EBD – O Bom Pastor e os pastores infiéis

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

Mais lidas

Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11)

INTRODUÇÃO 

A presente lição estuda a mensagem do profeta Ezequiel a respeito dos pastores de Israel. No primeiro tópico, identificaremos o rebanho no Antigo Testamento que é o povo de Israel, bem como no Novo Testamento, que é a Igreja. No segundo tópico, descobriremos quem são os pastores infiéis. Veremos de que se trata dos governantes de Israel, mas que também podemos extrair lições para as lideranças eclesiásticas. E, finalmente, no terceiro tópico vamos refletir a respeito da imagem do bom pastor no Deus de Israel que, no Novo Testamento, se revela na pessoa de Jesus que se consolida como a imagem definitiva do bom pastor cristão.

I – SOBRE O REBANHO

1- Ovelhas.

Ovelha Animal doméstico, Ovis orientalis, citado na Bíblia, diretamente ou por meio de algum termo, tal como cordeiro e carneiro, ou por algum fato relacionado a eles, mais de 700 vezes.

A ovelha era a principal riqueza e o meio de vida de povos pastorais, fornecendo alimento, leite, lã para a confecção de roupas e peles e ossos para outros usos. Além disso, ela era moeda de troca e um animal usado em sacrifícios. O número de ovelhas nos tempos antigos era prodigioso. (Philip W. Comfort e Walter A. Elwell. Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pag. 80).

2- Natureza.

A ovelha tem uma natureza única. Ela não tem duas naturezas. Ovelhas não enfrentam o Pastor. Não é da natureza da ovelha enfrentar Pastor, morder Pastor, fugir do rebanho.

Quando uma ovelha foge do rebanho é por uma questão de visão. Pelo fato de a ovelha enxergar apenas três metros à frente, sendo que enxerga, nitidamente, apenas um metro e meio à sua frente, quando se afasta do Pastor, perde-se facilmente.

Toda ovelha é míope, por isso segue o Pastor pelo faro e pela audição. A única coisa que a ovelha tem muito afinada é a audição e o berro, características fortes. Porém, em tudo, a ovelha é frágil.

A ovelha é um animal que requer muitos cuidados, precisa ser olhada e observada 24 horas por dia. O único animal que precisa de cuidado em tempo integral é a ovelha, por isso Deus escolheu a ovelha para ser um sinal do Reino e, por isso, Ele escolheu ser Cordeiro para sinal do Reino. (Nova. Renê Terra,. Geração Ovelha: O Ministério que está no coração do Cordeiro., Semente de Vida Brasil. Ed. 2014).

3. Os pastores Antigo Testamento

No hebraico, “raah”, palavra que figura por setenta e sete vezes, onde tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; Ez 34.12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3). No seu sentido literal, “um pastor” é alguém que cuida dos rebanhos de ovelhas. Os pastores eram conhecidos como profissionais que alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr 31.10; Ez 34.2,12) e que livravam dos animais ferozes as ovelhas (Am 3.12)” (CHAMPLIN, 2004, p. 104).

3.1 Deus como pastor.

Com base na ideia de que o pastor é um protetor e líder do rebanho, surgiu o conceito de Deus como o Pastor de Israel. Os próprios pastores antigos foram os primeiros a salientar essa similaridade. Assim Jacó se dirigiu a Deus, nos dias que antecederam a sua morte (Gn 49.24). E Davi chamou Deus de seu Pasto (Sl 23.1), o que Asafe também fez (Sl 80.1).

3.2 Profetas, sacerdotes e reis.

Podemos encontrar também muitas passagens, no AT, que se referem aos líderes e governantes do povo de Deus como pastores (Nm 27.17; 1Rs 22.17). Posteriormente, os profetas, os sacerdotes e os reis de Israel, que haviam falhado em seu encargo, diante de Deus e de seu povo, foram condenados como pastores que haviam desertado o rebanho ou que haviam enganado as ovelhas (Jr 2.8; 10.21; 23.1; Ez 34.2). Enquanto o profeta é chamado de atalaia, os governantes de Israel são aqui chamados de pastores (COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON, vol. 4, 2014, p. 476).

4. Os pastores Novo Testamento

A palavra pastor no grego é “poimén” e é usada em seu significado natural (Mt 9.36; 25.32; Mc 6.34); metaforicamente acerca de Jesus (Mt 26.31; Mc 14.27; Jo 10.11,14,16) e acerca dos que atuam como nas igrejas (Ef 4.11) (VINE, 2002, p. 856). Jesus é o maior exemplo de verdadeiro pastor (Jo 10.1-16). Ele é o Pastor e bispo das almas (1Pd 2.25); o grande pastor das ovelhas (Hb 13.20); e o supremo pastor (1Pe 5.4). Neste ofício, Ele se distingue por vários qualificativos. Vejamos:

4.1 Jesus como pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11).

Nos tempos bíblicos, era comum o bom pastor expor a sua vida na luta contra as feras que assaltavam o rebanho (1Sm 17.34-36). Jesus para proteger as suas ovelhas do “ladrão” que vem para: “matar, roubar e destruir” (Jo 10.10). Somos “rebanho do seu pastoreio” (Sl 100.3).

4.2 Jesus como pastor conhece as suas ovelhas (Jo 10.14).

Julgamos quase impossível que um pastor conheça cada ovelha distintamente, pois todas parecem idênticas. Todavia, o contato com as ovelhas lhe proporciona tal conhecimento. Cristo Jesus, muito mais conhece aqueles que lhe servem com um coração puro e se sujeitam a sua vontade.

4.3 Jesus como pastor guia as suas ovelhas (Jo 10.3,4). O pastor à frente do rebanho era a garantia de ser conduzido aos bons pastos e de preservá-lo da emboscada das feras. Era o motivo da expressão confiante de Davi, com a sua própria experiência de pastor (Sl 23.1). Essa deve ser a nossa confiança pois nosso Bom Pastor nos garante a provisão (Fp 4.6,7,19; 1Pd 5.7).

4.4 Jesus como pastor busca as ovelhas perdidas (Jo 10.16).

Em Lucas 15.1-7 encontramos a famosa parábola da “ovelha perdida” que nos mostra o que o pastor é capaz de fazer para buscar a ovelha que se perde do rebanho. Essa analogia é usada pelo Mestre Jesus a fim de retratar o interesse que Ele tem de restaurar os pecadores a comunhão com Deus.

5. Dom Ministerial de pastor

Entre os dons ministeriais concedidos a igreja, encontra-se o dom de pastor (Ef 4.11). O pastor é “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Serve sob a direção do Bom Pastor, a quem pertence a Igreja (1Pd 5.2,4), e deve andar nas suas pisadas (Jr 17.16) e sob a sua direção (Jr 3.15). O pastor vela pelas ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17) (BERGSTÉN, 2007, p. 116).

5.1 A necessidade de um pastor para a igreja.

“O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (1Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4)” (STAMPS, 1995, p. 1816).

5.2 O pastor e as suas muitas atribuições.

“Sua missão é múltipla e polivalente. Ele tem que agir como ensinador, conselheiro, pregador, evangelizador, missionário, profeta, juiz, fazer as vezes de psicólogo, conciliador, administrador dos bens espirituais e de recursos humanos. É administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários” (RENOVATO, 2014, p. 114). Ele cuidar da sã doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11); ensinar a Palavra e exercer a direção da igreja (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5); é um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8) e, esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (At 20.28-31; Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2)” (STAMPS, 1995, p. 1815).

II – SOBRE OS PASTORES INFIÉIS

1- O pastor de ovelhas.

Embora Davi estivesse no trono quando o Salmo 78 foi escrito, ele era chamado de pastor, não de rei. O pastoreio, uma profissão comum naquela época, era um trabalho de alta responsabilidade. Os rebanhos dependiam completamente dos pastores para ter direção, provisão e proteção. Davi passou sua juventude como pastor (1 Sm 16.10.11). Este foi o treinamento para as responsabilidades futuras que Deus lhe havia reservado.

Quando estava pronto, Deus o promoveu de pastor de ovelhas a pastor de Israel, o povo santo. Não ignore a sua situação presente nem a considere com irresponsabilidade; ela pode ser o treinamento de Deus para o seu futuro. (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 790).

2- O que os governantes faziam (vv.2,3)?

De acordo com os vv. 2-6, o rebanho fora colocado em perigo por causa da flagrante negligência dos líderes, que pastoreavam (rõ’eh) a si próprios em lugar de cuidar (rõ’eh) das ovelhas. Isso pode ser aceitável na vida real, em que os pastores são justificadamente motivados por interesse próprio, mas quando a imagem é usada metaforicamente a respeito de humanos pastoreando humanos, o pastor tem responsabilidades para com o governado.

Ezequiel imputa aos governantes três crimes de cometimento.

Primeiro, eles consomem o leite do rebanho deles. O verbo ‘ãkal (lit. “comer”) sugere um produto lácteo sólido, talvez coalhada ou queijo. Novamente, na vida real, o consumo do leite do rebanho não é um ato de exploração, mas, aqui, é feito para que se pareça com roubo.

Segundo, os pastores tosam o rebanho: a lã vós usais. Isso também é natural na economia pastoril, mas a figura de Ezequiel adota a retirada forçada de lã, fazendo parecer que as ovelhas eram deixadas nuas diante das forças da natureza.

Terceiro, eles matam os animais cevados (habbèr’’ a). O verbo zãbah geralmente indica a morte de um animal sacrificial, especialmente para a zebah, a refeição “sacrificial”. Mas, aqui, o verbo fiinciona simplesmente como um sinônimo de fãòah, sem qualquer nuance religiosa. Os pastores criam os carneiros por sua carne, mas, neste contexto metafórico, tal matança representa a violação mais espalhafatosa da fiinção do pastor, presumivelmente assassinato judicial (cf 7.23; 9.9, etc.). A tríade de acusações se conclui com uma reiteração da acusação geral no v. 2. Os governantes tomaram excelente cuidado consigo mesmos, mas não cuidaram do rebanho. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 267-268).

3- O que os governantes não faziam (vv.4,8)?

Os “nãos”. A sequência de nãos revela o problema da omissão dos governantes de Israel. A situação em que as ovelhas se encontravam – fracas, doentes, quebradas, desgarradas e perdidas – não era natural dos animais, mas sim consequência do tratamento que estavam recebendo: dominam sobre elas com força e tirania. A lei proibia esse comportamento: “não domine sobre eles com tirania, mas tema o seu Deus” (Lv 25.43). Em outras passagens, há listas com as abominações praticadas pelos chefes do povo (11.1-2, 9; 12.10; 17.11-21; 19; 21.25; 22.6, 13). Assim, parece se tratar de tolerância em aceitar as falhas, o emprego de violência e o abuso de autoridade. Há um paralelo com pastores em Jeremias 3.15; 23.1-4.

Quanto às ovelhas, a palavra traduz zoʾen, do hebraico, que significa gado miúdo, ou seja, inclui gado caprino e ovino – bodes, cabras, cordeiros, carneiros e ovelhas. As versões em português trazem “ovelhas”. A LXX usa o termo probaton, que se refere especificamente a ovelhas. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 95-96).

4- As ovelhas dispersas (vv. 5,6).

Estes versículos descrevem os efeitos desastrosos da conduta irresponsável dos governantes. Ter líderes como esses é pior que ficar sem pastor. Dispersas, as ovelhas vagueiam pelas montanhas e altas colinas, presas indefesas para todos os animais selvagens (hayat haésãdeh).

A consequência das ações dos pastores é desesperadora. As ovelhas estão espalhadas e desgarradas. Trata-se de uma alusão ao cativeiro, sendo a dispersão do povo de Deus decorrente da omissão dos governantes, ou, nas palavras do Profeta, por não haver pastor. E ninguém dá atenção nem faz nada para corrigir esse cenário. Essa linguagem de dispersão do povo aparece também na visão de Micaías em 1Reis 22.17. No evangelho de Mateus, Jesus se depara com uma situação similar: “ao ver as multidões, Jesus se compadeceu delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36).

As funções pastoris são contrastadas no evangelho de João com as ações de mercenários: “o mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo chegando, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas” (Jo 10.12,13). Com a expressão minhas ovelhas, Deus identifica-se com as ovelhas, que não são propriedade dos pastores. O uso do possessivo “minhas” demonstra o cuidado e a preocupação divina. Isso sinaliza esperança. Aparece também nos versículos 8, 10, 11, 12, 15, 17, 19, 22, 25 e 31. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 96-97).

III – SOBRE O BOM PASTOR

1- A reação divina contra os maus pastores (vv.10-12).

No versículo 10, Javé reitera o que é dito na abertura do oráculo (v. 2): estou contra os pastores. Seguido da fórmula do Profeta, o descontentamento divino é evidente pela mensagem entregue por Ezequiel. Os pastores são responsáveis por seus atos diante de Deus e não estavam agindo com justiça. Por isso, perderão seus postos, mas não está especificada qual será a punição deles. A ênfase reside no livramento das ovelhas da boca deles.

A fórmula de revelação do profeta, porque assim diz o Senhor Deus, anuncia que, como os pastores não executaram sua tarefa, o próprio Deus se dispõe a buscar as suas ovelhas: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Embora se inicie por uma lamentação, o oráculo segue com uma mensagem de esperança. No verso anterior, há o livramento das ovelhas. Na sequência, Deus mesmo vai pastorear Israel, os governantes e o povo, uma ação divina que condiz com sua natureza de amor, santidade, justiça e soberania.

Deus, sendo o verdadeiro pastor, age, então, em favor das ovelhas, como o pastor busca o seu rebanho. O imaginário bíblico sobre o pastor, além de estar presente nas poesias, também envolve grandes nomes como, por exemplo, Moisés, Jetro e Davi.

Assim, existe uma expectativa de quais deveriam ser as características do pastor. Sua principal atividade é alimentar e proteger as ovelhas. A ovelha desnutrida e faminta está sempre inquieta à procura de forragem. Elas precisam de pasto bom (1Cr 4.39, 40), do contrário nunca estão satisfeitas e se fragilizam ainda mais (Jl 1.18). Às vezes, o pastor precisa apaziguar conflitos entre as próprias ovelhas (Ez 34.20-22). A busca pela ovelha perdida é uma imagem significante no ministério de Jesus, como se lê em Mateus 18.12-14 e Lucas 15.1-7. Nessa linguagem metafórica, há um retrato tanto do animal quanto do ser humano, mais especificamente dos crentes no dia a dia. Essas são algumas das razões de Deus nos tratar como ovelhas. Javé promete buscar as suas ovelhas na dispersão, no dia de nuvens e densas trevas. A expressão está relacionada ao imaginário do julgamento no “Dia do Senhor” (Ez 30.3; Jl 2.2; Sf 1.15), um dia de vingança e libertação, mas também ao aparecimento de Deus como no Êxodo para livrar Israel (Js 24.7; Sl 97.2). Dessa forma, a mensagem pode se referir tanto ao retorno escatológico dos judeus dispersos pelo mundo quanto ao fim do cativeiro babilônico. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 97-98).

2- Jesus, o bom Pastor.

Jesus faz mais um contraste, agora entre o pastor e o mercenário. O mercenário é alguém contratado para cuidar das ovelhas, mas ele não é pastor nem dono das ovelhas. Faz o seu trabalho para receber um salário. Não está ali para arriscar sua vida e, sim, para ganhar seu sustento. O pastor, porém, sendo dono das ovelhas, importa-se com elas, defende-as e até está pronto a dar sua vida por seus animais.

Entre tantos nomes de Jesus, bom pastor é um dos que mais nos chamam a atenção. Jesus nos chama de ovelhas, e a ovelha é um animal indefeso, inseguro e míope, que não pode alimentar a si mesma, proteger a si mesma nem limpar a si mesma. A ovelha é totalmente dependente. Há um gritante contraste entre o poder do divino pastor com a fragilidade da ovelha. Há um gritante contraste entre as necessidades da ovelha e a rica provisão oferecida pelo pastor.

Os grandes líderes do povo de Deus exerceram a função de pastor. Os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó eram pastores de ovelhas. Moisés era pastor de ovelhas. O rei Davi também era pastor de ovelhas. Deus é chamado de pastor de Israel. Israel é chamado de rebanho de Deus. A Judeia, lugar de montanhas e vales, não era adequada para a agricultura. Prevalecia a pecuária. Havia muitos rebanhos de ovelhas.

O Messias nos é apresentado no livro de Salmos como o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas (SI 22), como o grande pastor que vive para as ovelhas (SI 23) e como o supremo pastor que voltará para as ovelhas (SI 24).

Em João 10.11, Jesus se apresenta como o bom pastor que dá vida pelas suas ovelhas. O adjetivo “bom” aqui não é agathos, mas kalos. O sentido básico da palavra é “maravilhoso”. A palavra kalos indica o caráter excelente de Jesus. Esse pastor corresponde a um ideal tanto em caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria. O autor aos Hebreus, no capítulo 13, versículo 20, nos fala que Jesus ressurreto dentre os mortos é o grande pastor das ovelhas, aquele que nos aperfeiçoa em todo o bem para cumprirmos a vontade de Deus. E o apóstolo Pedro, em sua primeira epístola, capítulo 5, versículo 4, fala-nos do supremo pastor que se manifestará para dar às suas ovelhas a imarcescível coroa da glória. (LOPES. Hernandes Dias. João. As glorias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pag. 278-280).

3- O pastor cristão.

Quais as características do pastor cristão

Pode entrar legalmente no aprisco das ovelhas (João 10:1). Isso se refere à missão messiânica autêntica de Jesus e à sua autoridade. (Mt. 16:19).

O trabalho do verdadeiro pastor é coroado de sucesso e ele entra apropriadamente no aprisco, mediante a ajuda do porteiro (provavelmente símbolo do Espírito Santo, João 10:7).

O bom pastor instrui as suas ovelhas com a sua palavra e o seu exemplo, e as guia (João 10:7).

O bom pastor vive bem familiarizado com as suas ovelhas, e elas o conhecem bem, o que indica comunhão e comunicação (João 10:3,4).

O pastor verdadeiro guia o rebanho, tanto nesta vida como em direção à vida eterna (João 10:4,10,17 e 28).

O bom pastor é o exemplo moral das ovelhas e vai adiante delas (João 10:4).

O verdadeiro pastor é inteiramente devotado ao seu rebanho e dá a própria vida pelas suas ovelhas (João 10:11). Fica implícito aqui, no caso de Cristo, a expiação realizada na cruz do Calvário, porém, mais particularmente ainda, a vida que lhes é conferida através do sacrifício do pastor, isto é, a vida eterna, o lado positivo da expiação, sendo frisada a união mística com Cristo, e não tanto o lado negativo, que é o perdão dos pecados (João 10:28).

O verdadeiro pastor garante a segurança do rebanho, tanto agora como para toda a eternidade, mediante a autoridade que lhe foi conferida pelo Pai, com quem Cristo tem perfeita união, tanto no tocante à sua natureza quanto no que diz respeito aos seus desígnios (João 10:27-30: ver também 5:19, acerca da unidade essencial entre o Pai e o Filho).

Todas essas características fazem violento contraste com os falsos pastores, que são indivíduos totalmente egoístas e perversos, e que, na realidade, não podem oferecer qualquer dessas vantagens e bênçãos ao rebanho de Deus. Por conseguinte, é dito aqui que o verdadeiro pastor, que é Cristo, entra pela porta, isto é, pelos canais espirituais competentes, porquanto não tem necessidade de iludir, posto que todos os seus propósitos são benévolos.

A mensagem principal de João 10:2 é ensinar que o verdadeiro pastor, que é Cristo Jesus, tem a autoridade própria e a comissão divina para ministrar às ovelhas, que são os verdadeiros filhos de Deus, de cujo direito não participam os falsos pastores. Essa autoridade é aqui ilustrada pelo ato de entrar no aprisco, com a permissão e a boa acolhida que é dada ao verdadeiro pastor pelo porteiro (ver João 10:3). (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. 11 ed. 2013. pag. 105).

Conclusão

Observando a parábola da ovelha perdida, encontraremos uma excelente imagem para o fechamento do símbolo do Bom Pastor.

- Propaganda - spot_img

Últimas Noticias

- Propaganda -