EBD – A JUSTIÇA DE DEUS

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Com o puro te mostrarás puro e com o perverso te mostrarás indomável.” (Sl 18.26)

INTRODUÇÃO

A presente lição está fundamentada em três grandes tópicos. O primeiro identifica o juízo divino exposto pelo profeta. O segundo mostra um tipo de petição que Deus não atende. E, finalmente, o terceiro diz respeito a impossibilidade de uma possível intercessão de homens justos, como Noé, Daniel e Jó, para livrar o povo do juízo divino. A luz desses tópicos, a presente lição desenvolve o tema da retribuição divina ao pecado.

I – SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DO JUÍZO DIVINO

Realizando uma leitura atenta dos profetas do Antigo Testamento nos ajuda a compreender as ações de Deus concernentes à retribuição ao pecado.

  1. Etimologia

Primeiramente justiça se refere ao latim como “iustitia”, vinculado ao adjetivo justo (em latim iustus) e ambos baseados no núcleo propiciado pelo termo direito (apresentado no latim como ius). Por sua vez, Divina ou Divino tem referência no latim como “divīnus”, em alusão ao que está relacionada a Deus ou a uma divindade da qual se acredita, associado ao adjetivo divus, para referir-se a Deus ou a uma deidade, e naturalmente Deus ou deus, associado ao latim deus, explorando a raiz no indo-europeu *dyeu-, por iluminar ou brilhar.

2. Conceito

Justiça é aquilo que está em conformidade com o que é reto; é a qualidade do que está de acordo com o cumprimento da lei. No estudo bíblico-teológico, frequentemente o atributo da justiça de Deus é também chamado de “retidão de Deus”.

3. A primeira parte do oráculo (v.13).

A reação de Yahweh a tal infidelidade é descrita primeiro em uma afirmação geral: estendi minha mão contra ela. Ezequiel já tocou no assunto dos efeitos devastadores da mão estendida de Yahweh em dois textos anteriores (sobre a nação, 6.14; sobre o indivíduo, 14.9). Aqui, outro exemplo da exposição redentiva, ele oferece uma exposição do assunto ao citar quatro cenários diferentes, em cada caso envolvendo um agente diferente de julgamento. Estes casos são apresentados em painéis paralelos. Porque não há progressão evidente nos quatro painéis, pode-se examiná-los ao comparar e contrastar suas características respectivas sob uma série de títulos.

Agentes. Os cinco agentes da mão divina listados aqui são idênticos àqueles identificados em 5.17 (fome [rã’ãb], animais selvagens [hayyâ rã‘^â], espada [hereb]),“ praga [deber] e derramamento de sangue [dãm]), embora as duas últimas estejam combinadas no painel

Mas o tratamento atual pode também ter sido inspirado por Jeremias 15.2-3:

Assim declarou Yahweh:

Aqueles destinados para a morte, para a morte (mãivet); Aqueles destinados para a espada, para a espada {hereb); Aqueles destinados para a fome, para a fome (rã^ãb) Aqueles destinados para a prisão, para a prisão (sëbî).

E eu lhes indicarei quatro agentes [de julgamento], declara Yahweh: a espada para matar, os cães para arrastar, os pássaros do céu e os animais da terra para devorarem e destruir.

Propósito/Resultados. A adoção de uma estratégica retórica de quatro estágios enfatiza a totalidade da destruição iminente. Sua amplitude é reforçada pela expressão idiomática merismática, “eliminar homem e animal selvagem dela [da terra]”, isto é, “todas as criaturas vivas” que aparecem nos painéis 1, 2 e 4. Contudo, vários painéis também acrescentam seus próprios elementos distintivos para a imagem. A descrição do efeito, a quebra do suprimento de pão precede a identificação do agente. Ezequiel visualiza bestas predadoras correndo pela terra e varrendo a população, e deixando a terra desolada e perigosa para aqueles que passam por ela. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 418,420).

II – SOBRE A PETIÇÃO QUE DEUS NÃO ATENDE

1- Exemplos de intercessão pelo pecador.

Um terrível temor do desprazer de Deus: “Não se ire o Senhor” (Gn 18.30), e novamente, (Gn 18.32). Observe que:

A impertinência que os crentes usam quando se dirigem a Deus é tal que, se estivessem lidando com um homem como eles, não poderiam deixar de temer que este se zangasse com eles. Mas aquele com quem nos relacionamos é Deus, e não homem. E, quem quer que Ele possa parecer, não está, realmente, indignado com as orações dos justos (SI 80.4), pois elas são o seu contentamento (Pv 15.8). Ele se alegra quando “lutamos” com Ele em oração.

Mesmo quando recebemos sinais especiais do favor divino, devemos zelar por nós mesmos, para que não nos façamos odiosos ao desprazer divino. E, por isto, devemos trazer o Mediador conosco, nos braços da nossa fé, para expiar a iniquidade daquilo que é santo para nós. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 106).

2- Um castigo inevitável.

Irrevogabilidade. A fuga desejada da mão de Yahweh é expressa na raiz nsl, “salvar, livrar”, que, com suas sete ocorrências nos vs. 14-20, funciona como uma Leitwort na passagem. A palavra é com frequência associada com a libertação de Israel da escravidão egípcia operada por Yahweh, mas num tom irônico, o agente do resgate anterior agora se apresenta como inimigo de quem a libertação é necessária. Mas a libertação não virá. Nem mesmo a presença das pessoas mais retas na História mudarão a mente de Deus. Para concretizar a irrevogabilidade desta realidade dura, o profeta nomeia três pessoas, paradigmas de virtude, cuja presença em Israel não convenceria Yahweh de retirar a sua mão: Noé, Daniel e Jó. (Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 421).

3- Quando Deus não atende a oração intercessória de um justo.

Que quando o pecado de um povo atingisse o seu auge, e a sua destruição fosse promulgada, a piedade e as orações dos melhores homens não prevaleceriam para dar um fim à controvérsia. Isto é declarado aqui, repetidas vezes, pois, ainda que esses três homens estivessem no meio de Jerusalém, “nem filho nem filha eles livrariam”. Os pequeninos não seriam livrados por causa deles, tanto quanto os pequenos de Israel não foram livrados pela oração de Moisés, Números 14.31. Não. A terra seria desolada, e Deus não ouviria as orações por ela, ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante dele, Jeremias 15.1. Observe que quando se abusa da paciência, ela se converte em ira inexorável. E parece que Deus seria mais inexorável no caso de Israel do que em qualquer outro (v. 6), porque, além da paciência divina, eles tinham desfrutado de mais privilégios do que qualquer outro povo, e isto agravava o seu pecado. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 679).

III – SOBRE A INTERCESSÃO DE NOÉ, DANIEL E JÓ

Estava chegando um período difícil espiritualmente que nem com a intercessão de Moisés e Samuel o povo seria poupado do juízo. Ezequiel refuta o imaginário popular de que Deus é obrigado a tolerar o pecado do povo por causa dos justos da cidade.

1- Por que o povo rejeitou os profetas?

A ideia que se tinha era que a geração dos profetas Jeremias e Ezequiel conhecia o relato da destruição de Sodoma e Gomorra. Se apenas dez justos são suficientes para Deus poupar a cidade, por que Jerusalém seria destruída com um número maior de justos? (Gn 18.32). Esse argumento pode explicar por que Ezequiel afirma que “ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, livrariam apenas a sua alma” (vv. 14, 20). (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 81).

2- “Noé, Daniel e Jó” (vv.14,20).

Por que Deus escolheu esses três homens?

Um dos motivos foi o fato de todos eles serem identificados nas Escrituras do Antigo Testamento como homens justos (Gn 6:9; Jó 1:1, 8; 2:3; Dn 6:4, 5, 22). Todos eles foram provados e mostraram-se fiéis: Noé pelo dilúvio, Daniel, na cova dos leões, e Jó pelas provações dolorosas de Satanás. Foram todos homens de fé. Por sua fé, Noé ajudou a salvar sua família e a criação animal; Daniel, por sua fé, salvou sua própria vida e a vida de seus três amigos (Dn 2:24); pela fé, Jó salvou seus três amigos do juízo de Deus (Jó 42:7, 8). No entanto, a fé e a justiça desses três homens não poderiam ser imputadas a outros. A família de Noé teve de confiar em Deus e entrar na arca; os amigos de Daniel tiveram de orar e crer em Deus; e os amigos de Jó tiveram de se arrepender e de oferecer os devidos sacrifícios. Não existe “fé emprestada”. (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 232).

3- O profeta Daniel.

DANIEL Herói do AT e principal personagem do livro de Daniel. De linhagem nobre e real (Dn 1.3), foi levado como prisioneiro para Babilónia por Nabucodonosor em 605 a.C. juntamente com outros jovens judeus com as mesmas qualidades e capacidade (1.1-7). Ali passou o resto de sua vida e ganhou destaque como profeta e estadista.

Daniel foi instruído sobre a língua e a civilização dos caldeus (1.4). Ele e seus amigos Hananias, Misael e Azarias foram agraciados com o generoso menu da corte pagã.

Como o alimento real era contra a lei de Moisés, e poderia torná-lo menos eficientes, Daniel “assentou em seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia” (1.8). Como uma concessão ao seu pedido, Daniel e seus amigos tiveram permissão de apenas comer vegetais e beber água durante dez dias, e demonstraram ter ficado mais saudáveis que os demais companheiros. Os supervisores perceberam que esses jovens judeus possuíam grande habilidade e sabedoria. Ao final desse período de treinamento foram reconhecidos pelo rei como superiores a todos os homens sábios da corte real.

Através da divina revelação, Daniel contou o sonho que o rei havia esquecido e também deu a interpretação, que incluía a destruição do reino de Nabucodonosor (Dn 2).

O rei elogiou Daniel, honrou o seu Deus e o recompensou com presentes preciosos (2.46,47) e também “o pôs por governador de toda a província de Babilónia, como também por principal governador de todos os sábios de Babilónia” (2.48). Mais tarde, Daniel interpretou outro sonho de Nabucodonosor e disse ao rei que, durante algum tempo, ele perderia seu trono, mas que este seria recuperado depois que ele tivesse se humilhado completamente (Dn 4).

Deus revelou, através de Daniel, certos aspectos do reino messiânico que poderiam interferir no curso da história e da eternidade.

Durante mais de 20 anos (561-539 a.C.) nada foi registrado a respeito de Daniel; pode ser que ele tenha perdido sua posição e o favor real. Então, na festa de Belsazar (q.v), que era o correagente com seu pai Nabonido, a rainha (provavelmente mãe de Belsazar, e filha de Nabucodonosor) lembrou-se de Daniel, que foi convocado para interpretar uma estranha inscrição na parede (Dn 5.1028).

De acordo com sua interpretação, a Babilónia seria conquistada naquela noite (539 a.C.) por Dario, o medo. Embora a história secular não tenha, até o momento, conhecido um personagem medo com o nome de Dario, ele foi identificado por competentes estudiosos como sendo Gobryas, governador da Babilónia no reinado de Ciro (John C. Whitcomb, Darius the Mede). Dario reconheceu a habilidade de Daniel e o fez chefe de um conselho de três presidentes e “pensava constituí-lo sobre todo o reino” (Dn 6.3).

Em sua religião, Daniel manifestava a mesma fidelidade incondicional. Ele desafiou o decreto de Dario e orava a Deus ao invés de fazer petições ao rei. Foi lançado na cova dos leões e milagrosamente salvo (Dn 6). Ele nunca transigiu as suas convicções, nem hesitou em sua lealdade a Deus. Viveu até o terceiro ano do reinado de Ciro (536 a.C.), chegando, provavelmente, a 90 anos de idade e ainda ativo.

Ezequiel se referia a Daniel como um homem de grande sabedoria e piedade (Ez 28.3) e o colocava ao lado de pessoas tão dignas quanto Noé e Jó (Ez 14,14,20), homens de renomada virtude. Jesus se referiu a Daniel pelo menos uma vez (Mt 24.15). C. J. H. PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 519-520.

CONCLUSÃO

Concluímos a nossa lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus nesse discurso de Ezequiel diz respeito à retribuição divina ao pecado. É importante ter em mente esse conceito para não se confundir com a justiça da teologia paulina, que justifica o pecador que crê em Jesus. Fiquemos em alerta, diante de Deus, temos responsabilidade com os próprios atos. O justo Juiz nos pedirá conta deles.

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