleno domínio do Espírito. Do contrário, é a carne que tomará a frente, valores opostos ao Evangelho que prevalecerão.
I – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O PÚBLICO-ALVO
1. O chamado abrangente de Jesus.
A essência do Evangelho. “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus”.
A palavra “evangelho” significa literalmente “boas novas”. Sua essência pode ser assim sumariada: Deus, na pessoa de Cristo, veio ao mundo para libertar a humanidade do jugo do pecado. E a sua substância é composta pelos ensinos que Jesus ministrou acerca de nossa salvação, e pelo que Ele fez para no-la obter.
Terminada a guerra civil americana, achavam-se uns soldados escondidos num bosque, sobrevivendo com frutinhas silvestres e água. Não sabiam que a guerra chegara ao fim. Mas para sair daquela situação, era mister crer nas boas notícias: A guerra chegara ao fim.
Milhões de homens, mulheres e crianças estão a viver amedrontados, alimentando-se dos detritos do mundo; acham que não existe nada de melhor para eles. Ainda não sabem que a guerra contra o pecado já foi vencida por Cristo e, que agora, podemos usufruir de uma paz singular.
Eles têm de saber que Jesus morreu para libertá-los do pecado!
Certa menina pobre ficou doente, e foi levada ao hospital, onde ouviu falar de Jesus. Jamais ouvira história tão linda! Certo dia, perguntou enfermeira: “A senhora já ouviu a história do nascimento de Jesus?”. “Sim” respondeu a enfermeira. Então a menina replicou: “Pela sua aparência pensei que ainda não a tivesse ouvido.” “Qual é a minha aparência?” perguntou a enfermeira. Oh, como a da maioria das pessoas, meio tristonha. Pensava que ninguém ficaria triste se conhecesse a história de Cristo’. Sinos de alegria repicam nos corações dos que realmente “creem no evangelho”.
O arrependimento, precursor da fé. “João pregava o batismo do arrependimento”. O Evangelho são as Boas Novas; leva-nos a ver nossos pecados à luz da santidade divina. Se o pecado fosse uma enfermidade que pudesse ser tratada pela medicina, não necessitaríamos recorrer ao Evangelho. Quando, porém, vemos quão terrível julgamento aguarda os que se entregam ao pecado, conscientizamo-nos de que não há outro remédio senão aceitar a Cristo como nosso único e suficiente Salvador.
Reduzida a termos mais simples, a receita do Evangelho é: “Arrepende-te e crê; vê o teu pecado; aproxima-te de Cristo, Redentor nosso”. (Myer Pearlman. Marcos, O Evangelho do Servo de Jeová. Editora CPAD. 6 Ed. 2006. pag. 15-16).
2. A promessa é para todos os salvos.
O Batismo com o Espírito Santo foi profetizado pelo profeta Isaías (28.11; 44.3); Joel (Jl 2.28,32); João Batista (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16); e por Jesus (Mc 16.17; Lc 24.49-51; At 1.4,5).
A seguir, Pedro promete que os que se arrependerem e forem batizados, “receberão o dom do Espírito Santo”. Esta promessa deve ser entendida no contexto do derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes, o qual Pedro e seus colegas há pouco experimentaram. O trabalho inicial do Espírito segue o arrependimento e lança numa nova vida em Cristo. A promessa de Pedro se refere a um subsequente dom gratuito do Espírito e cumpre a promessa de Joel de poder carismático e pentecostal. Tal poder equipa os crentes para serem testemunhas de Cristo e os capacita a fazer milagres (cf. At 2.43). Este batismo é uma roupa com poder; é um dom que Jesus encoraja os discípulos a buscar (Lc 11.13).
O cumprimento da promessa do batismo no Espírito Santo. Em Atos encontramos o cumprimento da promessa do Batismo (At 1.5; 2.39; 8.14-20; 9.17; 10.44-48; 19.1-7). Esta promessa pronunciada pelo Pai através do profeta Joel (Jl 2.28,29) é uma promessa:
a) segura: “(eu) derramarei”;
b) abundante: “sobre toda a carne”; e,
c) abrangente: “…e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões”.
Logo, podemos concluir que através do derramar do Espírito Santo quatro preconceitos são quebrados:
a) o preconceito racial: “toda a carne”;
b) o preconceito sexual: “filhos e filhas”;
c) o preconceito etário: “velhos e jovens”; e,
d) o preconceito social: “servos e servas”.
O poder pentecostal é prometido a todos os crentes: “A vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe” (i.e., aos gentios). O Batismo no Espírito é uma experiência potencialmente universal, como demonstram Cornélio e sua casa (At 10) e os discípulos em Éfeso (19.1-7). A promessa de uma dotação especial do Espírito não é somente para a audiência imediata de Pedro, mas para todos os que creem em Jesus Cristo e o seguem em obediência (cf. At 5.32). Não há restrição de tempo — de geração em geração (At 2.39); não há restrição social—de jovem a velho, de mulher a homem e de escravos a pessoas livres (w. 17,18); não há restrição geográfica — de Jerusalém até aos confins da terra (At 1.8).
3. O engano dos cessacionistas.
Eles creem e afirmam que o batismo no Espírito Santo, com sinais evidentes de línguas estranhas, bem como os outros sinais no dia de Pentecostes, foi “apenas para aqueles dias”, ou seja, para os dias apostólicos; e há outros que seguem teólogos e intérpretes da Bíblia que dizem que o batismo no Espírito Santo é a própria conversão. Já vimos em capítulo anterior que tal afirmação não corresponde à realidade dos fatos narrados no Novo Testamento.
Os que se encontravam no cenáculo todos os dias orando e esperando “a promessa do Pai” não eram descrentes; muito pelo contrário, eram salvos e fiéis seguidores de Jesus. Participaram do seu ministério, que durou cerca de três anos, e continuaram crendo, ensinando o seu evangelho, que eram “boas novas” de poder, de unção e evidências de que o fenômeno do batismo com línguas estranhas não era uma mensagem qualquer, de natureza religiosa, filosófica ou retórica e passageira. Era, na verdade, a mensagem de Deus para os judeus, para a Igreja e para o mundo. Assim, nós, pentecostais, somos continuístas. Aceitamos que o batismo no Espírito Santo, com evidência do falar em línguas estranhas, e os dons espirituais são para todos os tempos desde que a Igreja foi inaugurada no Pentecostes. (Renovato. Elinaldo, Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).
4. FUNDAMENTOS BÍBLICOS E ABRANGÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
O Batismo no Espírito Santo é a externalização de uma experiência reconhecível, audível e visível. Não é uma prática destituída de doutrina; acha-se assentada num forte e inamovível fundamento bíblico teológico. Não é modismo, pelo contrário, é:
- uma promessa feita pelo Pai (Is 44.3),
- confirmada pelo Filho (At 1.5) e
- manifestada pelo Espírito Santo (At 2.4).
II – O DINAMISMO DA IGREJA APOSTÓLICA
1. A Igreja nasce avivada.
Quando conceituamos Pentecostes, pois era a segunda festa do primitivo calendário bíblico e possui três nomes no AT:
(a) hag haqasir, festa da Colheita (Ex 23,16);
(b) hag xabu´ot, festa das Semanas (Ex 34,22); e
(c) yom habakurim, Dia dos Primeiros frutos (Nm 28,26).
O nome desta festa, entre os cristãos, é Pentecostes, cinquenta dias depois (da Páscoa). O nome Colheita tem sua razão de ser. A festa acontecia no período da colheita dos grãos (trigo e cevada). Porém, a denominação, mais difundida no AT, é festa das Semanas porque ela era realizada sete semanas depois da Páscoa (Dt 16,10-12).
Foi nesse cenário que a Igreja de Cristo veio a existir como tal no Dia de Pentecostes, quando foi consagrada pela unção do Espírito Santo. Assim como o Tabernáculo foi construído e depois consagrado pela descida da glória divina (Êx 40.34), de igual modo os primeiros membros foram congregados no cenáculo e consagrados como Igreja pela descida do Espírito Santo.
O que é Batismo no Espírito Santo.
“Falar em línguas é expressar-se com palavras o que nunca aprendemos, mas que nos são comunicadas diretamente pelo Espírito Santo. Não se manifesta através de palavras pensadas de antemão ou vocalizadas pela pessoa que fala […]. As línguas constituem um milagre vocal e não um milagre mental” (CARLSON apud RENOVATO, 2014, p. 63).
O falar noutras línguas era entre os crentes do NT, um sinal da parte de Deus para evidenciar o batismo no Espírito Santo (At 2.4; 10.45-47; 19.6). A Palavra de Deus ensina o seguinte sobre o batismo no Espírito Santo. Vejamos:
a) O batismo no Espírito Santo é uma promessa divina. No AT os profetas anunciaram que Deus daria esta bênção ao Seu povo (Pv 1.23; Is 44.3; Jl 2.28,29). No NT é confirmado (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; 24.49; At 1.4; 2.7,12,13, 16-21; 1Co 14.21).
b) O batismo no Espírito Santo é apenas para os salvos. Os que nascem de novo e experimentam a verdadeira conversão, estes, recebem o Espírito Santo para neles habitar e receber o batismo (Jo 14.17; At 2.4).
c) O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração. O batismo com o Espírito Santo é uma experiência subsequente à regeneração e nunca antes (Jo 20.22; Lc 24.49; At 1.5,8; 11.17; 19.6). O batismo com o Espírito Santo não é o mesmo que a regeneração (Jo 14.16,17). Nem todos os salvos são batizados no Espírito Santo no momento da conversão, mas sim, tempos depois (At 10.44-46). Sendo uma experiência subsequente à salvação e completamente diferente ato da regeneração (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16; Gl 4.6).
d) O batismo no Espírito Santo é experimentar a plenitude do Espírito (At 1.5; 2.4). Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo no dia de Pentecoste (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14);
e) O batismo no Espírito Santo é falar noutras línguas. Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do Espírito Santo (At 2.4; 10.45,46; 19.6) e, é uma expressão vocal mediante a qual o crente fala numa língua que nunca aprendeu ou estudou (At 2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas podem ser humanas (At 2.6), ou desconhecidas (1Co 13.1);
f) O batismo no Espírito Santo é um revestimento de poder. Esse poder é uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação estão presentes com seu povo (At 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4; 12.7-10). Em uma das vezes que Jesus fez alusão ao batismo no Espírito Santo o chamou de “revestimento de poder” (Lc 24.49; At 1.8).
g) O batismo no Espírito Santo é um dom do Espírito. O apóstolo Pedro diz que o batismo com o Espírito Santo é um dom (At 2.38; 10.45). “Dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja” (SOARES, 2017, p. 121).
h) O batismo no Espírito Santo é uma experiência válida para a era da igreja. Embora haja quem advogue que os dons espirituais ficaram restritos ao período apostólico o texto bíblico atesta claramente que tanto o batismo no Espírito Santo como os demais dons são válidos para toda a era da igreja (At 2.39). O testemunho bíblico e histórico, confirma que os dons espirituais são vigentes para todo o período da Igreja (Mc 16.17).
2. A Igreja depois do Pentecostes.
Além do crescimento numérico, o derramamento do Espírito provoca outras mudanças. Começa a emergir entre os crentes o que pode ser descrito por um “estilo de vida pentecostal”. Lucas pinta a vida desta comunidade de quatro modos.
1) Os novos-convertidos são crentes compromissados, que se dedicam firmemente a tudo que é ensinado pelos apóstolos. Os apóstolos foram testemunhas oculares do ministério de Jesus, e os ensinos provêem a fundação para a Igreja. Jesus tinha ordenado que os apóstolos ensinassem os que se tornassem discípulos (Mt 28.19-20; cf. Lc 24.45-48). Eles cumprem a comissão de ensinar, e estes novos crentes se entregam às verdades essenciais que são vitais para uma fé forte e mantêm-se fiéis ao seu ensino. Doutrina sólida fornece base sã para o viver cristão. “Se vós permanecerdes na minha palavra”, disse Jesus: “Verdadeiramente sereis meus discípulos” (Jo 8.31). Isto é justamente o que estes crentes fazem. Conhecer e confiar em Jesus não são atitudes abstratas para eles. Eles perseveram no ensino dos apóstolos diariamente.
2) Os crentes se dedicam à “comunhão”. A palavra “comunhão” (koinonia) expressa a unidade da igreja primitiva. Nenhuma palavra em nosso idioma traduz seu significado completamente. Comunhão envolve mais que um espírito comunal que os crentes compartilham uns com os outros. É uma participação comum em nível mais profundo na comunhão espiritual que está “em Cristo”. No lado humano, os crentes partilham uns com os outros, mas a qualidade da comunhão é determinada pela união com Cristo.
Eles foram chamados à comunhão com Ele e participam juntamente na sua obra salvadora. Sua participação mútua nEle é efetuada pelo Espírito Santo (2Co 13-13), e, “assim, se torna uma comunhão do Espírito Santo. E onde estão 0 Filho e o Espírito, está também o Pai, portanto, é uma comunhão com o Pai” (Rackham. 1953, p. 35). Estes primeiros discípulos são um pela fé em Jesus Cristo e pela comunhão uns com outros. Eles expressam amor e harmonia. Eles estão unidos de mente e coração.
3) Os novos crentes permanecem “no partir do pão” — expressão usada somente por Lucas. Diz respeito às refeições comuns ou à Ceia do Senhor? Um costume judeu antigo envolvia partir um pão com as mãos em vez de cortá-lo com a faca, mas o partir do pão também tem uma característica essencial da celebração da Ceia do Senhor. Obviamente mais está envolvido que fazer as refeições juntos. Tal significado está fora de lugar com assuntos de importância como “ensino”, “comunhão” e “oração” (cf. At 20.11). Lucas está relacionando aqui somente ações significativas de três mil crentes; assim, é altamente provável que o partir do pão se refira à observância da Ceia do Senhor.
O próprio Cristo partiu o pão no cenáculo e ordenou os discípulos a fazerem o mesmo. Depois de dar graças, partiu o pão e disse: “Isto é 0 meu corpo que é partido por vós” (1 Co 11.24). Estas palavras fornecem a base para chamar a Ceia do Senhor de “o partir do pão”. O partir do pão representa Cristo se doando para sofrer e morrer. Quando o pão e o fruto da vinha são recebidos, os crentes os veem como sinais de que o Cordeiro imaculado de Deus foi morto. A observância desta ceia indica a morte de Cristo, mas também nos lembra que as bênçãos de Cristo são constantemente apropriadas, que sua força é a fonte de nossa força. A Santa Ceia também nos convoca a esperar o retorno de Cristo à terra. Ela antecipa as bênçãos e alegria de todos que participarão na ceia de casamento do Cordeiro (Ap 19.9).
4) Entre as devoções diárias destes novos crentes incluem-se a oração. Além de momentos especiais de oração e louvor, eles também oram no templo (At 3.1). Depois de Jesus ter ascendido ao céu, os discípulos voltaram a Jerusalém e fizeram do templo lugar de adoração (Lc 24.51-53). Eles observavam as horas de oração judaicas, e, antes do Dia de Pentecostes, reuniam-se em oração pelo batismo com o Espírito (At 1.14). Depois do derramamento do Espírito, eles continuam firmemente em oração. Assim, a oração e louvor marcam a vida da Igreja além dos outros três elementos. Todos os quatro elementos confirmam o poder e a presença do Espírito na Igreja.
A devoção sincera dos discípulos não fica sem ser notada. Os milagres feitos por Deus através dos apóstolos e a dedicação dos discípulos ao viver santo inspiram uma reverência profunda entre o povo judeu por eles (v. 43). Estes crentes manifestam uma comunhão notável, e por amor espontâneo a Deus e aos companheiros partilham suas possessões. Em lugar de negligenciar os pobres, eles vendem voluntariamente as “propriedades e fazendas” para aliviar a angústia dos que estão em necessidade. Não há sugestão de que eles entregam tudo o que possuem para um fundo comunitário comum, mas dão bens para um armazém comum a fim de satisfazer necessidades específicas na comunidade cristã.
O fato de mais tarde Barnabé ser destacado por vender uma propriedade indica que esta prática não é algo que todos os crentes fazem (At 4.36,37). Os novos crentes estão dispostos a compartilhar suas possessões quando surgem necessidades (v. 45). O termo comunismo não descreve esta prática. Antes, eles estão expressando amor espontâneo, e é completamente voluntário.
Estes crentes humildes se encontram diariamente no templo. Sua devoção sincera os traz para a casa de Deus, um lugar sagrado. Provavelmente o templo é mais que um lugar de reunião para eles. Sua presença implica que participam na adoração diária (Marshall, 1980, p. 85). Sua comunhão uns com os outros é forte porque se reúnem em casas diferentes para comerem. Estas refeições são ocasiões joviais. A vida admirável que eles estão levando e os milagres que são feitos são lembretes visíveis do poder do Espírito no meio deles.
Õs verbos gregos nos versículos 43 a 47 têm a força de ação repetida ou contínua. Quer dizer, todas as pessoas continuam sendo cheias de temor, os discípulos continuam vendendo seus bens à medida que necessidades individuais surgem e continuam compartilhando coisas em comum, e Deus continua acrescentando à comunidade os que estão sendo salvos. Completamente dedicados a Cristo, eles continuam louvando a Deus e adorando- o no templo. Eles experimentaram as bênçãos dos últimos dias: a alegria, a liberdade e o poder do Espírito Santo, e um profundo senso de ser o povo de Deus.
A influência e respeito nos quais os discípulos são vistos lhes dão a oportunidade de testemunhar. Os esforços evangelísticos continuam, e há acréscimos diários à Igreja. À medida que as pessoas são perdoadas dos seus pecados, também são unidas à Igreja. Só o perdão dos pecados dá direito à pessoa de tomar-se um membro. Sua comunhão continua também crescendo. Dia após dia Deus continua acrescentando à comunhão cristã os que se tornam crentes. (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 639-641).
III – UM MINISTÉRIO UNGIDO PARA OS DIAS ATUAIS
1. Na unção do Espírito Santo.
Significa um ministério que ensina sobre o poder sobrenatural de Deus sobre os crentes e que aceita o batismo no Espírito Santo como atual para os dias de hoje, procurando cultivar a busca do “dom do Espírito Santo” (At 2.38); que ensina sobre os dons espirituais e estimula a sua busca; que experimenta a ocorrência dos dons espirituais nos dias de hoje. Sem os dons espirituais, como dissemos, uma igreja não passa de uma “associação de direito privado, de caráter religioso, sem fins econômicos” ou lucrativos. O que é, então, um ministério ungido?
O obreiro que exerce um ministério na unção do Espírito Santo demonstra ter uma vida de dedicação e amor à obra do Senhor, tudo fazendo para a honra e glória de Deus, e não em busca de reconhecimento humano ou ministerial. Com a unção do Espírito Santo, a pregação tem poder e é acompanhada com sinais autenticadores da bênção de Deus. Esses sinais podem ser a salvação de almas para Cristo; podem ser realizados em nome do Senhor Jesus, incluindo o expulsar demônios, falar em línguas, pegar em serpentes se for necessário, beber coisas mortíferas e não sofrerem consequências e pôr as mãos sobre os enfermos e estes serem curados, conforme Ele declarou quando da sua despedida dos seus seguidores: “E estes sinais seguirão aos que crerem […]” (Mc 16.17). (Renovato. Elinaldo, Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).
2. Autenticado por Deus.
Existe uma grande diferença entre um ministério formal, humanista, tecnicista e um ministério ungido pelo Espírito Santo. No primeiro caso, há pregações dentro da homilética, da exegese e da hermenêutica, numa retórica aplaudida pelos auditórios, faltando, porém, os sinais autenticadores da aprovação de Deus.
No segundo caso, o Senhor confirma a sua aprovação ao trabalho do obreiro. Os discípulos tinham essa autenticação: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!” (Mc 16.20). Ou seja: a mensagem tem a palavra, o kerigma, e tem a demonstração de sinais e prodígios feitos por Deus. (Renovato. Elinaldo, Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O Espírito Santo capacita sua igreja em diferentes formas nos variados aspectos da obra de Deus. Verificamos isso de forma nítida nas páginas do Novo Testamento, principalmente no livro de Atos dos Apóstolos.
O Espírito Santo torna apto o crente que se predispõe a proclamar o evangelho de Jesus Cristo, concedendo-lhe unção e ciência da Palavra. Ao lermos a Bíblia, peçamos a companhia do Espírito de Deus, que é o intérprete por excelência das Escrituras Sagradas. Ele nos esclarecerá o real sentido das passagens bíblicas e nos impulsionará a pregarmos com ousadia aquilo que dele aprendemos (At 4.29-31; cf. Lc 12.11,12). Temos vários exemplos disso na Bíblia, senão vejamos:
a) Tão logo foi revestido de poder, o Apóstolo Pedro pregou com grande ousadia, conquistando quase três mil almas para Cristo (At 2.14-41. Posteriormente pregou novamente, ganhando dessa vez mais duas mil almas (At 3.12-26; 4.4);
b) A unção do Espírito foi algo tão intenso na pregação do diácono Estêvão, e ele o fazia com tanta sabedoria, que os seus opositores não conseguiam resistir-lhe ou refutá-lo (At 6.9,10). É uma das mais belas pregações de toda a Bíblia (At 6.815; 7.1-60). Ele fez uma síntese da história de Israel e demonstrou, com base no Antigo Testamento, que Jesus era o Cristo;
c) Dentre as muitas pregações do Apóstolo Paulo podemos destacar algumas, a saber:
1) a pregação no Areópago de Atenas diante daqueles que representavam a nata do conhecimento filosófico da época (At 17.15-34);
2) a pregação no Templo de Jerusalém (At 21-22);
3) a pregação perante o Sinédrio, aonde estavam os sacerdotes e anciãos (At 23.1-11);
4) pregação perante os governadores Félix e (At 24 e 25.1-17);
5) pregação perante o Rei Agripa (At 25.18-27; 26.1-32).
O Espírito Santo prestou sua cooperação com os discípulos através de milagres e maravilhas. Ao lermos sobre os primórdios da Igreja, percebemos quão importante foram as intervenções sobrenaturais para a expansão do Reino:
a) Através da cura de um coxo de nascença, o nome de Cristo se fez notório e uma larga porta se abriu para a evangelização (At 3.6-26);
b) Pela revelação do Espírito, Pedro conheceu que Ananias e Safira fizerem um acordo, dando-lhes uma irreversível sentença (At 5.1-11). Tal acontecimento fortaleceu a autoridade apostólica e gerou um grande temor em toda a igreja;
c) A assistência do Espírito Santo em prol do crescimento da obra era tão grande que Ele se utilizava da sombra do Apóstolo Pedro para curar os enfermos e libertar os endemoniados (At 5.14-16). Isso atraía multidões de Jerusalém e de cidades circunvizinhas (v.16);
d) Os apóstolos foram milagrosamente tirados da prisão a fim de continuarem a obra de Deus (At 5.17-25);
e) O Espírito cooperava com Estêvão com milagres e maravilhas (At 6.8-10);
f) O Espírito arrebatou Filipe até Azoto, com o objetivo de evangelizar outras cidades (At 8.39,40);
g) A cura de um coxo de nascença atraiu multidões no ministério de Paulo (At 14.8-11). Até os lenços e aventais do apóstolo eram utilizados para curar (At 19.11,12).
O Espírito Santo é o principal responsável pela chamada missionária. Ele comunicou aos apóstolos que estavam em Antioquia que havia escolhido Saulo e Barnabé para obra da evangelização transcultural (At 13.2). O Espírito não apenas os chamou, mas os enviou, capacitou e esteve lado a lado com os seus filhos durante as viagens missionárias.
Os dons espirituais são manifestados com o tríplice propósito de edificar, exortar e consolar os santos. Estão listados em 1Coríntios 12.4-11. Os dons ministeriais são dados a crentes com uma chamada específica, a fim de promover o aperfeiçoamento dos santos e a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11; 1Tm 3.8,12; Tt 1.5-7).
3. Glorifica a Cristo.
Um ministério ungido está firmado no Espírito Santo, tem o poder de Deus nas suas ações e contribui para a glória de Deus, e não do pastor, do evangelista ou do pregador. Jesus disse:
Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. (Jo 16.13,14)
Toda mensagem do evangelho, todas as atividades, devem estar na direção do Espírito Santo e glorificar a Cristo. Moody, o grande evangelista, disse: Devemos, portanto, como o Apóstolo Paulo, levantar perante o povo, o Salvador Jesus, o Cristo de Deus, e não a nós mesmos. Exaltar o Divino Mestre e a Sua palavra, não as nossas opiniões, patrocinando a Cristo e nem qualquer outra doutrina anti-avangélica.
Paulo escreveu aos coríntios exortando a que devemos glorificar a Deus em tudo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). (Renovato. Elinaldo, Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023).
CONCLUSÃO
Explicamos que a Igreja do Senhor Jesus nasceu no dia de pentecoste, inaugurada com a descida do Espírito Santo. A partir dessa experiência, a igreja é impulsionada para a evangelização, serviço e adoração. O batismo no Espírito Santo ocasionado em Atos 2, não foi uma experiência vivida apenas pelos cristãos do primeiro século.
Façamos uma reflexão de como se encontra a relação de cada um com o Espírito Santo. Como está o nosso relacionamento com o Espírito Santo? Será que compreendemos o que é viver na unção do Espírito Santo e glorificar a Cristo em tudo?