EBD – Nossa segurança vem de Deus

Pr. Sérgio Loureiro
Pr. Sérgio Loureiro
Sou o Pastor Sérgio Loureiro, Casado com Neusimar Loureiro, Pai de Lucas e Daniela Loureiro. Graduando em Administração e Graduando em Teologia. Congrego na Assembleia de Deus em Bela Vista - SG

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” (Lc 12.15)

Nessa lição aprenderemos que não podemos colocar a nossa confiança nos bens materiais. A nossa confiança deve estar em Deus. O Deus Todo-Poderoso não concorre com nenhuma outra divindade. Portanto, Ele deve ser o único Senhor do nosso coração.

INTRODUÇÃO

Depois de tratar das práticas espirituais como, oração e jejum longe dos holofotes, no lugar secreto, Jesus volta sua atenção para o testem unho público dos súditos do reino. Aquele que vive em secreto na presença de Deus deve reverberar seu testem unho, de forma pública, diante dos homens. Quem somos determina o que fazemos. Buscando uma correta interpretação dessa passagem bíblica, faremos quatro perguntas com o propósito de ajudá-lo a colocá-la em prática.

I – RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA

Temos aqui uma advertência clara para evitarmos todas as amizades prejudiciais com este mundo: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4).

Pessoas mundanas são aqui chamadas de adúlteros e adúlteras, em virtude de sua deslealdade para com Deus, enquanto dedicam os seus melhores sentimentos ao mundo. A cobiça é chamada de idolatria em outra passagem, e aqui é chamada adultério; é o abandono daquele a quem somos consagrados e com quem estamos comprometidos, para nos apegarmos a outras coisas; há essa marca colocada na disposição mental voltada para o mundo – que ela é inimiga de Deus. Um homem pode ter uma boa porção das coisas deste mundo, e mesmo assim manter o seu amor por Deus; mas o homem que volta o seu coração ao mundo, que coloca sua felicidade nele, e então se conforma a ele, e faz qualquer coisa para não perder a sua amizade, este é inimigo de Deus. E traição implícita e rebelião contra Deus colocar o mundo no trono do nosso coração.

“Portanto; qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Aquele que agir de acordo com esse princípio, para manter a simpatia do mundo, e para ter sua amizade contínua, não pode escapar de se mostrar, em espírito e também em suas ações, inimigo de Deus. “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24). Assim surgem guerras e brigas, até mesmo desse amor idólatra e adúltero ao mundo, e de servi-lo; pois que paz pode haver entre os homens enquanto há inimizade com Deus? Ou quem pode lutar contra Deus e prosperar? “Pensem seriamente consigo mesmos o que é o espírito do mundo, e vocês vão descobrir que não podem se adequar a ele como amigos, mas isso vai fazer com que vocês fiquem cheios de inveja, e de inclinações más, como está o mundo em geral”. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. p. 842).

2- Tesouros da terra, e tesouros do céu.

John Stott diz que, o ponto para onde Jesus dirige nossa atenção é a durabilidade comparativa dos dois tesouros. Deveria ser fácil decidir qual dos dois ajuntar, ele dá a entender, porque tesouros sobre a terra são corruptíveis e, portanto, inseguros, enquanto que tesouros no céu são incorruptíveis e, consequentemente, seguros. Afinal, se nosso objetivo é ajuntar tesouros, presumivelmente nós nos concentraremos na espécie que vai durar mais e que pode ser armazenada sem depreciação ou deterioração. E importante enfrentar franca e honestamente a questão: o que Jesus estava proibindo, quando nos disse para não ajuntarmos tesouros para nós mesmos na terra? Talvez seja melhor começarmos com uma lista do que ele não estava (e não está) proibindo. Primeiro, não há maldição alguma quanto às propriedades em si; as Escrituras não proíbem, em parte alguma, as propriedades particulares. Segundo, “economizar para dias piores” não foi proibido aos cristãos, nem fazer um seguro de vida, que é apenas uma espécie de economia compulsória auto imposta. Pelo contrário, as Escrituras louvam a formiga que armazena no verão o alimento de que vai precisar no inverno, e declara que o crente que não faz provisão para a sua família é pior do que um incrédulo. Terceiro, não devemos desprezar mas, antes, desfrutar as boas coisas que o nosso Criador nos concedeu abundantemente. (STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, p. 71-72).

3- O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais?

Não há mal algum em fazer uso dos bens ou ter riquezas, pois sabemos que tudo vem de Deus. As filhas de Labão tinham consciência de que a riqueza que o pai possuía vinha de Deus (Gn 31.16); a riqueza que Salomão possuía vinha de Deus (1Rs 10.23); Davi era consciente de que riqueza e honra vinham de Deus (1Cr 29.12).

Está claro que as riquezas vêm de Deus, elas são neutras, não fazem nem mal nem bem. A questão está naquele que as possui, da atitude que manifesta para com elas. Há nas páginas da Bíblia homens que possuíam riquezas, e destacaremos apenas dois: o primeiro é Abrão (Gn 13.2); o segundo é Jó, o qual não era somente rico, mas poderoso na terra (Jó 1.3).

Se como cristão eu tiver uma visão espiritual perfeita, não terei problema com as coisas ou os bens materiais desta terra. Observe que Jesus disse que a “candeia do corpo são os olhos”, eles são os instrumentos através dos quais o corpo vai receber a luz que necessita para se locomover. Interessante que na perspectiva veterotestamentária o olho servia para apontar a uma pessoa a direção da vida. Caso uma pessoa tivesse os olhos maus, seu coração e corpo seriam dominados pela ambição materialista, pela cobiça; seu olhar é comprometedor porque é um olhar de trevas espirituais.

Aqueles que têm olhos bons têm como alvo maior sua comunhão com Deus. Dessa maneira, receberão em seu corpo a luz verdadeira e serão movidos para as coisas eternas, servindo a Deus com todo fervor e sinceridade. Estando desvencilhados da avareza, do materialismo, da cobiça, suas vidas são sempre encaminhadas para a perfeição (Pv 4.18). Eles sabem que não podem focar em Deus e nas coisas materiais, porque se assim procederem, sofrerão graves consequências, por isso, firmam-se com toda lealdade em Deus.

O cristão usa as coisas deste mundo, tendo consciência de que é apenas mordomo delas e não senhor. Tudo vem de Deus e a Ele pertence (Sl 24.1), de posse dessa verdade não se arroga, não se ufana, pois não é proprietário de nada, mas segue sua peregrinação rumo às mansões celestiais, sabendo que um dia prestará contas de tudo que fez e como fez. Por isso, procura usar tudo que está em seu poder para louvor e glória do poderoso Deus, pois vive para o seu propósito. (Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 116-117).

A Riqueza do Céu e a Riqueza da Terra não têm conciliação

II – A IDOLATRIA AO DINHEIRO

1- O coração no lugar certo.

Quando o coração está no lugar certo, que é em Deus, não haverá problema com o dinheiro, bens e outras coisas materiais. Todos nós cristãos deveríamos orar como Ana e dizer: “[…] O meu coração se regozija no Senhor” (1Sm 2.1, ARA). Jesus disse: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21, ARA). Quando o coração do cristão está em Deus, ele não tem amor para com as coisas do mundo, de modo que não procura envidar todos os esforços para conquistá-las, procurando ter apenas o necessário para o seu sustento, e com isso se alegrando (1Tm 6.8). Devemos ter cuidado com o que amamos, pois como bem disse Lutero: “O deus de um homem é aquilo que Ele ama”.

Um salvo em Cristo pode trabalhar para ter o dinheiro necessário para o sustento seu e de sua família (2Co 12.14). Não é pecado crescer na carreira profissional, porém, agir de modo egoístico, entrar em desespero para ter as coisas, perder noites inteiras de sono pensando em como ganhar dinheiro, com ser famoso, importante, nada disso vem de Deus, pois como disse o salmista: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Sl 127.2, ARA).

Jesus está nos ensinando em Mateus 6.21 que quer seja um lugar, quer seja uma coisa, quer seja pensamento, tudo quanto tire nossa atenção, tome nosso tempo, cause desgaste, qualquer coisa que nos cause preocupação, nela está o nosso tesouro. As riquezas desta terra causam preocupação para aqueles que a possuem. Vemos isso na quantidade de pessoas ricas que têm medo de perder suas posses.

Jesus alertou que, querendo ou não, as riquezas humanas sofrem perdas, pois seus valores não são eternos como os tesouros no céu. Devemos procurar sempre as riquezas do alto (Cl 3.1), porque as riquezas de lá têm valores eternos, não podem ser roubadas, não desvanecem nem se desgastam. Quando tomamos consciência dos valores das riquezas eternais sempre iremos viver contentes em toda e a qualquer situação, pois nosso coração já está em paz. (Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 117-118).

2- Idolatrando a Mamom.

O pastor Hernandes Dias Lopes faz uma pergunta e destaca quatro realidades:

A quem você serve com o Senhor? (6.24)

Destacamos quatro realidades solenes no texto em tela:

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas (6.24). Vejamos.

Em primeiro lugar, Jesus diz que o dinheiro não é neutro (6.24). Jesus diz que as riquezas são uma entidade, e não uma coisa. Chama as riquezas de Mamom, e não de moedas. As riquezas têm poder de subjugar as pessoas e tor-ná-las escravas. A palavra Mamom é uma transliteração de um termo hebraico que significa “o que se armazena”, ou de outro termo hebraico que significa “no que se confia”. Portanto, essa palavra refere-se à personificação da riqueza.

Em segundo lugar, Jesus diz que o dinheiro é um senhor que exige dedicação exclusiva (6.24). Jesus não chamou o diabo, o mundo nem mesmo César de “senhor”, mas chamou as riquezas, Mamom, de “senhor”. Esse senhor é carrasco. Escraviza seus súditos. Por amor ao dinheiro, pessoas se casam e se divorciam, matam e morrem, corrompem e são corrompidas. O dinheiro é um senhor que exige devoção exclusiva de seus súditos.

Em terceiro lugar, Jesus diz que nem Deus nem as riquezas aceitam devoção parcial (6.24). Deus não aceita dividir sua glória com ninguém. Ele não aceita coração dividido entre duas devoções. E possível um indivíduo ser empregado de dois patrões, mas não é possível um servo servir a dois senhores.

Em quarto lugar, Jesus diz que não se pode servir a Deus e às riquezas (6.24). Jesus é categórico: Não podeis servir a Deus e às riquezas. Quem serve a Deus, não pode viver mais debaixo do jugo de Mamom. Quem é escravo de Mamom, não pode ser servo de Deus. (LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. p. 226-227).

3- A riqueza condenada por Cristo.

Dando continuidade o pastor Hernandes relata sobre a tragédia irremediável da avareza (Lc 12.20,21)

O homem que se considerava tão prudente e protegido em armazenar toda a sua colheita para o seu desfrute por longos anos é confrontado com uma voz que ecoa desde o céu, a própria voz de Deus: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lc 12.20). Jesus mostra a tragédia irremediável da avareza, e isso por quatro razões.

Em primeiro lugar, o homem que põe sua confiança nas coisas materiais pensando que nelas terá segurança é louco. O dinheiro pode nos dar conforto por um tempo, mas não paz permanente. Pode nos dar alimento farto para o corpo, mas não descanso para a alma. Pode nos dar alguma proteção terrena, mas não escape da morte. Pode nos dar prazeres na terra, mas não a bem-aventurança eterna.

Em segundo lugar, o homem que pensa que é o capitão da sua alma é louco. O homem, por mais rico que seja, não determina os dias de sua vida nem tem controle sobre a hora de sua morte. O homem, por mais abastado que seja, não tem nas mãos o destino de sua alma. Na hora da morte, sua alma é requerida. O espírito volta para Deus e nesse momento o homem terá de prestar contas ao reto juiz.

Em terceiro lugar, o homem que pensa que é o dono dos bens que acumula é louco. O homem plantou, colheu, derrubou, construiu, armazenou e falou à sua alma para desfrutar de tudo por longos anos. Mas, de tudo o que ajuntou, não desfrutou nada e não levou nada. Tudo foi passado para outras mãos.

Em quarto lugar, o homem que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus é louco (Lc 12.21). O que significa ser rico para com Deus?

Significa reconhecer com gratidão que tudo o que temos vem de Deus e nos esforçar para usar o que ele nos dá para o bem de outros e para a sua glória. Ser rico para com Deus é deixar de confiar na provisão para confiar no provedor.

E depositar sua fé em Deus, e não nas bênçãos de Deus. A prosperidade tem seus perigos (Pv 30.7-9). A riqueza é capaz de sufocar a palavra de Deus (Mt 13.22), de criar armadilhas e tentações (1Tm 6.6-10) e de dar uma falsa sensação de segurança (1Tm 6.17). Portanto, os que se contentam com as coisas que o dinheiro pode comprar correm o risco de perder aquilo que o dinheiro não pode comprar.

Concluo com as palavras de John Charles Ryle:

Quando podemos afirmar que um homem é rico para com Deus? Nunca, até que ele seja rico em graça, fé e boas obras, até que se dirija ao Senhor Jesus suplicando que lhe dê o ouro refinado pelo fogo (Ap 3.18). Nunca, enquanto não tiver uma casa feita não por mãos humanas, eterna, nos céus. Nunca, até que seu nome esteja escrito no livro da vida e que ele seja herdeiro de Deus e coerdeiro juntamente com Cristo. Este é o homem verdadeiramente rico! Seu tesouro é incorruptível. Seu banco nunca há de falir.

Sua herança não fenece. Os homens não podem impedir que ele a desfrute. A morte não pode arrebatá-la de suas mãos. Todas essas coisas já pertencem àquele que é rico para com Deus – as coisas do presente e as do porvir. E o melhor de tudo, o que ele possui agora não significa nada em comparação ao que possuirá no futuro. (LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem Perfeito. Editora Hagnos. 1 Ed 2017).

A idolatria se caracteriza quando o dinheiro torna-se o lugar do coração do ser humano.

III- VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS

1- Os males advindos das preocupações.

O termo grego philarguria, traduzido por amor ao dinheiro, só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Paulo diz que o amor ao dinheiro é a fonte de todos os males. O amor ao dinheiro é a high-way, a estrada principal que conduz a todas as outras que desembocam na ruína.

E preciso destacar que o dinheiro não é raiz de todos os males. O dinheiro em si é uma bênção. Com ele suprimos nossas necessidades e servimos ao próximo. Com ele ajudamos os necessitados e cooperamos com a expansão do reino de Deus. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro. O problema não é a riqueza, mas o desejo da riqueza. O problema não é ter dinheiro no bolso, mas ter o dinheiro no coração. O problema não é possuirmos riquezas, mas as riquezas nos possuírem. John Stott diz com razão que a cobiça se acha por trás dos casamentos por conveniência, das perversões da justiça, do tráfico de drogas, do comércio de pornografia, das chantagens, da exploração dos fracos, da negligência às boas causas e da traição aos amigos. Vivemos numa sociedade que se esquece de Deus, ama as coisas e usa as pessoas, quando deveríamos adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas.

[…] o ambicioso desvia-se da fé. —… e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé… (6.10b). Ninguém pode amar a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo, pois onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração. Há indivíduos que vendem a consciência e apostatam da fé por causa da cobiça. Amam o prêmio da iniquidade como Balaão. Cobiçam bens materiais como Acã. Traem o Senhor como Judas Iscariotes. O amor ao dinheiro leva o homem à apostasia. Uma pessoa que ama o dinheiro transforma uma bênção num ídolo. Substitui o doador pela dádiva. Adora a criatura em lugar do Criador.

[..] o ambicioso flagela a si mesmo com muitas dores.

— … e a si mesmos se atormentam com muitas dores (6.10c). O ambicioso atormenta a si mesmo. O homem que ama o dinheiro é um masoquista. Torna-se seu próprio algoz. Sua cobiça é um chicote impiedoso que o flagela com rigor desmesurado. Isso inclui preocupação, remorso e angústias de uma consciência culpada.28 Um homem rico disse-me certa feita que os endinheirados têm pelo menos dois problemas: o primeiro é o desejo de ganhar, ganhar, ganhar. O segundo é o medo de perder, perder, perder. O rico passa a vida inteira atormentando-se com esses dois flagelos. Concluo com as palavras de Stott: “Paulo não está a favor da pobreza contra a riqueza, mas a favor do contentamento contra a cobiça”. (LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. p. 145-147).

2- Vivendo sem inquietação.

O pastor Hernandes Dias Lopes fala sobre cinco evidências da ansiedade, como vemos a seguir.

Em primeiro lugar, a ansiedade é destrutiva (6.25). A palavra ansiedade (6.25) significa “rasgar”, enquanto a palavra inquietação (6.31) significa “constante suspense”. Essas duas palavras eram usadas para descrever um navio surrado pelos ventos fortes e pelas ondas encapeladas de um mar tempestuoso. A palavra “ansiedade” vem de um antigo termo anglo-saxônico que significa “estrangular”. Ela puxa em direção oposta. Gera uma esquizofrenia existencial. Warren Wiersbe, citando Corrie ten Boom, diz que a ansiedade não esvazia o amanhã do seu sofrimento; ela esvazia o hoje do seu poder. Ansiedade é ser crucificado entre dois ladrões:

O ladrão do remorso em relação ao passado e o ladrão da preocupação em relação ao futuro.

Em segundo lugar, a ansiedade é enganadora (6.25,26).

A ansiedade tem o poder de criar um problema que não existe. Muitas vezes sofremos não por um problema real, mas por um problema fictício, gerado pela nossa própria mente perturbada. Os discípulos olharam para Jesus andando sobre as águas vindo para socorrê-los e, cheios de medo, pensaram que era um fantasma. E sabido que as pessoas se preocupam mais com males imaginários do que com males reais. Estatisticamente falando, 70% dos problemas que nos deixam ansiosos nunca vão acontecer. Sofremos desnecessariamente.

A ansiedade tem o poder de aumentar os problemas e diminuir nossa capacidade de resolvê-los. Uma pessoa ansiosa olha para uma casa de cupim e pensa que está diante de uma montanha intransponível. As pessoas ansiosas são como os espias de Israel, só enxergam gigantes de dificuldades à sua frente e veem a si mesmos como gafanhotos. Davi agiu de forma diferente dos soldados de Saul. Enquanto todos viam a ameaça do gigante Golias, Davi olhou para a vitória sobre o gigante. Geazi olhou os inimigos de Israel e ficou com medo, ao passo que Eliseu olhou com outros olhos e viu os valentes de Deus cercando sua cidade.

A ansiedade tem o poder de desviar os nossos olhos de Deus e fixá-los nas circunstâncias. A ansiedade é um ato de incredulidade, de falta de confiança em Deus. Onde começa a ansiedade, aí termina a fé.

A ansiedade tem o poder de desviar os nossos olhos da eternidade e fixá-los apenas nas coisas temporais. Uma pessoa ansiosa restringe a vida ao corpo e às necessidades físicas.

Jesus disse que aqueles que fazem provisão apenas para o corpo, e não para a alma, são loucos. John Rockefeller disse que o homem mais pobre é aquele que só tem dinheiro.

Em terceiro lugar, a ansiedade é inútil (6.27). Côvado aqui não se refere a estatura (45 centímetros), mas prolongar a vida, dilatar a existência. A preocupação, segundo Jesus, em vez de alongar a vida, pode muito bem encurtá-la. A ansiedade nos mata pouco a pouco. Rouba nossas forças, mata nossos sonhos, mina nossa saúde, enfraquece nossa fé, tira nossa confiança em Deus e nos empurra para uma vida menos do que cristã. Os hospitais estão cheios de pessoas vítimas da ansiedade. A ansiedade mata! Como já afirmamos, o sentido da palavra “ansiedade” é estrangular, é puxar em direções opostas. Quando estamos ansiosos, teimamos em tomar as rédeas da nossa vida e tirá-las das mãos de Deus.

A ansiedade nos leva a perder a alegria do hoje por causa do medo do amanhã. As pessoas se preocupam com exames, emprego, casas, saúde, namoro, empreendimentos, dinheiro, casamento, investimentos. A ansiedade é incompatível com o bom senso. E uma perda de tempo. Precisamos viver um dia de cada vez. Devemos planejar o futuro, mas não viver ansiosos por causa dele.

Preocupar-nos com o amanhã não nos ajuda nem amanhã nem hoje. Se alguma coisa nos rouba as forças hoje, isso significa que vamos estar mais fracos amanhã. Significa que vamos sofrer desnecessariamente se o problema não chegar a acontecer e que vamos sofrer duplamente se ele vier a acontecer.

Em quarto lugar, a ansiedade é cega (6.25b,26). A ansiedade é uma falsa visão da vida, de si mesmo e de Deus.

A ansiedade nos leva a crer que a vida é feita só daquilo que comemos, bebemos e vestimos. Ficamos tão preocupados com os meios que nos esquecemos do fim da vida, que é glorificar a Deus. A ansiedade não nos deixa ver a obra da providência de Deus na criação. Deus alimenta as aves do céu. As aves do céu não semeiam, não colhem, não têm despensa (provisão para uma semana) nem celeiro (provisão para um ano).

Vejamos a seguir alguns dos argumentos de Jesus contra a ansiedade.

Primeiro, do maior para o menor. Se Deus nos deu um corpo com vida e, se o nosso corpo é mais do que o alimento e as vestes, ele nos dará alimentos e vestes (6.25). Deus é o responsável pela nossa vida e pelo nosso corpo. Se Deus cuida do maior (nosso corpo), não podemos confiar nele para cuidar do menor (nosso alimento e nossas vestes?).

Segundo, do menor para o maior. As aves e as flores são apresentados como exemplo (6.26,28). Martinho Lutero disse que Jesus está fazendo das aves nossos professores e mestres. O mais frágil pardal se transforma em teólogo e pregador para o mais sábio dos homens, dizendo: “Eu prefiro estar na cozinha do Senhor. Ele fez todas as coisas. Ele sabe das minhas necessidades e me sustenta”. Os lírios se vestem com maior glória que Salomão. Valemos mais que as aves e os lírios. Se Deus alimenta as aves e veste os lírios do campo, não cuidará de seus filhos? O problema não é o pequeno poder de Deus; o problema é a nossa pequena fé (6.30).

Em quinto lugar, a ansiedade é incrédula (6.31,32). A ansiedade nos torna menos do que cristãos. Ela é incompatível com a fé cristã e nos assemelha aos pagãos. A ansiedade não é cristã. E gerada no ventre da incredulidade; é pecado. Quando ficamos ansiosos com respeito ao que comer, ao que vestir e coisas semelhantes, passamos a viver num nível inferior ao dos animais e das plantas. Toda a natureza depende de Deus, e ele jamais falha. Somente os homens, quando julgam depender do dinheiro, se preocupam, e o dinheiro sempre falha.

Como podemos encorajar as pessoas a colocarem a sua confiança em Deus com respeito ao céu, se não confiamos em Deus nem em relação às coisas da terra? Um crente ansioso é uma contradição. A ansiedade é o oposto da fé.

E uma incoerência pregar a fé e viver a ansiedade. Peter Marshall diz que as úlceras não deveriam se tornar o emblema da nossa fé. Mas, geralmente, elas se tornam!

A ansiedade nos leva a perder o testemunho cristão.

Jesus está dizendo que a ansiedade é característica dos gentios e dos pagãos, daqueles que não conhecem Deus. Mas um filho de Deus tem convicção do amor e do cuidado de Deus (Rm 8.31,32). LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. p. 228-232

3- Vivendo sossegados em Deus.

Se realmente seguíssemos a Palavra de Deus, viveríamos uma vida bem sossegada, porém, para isso acontecer, é preciso ser verdadeiramente espiritual. O apóstolo Paulo fala: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6.8, ARA). No ensino do Senhor Jesus, usando os pássaros como exemplo, ainda que não tenham a capacidade do homem para pensar e criar, precisam de alimento para o sustento diário, mas eles não semeiam, não segam e nem ajuntam em celeiros, mas quem cuida deles é o Pai celestial.

Eles caçam comida para si e levam para a sua família, o diferencial é que não se preocupam com nada. Assim, a lição do Senhor Jesus é que, se atentarmos para eles, todos estão no cuidado do Pai, de modo que pela ordem natural das coisas o alimento diário está assegurado através da criação. Jesus diz que o ser humano tem mais valor que os pássaros: “Não tendes muito mais valor do que elas?” Portanto, se temos mais valor que eles, o que temos que fazer é viver sossegados em Deus, dependendo dEle em tudo, jamais sendo autossuficientes, achando que podemos fazer tudo, mas sabendo que tudo vem dEle e é para Ele (Tg 1.17).

No ensino de Jesus foram usados dois exemplos para expressar o cuidado do Pai para conosco a fim de termos um viver sossegado em Deus. Com as aves, Ele mostra o cuidado divino para com a nossa alimentação; com os lírios, nos ensina sobre o cuidado do nosso vestuário. Com tal ensino, podemos ver que Jesus estava mostrando que o Deus da providência está atento a tudo, e que nEle devemos sossegar a nossa alma como uma criancinha desmamada para com sua mãe (Sl 131.1-3).

Nunca devemos pensar que Jesus estivesse aqui proibindo o trabalho e incentivando a preguiça, pois é do trabalho que vem nossa alimentação (2Ts 3.10). O que Ele está propondo é que quando nos lançarmos a qualquer projeto para o bem da nossa vida terrena não devemos ter o nosso coração dominado pela ansiedade, pois como somos filhos de Deus, o cuidado do Pai sempre será uma realidade para nossa vida.

No final da passagem, mais especificamente em Mateus 6.27-32, Jesus nos ensina que não adianta viver se preocupando demasiadamente, visto que sempre, a cada dia nesta vida, enfrentaremos lutas e problemas diversos. O melhor é orar e confiar no Senhor, porque não podemos acrescentar um côvado ao curso da vida. Na verdade, o que as preocupações fazem é prejudicar a nossa saúde, abalar nossos pensamentos e reduzir muito a nossa produtividade no trabalho, no demais, expressa a falta de confiança em Deus.

Jesus mostra que apesar da beleza das flores de Israel, isto é, os lírios, elas não trabalham nem fiam, mas não demora para que essa beleza se desvaneça e seja colhida com a erva para servir de combustível às necessidades dos homens, indo para o forno. Mesmo assim, há um cuidado especial do Senhor para com elas, pois veste tanto as flores e as relvas do campo de um modo como nem mesmo Salomão, o grande rei de Israel, vestia-se, porém, logo elas desaparecerão.

Com tais lições ilustrativas de Cristo, falando do cuidado de Deus com a sua criação, providenciando alimento para os pássaros e flores, somos levados a pensar sobre a razão de andarmos inquietos, ansiosos por causa de alimento e roupa, e gastando energia de modo desnecessário. Agir dessa forma significa não confiar em Deus e proceder como os gentios, os quais se voltam totalmente para as coisas materiais, pondo nelas confiança porque não conheciam verdadeiramente a Deus como o bondoso e o cuidadoso Pai.

Aqueles que conhecem a Deus creem que seu cuidado será sempre uma realidade nas questões envolvendo a vida e as necessidades, e não possuem preocupação demasiada com as questões básicas.

Aqueles que conhecem a Deus se lançam em suas mãos divinas certos de que seu cuidado não falha, pois Ele é o Deus da providência, o qual tem domínio universal preservando o mundo e todas as suas criaturas (Sl 104; Lc 12.6,7; Mt 5.45; At 14.15-17, 17.25-28), abençoando especialmente o seu povo (Mt 6.26-32; Rm 8.28), que nEle vive sossegado. (Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 122-123).

CONCLUSÃO

Como filhos de Deus devemos conscientizarmos de que “ toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai” (Tg 1.17). Somos abençoados pelo Senhor com os nossos bens, mas os nossos corações não estão nas riquezas deste mundo. Não amemos o dinheiro e usem os todos os nossos recursos para a expansão do Reino de Deus.

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