EBD – A Restauração Nacional e Espiritual de Israel

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados alunos e professores,

Paz do Senhor!

“E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades.” (Rm 11.26).

INTRODUÇÃO

A visão a respeito do vale de ossos secos é uma das visões mais conhecidas do livro de Ezequiel. Essa imagem traz uma mensagem de restauração nacional e espiritual do povo de Israel. Na presente lição, apresentaremos o vale dos ossos secos. Também veremos a dispersão dos judeus entre as nações ao longo da história. E, finalmente, constataremos o milagre do século XX representado no povo de Israel. É inegável que Deus operou por ele.

I – SOBRE O SIGNIFICADO DO VALE DE OSSOS SECOS

1- Os Ossos Secos (Ez. 37.1,2).

Ele me levou pelo Espírito. A mão de Yahweh agiu para dar ao profeta a visão dos ossos secos. Encontramos no Antigo Testamento sobre a “Mão”, em Salmos 81.14. A “mão direita”, em Salmos 20.6, e sobre “braço”, em Salmos 77.15 e 98.1. A mão poderosa do Senhor levou Ezequiel para certo vale, em visão, naturalmente. Em Ezequiel 3.23, que talvez estivesse na mente do autor quando compôs este texto. Aquele vale tornou-se um lugar de revelação. O profeta enfrentou uma cena horripilante da morte. Desastres tinham tomado conta de Judá quando o exército babilónico a aniquilou. Uma nação inteira tornou-se uma massa de ossos secos sob os raios do sol implacável que os secava e branqueava. Os ossos estavam mortos, em todos os sentidos da palavra.

E me fez andar ao redor deles. Ezequiel fez um circuito no vale. Os ossos secos não foram empilhados, mas espalhados sobre uma área considerável. Assim, o profeta levou algum tempo para atravessar aquela área. O que ele viu foi uma coisa só: morte e destruição, inumeráveis ossos dos mortos ressecados e branqueados pelo sol. O desespero reinava naquele lugar miserável. Não havia nenhum potencial de vida. Os ataques e cativeiros da Babilônia haviam conseguido a quase extinção de Judá, e o profeta, vendo o vale, teria dito que a extinção do povo fora absoluta. Somente a obra especial da graça de Deus poderia reverter aquela situação. Afinal, a salvação provém da graça, embora exija a cooperação do homem para aceitá-la.

“Conduza, Luz Gentil, dentre a negra escuridão Conduza-me à frente.

A noite está escura e longe de casa estou,

Conduza-me à frente.

Mantenha os meus pés; não peço para ver A distante cena;

Um passo apenas, o bastante para mim”.

(John H. Newman)

(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3315).

2- O Significado.

Para os exilados na Babilônia e os sobreviventes em Judá, depois da destruição de Jerusalém e do templo, não havia mais esperança diante de tal desolação. Eles mesmos se viam como ossos secos. Javé explica isso a Ezequiel: esses ossos são toda a casa de Israel. Essa é a parte mais crucial da profecia, pois explica que o vale de ossos é a nação que fora extinta.

Deus acrescenta ainda que eles mesmos assim se identificam: Eis que dizem: Os nossos ossos estão secos, perdemos a nossa esperança, fomos exterminados; outras versões traduzem: “nós estamos cortados” (ARC); “somos inteiramente exterminados” (TB); “estamos de todo exterminado” (ARA); “nossa nação acabou” (NVT).

A tragédia judaica era a extinção da nação; o povo estava espalhado por toda parte como pária, sem um governo e sem território. O estado havia sido extinto. O povo havia perdido completamente a esperança de reviver os dias áureos de Davi e Salomão e, muito mais, a volta de Israel como nação soberana.

Mas, com a visão do vale, cujos ossos voltam a viver pelo poder de Deus, isso mostra que da mesma maneira Javé vai trazer os judeus dispersos por toda parte do mundo para a terra dos seus antepassados. A visão do vale é uma demonstração do poder de Deus para cumprir a sua promessa. É o que se afirma a seguir. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 124-125).

3- As promessas de Deus.

O propósito de Deus na disciplina do seu povo não era a sua destruição, mas a sua restauração: “Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo: Vinde, e tornemos para o Senhor …” (Os 5.15-6.1). O que Deus esperava era uma genuína conversão, manifestada pelo arrependimento (“até que se reconheçam culpados”) e pela fé (“e busquem a minha face”). O arrependimento e a fé são os dois elementos da conversão.

O primeiro elemento é negativo. O arrependimento é o reconhecimento da culpa, enquanto a fé é a volta para Deus para depositar nele inteira confiança.

R. Crabtree diz que esse apelo para voltar ao Senhor baseia-se na certeza de que o administrador do castigo poderia sarar as feridas. Reduzidos à desesperança, não tiveram outro caminho, senão voltar para o Senhor.

No entanto, será que Israel voltou-se mesmo para o Senhor?

Era o Senhor mesmo que eles buscavam? O texto em tela mostra que essa volta não era de todo o coração e que o arrependimento não foi profundo o suficiente. Ele não se contenta com sinais externos. Ele não se agrada de palavras bonitas e corações impenitentes. Ele requer verdade no íntimo. (LOPES. Hernandes Dias. OSEIAS O amor de Deus em ação. Editora Hagnos. pag. 117-118).

II – SOBRE A DISPERSÃO DOS JUDEUS ENTRE AS NAÇÕES

1- As diásporas de Israel e Judá.

Diaspora, em grego, era geralmente equivalente ao hebraico “golah” e entrou para o português como “dispersão”. Havia, contudo, uma distinção entre o termo grego que tinha o significado de “disperso” e o hebraico que significava “exilado”. “Diáspora” se referia a um movimento voluntário dos judeus para outras terras que não as suas. Isto os separava tanto dos seus compatriotas que ficaram no seu país, quanto dos estranhos entre os quais os judeus transplantados viviam em outras terras. “Golah” se referia aos judeus que tinham sido forçados a se mudarem como resultado de guerra, exilados e, algumas vezes, prisioneiros. Os descendentes de tais exilados formavam uma grande parte da diáspora dos tempos do NT.

Os Oráculos Sibilinos (c. 250 a.C.) relataram a dispersão dos judeus “Toda terra e todo mar estão cheios deles”. Nos tempos do NT estimava-se que havia mais judeus vivendo fora (talvez uns três a cinco milhões) do que na Palestina.

A principal causa da Diáspora foi a deportação dos judeus para o exílio por seus inimigos. Os assírios levaram judeus da Samaria para o oriente em 722 a.C., e os babilônios levaram alguns de Jerusalém no ano de 586 a.C. Mais tarde, Pompeu levou judeus para Roma como escravos.

Os judeus, por serem um povo diligente, também foram voluntariamente para outras terras, onde as oportunidades de negócios e comércio eram melhores. O aumento da população na Palestina pressionou os judeus a irem em busca da sobrevivência em outras terras, especialmente as grandes cidades dos países vizinhos. Estas circunstâncias contribuíram para criar o povo chamado de a Diáspora. (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 153).

2- Renasce Israel.

Prossegue Ezequiel: “… um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso”. Aqui temos o movimento [ou reboliço] dos ossos, ou seja, a preparação e a viagem à Terra Santa dos primeiros colonos israelitas, que tiveram de enfrentar grandes dificuldades.

O ajuntamento dos “ossos” vem ocorrendo como segue. Em 1917, ano da Proclamação Balfuor, havia 25 mil judeus na Palestina. Esse número aumentou para 83 mil em 1922 e para trezentos mil em 1935, ano em que Hitler se fortalecia na Alemanha e não escondia o seu anti-semitismo.

Em 1937, a população israelita da Palestina já era de 430 mil. Dois anos depois a Inglaterra proibiu a entrada dos judeus na Terra Santa, deixando-os, dessa forma, à mercê dos nazistas. Em 1945, havia quinhentos mil, e três anos mais tarde, quando Israel proclamou sua independência, número chegava a oitocentos mil. Em 1956, já eram 1,9 milhão [quando ocorreu a segunda guerra árabe-israelense]; em 1967,2,8 milhões. Em 1973,3,3; em 1983, mais de quatro milhões, e no final de 1998, cerca de seis milhões.

“Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito” [v. 8, ARA], Os “tendões” [ou nervos] indicam alianças políticas, militares, o renascimento da língua hebraica e a recuperação econômica, principalmente através dos kibutzim. Kibutzvem da mesma raiz do verbo hebraico “congregar”, usado por Jeremias no versículo 10 do capítulo 31 de seu livro.

As “carnes” indicam as estruturas políticas que deram forma à nação em 1948, da mesma maneira como o reboco dá forma à parede.

A “pele” indica proteção e acabamento. Em 1948, faltava a Israel um exército organizado. Hoje, as forças armadas israelenses estão entre as mais bem treinadas e equipadas do mundo. Basta dizer que na guerra-relâmpago de 1967 havia quarenta soldados árabes para cada soldado israelense, e Israel venceu! É evidente que as palavras divinas de Amós 9.15 se cumpriram:

“Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o Senhor, teu Deus” [ARA].

Embora todos esses ossos estejam unidos, com tendões, carnes e pele, falta-lhes ainda a vida espiritual, prometida no versículo 14: “Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o Senhor, disse isto e o fiz, diz o Senhor” [ARA].

Note que a palavra “Espírito” aqui, com inicial maiúscula, refere-se ao Espírito Santo, conforme Joel 2.28,29 e Atos 2.17,18. O povo de Israel somente será cheio do Espírito Santo quando se converter a Jesus no final do “dia da vingança do nosso Deus” [Is 61.2], ou seja, da Grande Tribulação, do “tempo da angústia para Jacó” etc., que culminará com a batalha do Armagedom no final do reinado do anticristo. [Veja estas passagens: Jeremias 30.7; João 3.36; Apocalipse 3.10; 7.14; 11.18]. (ALMEIDA, Abraão. Israel, Gogue e o Anticristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 46-47).

3- Restauração nacional (Ez.37.6-8).

Essa parte do oráculo mostra o que Deus vai fazer e como isso será feito. É a restauração de Israel representada nessa ressurreição dos ossos secos. Javé revela isso a Ezequiel e manda que ele profetize aos ossos, como se fossem um auditório de ouvintes.

A pergunta de Javé ao Profeta: será que estes ossos podem reviver? serve para lembrar o Profeta do poder de Deus para trazer a vida até mesmo os ossos, o que, aliás, já havia acontecido em Israel (2Rs 13.21). Ezequiel sabia a resposta, sem dúvida alguma, mas devolveu a questão a Javé: Senhor Deus, tu o sabes. Isso, segundo Moshe Greenberg, realça que “o profeta evita invadir a liberdade de Deus em sua resposta respeitosamente evasiva”.

Então, Deus ordena a Ezequiel: Profetize para estes ossos. E o conteúdo da profecia é: Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor, como se falasse a um auditório ou a uma multidão. Como afirma Zimmerli, “o profeta é de repente transformado de porta-voz humano impotente para porta-voz onipotente divino”. Note que, em seguida, o profeta introduz o discurso usando a fórmula de autoridade divina: Assim diz o Senhor Deus a estes ossos. Ele recebe a incumbência de proclamar sobre os ossos secos a palavra profética, para que eles prestem atenção no mensageiro autorizado que vai trazer a mensagem divina: Eis que farei entrar em vocês o espírito, e vocês viverão. Esse espírito é o elemento crucial para a vida. A expressão hebraica rûaḥ wîḥyîtem, “espírito e vocês viverão”, traduzida na Septuaginta pela expressão grega pneuma zōēs, “espírito de vida” dado por Deus, é a mesma usada em Apocalipse 11.11.

Segundo a agenda divina, que Javé antecipa ao Profeta e manda-o a profetizar, porei tendões sobre vocês, farei crescer carne sobre vocês e os cobrirei de pele. Os tendões, ou “nervos” (ARC, TB), correspondem à palavra hebraica gîd, “tensão, nervo”, a mesma usada para descrever a contusão da coxa de Jacó (Gn 32.32). Tendão ou nervo é o tecido fibroso pelo qual um músculo se prende a um osso. Depois de religar os ossos com os tendões, virá a cobertura dos ossos com a carne e, em seguida, a carne será revestida com a pele. A vivificação dos ossos por meio da entrada do espírito é reiterada e a razão dessa restauração: Então vocês saberão que eu sou o Senhor, frase muito comum na profecia de Ezequiel, explicada. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 121-122).

III – SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX

1- O testemunho de Deus para o mundo.

Porque eu estou contigo, diz o Senhor, para salvar-te. Yahweh está com Seu servo, Seu povo, Seu amado; e salvará a todos eles, individual e nacionalmente (Rm. 11.26). Isso será acompanhado pela temível destruição dos inimigos que os oprimiram. Grandes e revolucionários levantes serão experimentados entre as nações, o que significará a ruina total. Eles terminarão, mas o mesmo não acontecerá ao povo de Israel, embora tantos povos se tenham esforçado para isso. Será aplicada a correção a Israel; haverá intensos sofrimentos, como meio de restauração, e não de destruição. Haverá salvação por meio da dor, e não evitando a dor. Contudo, Yahweh não os exterminará (ver Jr. 4.27; 5.10,18). A punição terá por finalidade corrigir, e não exterminar. Ver Jr. 10.24. Mas o pecado será punido (ver Jr. 25.29; 49.12).

Aceitar que o julgamento divino consiste apenas em retribuição é condescender com uma teologia inferior. Os julgamentos divinos sempre são remediais, e tão severos quanto a necessidade, para que exerçam seu efeito restaurador. Muitas nações desapareceram definitivamente, mas isso não acontece às almas. O plano divino tem permitido que certas nações continuem atravessando séculos. E também há a imortalidade da alma, a provisão superior de Deus. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3085).

2- O status de Jerusalém entre as nações.

A Destruição de Jerusalém (21.20-24). Estes versículos se referem ao vindouro julgamento de Jerusalém, e não à Segunda Vinda de Jesus (cf. Lc 19.43,44). Aqui, Jesus enfatiza o perigo que os crentes experimentarão na calamidade. A narrativa de Lucas não inclui todos os detalhes providos em Mateus e Marcos. Nada é dito, por exemplo, sobre “a abominação da desolação” (Mt 24.15; Mc 13.14) e sobre esses dias de julgamento serem encurtados por causa do povo de Deus (Mt 24.22; Mc 3.20). No versículo 6, Jesus predisse a destruição do templo; esta seção enfoca o fim violento da cidade.

Como o crente saberá que a destruição de Jerusalém está próxima? Quando eles virem a cidade sendo cercada por exércitos hostis, eles perceberão que o tempo da devastação está perto. Os exércitos invasores serão o sinal para os fiéis que estiverem dentro e ao redor da cidade fugirem para as montanhas. Seus muros e torres não servirão de proteção contra as forças inimigas. Esse julgamento vindouro será “dias de vingança” (v. 22) pela incredulidade e pecados da cidade contra o evangelho, também cumprindo as advertências de Jeremias e Miquéias contra a deslealdade da nação (Jr 7.14-26; 16.1- 9; Mq 3-12). (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 455-456).

3- Restauração espiritual.

O oráculo poderia ter terminado aqui, mas uma palavra final é acrescentada para afastar qualquer outro desespero. O v. 14 se divide em duas partes, sendo que cada uma consiste de um anúncio de uma ação divina seguida de uma resposta humana. Reiteirando, primeiramente, 36.27, Yahweh declara que vai pôr o seu próprio Espírito dentro da casa de Israel. Este anúncio responde às questões concernentes à identidade do Espírito que dá vida aos ossos, na visão, e à maneira pela qual os cadáveres, nas sepulturas, serão ressuscitados; as formas de expressão também ligam deliberadamente esse oráculo com a profecia anterior. Havendo infundido os cadáveres com seu sopro de vida, Yahweh vai pegá-los e colocá-los em sua própria terra. Assim como em 36.36, a adição de dibbart’ wa‘ãé’t’, eu falei e vou agir, lembra a audiência quanto à veracidade da palavra divina. A única esperança de Israel está em seu Deus, que é ao mesmo tempo o Senhor soberano da História e a fonte de vida. A restauração de seu povo será seu momento climático da auto revelação. A fórmula signatária sela ou afiança esta mensagem. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 355).

CONCLUSÃO

Apresentamos uma lição com restauração nacional e espiritual de Israel. A partir da visão do vale dos ossos secos, podemos entender o que está patente no ensino do Novo Testamento: o Senhor Jesus restaura as vidas dos pecadores que se arrependem.

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