EBD – A responsabilidade é individual

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

Mais lidas

Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” (Ez 18.20)

INTRODUÇÃO

Provavelmente você já ouviu essa expressão: “A Salvação é individual”. É muito comum no meio evangélico. O que está por trás dessa expressão é a perspectiva da responsabilidade individual diante de Deus. A Palavra de Deus mostra exatamente essa perspectiva. O pecado é um ato individual e não há nada que o justifique diante de Deus. A Única saída para o ser humano pecador é arrepender-se de seus pecados e crê no Evangelho, e viver uma vida santa.

I – SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL

1- Uma máxima equivocada.

Os descendentes dos idólatras não podiam escapar ao desprazer do Senhor, para quem mil anos é como se fosse um dia (2 Pe. 3.8; Sl. 90.4). Podemos ter certeza de que os juízos de Deus são justos, e envolvem os filhos dos idólatras porque geralmente participam dos pecados de seus pais. Mas em casos de inocência, esses juízos eram suspensos. Todavia, persistiam circunstâncias adversas, criadas anteriormente. Ademais, existe aquela genética espiritual que transmite atitudes e costumes de pais para filhos, etc., provocando assim a ira divina. Em Ezequiel 18.20 vemos à responsabilidade de cada indivíduo, o outro lado da moeda.

2- Jeremias e Ezequiel trataram do assunto.

Os pecados do povo foram acumulados geração após geração, mas o castigo do cativeiro era responsabilidade daquela geração.

Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos pais, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm 5.7). Javé, entanto, proibiu enfaticamente o povo de pronunciar essa máxima: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, vocês nunca mais repetirão esse provérbio em Israel (18.3). Na profecia de Jeremias, essa proibição é escatológica, depois a restauração de Israel (Jr 31.29). (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 87).

3- O problema em nosso tempo.

Sobre a “Maldição Hereditária” encontramos o primeiro texto encontra-se em Levítico 19.31; 20.6 [versão King James]:

“Não vos voltareis para os que têm espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou o Senhor. E a alma que se voltar para os espíritos familiares, eu me voltarei contra ela, e a eliminarei do meio do meu povo.”

O erro cometido pela versão inglesa King James [ou do Rei Tiago], que usa as palavras “espíritos familiares” em lugar de “os que consultam os mortos [necromantes] nem para os feiticeiros”, dá imaginação aos intérpretes da maldição hereditária para fazerem a Bíblia dizer o que ela nunca disse.

[As versões em português mais conhecidas não contêm essa expressão. No entanto, Levítico não está falando de “espíritos familiares” que passam, por exemplo, de um avô para um neto, mas sim da adivinhação, da consulta aos mortos e da feitiçaria, que são práticas abomináveis a Deus. O capítulo 19, verso 31 fala tão-somente de algumas leis já proferidas e que agora ganham forma de reiteração divina, para que o povo não se contamine com as abominações das outras nações ao seu redor, porque Deus os chamou para serem diferentes dos outros povos, em termos de vida, atitudes e comportamentos.

Por outro lado, Levítico 20.6 salienta a questão das diversas penas que Deus instituiu para punir os que, porventura, desobedecem aos seus mandamentos.

O segundo texto-prova dos adeptos da maldição hereditária é Êxodo 20.5,6:

“Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos.”

Nota-se que o texto em tela serve de antítese à teoria da maldição hereditária. Analisemos:

No v. 5, onde lemos:”… até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”, não se refere a netos e trinetos.

O sentido é de continuidade da ira, da sua durabilidade, e não de sua extensão biológica. Em contrapartida, no verso 6 lemos que a misericórdia divina é para com milhares.

Milhares aqui também não é uma figura matemática, mas designa a extensão ilimitada do amor de Deus. De modo que Êxodo 20.5,6 não está falando em transferência congênita, mas sim — repito — da durabilidade do juízo divino, ou seja, sempre que houver necessidade de juízo, haverá juízo. Assim como a misericórdia de Deus sempre se manifestará na vida dos fiéis.

O texto supra está asseverando, categórica e determinantemente, que o agente punidor da transgressão da lei é o próprio Deus, que julga aqueles que praticam atos abomináveis, e não algo que passa de geração a geração como um tipo de encantamento.

O texto também deixa muito claro que o juízo de Deus só cai sobre os transgressores da lei, mas enquanto eles forem transgressores, pois, ao deixarem de sê-lo — o que só é possível através de expiação do sangue de Jesus —, deixam de estar sob a punição de Deus. Logo, deixam de ser amaldiçoados, como está escrito em Romanos 8.1: “Portanto, agora, nenhuma condenação [maldição, punição, juízo] há para os que estão em Cristo Jesus”.

A maldição a que o texto se refere trata-se do juízo moral previsto na lei sobre os desobedientes, enquanto desobedientes. O texto não está aludindo absolutamente à maldição congênita, mas ao fato de que a desobediência impertinente, persistente e incontinente é sempre razão para o juízo de Deus, apareça ela onde aparecer e em qualquer geração. Assim como a obediência será sempre motivo para a misericórdia de Deus se manifestar. Até porque não podemos nos esquecer do princípio bíblico de que sob a lei todos os homens estão condenados, mas sob a graça todos podem ser salvos.

Finalmente, o texto de Êxodo não associa o juízo de Deus à possessão demoníaca, embora tenhamos a absoluta consciência de que isso eventualmente possa até acontecer na vida de quem vive em desobediência. Mas ela não tem nada a ver com possessão demoníaca. Pelo contrário, fala do juízo de Deus previsto na lei sobre os desobedientes.

Ora, convenhamos, se a maldição a que o texto se refere trata-se do juízo sobre aqueles que transgridem a lei, pergunto: de que forma uma oração de desligamento pode cancelar uma maldição divina? Mais: como uma regressão pode livrar uma pessoa que está debaixo do juízo da lei de Deus?

A conclusão é simples: essa prática, com base na Palavra de Deus, é pura temeridade e inconsequência de quem a ensina. Além disso, a Bíblia também afirma que Deus não condena o filho por causa do erro do pai nem vice-versa.

Assim pontifica o profeta:

Mas dizeis: Por que não levará o filho a maldade do pai? Porque o filho fez juízo e justiça, e guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso, certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele [Ez 18.19,20].

Estamos confundindo duas coisas completamente diferentes: consequências de ordem meramente natural e juízo moral de Deus. Enquanto as consequências naturais quase sempre acontecem por conta da própria imprevidência humana, o juízo legal de Deus acontece na vida dos transgressores e de forma bem individual. Jesus, no entanto, diz: E o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz porque suas obras eram más. (Lima. Paulo Cesar,. O que está por trás do G-12. Editora CPAD: 1 Ed 2000. pag. 93-96).

II – SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS

1- Há esperança para o pecador (vv. 21,22,23).

A urgência do profeta se toma mais evidente ao passo que seu discurso progride. Mantendo seu compromisso com o chamado de atalaia, Ezequiel desafia seus ouvintes a encontrar vida por intermédio de três cláusulas condicionais, que, quando tomadas conjuntamente, resumem para o leitor a doutrina bíblica para o arrependimento. O arrependimento envolve uma mudança fundamental de direção, afastando-se de todo o pecado, e se comprometendo com a vontade de Deus. Assim como o velho caminho do pecado fora mencionado em ações específicas, também deve ser o novo comprometimento. O justo observa {sãmar) todos os decretos (kol-huqqõtay) de Yahweh, e pratica a justiça e a retidão. Pode se sentir o entusiasmo de Ezequiel quando anuncia o veredicto para aqueles que vão ao encontro destas condições: e/e certamente viverá! Não morrerá! A rebelião passada, expressa em atos, será desprezada, e a atual retidão será o que importa.

Por meio de uma pergunta retórica, que antecipa uma resposta negativa inequívoca, Ezequiel expressa as bases da esperança para os exilados: o comprometimento fundamental com Yahweh é para a vida, não para a morte. Deus não se alegra com a morte de ninguém, nem mesmo da pessoa ímpia. Seu desejo é que todos se arrependam e encontrem vida nele. Isto é o que o auditório de Ezequiel precisa para eles serem libertos de toda a cadeia de depressão e desespero – uma nova visão de Deus, um Deus que está do lado da bênção e da vida, não do lado da maldição e da morte (cf Dt 30.15-20). Que declaração impressionante da paciência e da misericórdia divina é esta! Em âmbito nacional, embora Israel estivesse em um estado de rebelião por gerações, a porta para um futuro permanecia amplamente aberta. O profeta promete àqueles em seu auditório que se arrependerem de seus pecados que encontrarão vida. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 1. Editora Cultura Cristã. pag. 532-533).

2- Refutando um pensamento fatalista (v.20).

A alma que pecar, essa morrerá. Agora o profeta chega à conclusão da discussão anterior: a responsabilidade pessoal opera na vida de todas as pessoas e na vida-coletiva de uma nação. A alma que pratica o pecado morrerá; a coletividade que pratica a maldade morrerá; a alma que pratica o bem viverá; a coletividade que pratica o bem viverá.

O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna. (Romanos 6.23)

A doutrina de Ezequiel é uma afirmação poderosa da lei moral da colheita segundo a semeadura. Ver Gál. 6.7-8, no Novo Testamento Interpretado. O filho inocente de um pai corrupto viverá (vss. 14-17); o bom pai não participará dos resultados dos pecados de um filho rebelde (vss. 10-11). O bom homem terá a proteção de Yahweh e terá vida longa e próspera e, depois, da morte biológica, a vida eterna. Mas o homem maldoso enfrentará a ira de Deus. O seu sangue será sobre ele (vs. 13). Esta conclusão é lógica e verdadeira, e concorda plenamente com o princípio anunciado no vs. 4. Yahweh, o Criador de todas as almas, é também seu Juiz. Além disto, é o Legislador que deu sua lei como guia, tornando os homens responsáveis, porque tinham luz para o caminho.

O texto ensina responsabilidade moral e espiritual de todos os indivíduos, e também ensina responsabilidade da nação de Judá inteira. As duas manifestações são os dois lados da mesma moeda.

Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada um será morto pelo seu pecado. (Deuteronômio 24.16) CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3247.

3- Duas situações (vv.2,22,24).

Os pecados passados não são levados em consideração contra aqueles que se arrependem, pela mesma moeda, a retidão passada também não será considerada em relação àqueles que se afastam desse comprometimento. Tomando emprestado o vocabulário do capítulo 3.20, Ezequiel apresenta um caso hipotético de alguém que anteriormente na vida havia sido uma pessoa reta, mas que subsequentemente se desviou (súb) ou “se arrependeu” daquele caminho. Com uma pergunta retórica ele se comportará desta maneira e ainda viverá? O profeta chama a atenção de seu auditório para refletir o destino apropriado para esse indivíduo. O princípio anterior permanece: os registros da vida da pessoa que era reta serão destruídos; a traição pelos pecados dos últimos dias determina o seu destino.

Ezequiel, assim, repudiou a noção de um “tesouro de mérito ou demérito” em duas narrativas. Primeiramente, uma geração não pode construir tal tesouro para a outra; cada indivíduo determina o próprio destino por sua própria conduta. Segundo, um indivíduo não pode construir tal tesouro em uma fase de sua vida e contar com isto para descontar por coisas erradas que fez depois. Nas palavras de Uffenheimer, “‘homem justo’ e ‘pecador’ não são conceitos que podem ser calculados em termos quantitativos, nos quais o passado tanto age como um fardo pesando sobre o presente, quanto como serve para aliviá-lo. Não, o que é decisivo a este respeito, somente e exclusivamente, é o presente de tal indivíduo, sua posição moral atual”. O destino do justo e do ímpio é determinado pelo presente, um momento de julgamento. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 1. Editora Cultura Cristã. pag. 533-534).

III – SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL

1- Uma pergunta retórica (v.25).

É óbvio, por parte do segundo protesto feito pelos ouvintes, que rejeitaram não somente a oferta de Ezequiel, rejeitaram também a sua visão de Deus. A reação do apelo de Ezequiel que vem a seguir, para escolherem vida em vez da morte, demonstra que o problema do povo não era primariamente cosmológico, mas teológico. Enquanto afirmavam serem vítimas de uma lei universal imutável que estabelecia seus destinos em relação à conduta de seus pais, na verdade estavam diante da misericórdia de um Deus caprichoso, cujas ações são previsíveis e arbitrárias.

A palavra-chave neste texto é (Niphal), “serj usto, escrupuloso”, que a raiz no Qal denota: “medir, determinar”. O verbo aparece em Ezequiel somente no capítulo 33.17,20 (também no Niphal). Em ambos os contextos fala de arbitrariedade e incapacidade, falta de princípio, e até mesmo falta de senso. Fora destes dois textos, o Niphal ocorre somente em 1 Samuel 2.3, que se refere à medida e ao peso das ações de Yahweh {‘^ãlilôt). Nestes contextos, os exilados se tornaram convencidos de que a visão de Jeremias quanto a um Deus que se alegra no hesed, (Jr 9.23 [em português, 24]) era uma ilusão. Traiu os princípios do pacto ele mesmo; porque, então, deveriam esperar nele? (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 1. Editora Cultura Cristã. pag. 535).

2- Sobre a justiça.

O julgamento divino (Salmos 7.11-17)

Deus é justo (11). A ênfase aqui está posta na realidade da reação contínua de Deus perante as más ações do homem (corrigindo deste modo qualquer inferência da impaciência humana em 6-7). Esta reação apresenta-se desenhada na alegoria da agressão irresistível – a espada afiada, o arco retesado, armas mortais e dardos inflamados – que o pecador encontra quando avança obstinadamente para a perdição porque recusa voltar-se (12) para o fato central da graça e da misericórdia divinas. Seguidamente, descreve-se toda a carreira da impiedade, no seu começo, a sua ação e o seu fim (14-16; cf. Tg 1.15).

O homem perverso dá origem, pela sua própria natureza, à falsidade e ao erro (14); o seu trabalho fracassa nos seus propósitos e torna-se um laço para ele próprio (15; cf. Sl 9.16); os seus planos e os seus métodos causam finalmente a sua ruína (16; cf. 1Sm 25.39; também Mt 21.33-41; 25.24-28). Todos estes pensamentos evocam no salmista uma convicção profunda de que Deus é digno de louvor, não só por causa da Sua justiça inata mas também devido à sua resposta segura a este apelo por julgamento. O nome de Deus é Jeová, o Altíssimo (17). (DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Salmos. pag. 22-23).

3- O arrependimento (vv. 27,28).

A justiça de Deus é demonstrada e vindicada também quando o homem mau de ontem é o homem bom de hoje. O passado é anulado pelo presente; uma mudança de conduta reverte a avaliação divina. Este versículo expande as ideias dadas nos vss. 21-22 e 27. O pecador de ontem pode ser o santo de hoje. O homem abandona seu caminho ímpio e o temor do Senhor começa a guiá-lo (Pv. 1.7). Este homem estuda a lei e termina vivendo segundo as suas exigências. Assim, ele ganha vida (Dt. 4.1; 5.33; 6.2; Ez. 20.1). A justiça de Deus se vindica quando o homem mau de ontem recebe vida hoje, através do arrependimento e da mudança de vida. Contraste-se o caso de Judá, que fora boa ontem, mas corrupta hoje. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3248).

CONCLUSÃO

Possamos analisar quanto o ser humano é responsável pelas suas atitudes. A história de confissão do pecado do rei Davi traz um bom exemplo. Que a Misericórdia e Bondade de Deus nos seguindo e tenhamos a responsabilidade diante do Justo Deus.  

- Propaganda - spot_img

Últimas Noticias

- Propaganda -