Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.” (Ez 11.23)
INTRODUÇÃO
A presença de Deus pode deixar o seu povo? Na lição anterior estudamos a respeito das abominações do Templo, que teve a idolatria como principal ato de rebelião contra o Deus de Israel. A consequência: a glória de Deus deixou o Templo. Essa glória representa a presença divina entre o povo. Então, isso pode acontecer hoje? É possível Deus abandonar o seu povo por causa dos pecados deliberados? Na lição desta semana veremos que sim. É preciso cuidar para que a presença de Deus não se afaste de nossas vidas, pois é muito preciosa. Não podemos viver sem a presença de Deus.
I – SOBRE A GLÓRIA DE DEUS
1- O significado de “glória”.
O Dicionário Bíblico Wycliffe mostra um conceito importante da Bíblia, a palavra “glória” é a tradução de uma variedade de palavras hebraicas e gregas, sendo a mais comum kabod, no Antigo Testamento, e doxa, no Novo Testamento. Originada do conceito hebraico de “peso, dignidade, excelência”, a palavra “glória”, em sentido doutrinário, é usada referindo-se a Deus nos Salmos 19.1 e 63.2, falando de como Ele é magnífico, tremendo, inigualável.
Essencial ao uso da palavra no Antigo Testamento é a ideia da glória do Senhor (Is 6.3). Nesse sentido, a glória está ligada à revelação, e consiste na manifestação da natureza de Deus. O assunto específico de Isaías 6 é a revelação da santidade, e a majestosa santidade e glória de Deus, que estão intimamente relacionadas. Algumas vezes, no Antigo Testamento, esta manifestação aproxima-se de uma aparição física irresistível de glória, esplendor ou brilho (Lv 9.23; Ex 33.18ss.). Teologicamente, isto é representado pelos termos “presença”, ou “glória Shekina”.
No Novo Testamento, a glória do Senhor é vista em conexão com Jesus Cristo de várias maneiras. A narrativa do nascimento no relato de Lucas mostra que o primeiro advento do Messias foi marcado pela aparição da glória do Senhor (Lc 2.9,14,32). Esta glória, a soma de toda a perfeição da Trindade, esteve velada durante o ministério terreno do Cristo encarnado, exceto por um breve lampejo durante a transfiguração (Lc 9.28ss.), e em momentos cruciais do ministério de Cristo (Jo 2.11; 11.40). Em Hebreus 1.3, delineia-se Jesus Cristo como o resplendor ou a radiação da glória de Deus.
Pela graça soberana, o crente do Novo Testamento é visto compartilhando essa glória até certo ponto (Rm 8.30; 2 Co 4.6). Na ressurreição, o crente será transformado e assim será semelhante ao Salvador glorificado, em uma condição muito superior àquela que ele percebe ou imagina agora, e irá compartilhar a glória escatológica de Cristo (1 Pe 5.4; Ap 21.23). Cada crente estará livre da natureza pecadora e decaída, e terá um corpo ressuscitado. (PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 870).
2- A glória de Deus.
Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu. Os vss. 1-3 são comentários do cronista, material que não se encontra no trecho paralelo de 1 Reis. E, naturalmente, os críticos supõem que sejam ornamentos imaginários do autor sagrado, que se afastou de sua fonte informativa a fim de destacar o drama da narrativa. Em Levítico 9.23,24 quanto a um relato similar a respeito dos sacrifícios oferecidos por Arão.
Aqui a referência é à oração eloquente de Salomão (2 Cr. 6.12-21). Salomão orou para que o templo cumprisse o propósito para o qual fora construído ser um lugar de adoração e justiça para todos os povos. O caráter distintivo da nação de Israel seria provado desse modo. Lendo Deuteronômio 4.4-8 sobre essa distinção. Mas Israel também seria a fonte de uma bênção universal, em antecipação à era do evangelho (2 Cr. 6.33).
“Todo ato de adoração era acompanhado por sacrifícios. A língua preternatural de fogo acendeu a massa de carne e foi um sinal da aceitação, por parte do Ser divino, da oração de Salomão (Lv. 9.24 e 1 Reis 18.38). A glória do Senhor encheu a casa com o que era símbolo da presença e da majestade de Deus (ver Èxo. 40.35)”. Era a glória do Senhor, conforme explica o Targum. 1 Reis 8.10,19.
Os sacerdotes não podiam entrar na casa do Senhor. A Glória de Yahweh fechou temporariamente o acesso ao templo. Nem os próprios sacerdotes que tinham autorização para ministrar ali podiam entrar. O templo abriria uma nova avenida de acesso, mas, pelo momento, o povo deveria ficar boquiaberto diante da majestosa presença de Deus. Naturalmente, a própria estrutura do templo falava sobre a limitação do acesso. Mas quando o crente se tomou o templo do Espírito (1 Co 3.16) e a Igreja se tomou, coletivamente falando, o lugar da manifestação da presença de Deus, o Seu templo (Ef 2.20-22), então essas limitações foram eliminadas.
Quando passou o momento de terror, então os sacerdotes procederam com seus sacrifícios necessários, a fim de santificar a ocasião. Em 2 Cr. 5.14 e 1 Reis 8.11. O autor sagrado queria que reconhecêssemos a presença manifestada nas ocasiões próprias e que houve contatos com o Ser divino. Isso reflete o teísmo. O toque místico é parte necessária de nossa espiritualidade e um agente poderoso que facilita nosso crescimento espiritual. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1653).
II – SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS
1- O querubim e a nuvem (9.3; 10.4).
(…) se levantou do querubim (Ez. 9.3). Os querubins são um dos elementos do templo, estendem suas asas sobre a arca da aliança e acompanham seus deslocamentos (1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2). Javé estava sentado acima dos querubins. Não está claro se nesse verso é um dos dois querubins do propiciatório da arca da aliança (2 Cr 5.8) ou uma das quatro criaturas da visão inaugural do capítulo 1. Qualquer que seja, está claro que a glória começa a se mover em direção à entrada do templo. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 51).
2- A retirada da presença de Deus (10.18).
Após ter terminado a seção a respeito da carruagem e dos querubins que a conduziam, a narrativa principal começa com o anúncio da segunda fase da partida, em estágios, de Yahweh do templo. O profeta assiste ao kãbôd se levantar da porta, mover-se para onde a carruagem-trono estava parada, e a vê descer em cima dos querubins. Com a carga divina no lugar, os querubins se levantam e se transportam para o portão leste do templo, provavelmente o portão do átrio exterior. Durante todo o tempo, o profeta é capaz de observar a glória de Deus de Israel flutuando sobre os querubins, aguardando sua viagem formal.
Vale a pena observar que pela primeira vez desde o capítulo 8 versículo 16 o templo é referido como A casa de Yahweh (bêt-yhwh). A designação mais simples, habbayit, “a casa”, usada na narrativa do meio, reflete a alienação sobre a relação Yahweh e o templo. Difamado pelas abominações, descritas no capítulo 8, e destruído pela matança de 9.7, havia por tudo isto cessado de ser sua residência. A expressão bêt-yhwh ocorre mais uma vez em 11.1, mas a partida da glória sinaliza o fim de um relacionamento que existiu por quase quatro séculos. O rei divino abandonou sua residência. (Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 312).
3- Por fim a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras (11.23).
Aparentemente, ao menos de acordo com a forma atual da narrativa da visão, quando Yahweh havia terminado sua refutação das afirmações falsas dos moradores de Jerusalém quanto à propriedade e aos privilégios de seus compatriotas exilados, a contemplação do profeta retoma à carmagem-trono celestial. Ela fora observada pela última vez parada no portão leste do átrio interior do templo. A correspondência verbal entre os versículos 22 e 10.19 sugere uma retomada intencional daquele episódio. O voo até a montanha leste da cidade marca o estágio final no itinerário do kãbôd como observado pelo profeta. Era de se esperar um episódio final, com a glória divina deixando o Monte das Oliveiras e desaparecendo no céu oriental. Mas o final da atual visão reflete sua preocupação principal: a partida de Yahweh do templo. De qualquer modo, em relação a uma pessoa dentro da cidade, 0 Monte das Oliveiras representa o horizonte oriental.
Ezequiel não fomece maior informação quanto às viagens do merkabah ou seu destino fínal. Será que a glória tomou o rumo da Babilônia em cumprimento à promessa de Yahweh de ser “um santuário limitado”, para os exilados (v. 16), oferecendo-lhes assim o mesmo conforto que Ezequiel havia recebido no momento de sua inauguração? Parece que não, pois esta solução conecta a visão inaugural do profeta muito de perto com esta visão do templo, que aconteceu mais de um ano mais tarde. Devemos, no entanto, visualizar a carmagem-trono transportando a glória de volta a seu lugar eterno e real nos céus. Ezequiel não oferece confirmação alguma desta interpretação, mas uma tradição posterior parece entender isto assim, incluindo a visão de Daniel dos Dias Antigos em 7.9-10 e 13-14, e a visão de João do Senhor entronizado em Apocalipse 4.1 -11. Os dois textos colocam o merkabah nos céus. De qualquer maneira, Ezequiel viu a glória sair do templo e ir em direção ao oriente. Ela não reaparece novamente em 20 anos, quando numa maravilhosa visão da esperança futura de Israel a história é invertida e a glória retorna da mesma direção de onde havia saído (43.1-5). Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 341-342.
III – SOBRE O SEGUNDO TEMPLO
1- O segundo Templo.
Quem está entre vós, que viu esta casa na sua primeira glória? Quem de vocês tem viu o templo construído por Salomão? A fundação da casa atual tem sido colocada sobre 53 anos após a destruição do templo construído por Salomão e apesar de esta profecia foi proferida 15 anos depois da fundação deste segundo templo, mas ainda podem sobreviver alguns dos que tinha visto o templo de Salomão.
É não em seus olhos certamente os judeus nesta época não tinha nem homens nem meios para fazer qualquer construção, tais esplêndidos como que erguido por Salomão. O presente não era nada quando comparado com o antigo. (ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Ageu e Sofonias).
2- O Templo de Herodes.
Entendendo o templo à luz do Novo Testamento, Jesus anunciou o seu fim, como fizeram Ezequiel e os demais profetas. A glória de Deus se retirou do templo antes de sua destruição (Mt 23.38, 39).
Jesus disse: “E aqui está quem é maior do que Salomão” (Lc 11.31), o construtor do templo. Ele se declarou maior do que o templo: “está aqui quem é maior do que o templo” (Mt 12.6). Quando Jesus curou o paralítico em Cafarnaum, disse: “Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.5). Era uma mensagem velada dirigida aos sacerdotes de que a função do templo estava para ser concluída em breve. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 60).
3- A presença do Filho de Deus.
Em seu Evangelho, João ressalta que Jesus sentiu cansaço Jo 4:6 e sede Jo 4:7. Agitou-se no espírito e comoveu-se Jo 11:33 e chorou abertamente Jo 11:35. Quando estava na cruz, sentiu sede Jo 19:28, morreu Jo 19:30 e sangrou Jo 19:34. Depois de sua ressurreição, provou a Tomé e aos outros discípulos que ainda possuía um corpo real Jo 20:24-29, porém glorificado.
De que maneira “o Verbo se fez carne”?
Pelo milagre do nascimento virginal (Is 7:14; Mt 1:18-25; Lc 1:26-38). Assumiu uma natureza humana sem pecado e se identificou conosco em todos os aspectos da vida, desde o nascimento até a morte. “O Verbo” não era um conceito abstrato nem uma filosofia, mas uma Pessoa real, que podia ser vista, tocada e ouvida. O cristianismo é Cristo, e Cristo é Deus.
A revelação da glória de Deus é um tema importante no Evangelho. Jesus revelou a glória de Deus em sua Pessoa, em suas obras e em suas palavras. João relata sete sinais maravilhosos (milagres) que declararam publicamente a glória de Deus (Jo 2:11). A glória da antiga aliança era passageira, mas a glória da nova aliança em Cristo é crescente (ver 2 Co 3). A Lei podia revelar o pecado, mas não removê-lo. Jesus Cristo veio com plenitude de graça e verdade, e essa plenitude encontra-se à disposição de todos os que crerem nele (Jo 1:16). WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 367.
IV – SOBRE O SENHOR JESUS E O TEMPLO
1- Explicação teológica.
No Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal diz que da mesma maneira como as obrigações dos sacerdotes no Templo superam os regulamentos do sábado a respeito do trabalho, também o ministério de Jesus transcende o Templo. Os fariseus estavam tão preocupados a respeito dos rituais da religião que se esqueceram do propósito do Templo — trazer as pessoas a Deus. Como Jesus Cristo é maior do que o Templo, Ele pode trazer as pessoas a Deus de uma forma muito melhor. O nosso amor e a nossa adoração a Deus são muito mais importantes do que os instrumentos de adoração criados pelos homens. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 80).
2- O fim do Templo.
Cristo nos Ele fala do destino de Jerusalém: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta” Mt 23.38. Tanto a cidade quanto o Templo, a casa de Deus e as casas dos habitantes, tudo seria arrasado. Mas o significado particular diz respeito ao Templo, de que eles se orgulhavam e que lhes tinha sido confiado; aquele monte sagrado, que os fazia tão arrogantes.
3- A presença de Deus hoje.
No entanto, os filhos de Israel estavam profanando o nome de Javé a ponto de descaracterizar sua imagem. Nessa situação, a glória de Deus se retira do templo. Brueggemann resume que, embora o templo representasse a presença divina na terra, “Deus se recusa a Ficar onde Deus não é honrado”.38 Deus nunca esteve e não está preso a nenhum lugar chamado “casa de Deus”. No nosso cotidiano de igreja, isso nos leva a pensar nas condições em que Deus se faz presente ou se ausenta do local. (Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 61).
CONCLUSÃO
Devemos pensar a respeito dos atos e práticas que podem entristecer o Espírito Santo e, como consequência trágica, o seu afastamento.