SOBRE A TRINDADE

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CAPÍTULO III. SOBRE A TRINDADE

CREMOS, professamos e ensinamos o monoteísmo bíblico, que Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas — o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). As Escrituras Sagradas claramente revelam que a Trindade é real e verdadeira. Uma só essência, substância, em três pessoas. Cada pessoa da santíssima Trindade possui todos os atributos divinos — onipotência, onisciência, onipresença, soberania e eternidade. A Bíblia chama textualmente de Deus cada uma delas; as Escrituras Sagradas, no entanto, afirmam que há um só Deus e que Deus é um: “Todavia para nós há um só Deus” (1 Co 8.6); “mas Deus é um” (Gl 3.20); “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.6).

1. A unidade na trindade.

A unidade de Deus não contradiz a doutrina da Trindade porque Deus não é uma unidade absoluta, e sim uma unidade composta e dinâmica. Seu relacionamento com o Filho e o Espírito Santo é desde a eternidade. O nome Elohim, plural de Eloah, “Deus” em hebraico, revela os primeiros vislumbres da Trindade no Antigo Testamento. É o nome que aparece na declaração: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O verbo “criou” está no singular, e o sujeito Elohim, “Deus”, no plural, o que revela uma pluralidade na deidade. Além disso, o monoteísmo do Antigo Testamento não é absoluto e permite a pluralidade na unidade: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); “Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua” (Gn 11.7). Essa pluralidade na unidade é vista também no profeta Isaías: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Is 6.8).

Mas o Novo Testamento tornou explícito o que antes estava implícito no Antigo Testamento, mostrando clara e diretamente as três pessoas associadas em unidade e igualdade, como a fórmula batismal em Mateus 28.19 e em outras passagens: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Co 12.4- 6); e na bênção apostólica: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2 Co 13.13). Essa unidade de natureza reaparece mais adiante: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.4-6); e na obra da redenção: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). Assim, o que estava implícito no Antigo Testamento é revelado explicitamente no Novo Testamento e fica confirmado que a pluralidade na divindade é tríplice, como Jesus deixou claro ao ordenar o batismo “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

2. Negação ao unicismo, unitarismo e triteísmo.

Negamos o unicismo sabelianista e moderno, ou seja, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam três modos de uma mesma pessoa divina, porque está escrito que as três pessoas são distintas. Negamos também o unitarismo, pois essa doutrina afirma que somente o Pai é Deus, negando, assim, a divindade do Filho e do Espírito Santo, ao passo que as Escrituras Sagradas ensinam a divindade do Filho e do Espírito Santo. Também negamos o triteísmo, ou seja, que existam três deuses separados, pois a Bíblia revela a existência de um único Deus verdadeiro: “há um só Deus e que não há outro além dele” (Mc 12.32); “todavia, para nós há um só Deus” (1 Co 8.6). Essa doutrina monoteísta tem implicação para a salvação: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).

Cremos que a doutrina da santíssima Trindade é uma verdade bíblica, conforme definida no Credo de Atanásio: “A fé universal é esta: que adoremos um Deus em trindade, e trindade em unidade; não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância”. Os triteístas acreditam em mais de um Deus, os unicistas confundem as pessoas, e os unitaristas separam a substância. São crenças inadequadas que estão em desacordo com a fé cristã bíblica e histórica, razão pela qual nós as rejeitamos. Há um só Deus que subsiste em três pessoas distintas, definidas e identificadas com a mesma natureza divina.

3. A função das três Pessoas da Trindade.

É possível um membro da Trindade subordinar-se voluntariamente a um ou aos dois outros membros, mas isso não significa ser inferior em essência. Há uma absoluta igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina. Existe, sim, uma distinção de serviço. O Pai possui a mesma essência divina das demais pessoas da Trindade. O Filho é gerado do Pai, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. A paternidade é o papel da primeira pessoa da Trindade que opera por meio do Filho e por meio do Espírito Santo. O Pai proclamou as palavras criadoras, e o Filho executou-as. O Pai planejou a redenção, e o Filho, ao ser enviado ao mundo, realizou-a. Quando o Filho retornou ao céu, o Espírito Santo foi enviado pelo Pai e pelo Filho para ser o Consolador e Ensinador.

A subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma, a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade. Quando o Senhor Jesus disse: “o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28) — pois Ele fez-se servo, como consequência da encarnação — não quis dizer, com essa declaração, que se tornou, em substância, menor que o Pai, e sim que se subordinou funcionalmente à vontade do Pai: “porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5.30); “Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38); “Então, disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.9). A submissão do Filho foi uma condição voluntária para o seu messiado: “também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.28). Isso não compromete a deidade absoluta do Filho: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9), nem a igualdade de essência e de substância das três Pessoas da Trindade.

4. O Deus Pai.

O Pai já é identificado como Deus com abundante frequência nas Escrituras: “porque a este o Pai, Deus, o selou” (Jo 6.27); “e por Deus Pai […] da parte de Deus Pai” (Gl 1.1,3). O Pai possui a mesma essência divina das demais pessoas da Trindade. Isso está mais do que evidente na fórmula batismal: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

5. O Deus Filho.

O Senhor Jesus Cristo é, desde a eternidade, o único Filho de Deus e possui a mesma natureza do Pai, como afirmam os credos: “consubstancial com o Pai”, em grego, “homooúsion to patrí”, que significa “da mesma substância com o Pai”, qualifica a unidade de essência do Pai e do Filho. Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Ele é a segunda pessoa da Trindade e que foi enviado pelo Pai ao mundo. Ensinamos que o Filho se fez carne, possuindo agora duas naturezas, a divina e a humana, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Acreditamos em sua concepção sem pecado no ventre da virgem Maria. Negamos que tenha sido criado ou passado a existir somente depois que foi gerado por obra do Espírito Santo. Confessamos que o Filho é autoexistente: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo” (Jo 5.26); “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58) e eterno, que voluntariamente se sujeita ao Pai. Que, em obediência ao plano do Pai, morreu e ressuscitou para que o mundo fosse salvo. Que, vitorioso, ascendeu ao céu, assentando-se à direita de Deus Pai. Que o Filho é o único mediador entre Deus e os seres humanos, o propiciador, o único salvador, o nosso sumo sacerdote e intercessor.

6. O Deus Espírito Santo.

O Deus Espírito Santo possui a mesma essência do Deus Pai e do Deus Filho; Ele é a terceira pessoa da Trindade e foi enviado ao mundo pelo Pai e pelo Filho; Ele é “o Espírito que provém de Deus” (1 Co 2.12) e penetra até as profundezas de Deus. Negamos que o Espírito Santo seja apenas um atributo da divindade porque Ele é Deus e Senhor. A obra do Espírito Santo é dar prosseguimento ao plano de salvação idealizado por Deus Pai e executado pelo Deus Filho.  Ensinamos que o Espírito Santo possui o papel de regenerar, purificar e santificar o homem e a mulher e que é Ele quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Quem concede a segurança da redenção e capacita o salvo para o serviço cristão; que guia, dirige e conduz o povo de Deus;  quem inspirou os profetas e apóstolos bíblicos, reparte os dons espirituais e produz nas pessoas as virtudes que refletem o caráter de Deus, denominado fruto do Espírito: “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5.22,23)

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