EBD – O Avivamento no Novo Testamento

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.”  (Jo 4.10)

INTRODUÇÃO

Nesta terceira lição veremos uma visão panorâmica a respeito do avivamento no Novo Testamento. Percorreremos os Evangelhos, o livro de Atos dos Apóstolos e as Epístolas, concluindo o livro de Apocalipse. Sabemos que são nos ensinos de Jesus que encontramos a mais poderosa mensagem de Deus para a humanidade, capaz de transformar o mais vil pecador e acender a chama divina do Espírito Santo.  Os apóstolos, comissionados pelo Senhor e revestidos de poder, levaram esta mensagem poderosa as nações, pois todo avivamento tem como resultado a conversão de pecadores. Basta ver os textos de Atos dos apóstolos, onde em um só dia três mil pessoas foram convertidas (At 2.41). Deus é imutável e o Novo Testamento nos revela o plano dEle para as nações e o seu desejo de que a Igreja, de maneira avivada, cumpra com a sua missão proclamadora, anunciando o Reino de Deus até que Cristo venha.

I – O AVIVAMENTO NOS EVANGELHOS

1. O AVIVAMENTO EM JOÃO

Precisamos ter humildade. Pois o território no qual vamos caminhar doravante é terra santa. O evangelho de João é o santo dos santos de toda a revelação bíblica. E o livro mais importante da história. Steven Lawson chama-o de o monte Everest da teologia, o mais teológico dos evangelhos. Charles Erdman o considera o mais conhecido e o mais amado livro da Bíblia. Provavelmente, é a mais importante peça da literatura que há no mundo. Para William Hendriksen, o evangelho de João é o livro mais maravilhoso já escrito. Lawrence Richards o descreve como “o evangelho universal”.

Mateus apresentou Jesus como Rei, Marcos como servo e Lucas como homem perfeito. João, por sua vez, apresenta Jesus como Deus. Os três primeiros evangelhos são chamados sinóticos porque têm grandes semelhanças entre si. João, porém, distingue- se dos demais em seu conteúdo, estilo e propósito.

Charles Swindoll diz que não temos quatro evangelhos; temos apenas um evangelho, escrito de quatro pontos de vista diferentes. Temos uma biografia elaborada por quatro testemunhas, cada escritor provendo uma perspectiva peculiar. Nessa mesma linha de pensamento, Andreas Kostenberger afirma: “Os quatro evangelhos bíblicos apresentam o único evangelho da salvação em Jesus Cristo, segundo quatro testemunhas importantes: Mateus, Marcos, Lucas e João”.

O evangelho de João tem um propósito específico: apresentar Jesus como o Verbo divino que se fez carne, o criador do universo, revelador do Pai, o Salvador do mundo, por meio de quem recebemos, pela fé, a vida eterna (20.30,31). Concordo com John MacArthur quando ele diz que o objetivo de João era tanto apologético, “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, como evangelístico, e que crendo tenhais vida em seu nome” (20.31).

O propósito de João nos capítulos 1-12 é apresentar o ministério público de Jesus e, nos capítulos 13-21, apresentar seu ministério privado. Os capítulos 1-12 abrangem um período de três anos; os capítulos 13-21, exceto o capítulo 21, abrangem um período apenas de quatro dias. A primeira parte do livro enfatiza os milagres de Jesus, enquanto a segunda parte recorda os discursos feitos aos seus discípulos.

E E Bruce diz com acerto que todo o evangelho enfatiza que Jesus é o Filho eterno do Pai, enviado ao mundo para sua salvação. Gundry declara que, acima de qualquer consideração, João é o evangelho da fé. De fato, o verbo “crer” é a palavra-chave do presente evangelho. A palavra grega pisteuo, traduzida por “crer”, aparece 98 vezes no evangelho de João. Mas o que significa “crer”? Não se trata apenas de um assentimento intelectual acerca de Jesus. Significa confessar a verdade como verdade; e mais: significa confiar. Crer em Jesus, portanto, é colocar plena confiança nele como Salvador. Isso quer dizer que devemos colocar nossa confiança nele, e não apenas em sua mensagem. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 11-12; 16-17).

2. O AVIVAMENTO EM MATEUS

A apresentação de Mateus acerca do Espírito Santo é mais extensa que a de Marcos, mas não é tão desenvolvida quanto a de Lucas ou João. As características salientes de sua pneumatologia incluem o seguinte:

1) O Espírito Santo foi o agente da concepção de Jesus (Mt 1.18).

2) O batismo com o Espírito Santo e com fogo distingue o ministério de Jesus do de João Batista (Mt 3). O fogo é principalmente um batismo de julgamento. João Batista declara que Jesus é quem batiza para avisar os fariseus e saduceus que Ele fará justiça (Mt 3-11,12); Mateus indica aqui e em outro lugar (Mt 28.19) que o batismo com o Espírito Santo e o batismo de fogo são dois batismos diferentes. Os dois grupos endereçados na pregação de João Batista em Mateus são: (a) os verdadeiramente arrependidos; e (b) os fariseus e saduceus. Como está implícito na fórmula batismal em Mateus 28.19, o batismo com o Espírito Santo é para os crentes arrependidos. O fogo é para as árvores que não dão frutos (Mt 3-8-10).

3) Como em Marcos, a cena do batismo em Mateus identifica que Jesus é quem está associado com o Espírito Santo e que, portanto, é quem batiza. Nesta mesma ocasião, a voz do céu associa Jesus com o Messias, o Ungido (Mt 3.16,17).

4) O Espírito Santo guia Jesus (Mt 4.1).

5) O Espírito de Deus capacita Jesus a proclamar julgamento e levar a justiça à vitória. Mateus considera esta capacitação como cumprimento da profecia relativa à capacidade de jesus curar e/ou sua manifesta evitação de conflito com os fariseus. Mateus vê o Espírito como a fonte da autoridade de Jesus (Mt 12.15-21).

6) Os títulos “o Espírito”, “o Espírito Santo” e “o Espírito de Deus” são sinônimos (Mt 12).

7) O Espírito do Pai falará através dos crentes, quando eles forem confrontados pelas autoridades (Mt 10.19,20).

8) Falar contra as obras de Jesus é falar contra o Espírito Santo, que é pecado capital (Mt 12.22-32).

9) Como Marcos, o poder de Jesus fazer exorcismos e confrontar o Diabo é atribuído por Mateus à capacitação que Jesus recebeu do Espírito Santo (Mt 12.28).

10) Os profetas falaram pelo Espírito Santo (Mt 22.43).

11) Os discípulos de Jesus devem batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Toda autoridade é dada a Jesus. Antes da ressurreição, Jesus opera pela autoridade do Espírito Santo. Jesus dispensa poder aos discípulos na Grande Comissão (Mt 28.18-20). O material de Mateus sobre o Espírito Santo serve a dois de seus interesses distintos: o papel da Igreja (eclesiologia) e a identificação de Jesus (cristologia). Mateus fala das questões da Igreja quando os outros escritores dos Evangelhos não o fazem (e.g., Mt 16.17-19; 18.15-20; 20.1-16; 28.18-20). Mateus vê o Espírito Santo como a fonte de inspiração e autoridade para a Igreja (Mt 10.19,20; 28.18-20), Seguindo a direção de Marcos, Mateus ressalta a ligação de Jesus com o Espírito Santo para demonstrar sua filiação. Ele mostra que embora Jesus tenha se humilhado, aceitando o batismo pelas mãos de João Batista, Jesus é maior que João Batista. A descida do Espírito Santo em resultado do batismo de Jesus comprova a profecia de João Batista, de que o que viria depois dele lhe seria superior no Espírito Santo (Mt 3.11-17).

O entendimento da obra do Espírito Santo, comum ao material paulino e joanino e a Lucas e Mateus, indica uma pneumatologia muito difusa e básica, que excede o conteúdo apresentado em Marcos (Shelton, 1991, pp. 7-9). (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 7).

3. O AVIVAMENTO EM MARCOS

O estudo do Evangelho de Mancos revelará os seguintes fatos:

1) sua exiguidade – é o mais breve dos Evangelhos;

2) os atos de Jesus são enfatizados mais que seus discursos;

3) a introdução é suscinta, consistindo de um só versículo;

4) palavras tais como “imediatamente” e “logo” são encontradas por todo o livro.

Estes fatos são uma indicação da natureza do evangelho ora em estudo.

Marcos é o “Evangelho da Ação”, mostrando Jesus como o Servo do Senhor, labutando incansavelmente na esfera da redenção do homem. A mensagem, ou tema, do livro, pode ser resumida com as palavras de 10.45: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. Alguns estudiosos veem Jesus neste Evangelho como o Poderoso Conquistador, levando adiante sua campanha para a libertação da raça humana de toda a morte e pecado.

O trecho, em estudo, mostra como o Obreiro preparava-se para a obra: mediante o ministério de João Batista entre o povo; e pelo revestimento de poder espiritual vindo do alto. Primeiro, João Batista preparou o povo para Cristo; depois, preparou Cristo para o povo. (Myer Pearlman. Marcos, O Evangelho do Servo de Jeová. Editora CPAD. 6 Ed. 2006. pag. 7-8).

4. O AVIVAMENTO EM LUCAS

São oito as características principais do Evangelho segundo Lucas.

(1) Seu amplo alcance no registro dos eventos na vida de Jesus, desde a anunciação do seu nascimento até a sua ascensão.

(2) A qualidade excepcional do seu estilo literário, empregando um vocabulário rico e escrito com um domínio excelente da língua grega.

(3) O alcance universal do Evangelho — que Jesus veio para salvar a todos: judeus e gentios igualmente.

(4) Ele salienta a solicitude de Jesus para com os necessitados, inclusive mulheres, crianças, os pobres e os socialmente marginalizados.

(5) Sua ênfase na vida de oração de Jesus e nos seus ensinos a respeito da oração.

(6) O notável título de Jesus neste Evangelho, a saber: “Filho do Homem”.

(7) Seu enfoque sobre a alegria que caracteriza aqueles que aceitam a Jesus e a sua mensagem.

(8) Sua ênfase na importância e proeminência do Espírito Santo na vida de Jesus e do seu povo (e.g., 1.15, 41, 67; 2.25-27; 4.1, 14, 18; 10.21; 12.12; 24.49). (STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995).

II – O AVIVAMENTO EM ATOS DOS APÓSTOLOS

1. O AVIVAMENTO NA IGREJA PRIMITIVA

Dando uma ordem específica. “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, Jo 14.16; J1 2.281 que (disse ele) de mim ouvistes ״. O batismo do Senhor Jesus, no Jordão, foi o sinal para Ele iniciar seu ministério. Assim, também, a Igreja precisava de um batismo que a preparasse a cumprir um ministério de alcance mundial. Não seria o ministério de criar uma nova ordem e, sim, de proclamar aquilo que Cristo já havia realizado. Mesmo assim, só no poder do Espírito Santo poderia tamanha obra ser levada a efeito.

Cristo dirigiu suas palavras a homens que possuíam íntimo relacionamento espiritual com Ele. Já tinham sido enviados a pregar, armados com poderes espirituais específicos (Mt 10.1). A eles fora dito: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20); sua condição moral já tinha sido definida com as palavras: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Seu relacionamento com Cristo foi ilustrado mediante a figura da videira e dos ramos (Jo 15.5). Eles já conheciam a presença do Espírito nas suas vidas (Jo 14.17); já tinham sentido o sopro do Cristo ressurreto quando ele lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”.

Mesmo assim deviam esperar a promessa do Pai! Isto nos mostra a importância deste revestimento. (Myer Pearlman. Atos, E a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. Ed. 1995. pag. 9).

2. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO

O rei Davi planejou a edificação do Templo e reuniu os materiais necessários. Mas foi Salomão, seu sucessor, quem o erigiu (1 Cr 29.1,2). Jesus igualmente planejou a Igreja durante seu ministério terreno (Mt 16.18; 18.17). Preparou os materiais humanos, porém deixou ao seu sucessor e representante, o Espírito Santo, o trabalho de erigi-la. Foi no dia de Pentecoste que esse templo espiritual foi construído e cheio da glória do Senhor (cf. Êx 40.34.35; 1 Rs 8.10.11; Ef 2.20,2). O dia de Pentecoste era o aniversário da Igreja, e o cenáculo, o local do seu nascimento.

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes…” O nome “Pentecoste” (derivado da palavra grega “cinquenta”) era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A festa era assim denominada por ser realizada 50 dias após a Páscoa (ver Lv 23.15-21). Observe sua posição no calendário das festas. Em primeiro lugar festejava-se a Páscoa. Nela se comemorava a libertação de Israel no Egito. Celebravam a noite em que o anjo da morte alcançou os primogênitos egípcios, enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo divino.

No sábado, após a noite de Páscoa, os sacerdotes colhiam o molho de cevada, previamente selecionado. Eram as primícias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, “as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir ao Pai e nunca mais morrer. Sendo as primícias, é a garantia de que todos quantos nele creem segui-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna.

Quarenta e nove dias eram contados após o oferecimento do molho movido diante do Senhor. E no quinquagésimo dia – o Pentecoste – eram movidos diante de Deus dois pães. Os primeiros feitos da ceifa de trigo. Não se podia preparar e comer nenhum pão antes de oferecer os dois primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava sua soberania sobre o mundo. Depois, outros pães podiam ser assa- dos e comidos. O significado típico é que os 120 discípulos no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, ofereci- das diante do Senhor por meio do Espírito Santo, 50 dias após a ressurreição de Cristo. Era a primeira das inúmeras igrejas estabelecidas durante os últimos 19 séculos.

O Pentecoste foi a evidência da glorificação de Cristo. A descida do Espírito era como um “telegrama” sobrenatural, informando a chegada de Cristo à mão direita de Deus. Também testemunhava que o sacrifício de Cristo fora aceito no Céu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada.

O Pentecoste era a habitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no Sinai, o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a fim de administrar, dali os assuntos de Cristo. (Myer Pearlman. Atos, E a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. Ed. 1995. pag. 16-19).

III – O AVIVAMENTO NAS EPÍSTOLAS

1. NAS EPÍSTOLAS DE PAULO

As Cartas Existentes de Paulo — Na maioria das traduções modernas, quatorze, das vinte e uma cartas, são atribuídas a Paulo. Os nomes e ordem são: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemom e Hebreus. Os textos gregos modernos têm como título, para estas quatorze cartas, somente a preposição “a”, seguida pelo nome do receptor. Os problemas críticos de cada carta serão discutidos no capítulo respectivo que trata de cada uma.

A Ordem de Composição — Ê lamentável que a ordem canônica das cartas de Paulo não seja cronológica. A presente ordem é basicamente a de extensão e se é escrita a uma igreja ou a um indivíduo. Romanos é a mais extensa e Filemom a mais curta. As nove primeiras são dirigidas a sete igrejas diferentes, e as quatro últimas, a três indivíduos diferentes. Por causa de problemas críticos, Hebreus é colocada por último no corpus paulino, embora alguns dos manuscritos gregos mais antigos a tenham entre Romanos e I Coríntios. Uma ordem cronológica talvez mostrasse mais claramente os problemas encontrados por uma igreja que emergia e indicaria o padrão teológico em desenvolvimento, de Paulo e da Igreja. O método a seguir, de agrupamento das cartas, é baseado na narrativa contida em Atos e em informação colhida das próprias cartas. Este agrupamento não é conclusivo, mas é usado para mostrar o acordo geral entre os estudiosos do Novo Testamento, numa aproximação ao estudo do Novo Testamento.

Epístolas escritas durante a Segunda Viagem Missionária (49:52 d.C): I e II Tessalonicenses, de Corinto.

Epístolas escritas durante a Terceira Viagem Missionária (52-56 d.C): I Coríntios, de Éfeso; II Coríntios, da Macedônia; Gálatas e Romanos, de Corinto.

Epístolas escritas de Roma durante o primeiro aprisionamento romano (58-60 d.C): Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom.

As Epístolas Pastorais (62-65 d.C): I Timóteo, da Macedônia; Tito, da Macedônia ou de Corinto; II Timóteo, de Roma, pouco antes da morte de Paulo.

Outra maneira de classificação é ver-se a ordem cronológica como representando ênfases teológicas especiais. A correspondência tessalonicense lida com escatologia; as cartas da Terceira Viagem Missionária tratam, primariamente da soteriologia; as cartas da prisão acentuam a cristologia; as pastorais têm a eclesiologia como a ênfase dominante. Este agrupamento teológico não é conclusivo, porque muitas das cartas contêm todas estas doutrinas; mas a ênfase teológica principal de cada uma é observada.

Deve-se ressaltar, todavia, que muitos estudiosos do Novo Testamento, incluindo este escritor, crêem que Gálatas foi escrita de Antioquia da Síria, antes da Segunda Viagem Missionária. Outros sentem que Efésios foi escrita muito mais tarde, por um discípulo de Paulo, como introdução a uma coleção das cartas de Paulo. Alguns acham que, de algum modo, Paulo está por trás da Epístola aos Hebreus como autor, dando ao amanuense completa liberdade em sua composição e publicação, esta última tendo ocorrido após a morte de Paulo e antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C.

A Preservação e Coleção das Cartas de Paulo — Num estudo em profundidade, das cartas de Paulo, conclui-se que ele escreveu tanto como pastor quanto como “mestre dos gentios” (I Tim. 2:7). A maioria de suas cartas existentes foi escrita para situações específicas; contudo, Paulo foi capaz de distinguir entre a ordem do Senhor e seu próprio conselho pessoal (I Cor. 7:6, 25, 40). Algumas de suas cartas parecem ser dirigidas a uma audiência mais ampla, ao invés de a um grupo específico. A Epístola aos Efésios é basicamente deste tipo. Contudo, mesmo nesta ele escreveu com a consciência de sua chamada como apóstolo. Paulo cria possuir autoridade, e que sua palavra era de importância, quer para situações locais quer para uma audiência mais universal. Nem todas as suas cartas, todavia, foram suficientemente universais em sua aplicação, e muitas deixaram que se perdessem. A referência em Apocalipse 3:16 à apostasia da igreja em Laodicéia pode indicar que a carta a essa igreja, referida em Colossenses 4:16, não foi preservada por essa razão. Pela época de II Pedro (68 d.C), contudo, “todas as cartas de Paulo” estavam sendo aceitas em paridade com “outras escrituras”. Seria de grande interesse e importância saber-se o que “todas as cartas de Paulo” e as “outras escrituras” abrangem, mas seria apenas conjetura, a esta altura, na pesquisa bíblica.

Embora Clemente de Roma e Inácio de Antioquia conhecessem algumas das cartas de Paulo, a coleção concreta e existente mais antiga é o Cânon de Marcião, de cerca de 140-150 d.C. Esta lista inclui uma coleção editada de dez cartas de Paulo (em ordem: Gálatas, I e II Coríntios, Romanos, I e II Tessalonicenses, Laodicenses (Efésios), Colossenses, Filipenses e Filemom). As Pastorais foram, provavelmente, rejeitadas pelo fato de Marcião ter sido um gnóstico. O Fragmento Muratoriano (cerca de 180 d.C.) inclui as Pastorais nas treze epístolas de Paulo, Hebreus não estando na coleção. O mais antigo manuscrito grego das epístolas de Paulo que foi preservado data de cerca do fim do segundo século. Este manuscrito, pelo fato de colocar Hebreus entre Romanos e I Coríntios, indica Paulo como sendo o autor de Hebreus. II Tessalonicenses, Filemom e as Pastorais estão ausentes do manuscrito preservado, mas a ausência poderia ser devida à possível perda das últimas folhas, que conteriam estas cinco cartas.

É impossível fixar-se uma data para a primeira coleção completa das epístolas de Paulo. O que é certo, contudo, é que há ampla evidência, do final do primeiro século e início do segundo, de que as cartas de Paulo circulavam largamente e eram estimadas como autoridade em doutrina. A história da preservação e colecionamento destas cartas perdeu-se para nós. Contudo, o processo deve ter-se iniciado cedo conforme está evidente na declaração contida em II Pedro 3:15,16, e porque a coleção foi aceita pelo final do segundo século. (Broadus David Hale. Introdução Ao Estudo Do Novo Testamento. Editora JUERP).

2. NAS EPÍSTOLAS GERAIS (OU UNIVERSAIS)

As Epístolas Gerais. Este é um grupo de sete epístolas que, nos antigos manuscritos, vem imediatamente depois dos Atos dos Apóstolos, e, portanto, antes das epístolas paulinas, talvez porque sejam as obras dos apóstolos mais velhos e, de modo geral, representem o tipo judeu de cristianismo.

A sua representação da verdade difere, naturalmente, das Epístolas Paulinas, mas está em perfeita harmonia com ela. Entre essas Epístolas Gerais, estão:

As escritas a uma comunidade de cristãos:

A Epístola de Tiago;

As duas Epístolas de Pedro;

A primeira Epístola de João;

A Epístola de Judas.

As escritas a um indivíduo:

A segunda Epístola de João; (?)

A terceira Epístola de João.

Dessas sete epístolas, a primeira de Pedro e a primeira de João foram aceitas, de modo geral, como canônicas, desde o princípio, ao passo que as outras cinco estiveram, a princípio, sujeitas à dúvida, e somente gradualmente encontraram aceitação por toda a igreja. No entanto, nunca foram consideradas espúrias.

A razão por que essas epístolas são chamadas gerais ou católicas, é um enigma. Foram apresentadas várias interpretações para o nome, mas nenhuma delas é inteiramente satisfatória. Alguns afirmam que elas receberam esses nomes, porque contêm a única doutrina católica que foi transmitida às igrejas pelos apóstolos; mas esta não é uma característica dessas epístolas, uma vez que as de Paulo contêm a mesma doutrina.

Outros afirmam que o adjetivo católico foi usado por alguns dos pais da igreja, no sentido de canônico, e aplicado por eles, em primeiro lugar, à primeira Epístola de Pedro e à primeira de João, para indicar a sua aceitação geral, e posteriormente, a todo o grupo. Mas esta explicação é improvável, porque:

(1) há poucas evidências de que a palavra católico tenha sido equivalente a canônico; e

(2) é difícil ver, se este realmente foi o caso, por que a palavra não teria sido aplicada também às Epístolas Paulinas, que foram todas aceitas desde o princípio.

Outros, ainda, pensam que as epístolas receberam esse nome porque não eram destinadas a uma pessoa ou igreja, como as epístolas de Paulo, mas a grandes partes da igreja.

Consideramos que esta é a melhor explicação para o nome, uma vez que é a que mais está em harmonia com o significado usual da palavra, e explica melhor a maneira como é usada na literatura dos pais da igreja. Ainda assim, embora o nome não possa ser considerado inteiramente correto, por um lado a segunda (?) e a terceira Epístolas de João são endereçadas a indivíduos, e, por outro, a Epístola aos Efésios também é uma carta circular. Essas duas epístolas de João provavelmente foram incluídas neste grupo por causa de seu pequeno tamanho e de sua íntima conexão com a primeira Epístola de João. (Louis Berkhof. Introdução ao Novo Testamento. Editora CPAD. 1 Ed 2014. pag. 116-117).

3. NO APOCALIPSE

Apocalipse é uma palavra derivada do grego apokalypsis. No latim, é revelatio, que significa revelar, expor à vista e, metaforicamente, descobrir uma verdade que se achava oculta” (Dicionário da Bíblia, John D. Davis).

O Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João mais ou menos no ano 96 d.C., logo após ter sido solto por Nerva, substituto de Domiciano, o imperador sob cuja crueldade ele foi exilado na Ilha de Patmos. Ao regressar a Éfeso, agora com liberdade, João passou ali os últimos dias de vida na Terra, onde escreveu esse livro.

O Espírito Santo divide o livro em três partes (1.19):

“As coisas que viste”; as que João presenciou antes de escrever o livro (cap. 1).

“As que são”; as existentes nas sete igrejas, no tempo em que João escreveu o Apocalipse (caps. 2 e 3).

“As que hão de acontecer”; as constantes dos capítulos 4 a 22.

O Apocalipse é a revelação de Deus aos homens. É o esclarecimento sobre o juízo e a condenação dos ímpios e sobre a segurança e a garantia da vida eterna dos fiéis. O prefácio do livro deve ser considerado como um convite de Jesus aos seus servos, para receber as bênçãos no santuário do Senhor, a exemplo de Moisés, que tirou as sandálias dos pés para aproximar-se da sarça ardente. Assim deve ser a nossa atitude reverente ao entrarmos na presença de Deus.

“Revelação de Jesus” quer dizer Cristo revelando ou fazendo saber algo para a nossa instrução (1 Pe 1.7,13).

O segredo do Senhor é para os que o temem (SI 25.1; Mt 11.25; 13.10-13; 16.17). Quando temos um coração sincero e humilde, todas as parábolas e profecias nos são bem compreensíveis (Jo 15.15; leia Deuteronômio 29.29; Daniel 12.10; João 7.17; 1 Coríntios 2.9-16). (Armando Chaves Cohen. Estudos Sobre O Apocalipse Um comentário versículo por versículo. Editora CPAD. 8 Ed. 2008. pag. 7;9).

CONCLUSÃO

Após apresentarmos uma visão panorâmica do avivamento no Novo Testamento, devemos despertarmos e refletirmos a respeito da maneira como nós temos proclamado o Evangelho, e anunciando o Reino de Deus: que possamos respondermos se estamos cumprindo a missão que Cristo me conferiu até que Ele volte? Estamos dispostos a reconhecermos a necessidade de um avivamento? Desejamos isso?

Que Deus avive a Sua Igreja!

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