Conheça as cinco comunidades cristãs mais antigas do mundo
Podemos chamar de igrejas históricas as comunidades cristãs criadas pelos seguidores de Jesus que viveram nos primeiros séculos, após a descida do Espírito Santo. Na história do cristianismo é chamada de Era Apostólica ou Igreja Primitiva a fase de 30 d.C. até 300 d.C. Nesse período, não havia a divisão da igreja entre Católica Romana, Ortodoxa e Protestante.
Após o Pentecostes, os cristãos levaram o evangelho além da Palestina, chegaram em Roma e estavam presentes nos principais centros do Império Romano Oriental. As perseguições enfrentadas pelos seguidores de Jesus impulsionaram o deslocamento de evangelistas treinados e leigos para outros países. Algumas características do Império Romano, como as estradas bem estruturadas e o idioma grego como universal, facilitaram a locomoção e a comunicação das pessoas que desejavam levar o amor de Deus por onde fossem.
Qual foi a primeira igreja histórica que surgiu no mundo?
Em Jerusalém surgiu a primeira igreja cristã. A partir dela, novas comunidades foram criadas pelos apóstolos em viagens descritas no livro de Atos dos Apóstolos, como as viagens de Pedro, Paulo, Barnabé, Silas, João Marcos e Filipe.

Em menos de uma década, somente Paulo plantou igrejas em regiões da Galácia (Turquia) Macedônia e Acaia (Grécia) e Ásia (Turquia Oriental, Armênia e Curdistão). Já a tradição cristã conta que outros apóstolos chegaram a outras regiões. Segundo a tradição, Mateus chegou à Etiópia, André foi evangelizar os citas, um antigo povo do Irã, e Bartolomeu foi para a Arábia Saudita e Índia, assim como Tomé.
Hoje, as comunidades cristãs em Jerusalém são: Ortodoxa, Católica Romana e Protestante. Há 20 igrejas antigas e nativas e outros 30 grupos diferentes de cristãos protestantes.
Quais as igrejas históricas mais antigas?
Como o significado da palavra igreja é assembleia de pessoas, existem comunidades cristãs descendentes dos primeiros seguidores de Jesus. Um exemplo disso acontece no Egito e na Etiópia. Apesar de terem atualmente uma população de maioria islâmica, a presença cristã nesses países é mais antiga do que a chegada do islamismo no território.
Veja quais são as cinco comunidades cristãs mais antigas do mundo.
- Igreja Ortodoxa de Jerusalém
Ela se reúne na Igreja do Santo Sepulcro e é considerada a primeira comunidade cristã plantada no período do Pentecostes. Os membros dessa igreja são de maioria palestina e jordaniana, mas há imigrantes russos, georgianos, romenos e israelenses convertidos.
Acredita-se que o primeiro bispo dessa igreja tenha sido o discípulo Tiago, irmão de Jesus, martirizado em 62 d.C. Mesmo com a invasão islâmica de Jerusalém no século VII, a cidade foi reconhecida como sede do cristianismo.
Mas em 1054, com a divisão entre a Igreja Católica Romana e Ortodoxa, a igreja de Jerusalém continuou pertencente à parte oriental sob a liderança ortodoxa. Mas durante a primeira Cruzada, os católicos romanos voltaram a ocupar Jerusalém.
- Igreja de Antioquia na Turquia
A Igreja na cidade de Antioquia, hoje Antákia, foi plantada em uma das viagens de Pedro e Paulo. De acordo com o relato em Atos 11.19-26, os cristãos fugiram da perseguição de Jerusalém para esse território turco. Nessa época, alguns homens de Chipre e Cirene (Líbia) começaram a pregar para os não judeus e logo havia muitos convertidos.

Quando a igreja de Jerusalém soube do nascimento da igreja em Antioquia, enviou Barnabé até lá. Ele buscou Paulo em Tarso e durante um ano se reuniram nessa igreja. Em Antioquia, os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos.
Durante o regime de Bashar al Assad na Síria, muitas pessoas fugiram e encontraram abrigo em Antákia, chamada por muitos de a cidade da paz. O motivo desse nome é porque há a coexistência de mesquitas, uma igreja católica e uma sinagoga.
- Igreja Ortodoxa Copta no Egito
De acordo com a tradição cristã, a primeira comunidade cristã no Egito era composta por judeus de Alexandria, entre os quais estava Teófilo, a quem Lucas se dirigiu no seu evangelho. Muitos dos membros dessa igreja são descendentes dos primeiros seguidores de Jesus no século I.

Mas a fundação oficial da igreja aconteceu quando Cláudio governava o Império Romano. Em poucas décadas, o evangelho foi espalhado pelo país e ganhou o coração de egípcios, gregos e judeus. Da Igreja Copta do Egito surgiram a Igreja Ortodoxa Etíope e da Eritreia. Elas são independentes, mas têm plena comunhão.
Hoje, os cristãos coptas são tratados como cidadãos de segunda classe no Egito, apesar de o governo aceitar a existência dessa comunidade. Quando um ato de violência é cometido contra coptas, é comum que as autoridades se esquivem de proteger e fazer justiça para os seguidores de Jesus.
- Igreja Ortodoxa de Chipre
De acordo com Atos 11.19, os cristãos judeus que fugiram da perseguição em Jerusalém chegaram até a ilha de Chipre; eles costumavam compartilhar sobre Jesus apenas com judeus. Mais tarde, Paulo e Barnabé chegaram na ilha de Chipre e, na cidade de Pafos, aconteceu a conversão do procônsul Sérgio Paulo. No final do século IV, acredita-se que toda a ilha era composta de cristãos.
Durante a terceira Cruzada, em 1119, os ortodoxos perderam o poder para os católicos. Mas durante o Império Otomano, em 1571, o bispado ortodoxo foi restabelecido.
O território da Igreja Ortodoxa do Chipre é reduzido desde que ocorreu a invasão turca em 1974. Porém, 78% da população da ilha se considera membro dessa comunidade cristã, mas apenas um terço desses cristãos costumam frequentar a igreja semanalmente.
- Igreja Ortodoxa Etíope
Acredita-se que essa igreja foi plantada a partir do eunuco etíope que ouviu sobre Jesus, como está escrito em Atos 8. Ele era servo da rainha Gersamot Hendeke VII, que governou o país entre o ano 42 e 45 d.C.

O cristianismo tornou-se religião oficial da Etiópia no século IV, com a conversão do imperador Ezana. Nessa época, líderes da Igreja Ortodoxa Copta no Egito foram convidados a liderar a comunidade local.
Hoje, alguns membros da Igreja Ortodoxa Etíope hostilizam outros cristãos de origem muçulmana e protestantes. Por outro lado, grupos extremistas islâmicos não fazem essa diferença, atacando e destruindo também a igreja histórica.
Por Portas Abertas