EBD – Expressando palavras honestas

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Prezados professores e alunos,

Paz do Senhor!

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”. (Mt 5.37)

Qual o valor de uma palavra? Houve um tempo em que o empenho da palavra bastava para se concretizar um negócio. A presente lição é um estudo a partir do ensino do Sermão do Monte a respeito da retidão que devemos ter com as palavras empenhadas. Nosso Senhor nos ensi-nou a respeito dessa verdade. O mesmo cuidado que temos de ter com o nosso comporta-mento moral, devemos ter com a emissão de nossas palavras.

INTRODUÇÃO

A vida cristã não pode ser vivida somente por meio de atos litúrgicos, não se constitui somente de pregação e louvores. Mais do que isso, ela precisa ser demarcada por verdadeiros frutos de arrependimento (Mt 3.8), necessita evidenciar uma justiça superior e uma pureza de coração que possa expressar a real transformação (Mt 5.17-20), de modo que se comprove na prática o que Jesus falou: “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhei-ros ou caminha na verdade e sinceridade, sem embuste e engodo. Vivemos hoje em um mundo pós-moderno, onde se ensina que a verdade depende do ponto de vista de cada pessoa. Isso faz com que tudo seja muito relativo, todavia, o servo que tem a justiça de Cristo implantada no seu interior procura ser o que Jesus é, andando e falando a verdade, jamais andando na mentira (Ef 4.25).

I – NÃO DEVEMOS JURAR NEM PELOS CÉUS NEM PELA TERRA

1- A Lei do Juramento.

Em todo o Novo Testamento, vemos que os líderes espirituais faziam juramentos. O apóstolo Paulo, por exemplo, quando escreve aos romanos e de- clara o desejo ardente que seu cora-ção tinha de ver a redenção de Israel, faz um juramento para se certificar de que as pessoas entendiam a sinceridade de sua afirmação. O próprio Senhor Jesus, quando foi julgado no final da vida, testemunhou perante as autoridades sob juramento. Assim, independentemente do modo como entendemos este texto, devemos fazê-lo à luz não somente do contexto imediato, mas também de todo o contexto da Escritura Sagrada. Não podemos tomar uma simples declaração de Jesus e chegar a uma conclusão sem considerar tudo o que ele ensina sobre o assunto. (Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 99).

2- O propósito da Lei do Juramento.

Recorrendo Sproul ele diz que, toda a fé cristã está enraizada e fundamentada no princípio bíblico da aliança, e as alianças não poderiam ser realizadas sem um elemento essencial: o juramento. Meredith Kline, um falecido estudioso do Antigo Testamento, juntamente com George Mendenhall, da Universidade de Michigan, analisaram a estrutura de alianças antigas de várias nações e descobriram que, em todas elas, havia juramentos. Eles eram feitos não apenas pelas partes subordinadas da aliança, mas também pelas partes superiores. Nossa fé repousa no fato de que 0 Senhor Deus onipotente, ao iniciar uma aliança com seu povo, fez um juramento para selá-la. Conforme o autor de Hebreus nos diz, “visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo” (Hb 6.13). Ele colocou sua própria pessoa em jogo para enfatizar a credibilidade das promessas que fez ao povo. (Sproul, RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. p. 98,99).

3- Não jureis nem pelo Céu nem pela Terra.

John Stott em seu livro Contratura cristã nos informa que Jesus começa argumentando que a pergunta sobre a fórmula usada para se fazer votos é totalmente irrelevante e, particular-mente, que a diferença feita pelos fariseus entre a fórmula que menciona Deus e aquelas que não o mencionam é inteiramente artificial. Contudo, por mais que vocês tentem, disse Jesus, não podem evitar alguma referência a Deus, pois o mundo todo é mundo de Deus e vocês não O podem eliminar, de modo algum. Se vocês jurarem pelo “céu”, é o trono de Deus; se pela “terra”, é o estrado dos seus pés; se por “Jerusalém”, é a sua cidade, cidade do grande Rei. Se vocês jurarem por sua cabeça, na verdade é sua no sentido de não pertencer a qualquer outra pessoa, mas ainda assim é criação de Deus e está sob o seu controle. Você não pode sequer mudar a cor natural de um simples fio de cabelo, preto na juventude e branco na velhice. Portanto, sendo irrelevante o enunciado preciso de uma fórmula para fazer votos, então a preocupação com as fórmulas não é ponto importante da lei. Na verdade, considerando que todo aquele que faz um voto deve cumpri-lo (seja qual for a fórmula usada para sua confirma-ção), falando estritamente todas as fórmulas são supérfluas, pois a fórmula nada acrescenta à solenidade do voto. Um voto é obrigatório, independentemente da fórmula utilizada. Sendo assim, a verdadeira implicação da lei é que devemos cumprir as nossas promessas e ser pessoas de palavra. Então os votos se tornam desnecessários. De modo algum jureis (v. 34), seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não (v. 37). Como diria mais tarde o apóstolo Tiago: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não.” E o que disto passar, Jesus acrescentou, vem do maligno, tanto da maldade dos nossos corações com o seu grande engano, como do maligno, que Jesus descreveu como “mentiroso e pai da mentira”. Assim como o divórcio é devido à dureza do coração humano, os juramentos se devem à falsidade humana. Ambos foram permitidos por lei; nenhum foi ordenado; nem seriam necessários. (STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora:ABU,1981,p.47).

O seguidor de Jesus não jura pelo céu nem pela terra. Suas palavras têm o peso da Verdade

II – NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”

1- Como deve ser o nosso falar.

Não precisamos fazer muito rodeio para dizer como devem ser nossas palavras. Vivendo em Cristo a nova vida, o cristão é sincero no que diz, por isso um simples sim ou não é o suficiente em tudo o que faz, dado que tem consciência de que não pode ser de outra maneira, o que contrariaria seu procedimento verdadeiro e santo. Um viver sincero e honesto não parte da base de um juramento, mas resulta de sua comunhão com Deus, pois, ciente de que Jesus vive em seu ser, jamais será um mentiroso, no demais, dizer sim e não é o recomendável por meio da Palavra (Tg 5.12; 2Co 1.17,18).

Não é preciso juramento no seu falar, porque quando isso acontece já é quase um sinal de que a fala não é verdadeira. Ainda podemos dizer que um juramento feito por uma pessoa que não seja transformada não valerá de nada, já que não vem marcado pela verdade. Dizer um sim ou um não é questão de coração, não de juramento, pois, caso o indivíduo não seja realmente transformado, sempre a inverdade prevalecerá, em destaque o falso testemunho (Mt 15.19).

Amados irmãos, Jesus requer de cada um de nós sinceridade, tanto em nossos atos como em nossas palavras. Não podemos em conversas diárias levar as pessoas a crerem no que estamos dizendo fazendo juramento; o simples sim e não é o suficiente, posto que temos uma nova vida em Cristo Jesus, o dono da verdade (Jo 14.6). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 73.

2- O sim e o não na vida de Paulo.

O apóstolo se defende da acusação de leviandade e inconstância por não ir a Corinto. Os homens bons devem ter o cuidado de manter a sua reputação de sinceridade e constância; eles não devem resolver, senão baseados na reflexão cuidadosa. E eles não mudarão, a menos que haja razões que o justifiquem.

Nada pode tornar as promessas de Deus mais certas; o fato de serem dadas por meio de Cristo nos assegura que são suas promessas. Assim como as maravilhas que Deus realizou na vida, na ressurreição e na ascensão de seu Filho confirmam a fé. O Espírito Santo firma os cristãos na fé do Evangelho. O despertar do Espírito é o começo da vida eterna; os consolos do Espírito são primícias do gozo eterno.

O apóstolo desejava poupar-se da culpa que temia ser inevitável, se tivesse ido a Corinto antes de saber que efeito a sua carta anterior havia produzido. Nossa força e habilidade se devem à fé; e o nosso consolo e gozo devem fluir da fé. Os temperamentos santos e os frutos da graça que ajudam a fé asseguram contra o engano em um assunto tão importante. (HENRY. Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry. II Coríntios. Editora CPAD. 4 Ed. 2004. p. 2-3).

3- O que passar disso é uma procedência maligna.

Jesus ensina que nossas conversas devem ser tão honestas e nosso caráter tão verdadeiro que não haja necessidade de usar qualquer outro recurso para fazer as pessoas acreditarem em nós. As palavras dependem do caráter, e juramentos não são capazes de compensar a falta de caráter.

“No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Pv 10:19). Quanto mais palavras alguém usa para nos convencer, mais desconfiados devemos ficar. (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. p. 27).

As palavras dos seguidores de Jesus devem ser precisas e assertivas

III – HONESTIDADE COM NOSSAS PALAVRAS

1- A palavra honestidade.

Honestidade vem do latim honos ou honor, que significa “honra”, “honroso, “distinção”. A forma adjetiva, honestus, significa “honroso”, de “Boa reputação”, “glorioso”, “excelente”, “digno de ser honrado”. A palavra hebraica mais comum, traduzida por “honra”, nas traduções, é kabed, que envolve o sentido básico de “pesado”, “rico”, “honorável”. O Novo Testamento grego tem kalôs, “bom”, mas que é traduzido por “honesto” em trechos como Luc, 8:15; Rom. 12:7; 11 Cor. 8:21; 13:7 e I Ped. 2:12. Esse vocábulo grego significa “livre de defeitos.., ..belo”, “nobre”. Aquele que é honesto possui um bom e nobre caráter, isento dos defeitos que enfeiariam o seu caráter.

Um homem honesto é aquele que é justo, cândido, veraz, equitativo, digno de confiança, não fraudulento.

Caracteriza-se pela franqueza, pelo respeito ao próximo, pela sua veracidade. As pessoas desonestas são enganadoras, falsas, infiéis, desleais, fraudulentas, hipócritas, mentirosas e sem escrúpulos.

Um outro termo grego traduzido por «honesto», nas páginas do Novo Testamento, é sem notes, “grave”, “venerável”. Ver 1Tm. 2:2; 3:4 e Tito 2:7, onde figuram suas únicas três ocorrências.

Existe tipos de honestidade, vejamos:

Honestidade Intelectual. Os pesquisadores devem chegar a conclusões que condigam com as descobertas que se podem fazer com base nas evidências colhidas. O mesmo se aplica no caso da pesquisa bíblica. Coisa alguma deve ser forçada para ajustar-se àquilo que queremos ver. Não podemos manipular os fatos. A Ética da Honestidade. A psiquiatria tem provado os efeitos prejudicais, emocionais e físicos, da desonestidade moral. No tocante ao bem-estar físico e mental do indivíduo, na verdade, “a honestidade é a melhor norma”.

Honestidade Espiritual, Todas as modalidades de hipocrisia foram condenadas pelo Senhor Jesus (ver Mar. 6:14; 23:25-28). Assim sendo, o filósofo estava certo, quando declarou: Precisamos de pessoas que estejam resolvidas a falar diretamente, sem qualquer engano, que permaneçam fiéis ao que dizem» (Camus). A honestidade, no sentido espiritual, envolve mais do que aquilo que dizemos. Antes de tudo, relaciona-se aquilo que somos. Uma pessoa espiritualmente sã, livre de defeitos morais, haverá de querer falar e agir com honestidade. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. p. 159.

2- É possível ser honesto com nossas palavras neste mundo?

Parece que no mundo em que vivemos os homens e as mulheres, em sua maioria, estão esquecendo da palavra honestidade, e o mais lamentável hoje é que muitos crentes e alguns teólogos defendem o que é chamado de “mentiras piedosas”, em que uma pessoa pode se valer dela para o bem da família, dentre outras áreas. Alguns, de modo racional, tentam argumentar que as mentiras de emergências, situacionais, podem ser levadas em consideração quando se visa suprir uma determinada necessidade, porém, à luz da ética rigorosa, seguindo a verdade da Bíblia, nada disso tem fundamento. A leitura de Salmos 15.1-5 alerta sobre esse posicionamento.

Ainda que pareça impossível ser honesto com nossas palavras nesse mundo em que a plataforma é construída com ardis mentirosos, é possível sim viver com honestidade em nossas palavras, mas somente para os que realmente vivem em Cristo e têm a Palavra no seu coração. As Escrituras Sagradas mostram que nosso Deus é justo (Ap 15.3), e as três pessoas da Trindade vivem nessa verdade (Jo 14.6; 15.26). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 76.

3- Dando testemunho.

No momento em que o cristão aceita a Cristo, é chamado não apenas para ter a verdade na mente e no coração, mas também para praticá-la (Jo 3.21), no demais, ele não pode mais mentir, pois seu pai não é o Diabo, o qual é o pai da mentira (Jo 8.44).

Devemos, portanto, ser honestos em nossas palavras em todos os sentidos, pois como comunidade de Cristo não podemos ser obstáculos para a vida de ninguém. Lembre-se de que pela Bíblia a maledicência é nivelada aos pecados de adultério e roubo, quem a pratica estará fora do seu Reino (1Co 6.10; Cl 3.8). Os que vivem na presença de Deus sabem que precisam andar em santidade, verdade, que dos seus lábios não podem sair palavras destruidoras, porque dessa forma estariam entristecendo o Espírito Santo de Deus (Ef 4.30).

Podemos ser exemplos neste mundo onde a honestidade já está quase em extinção. Para tal precisamos proceder como nosso modelo de vida maior, isto é, Cristo, do qual Pedro diz que em sua boca nunca se achou engano (1Pe 2.22). Gomes. Osiel, Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. p. 77.

As palavras dos servidores de Jesus devem apresentar retidão e honestidade

CONCLUSÃO

Quem é capaz de dizer o que realmente está pensando quando perguntado no exato momento? Essa pergunta revela a importância do coração, guiado pelo Espírito Santo, para reproduzir em palavras o que é honesto e puro. Os valores do Reino de Deus enfatizam as virtudes da retidão e da honestidade. Por isso, Jesus espera que tenhamos retidão em nossas palavras. Isso, muitas vezes, passa despercebido por muitos cristãos no dia a dia, pois geralmente dar-se mais atenção aos comportamentos concretos. Entretanto, as palavras dizem respeito de quem somos e do que pensamos.

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