Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.” (2 Tm 3.16)
Amados irmãos, nesta lição estudaremos o processo de relativização da Bíblia. Por isso, ela se desdobra em quatro tópicos: Primeiro – A Bíblia e o Espírito desta Era; Segundo – A Bíblia e o Politicamente Correto; Terceiro – A Bíblia e o outro Evangelho; Quarto – A Bíblia, sempre atual Palavra de Deus. Basicamente, esse conteúdo mostra o processo de desconstrução e de relativização que certos mestres estão fazendo com a Bíblia; a construção de uma narrativa e a criminalização da opinião que enaltecem os valores da Bíblia; a promoção de novas metodologias de interpretação, bem como novas teologias, a partir da Bíblia e, finalmente, a afirmação cristã da Bíblia como a inerrante Palavra de Deus.
INTRODUÇÃO
Recentemente, um famoso pregador e pastor evangélico afirmou em uma pregação que a Bíblia precisaria ser atualizada. De acordo com ele, a Bíblia estaria desatualizada, por exemplo, quando trata da questão do comportamento homossexual. Dessa forma, o comportamento homossexual não pode ser considerado errado pelos cristãos por conta de um ou dois textos bíblicos que, segundo ele, precisariam ser ressignificados.
De acordo com esse pastor, a Bíblia é insuficiente quando se trata de questões relativas ao mundo contemporâneo. Em outras palavras, a Bíblia se tornou um livro obsoleto que necessita de revisão. A doutrina da inerrância e suficiência das Escrituras, portanto, não existem mais. É preciso atualizar o texto ou enxergá-lo com outro olhar. Em sua fala, o pastor destacou que a Bíblia é um livro insuficiente e precisa ser relido e ressignificado para que os seus princípios possam fazer sentido no mundo contemporâneo.
O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la. Se a Bíblia fosse de origem humana, é claro que em dois milênios, ela de há muito estaria desatualizada. Uma vez que o homem moderno se jacta de tanto saber, era de esperar que já tivesse produzido uma Bíblia melhor! Realmente isto é uma evidência da Bíblia como a Palavra de Deus!
I – A BÍBLIA E O ESPÍRITO DESTA ERA
1- A desconstrução.
O livro de Kevin Vanhoozer, Há um Significado nesse Texto?
Nessa obra, Vanhoozer faz uma análise dos enfoques contemporâneos no universo da interpretação bíblica, em especial o pós-moderno. Analisando o processo interpretativo ao longo da história da hermenêutica, Vanhoozer mostra como o paradigma cultural pós-moderno, também conhecido como Desconstrução ou Desfazimento, tem modelado a forma como a Bíblia deve ser lida. É importante, portanto, conhecer a análise que Vanhoozer fez da hermenêutica pós-moderna para entendermos de que forma ela tem influenciado a compreensão do texto bíblico.
Vanhoozer mostra que a “desconstrução” ou “desfazimento”, termo usado pela filosofia pós-moderna derridiana, mudou de vez a forma como os textos devem ser interpretados. A desconstrução veio como um grande tsunami desfazendo a autoridade interpretativa da igreja, mostrando que esta não passava de arbitrariedade linguística. Dessa forma, nenhuma ideologia podia se legitimar como sendo portadora da verdade.
Vanhoozer mostra como a “desconstrução” acabou por minar a figura do “autor”. O leitor, e não o autor é o real dono do sentido do texto. Vanhoozer destaca que esse ataque à autoridade autoral é uma derivação da filosofia da “morte de Deus”. Ela entra em confronto direto com a hermenêutica cristã, pois esta repousa no significado que o autor emprestou ao texto. Derrida acusa a cultura ocidental de estarem contaminadas com a ideia de que há algum significado em
determinado texto. Para Jaques Derrida, a desconstrução derribou os ídolos firmados em signos (símbolos), o que ele vai denominar de “logocentrismo”. Para Derrida, os filósofos se tornaram ventríloquos que projetam suas próprias vozes no texto. Derrida está convencido de que a desconstrução apregoada por ele limpará a cultura dessa “razão impura”.
Assim, o leitor também passa a ser visto como o produto de diversos códigos culturais. Como observa Vanhoozer, a desconstrução também desfaz o leitor mostrando que os hábitos de leitura são produtos culturais institucionalizados e historicamente condicionados. Dessa forma, a leitura nunca é imparcial, mas interessada. Um exemplo apontado pelos intérpretes pós-modernos estaria na camisa de força que a cultura ocidental vestiu o velho continente com os valores liberal-democráticos. Em síntese, o desconstrucionista tem por objetivo libertar o leitor do texto.
Vanhoozer desenvolve o que ele chama de “refazendo a interpretação’. A sua proposta, diametralmente oposta à dos pós-modernos, é “Refazer a interpretação”. Se a desconstrução desfez ou desmoronou o edifício interpretativo, Vanhoozer procura ver a possibilidade de mostrar uma proposta interpretativa que seja convincente na sua dura e gigantesca tarefa de reconstrução. É preciso, portanto, “ressuscitar o autor”, “redimir o texto” e “reformar o leitor”.
Ao contrário do que pensava Derrida, Vanhoozer vê o autor como um senhor da linguagem, e não como um escravo dela. Dessa forma, reconhecer os direitos do autor é receber sua comunicação, não a revisar.
Longe de ser um tropeço, como viam os pós-modernos, a linguagem aqui é vista como uma dádiva de Deus aos homens. É por meio da linguagem que nos relacionamos com o mundo e procuramos entendê-lo. Derrida argumentava que não existia nada “fora do texto”. A proposta aqui é que não existe nada fora do “contexto”. O processo do entendimento, conforme aponta Vanhoozer, se dá por intermédio da ação comunicativa. O autor, portanto, é um agente comunicativo que por meio da fala expressa sua linguagem ou pensamento. Dessa forma, não há significado sem a presença de um autor. Vanhoozer destaca o papel do Espírito na ação interpretativa na comunidade de fé. Para ele, a função do Espírito em relação à Palavra de Deus é aplicar o sentido do texto, não o mudar.
Kevin Vanhoozer gasta algumas páginas de seu volumoso livro para tratar o que hoje os intérpretes denominam de Hermenêutica do Espírito, a qual ele denomina de “hermenêutica do pentecostes”. Para Vanhoozer, os teólogos deveriam ter muito cuidado para não porem a Palavra contra o Espírito. Nesse aspecto, o Espírito não é um suplemento derridiano que se soma à palavra escrita ou a aperfeiçoa. O capítulo 2 de Atos serve como paradigma dessa hermenêutica, visto que ali é possível enxergar a relação entre o “isto” (o evento de pentecostes) com o “aquilo” (o significado da profecia de Joel). Fica claro nesse texto que o sentido atribuído à profecia de Joel não foi uma invenção de Pedro, mas uma “atualização” que o Espírito fez da mesma naquela situação. Da mesma forma, um fato semelhante pode ser visto no uso que o apóstolo Paulo faz do Antigo Testamento. Paulo, portanto, leu as Escrituras à luz do Pentecostes, isto é, da sua experiência do Espírito, e não o contrário. Em resumo: o Espírito Santo sentencia, isto é, determina o sentido do texto, atualizando-o, ilumina o seu significado, fazendo aflorar o seu sentido, e santifica o leitor no seu entendimento. Em suma: toda hermenêutica é teológica, sendo que um texto tem um só significado, mas muitas significâncias.
Observamos, portanto, que a teoria que afirma que a Bíblia precisa ser atualizada é fruto de uma compreensão pós-moderna da história. Ela se vale de pressupostos de uma interpretação centralizada no leitor do texto, e não no seu autor. Como foi destacado, essa forma de enxergar o texto tem com pano de fundo a filosofia da linguagem de Jaques Derrida e outros filósofos da chamada desconstrução. Esse modelo interpretativo, na verdade, é fruto de uma realidade maior — a tentativa de desconstruir o paradigma judaico-cristão, que tem na Bíblia o seu alicerce.
Tendo esse modelo exegético influenciado as academias e virado moda entre muitos pregadores, inclusive pentecostais, acredito ser oportuno aqui traçar algumas diretrizes que ajudarão a refazer o caminho da interpretação. Sobre a necessidade de uma metodologia adequada que busque o significado do texto bíblico, e não se submeta à exegese pós-moderna, o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética, órgãos da CGADB, emitiram um Manifesto no qual afirmam que:
[…] não nos rendemos aos métodos histórico-crítico e pós-modernos, notadamente nos aspectos que buscam fragmentar as Escrituras e negar os milagres; 3) refutamos a teologia narrativa em sua pretensão de desconstrução do texto e de seu sentido, que devem sempre guardar coesão com o contexto histórico e gramatical; 4) não empregamos métodos de interpretação subjetivista, focados no leitor, em detrimento do autor e do texto; 5) consideramos que as experiências devem sempre e necessariamente ser submetidas ao crivo da inspirada e infalível Palavra de Deus; e 6) servimo-nos de ferramentas da erudição bíblica, conscientes de que métodos e técnicas, por melhores que sejam, são humanos e, portanto, imperfeitos e incompletos, pelo que buscamos acima de tudo a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.18, 2Pe 1.20).
2- O Relativismo.
Essa palavra portuguesa vem do latim, relatus, “relativo”, cognato, de alguma coisa. Na filosofia, esse vocábulo indica que coisa alguma subsiste isolada, não podendo ser considerada um absoluto por si mesma. Antes, todas as coisas seriam interdependentes, modificando-se umas às outras.
“O relativismo é a teoria que diz que a base para nossos juízos no conhecimento, na cultura e na ética difere de acordo com as pessoas, acontecimentos ou situações. Dá a entender um estado mental e uma maneira de pensar que repele as reivindicações absolutas”. As teorias, no campo da física, que subentendem a relatividade na natureza, são chamadas estranhas em outros campos, como no campo do conhecimento e da ética.
Tem-se observado que diferentes sociedades defendem diferentes crenças em relação às mesmas entidades. Assim sendo, as crenças são socialmente condicionadas e determinadas. As crenças religiosas diferem muito umas das outras, e cada sociedade advoga seu próprio conjunto de dogmas. Até mesmo as crenças que se fundamentariam sobre a revelação diferem de sociedade para sociedade, ou mesmo dentro de uma mesma cultura. Imaginei Diferem largamente até dentro de uma mesma religião, como se dá no caso do cristianismo. Essas observações conduzem-nos ao fato de que as crenças são questões relativas, e não fixas, embora pessoas e grupos possam tentar fixá-las, em suas declarações de fé. A mesma coisa que se verifica no campo das religiões pode ser verificado no ceticismo, o qual supõe que não existem verdades fixas, ou, pelo menos; que essas verdades não foram descobertas até agora. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5).
II- A BÍBLIA E O POLITICAMENTE CORRETO
1- A criação de uma narrativa.
“Destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” (SI 11.3 – NAA). Essa pergunta do salmista ecoa em nossos dias. Os fundamentos estão sendo derrubados, destruídos. Seguindo os pressupostos desconstrutivistas, os teólogos emergentes ensinam que a interpretação de um texto bíblico pode ter vários significados, não sendo possível determinar um sentido único que seja apresentado como o verdadeiro. O sentido do texto não estaria dentro do texto, mas fora do texto.
Não seria intratextual, mas extratextual. O significado e a interpretação de todos os textos bíblicos seriam, portanto, relativos e caberia a cada um extrair dos textos bíblicos, sem preocupar-se com regras de hermenêutica, as lições que achar interessantes, conforme a necessidade do momento.
Em Uma ortodoxia generosa, Brian Mclaren declara que a Teologia Narrativa apresenta um novo conceito de ser bíblico sem estar preso a uma interpretação rígida das Escrituras e celebra o fato de que essa visão faz a Bíblia se tornar “não uma enciclopédia de consulta acerca das verdades morais e eternas, mas a narrativa dinâmica de Deus” (p. 190). Ele, inclusive, se diz incomodado com conceitos como “autoridade, inerrância, infalibilidade, revelação, objetiva, absoluta e literal” para se referir à Bíblia, e argumenta que esses conceitos são invenções, são uma “linguagem que frequentemente usamos em nossas explicações acerca do valor da Bíblia” e, portanto, não deveriam ser usados porque não aparecem na Bíblia. “Quase ninguém nota a ironia de se lançar mão da autoridade de palavras e conceitos extra bíblicos para se justificar a crença na autoridade suprema da Bíblia” (p. 183).
Porém, Mclaren esquece ou prefere ignorar que esses termos não foram criados do nada. Eles são conceitos inferidos da própria Bíblia quando esta fala sobre seu valor a seus leitores. E como ocorre com o termo trindade, que não aparece na Bíblia, mas nem por isso podemos dizer que a trindade ou triunidade divina é uma invenção humana, já que a Bíblia a expressa claramente.
Mclaren não concorda com o uso desses conceitos para descrever o valor da Bíblia, conceitos estes depreendidos do próprio texto sagrado, e propõe uma única proposição sobre o valor das Escrituras, que é o que se segue:
“O propósito da Escritura é de que equipar o povo de Deus para as boas obras. Uma declaração simples como está não seria muito mais importante do que declarações com palavras estranhas ao vocabulário bíblico sobre ela mesma (inerrante, autoritativa, literal, revelatória, objetiva, absoluta, proposicional, etc)?” (p. 183).
Evitando esses outros conceitos e abrigando apenas aquele (que é tão bíblico como os demais), Mclaren apresenta uma definição da Bíblia incompleta com o intuito de dar sinal verde para todo tipo de interpretação da Bíblia e fazendo do texto bíblico tão somente uma inspiração para boas obras, quando as Sagradas Escrituras são bem mais do que isso.
O que Mclaren e os emergentes desejam é apenas um cristianismo “politicamente correto”, bem ao estilo pós-moderno, que não confronte visões diferentes, que seja apenas uma “inofensiva” religião só de boas obras, e não uma fé que se baseia em (e prega e defende) verdades absolutas. E para sustentar sua posição, o “guru” dos emergentes compara desonestamente os cristãos que defendem a Bíblia como tendo um conteúdo atemporal como sendo iguais aos racistas que se dizem cristãos, quando estes, assim como os emergentes, distorcem o significado do texto bíblico (pp. 189 e 190). Daniel, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pag. 78-79.
2- A Criminalização da opinião.
Chamar homossexualidade de pecado será crime?
Acredito que faltarão cadeias, pois o cristão autêntico continuará afirmando que a prática homossexual é pecado e atenta contra o Criador.
3 anos atrás em 14 de junho de 2019 Por Direito Religioso
A decisão do STF voltada para a criação de um crime de “homotransfobia” não é apenas inviável, como também desrespeita competências previstas em lei. É de competência da UNIÃO (art. 22, I da Constituição Federal de 1988) a criação de tipos penais – mas este é apenas um dos transtornos que a decisão de ontem pode implicar na rotina dos brasileiros.
A declaração do ministro Celso de Mello quanto a ressalvar a liberdade religiosa é insuficiente. A ação deixa a Igreja vulnerável ao desagrado de grupos militantes LGBT’s, que mesmo com o ordenamento jurídico vigente (ao qual eles alegam não ser efetivo), já tentam encontrar meios para suprimir a liberdade religiosa, a de expressão e até a liberdade acadêmica.
Quem propriamente dirá quando uma manifestação configura ou não discurso de ódio? Quem determinará o que é hate speech? Será o suposto ofendido? Se esta for a resposta, acredito que faltarão cadeias, pois o cristão autêntico continuará afirmando que a prática homossexual é pecado e atenta contra o Criador.
Ainda, não menos importante, este julgado ataca diretamente à liberdade de opinião, especialmente quando ninguém pode precisar o que é ou não um discurso/opinião de ódio. Nunca é demais lembrar: A Criminalização da opinião é típica dos regimes de exceção.
Importante, sempre destacar, que todos devem ser objeto de respeito, pouco importa sua opção sexual. Todos somos dignos e devemos ter nossas liberdades preservadas, pois sem liberdade ou com liberdade restrita, a derrota será sempre da dignidade da pessoa humana.
A conclusão do STF atropela a soberania das esferas e põe em risco direitos e garantias fundamentais de milhões de brasileiros: protestantes, católicos romanos, pesquisadores, questionadores, e até os que reverberam singelas discordâncias com as práticas homossexuais e transexuais.
Fonte: 11/07/2022. https://www.gospelprime.com.br/ado-26-chamar-homossexualidade-de-pecado-sera-crime/
O inimigo vem tentando calar a Igreja desde seu nascimento quando a perseguiu através de Saulo, quando matou Tiago a espada por meio de Herodes, quando prendeu Pedro no presidio de segurança máxima, quando levou Paulo e Silas para a Prisão em Filipos; quando levantou falsos obreiros no seio da Igreja, nós dias mais obscuros Deus levantou vozes que ecoam até agora, como Matinho Lutero, a Igreja tem sofrido ataque desde seu nascimento e hoje somos nós sofrendo ataque, e o que faremos? Nós levantaremos e falaremos e gritaremos que Jesus Cristo Salva, Cura, Batiza e Leva para o Céu.
III – A BÍBLIA E O OUTRO EVANGELHO
1- Uma nova metodologia.
Paulo é tão veemente e intolerante com os falsos mestres, pois se tratava da glória de Deus e da salvação do homem. Destacamos aqui alguns pontos importantes.
Em primeiro lugar, o evangelho é maior do que os apóstolos.
“Mas, ainda que nós […] vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (1.8). Paulo estava tão convencido de que não havia outro evangelho, que invocou a maldição de Deus sobre a própria vida, num caso hipotético de vir a pregar um evangelho que fosse além daquele que já havia anunciado aos gálatas. O evangelho é maior do que o apóstolo, e a mensagem maior do que o mensageiro. Não é a pessoa do mensageiro que dá valor à sua mensagem; antes, é a natureza da mensagem que dá valor ao mensageiro. Por isso, nem o próprio Paulo nem um anjo poderia alterar a mensagem. O evangelho não era de Paulo, mas de Cristo. Este fato o tornava imutável. Donald Guthrie é oportuno quando alerta:
Nos tempos modernos tem havido uma forte tendência no sentido de confundir as personalidades com o conteúdo do evangelho, mas a inclusão do próprio Paulo ou mesmo de um anjo na possibilidade de um anátema torna indisputavelmente clara a superioridade da mensagem sobre o mensageiro.
F. Bruce está coberto de razão quando diz que não é o mensageiro o que mais importa e sim a mensagem. O evangelho pregado por Paulo não era o verdadeiro evangelho porque Paulo era quem o pregava; era o verdadeiro evangelho porque foi o Cristo ressurreto quem o entregou a Paulo para ser pregado.
Concordo com Warren Wiersbe quando diz que a prova do ministério de uma pessoa não é sua popularidade (Mt 24.11), nem os sinais e prodígios miraculosos que ela realiza (Mt 24.23,24), mas sim sua fidelidade à Palavra de Deus (Is 8.20; lTm 4.1-5; 1Jo 4.1-6).
Ainda nessa trilha de pensamento, John Stott faz um solene e oportuno alerta:
Ao ouvirmos as multifárias opiniões dos homens e mulheres da atualidade, sejam faladas, escritas, irradiadas ou televisionadas, devemos sujeitar cada uma delas a estes dois rigorosos testes: Tal opinião é coerente com a livre graça de Deus e com o claro ensinamento do Novo Testamento? Caso contrário, devemos rejeitá-la, por mais augusto que seja o mestre. Mas, se for aprovada nestes testes, então vamos abraçá-la e apegar-nos a ela.
Não devemos comprometê-la como os judaizantes nem desertá-la como os gálatas, mas viver por ela e procurar torná-la conhecida dos outros.
Paulo diz que tanto os falsos mensageiros como a falsa mensagem são anátema. A palavra grega “anathema”, traduzida por “anátema”, era usada para indicar banimento divino, a maldição de Deus sobre qualquer coisa ou pessoa entregue por Deus ou em nome de Deus à destruição e ruína. Paulo deseja, assim, que os falsos mestres sejam colocados sob banimento, maldição ou anátema de Deus.
Ele expressa desejo de que o juízo de Deus recaia sobre eles. Adolf Pohl é muito oportuno quando afirma que o evangelho transfere o cristão da área da maldição para a área da bênção, mas, por meio da apostasia, o abençoado escolhe novamente seu lugar no âmbito da maldição.
Somente o evangelho oferece salvação sem dinheiro e sem preço. Onde quer que a lei tenha uma maldição para aqueles que falham em cumpri-la, o evangelho tem uma maldição para aqueles que procuram mudá-lo.
Em segundo lugar, o evangelho é maior do que os anjos.
“Mas, ainda que […] um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (1.8). Depois de afirmar que o evangelho é maior do que os apóstolos, Paulo afirma que ele é maior do que os próprios anjos. Ainda que um anjo descesse do céu para anunciar outro evangelho, esse ser celestial deveria ser de pronto rejeitado e amaldiçoado. João Calvino é enfático quando escreve:
Com o fim de fulminar os falsos apóstolos ainda mais violentamente, Paulo invoca os próprios anjos. Também não diz simplesmente que não deveriam ser ouvidos caso anunciassem algo diferente, mas declara que devem ser tidos como seres execráveis.
Jamais o céu enviaria um mensageiro com um segundo evangelho. Tudo entre o céu e a terra depende de que seja preservado o evangelho único. Do contrário, Deus não seria Deus, pois sua última palavra seria degradada a uma palavra penúltima.
Em terceiro lugar, o evangelho é maior do que os falsos mestres.
“Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (1.9). Depois de lidar com dois casos hipotéticos no versículo 8, Paulo menciona uma possibilidade real no versículo 9. O apóstolo Paulo, como representante plenamente autorizado de Cristo, pronuncia a maldição sobre os judaizantes, que estavam cometendo o horrendo crime de chamar de falso o verdadeiro evangelho e tratando de colocar o falso, ruinoso e perigoso evangelho no lugar daquele que salva.
Qualquer indivíduo que se levantar para perturbar a igreja, perverter o evangelho e pregar outro que vá além do evangelho da graça deve ser rejeitado. Esse “alguém” tem uma abrangência universal. Todo e qualquer indivíduo, sem exceção, em qualquer lugar e, em qualquer tempo, que distorcer o evangelho está debaixo da maldição divina.
Com respeito ao evangelho não podemos ficar aquém nem ir além; não podemos retirar nem acrescentar nada. O evangelho é completo em si mesmo. Qualquer subtração ou adição perverte-o.
Em quarto lugar, o evangelho pregado e recebido traz bênção, mas o evangelho adulterado gera maldição (1.8,9).
O evangelho pregado por Paulo foi o mesmo recebido pelos crentes da Galácia. Esse evangelho deu-lhes liberdade e salvação. Agora, eles estavam rapidamente abandonando esse evangelho para abraçar uma mensagem diferente, cujo resultado era escravidão. Paulo fica estupefato com a insensatez dos crentes gálatas e invoca um anátema aos falsos mestres que mudaram a mensagem, perverteram o evangelho e perturbaram a igreja.
Donald Guthrie diz que a única mudança do versículo 8 para o versículo 9 é a substituição de “que recebestes” por “que vos temos pregado”. O enfoque muda, portanto, dos mensageiros para os ouvintes. Os dois juntos refletem o aspecto cooperativo da origem de cada nova comunidade de crentes. Paulo não só pregou pessoalmente o evangelho, mas este foi também plenamente reconhecido por aqueles que o receberam. (LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 54-58).
2- Novas teologias.
Concordo com o pastor Silas Daniel, que diz as teologias pós-modernas têm seduzido muitos cristãos sinceros que, frustrados com o avanço das bizarrias neopentecostais e com a incoerência teológica e comportamental de muitos evangélicos, acabam tentados a ver essas novas teologias como uma alternativa sadia. Não percebem que, ao abraçá-las, estão esquivando-se de uma patologia para cair em outra. Enquanto isso, o verdadeiro avivamento continua distante.
Por todos esses fatores, o cristianismo no Ocidente está em um promontório. O que não significa o fim da linha. Essa situação limite pode culminar, dependendo de nossa reação diante dela, em uma total derrocada espiritual ou em um avivamento. Pode resultar em um avivamento genuíno ou em um cristianismo totalmente morto, posto que esvaziado do seu verdadeiro conteúdo. (Daniel., Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD).
IV – A BÍBLIA, SEMPRE ATUAL PALAVRA DE DEUS
1- Revelada por Deus.
A Origem da Bíblia o teólogo Norman Geisler assegura que “um resumo a respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma pode ser encontrado em duas passagens principais”. A referência diz respeito a dois dos textos bíblicos de autoria dos proeminentes apóstolos Pedro e Paulo (2 Pe 1.20,21; 2 Tm 3.16). Essa constatação é importante, uma vez que tais apóstolos têm seus ministérios reconhecidos como cheios do poder de Deus (At 5.14-16; 19.11,12), e isso tanto entre os judeus como entre os gentios (Gl 2.7-9).
2- Inspirada por Deus.
A inspiração divina é a operação sobrenatural do Espírito Santo, que por meio de seus autores resultou na composição das Escrituras, única revelação escrita de Deus para a humanidade.
Desse modo, sublinha-se que “o Espírito Santo garantia a exatidão e a suficiência de tudo quanto era escrito como a revelação da parte de Deus”. Por essa razão, a Bíblia é para o salvo a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus.
Nosso pressuposto teológico e doutrinário sustenta que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus escrita. Ela foi inspirada verbalmente, seus autores a escreveram orientados e supervisionados pelo Espírito Santo. A inspiração da Bíblia é plena, todos os livros e palavras da Bíblia têm total e completa autoridade. Esse ensino concorda com a nossa Declaração de Fé, que professa crer “na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão”.
CONCLUSÃO
Vivemos sob uma ideologia que domina os ambientes intelectuais e culturais de nossa sociedade: universidades, jornalismo, cinema etc. Essa influência não deixaria de atingir a fé cristã. Há um movimento intelectual de dentro do meio evangélico que busca desconstruir a visão conservadora da Bíblia, relativizando assim os grandes ensinamentos milenares que herdamos de nossos antigos pais. É preciso estar consciente a respeito desse movimento. Conclua a lição incentivando os alunos a lerem bons livros que valorizam os antigos postulados da Bíblia como Palavra de Deus. Lembre-se a Bíblia é a inspirada, a inerrante e a infalível Palavra de Deus. Por isso, não podemos relativizá-la.