Davi escreveu esse salmo depois de fugir de Jerusalém, quando seu filho Absalão tomou o trono (2Sm 15-18). Davi sentia-se como parte da minoria. Possivelmente havia um total de dez mil soldados a cercá-lo no referido momento (v. 6).
1. CONFLITO: ELE RECONHECE SUAS DIFICULDADES (Sl 3.1,2)
v. 1 Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários!…
A oração começa de forma bastante repentina, com “Senhor”. Como Pedro afundando no mar (Mt 14.30), Davi não tem tempo de passar uma extensa liturgia, pois a sua vida está em perigo, bem como o futuro do reino. Davi não vivia sentado confortavelmente em seu trono ditando ordens aos seus súditos, ele tinha lutas por causa de um filho rebelde e uma hostes de traidores. Não apenas o número de inimigo aumentou, como também as notícias pioraram (v. 2). O termo “salvação”, Yeshua em hebraico, é traduzido por “salva-me”, no versículo 7, e por “salvação”, no versículo 8, e é dessa palavra, usada 136 vezes em Salmos, que vêm os nomes “Jesus” (Mt 1.21) e Josué. Por que Deus permitiu essa rebelião infame e perigosa? Fazia parte da disciplina de Davi por seus pecados de adultério e homicídio (2Sm 12.1-12). Em sua graça, Deus perdoou Davi quando o rei confessou seus pecados (2Sm 12.13; Sl 32; 51), mas, em sua soberania, permitiu que Davi colhesse as consequências amargas desses pecados.
2. CERTEZA: ELE AFIRMA SUA CONFIANÇA NO SENHOR (Sl 3.3,4)
v.3 Mas tu, Senhor, és um escudo para mim…
Mas Davi não se deixar abater com facilidade. Sem ignorar os problemas, ergue seus olhos da situação ameaçadora a seu redor e olha para o Senhor pela fé. Davi sabe que está em perigo, mas Deus é seu escudo (ver Gn 15.1), aonde Deus é escudo de Abraão. O rei de Israel era chamado de “escudo”, pois protegia a nação (Sl 84.9; 89.18), mas Davi dependia de Deus para ser seu escudo (Dt 33.29; Sl 84.11). A situação é desanimadora, mas Davi confiava nas promessas que Deus lhe fez na aliança relatada em 2 Samuel 7 e sabia que deus não o abandonaria.
v.3 …a minha glória e o que exalta a minha cabeça.
Deus é a glória do salmista, no sentido de que a sua presença, comunhão e ajuda são o nosso maior bem. O crente que vive segundo a vontade de Deus, mas que se acha sob aflição e oposição, pode invocar a Deus na confiança de que Ele agirá em seu favor, segundo seu divino proposito.
v.4 Com a minha voz clamei ao Senhor; ele ouviu-me desde o seu santo monte.
A palavra “ouviu-me” expressa ação completa no hebraico (as vezes traduzida no por “respon-deu”), no sentido de confiança de que Deus sempre responde.
v.5 Eu me deitei e dormi: acordei, porque o Senhor me sustentou.
Descreve o estado de segurança do salmista. Só uma pessoa que se sente segura é capaz de dormir tranquila, sem pensamentos perturbadores. O crente que com fervor busca a Deus, e que sempre confia na sua fidelidade, na confiança que Ele sempre o ouve, pode deitar-se em paz e dormir seguro (cf Sl 4.8; Mc 4.39; At 12). Deus o sustentará (apoiará ou amparará) e concederá a sua graça, inclusive durante o sono (ver Sl 127.2; Pv 3.24).
v.7 Levanta-te, Senhor; salva-me…
O pedido é um tanto breve, uma ação que traz salvação expressando em termos vividos. Refere-se à experiência no passado e a confiança que a libertação certamente viria.
v.7…pois feristes a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios.
O ferir nos “queixos” era para mostrar desprezo, e o quebrar os “dentes” era para expressar a falta de poder dos inimigos.
No versículo 8 revela uma verdade atemporal: só Yahweh é digno de confiança para salvar o seu povo. Jonas citou o versículo 8 quando estava dentro do peixe (Jn 2.9) e foi salvo. É importante observar que Davi ora não somente pelos poucos que foram leais a sua causa. Ele invoca a bênção divina sobre toda a nação, que incluiria os rebeldes.