Pernambucanas criaram 1º Círculo de Oração do país em bairro de Recife
Corria o ano de 1942 e, na cidade de Recife, capital pernambucana, a menina Zuleide não interagia como as demais crianças de sua idade; ao contrário, ela não falava e nem andava. Os médicos a analisaram e o diagnóstico não poderia ser pior: nenhum deles conseguiu indicar uma solução para sua enfermidade. Os profissionais disseram que a primogênita de Florismundo Montenegro Barreto (falecido em fevereiro de 1995) e Albertina Bezerra Barreto (falecida em 2008) não passaria dos oito anos de vida. Naturalmente, a ansiedade e o medo tomaram os corações dos pais, contudo a boa mão de Deus moveu-se em favor de Ledinha (como era conhecida Zuleide). Inconformada com o diagnóstico emitido pelos médicos, irmã Albertina teve a iniciativa de solicitar ajuda a algumas irmãs, que congregavam na Assembleia de Deus no bairro de Casa Amarela, em Recife (PE).
Era 6 de março de 1942 quando a mãe de Ledinha convocou Cecita Colaço, Malphara Bezerra, Maria do Carmo, Antônia Viegas, Ana de Souza, Otávia Pessoa e Maria José,que clamaram ao Senhor em busca da cura milagrosa. Elas confiaram em uma profecia a respeito do quadro de saúde de Ledinha: “Essa enfermidade não é para morte, mas para glória de meu nome. Fui eu quem gerou essa criança, para que, por meio dela, fosse aberto este trabalho”, dizia a profecia.
O nome “Círculo de Oração”
Oficialmente, o Círculo de Oração foi inaugurado em 1942, na capital pernambucana. O objetivo foi criar um trabalho permanente de oração em busca do favor divino. No começo, a própria Albertina não fazia ideia de que a primeira reunião de oração seria o embrião do que hoje é reconhecido como um dos mais importantes e emblemáticos departamentos da Assembleia de Deus brasileira. Albertina sempre reiterava o que o Senhor havia dito a ela naqueles momentos difíceis: “Era isso que eu queria que você fizesse; era isso que Eu exigia. Porque por intermédio de sua filha vou realizar uma grande obra. É tão grande que você não imagina”. A menina, desenganada pelos médicos, que não passaria dos oito anos, viveu até os 49 anos. “O meu pensamento era que o Senhor curaria a menina e o trabalho terminaria por ali. Mas o Senhor orientou-nos a continuar e cumpriu as Suas promessas, e abençoou nossas vidas. E se Deus não tivesse abençoado, e se não fosse a Sua vontade, o Círculo de Oração não existiria muitos anos depois”, dizia Albertina. O trabalho logo se espalhou por todo o estado de Pernambuco e depois pelos estados vizinhos e é hoje um trabalho presente – com suas variações litúrgicas regionais – nas Assembleias de Deus em todos os estados do país.
De acordo com a fundadora, a nomenclatura usada para designaro departamento – “Círculo de Oração” – foi retirada de um folheto que ela havia lido e ilustrava a oração como um círculo nos céus. “Enquanto orávamos,lembrei-me dessa mensagem e disse: ‘Vamos circular os céus com as nossas orações’. E isso aconteceu não somente em Recife, mas por todo o Brasil”, alegrava-se a veterana.
Apoio da liderança regional
O resultado do clamor das servas de Deus tornou-se notório e recebeu total apoio do pastor da igreja pernambucana naqueles dias, José Bezerra da Silva; da sua esposa Malphara Bezerra e de diversos outros crentes. A partir de então, o Círculo de Oração funcionaria um dia na semana, normalmente das 7h às 17h; o culto incluía sobretudo oração, mas também pregação da Palavra de Deus e testemunhos, com as reuniões sendo marcadas pela manifestação da graça divina, inclusive com muitos batismos no Espírito Santo. O novo departamento tornou-se um dos maiores trabalhos da história da Assembleia de Deus no estado de Pernambuco, de modo que, em 2012, foram contabilizados 850 trabalhos só na capital pernambucana, ou seja, em todas as congregações do templo-sede da AD na capital Recife naquele ano.
Por Cpad news