Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
INTRODUÇÃO
“Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.” (SI 119.107)
A Bíblia Sagrada faz uso de gêneros literários para expressar a revelação divina. Para contar as histórias do povo de Deus, os livros históricos servem-se da literatura chamada de “narrativa”. As experiências do povo de Deus na conquista e posse da Terra Prometida apontam para a soberania divina. Os livros poéticos e de sabedoria recorrem ao “texto lírico” com o propósito de despertar sentimentos. Os escritos bíblicos em prosa e poesia revelam a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário.
Essas mensagens servem de bom remédio e conservam saudável o nosso espírito, alma e corpo “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos.” (Pv 17.22). Em vista disso, nessa lição, estudaremos as experiências e as instruções relatadas nesses livros, cujas verdades produzem fé e esperança em nossos corações. (Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021).
AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO
Os livros históricos
O livro de Josué toma o nome do protagonista dos fatos nele contidos. Moisés, libertando o povo da escravidão dos egípcios, organizou-o na península do Sinai e o conduziu até às margens do Jordão. Para continuar a mesma missão de Moisés, sucede-lhe Josué. Tinha na sua frente duas tarefas: ocupar a terra de Canaã ou Terra Prometida, expulsando os antigos habitantes, e dividir, o país entre as várias tribos de Israel. O livro de Josué é a narração, ora pormenorizada e viva, ora esquematizada, desta grande empresa. Daí a divisão lógica do livro em duas partes: ocupação da Terra Prometida e sua partilha; segue-se um apêndice sobre os últimos fatos de Josué.
Os fatos resumidos no livro abrangem um período de cerca de 30 anos, como se pode inferir de dois indícios oferecidos pelo próprio livro. Josué, sendo quase da mesma idade de Caleb (Núm 13.6-8; 14.6-38), tinha, no tempo do Êxodo, aproximadamente 40 anos (Jos 14.7); morreu com 110 anos. Tendo em conta os 40 anos passados no deserto, resulta que empreendeu a ocupação da Palestina aos 80 anos, sobrevivendo mais trinta.
NOME – JOSUÉ, no hebraico, quer dizer “Deus é salvação”, e no grego, Josué toma a forma de IESOUS ou Jesus.
AUTOR – A tradição judaica afirma que Josué escreveu todo o livro, com exceção dos últimos versículos, atribuídos à Finéias, neto de Arão (Js. 24.26, 33 e Nm. 25.7)
DATA DA ESCRITA – Aproximadamente 1.380 a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Da morte de Moisés (1.406 a.C.) à morte de Josué (1380 a.C.) – Portanto o livro abrange um período de 24 anos.
VERSO CHAVE – 1.2 – “Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te agora e passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel.”
TEMA – A CONQUISTA E A DIVISÃO DA TERRA DE CANAÃ,
A fidelidade de Deus dando posse da herança prometida a Abraão cerca de 700 anos após ele ter feito a promessa.
CONTEÚDO
Após a morte de Moisés, Josué assume a liderança do povo e entram na posse de Canaã através de muitas lutas. Os habitantes de Canaã, são inimigos hostis, idólatras, pervertidos, os quais ocuparam a terra enquanto o povo esteve no Egito e no deserto.
A terra lhes fora dada por Deus, mas os inimigos deviam ser desalojados e destruídos, O livro de Josué nos conta o cumprimento das promessas de Deus (Js. 21:45). Enfim o povo liberto do Egito chegara à terra de Canaã, agora tomava posse e instalava-se.
Josué é um tipo de Cristo, e até o nome é o mesmo, Josué-Jesus. É ele quem nos leva à terra prometida celestial, dando-nos posse nela. Ele é o nosso general conquistador.
DIVISÃO – O livro de Josué pode didaticamente ser dividido em:
a) A preparação para a entrada na terra – caps. 1 a 5
b) A conquista da terra – caps. 6 a 12
c) A divisão da Terra – caps. 13 a 22
d) A despedida de Josué – caps. 23 e 24
COMENTÁRIOS
1 –A partir do livro de Josué, Deus introduz um novo método de ensino ao seu povo. Até aqui Ele falava através de sonhos, visões, teofanias (aparição de Deus em forma humana); através de seus líderes, mas agora também aponta o Livro da Lei (o Pentateuco) o qual fora escrito por Moisés, sob orientação de Deus, e estava nas mãos do povo. Veja Js. 1. 7 e 8 e 23:6.
2 – Assusta-nos a forma como Deus mandou que os Judeus exterminassem os inimigos cananeus sem Ihes dar chances ou oportunidades de conversão. Isto pode ser melhor compreendido com os seguintes adendos:
a) Deus é um Deus de vida, de paz, de amor, mas também de santidade e de justiça. Ele é imutável.
b) Os cananeus eram um povo idólatra, cujas divindades eram deuses sanguinários, cruéis, de sensualidade e promiscuidade desenfreados, para os quais os sacerdotes eram homossexuais, sodomitas e prostitutas, e em cujos cultos, crianças eram sacrificadas.
c) Tornam-se semelhantes aos seus deuses que cultuam, aqueles que assim o fazem. (Salmo 115.8)
d) Aquela terra que pertencia a Deus já havia sido dada a Abraão e sua descendência, e agora estava inapropriadamente ocupada pelos cananeus. Os judeus retomando a terra e destruindo os cananeus eram a manifestação do juízo de Deus contra um povo ímpio, promíscuo, idólatra, regidos por um sistema inspirado e dirigido por Satanás.
3 – A travessia do rio Jordão para entrada na terra de Canaã, em muito se pareceu com a passagem pelo Mar Vermelho. Compare Êxodo 14.21 a 25 com Josué 3. Isto:
a) Confirmava o poder de Deus num momento tão importante para o povo quanto o da libertação do cativeiro egípcio. Lembre-se que esta geração não esteve no evento do mar!
b) Confirmava a liderança de Josué,
c) Demonstrava o poder da arca do Senhor, que significava a presença do Senhor entre eles.
4 – Raabe a prostituta, embora com um passado condenável, aceitou, a mensagem da presença do Senhor Jeová, e acolheu os espias, fazendo parte do plano de tomada de Jericó por Israel. Gentia e prostituía, contudo, tomou-se ancestral direta do Messias. Ver Js. 2 e ainda Hb. 11.31 e Mt 1.5.
Há belos simbolismos neste trecho de Josué 2:
a) Os espias, mensageiros do Senhor, ocultam-se do inimigo sobre as canas de linho (vs. 6).
Jesus não foi destruído pelo seu inimigo Satanás porque sem pecado esteve inacessível sob o linho da justiça (Ap. 19.8).
b) A vida dos espias respondeu pela vida de Raabe (vs.14).
Jesus se identificou conosco. Sua vida respondeu pela nossa, e sua morte respondeu pela nossa eternidade.
c) Por fim, os espias estiveram no monte escondidos por três dias, proclamando a vitória final sobre os inimigos (vs. 16 e 22).
Jesus após sua morte na cruz esteve oculto no túmulo por três dias até que ao terceiro dia ressurgiu decretando sua vitória completa e definitiva.
d) O sinal de que Raabe estava comprometida com Deus, com os espias, com o plano, e sob a proteção deles era o cordão de fio escarlate preso à janela.
É pelo sangue escarlate de Jesus, vertido na cruz, que temos a garantia da salvação.
5 – “O sol que se deteve” em Gibeon (Js. 10. 12 e 13) foi manifestação do poder do Deus criador e este evento foi recentemente confirmado por cientistas da NASA nos EUA.
6 – O povo de Israel não entrou logo em luta contra todos os povos que habitavam Canaã. Primeiro fizeram a divisão da terra, crendo pela fé que tomariam posse de toda ela. Então as tribos de Israel uniram-se para que passo a passo, guerra a guerra, fossem desalojando os inimigos e assenhorando-se das terras. (Js. 13.1) Só no período do reinado de Davi, 400 anos depois, eles retomaram a posse completa da terra.
7 – A exortação do Josué em 23.11-13, foi profética e cumpriu-se logo depois, no período dos Juizes.
As histórias dos Juízes
Juízes é o nome pelo qual foram chamados certos personagens insignes que, depois da morte de Josué até à constituição do reino – isto é, desde o século XII ao XI a.C. – libertaram, em várias circunstâncias, o povo de Israel dos inimigos.
Não formaram uma série ininterrupta, mas eram chamados pelo Senhor segundo as necessidades. Era uma espécie de “ditadores” que, cumprida a missão libertadora, continuavam a exercer autoridade sobre o povo pelo resto da vida. Não dominavam sobre todo o povo, mas só nas tribos que libertavam do inimigo; desta forma, não é impossível que alguns juízes exercitassem ao mesmo tempo sua função.
O livro dos juízes narra as histórias desses beneméritos libertadores do povo eleito. Em vez de uma história propriamente dita, da época, é uma coleção de memórias dos diversos heróis. São doze ao todo, classificados em maiores e menores, não tanto pela diferente importância dos empreendimentos e dos heróis, quanto pelo modo de serem apresentados. Dos menores, o autor contenta-se com citar o nome, alguma notícia da família, a duração de sua atividade e o lugar da sepultura, sem especificar o empreendimento; ao passo que dos maiores narra a história com mais particularidades, segundo um esquema fixo, que comporta quatro momentos: o pecado do povo (práticas idolátricas), o castigo (dominação estrangeira), o arrependimento e a libertação por obra de um juiz.
NOME – No hebraico “Sophetim” que significa “Juízes” ou “líderes executivos”.
No grego é “kritai”, que tem o mesmo significado. O livro tem este nome, pois foi o tipo de governo que Israel experimentou durante o período nele descrito. (Jz.2.7 e 16 e Js. 24.31).
AUTOR – É desconhecido, porém a maioria dos estudiosos credita a Samuel sua autoria.
DATA DA ESCRITA – Provavelmente em torno de 1000 a.C.
TEMPO DA AÇÃO – Abrange desde a morte de Josué (1.380 a.C.) ao início da magistratura de Samuel (1.060 a.C.). Um período aproximado de 300 – 350 anos.
VERSO-CHAVE -17.6 ou 21.25 – “Naqueles dias não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava mais reto.”
TEMA – OPRESSÃO E LIVRAMENTO
O livro relata sete apostasias, sete opressões e sete libertações.
CONTEÚDO
O relato do livro de Juízes começa depois da morte do líder Josué e alcança seus primeiros 300 – 350 anos em Canaã sem um outro líder que sucedesse a Josué. O povo além da falta de liderança e total independência, tribal e individual, esqueceu-se de duas mensagens fundamentais do Senhor para eles:
1º – Que eles eram um povo peculiar ao Senhor. Deus lhes tinha um propósito: anunciar ao mundo através deles a existência do Deus único e verdadeiro;
2º – Que eles deviam exterminar os inimigos que habitavam aquela terra (ver Dt. 7:2-8.).
Ao contrário, o povo de Israel, misturou-se e contaminou-se com os idólatras e o resultado da desobediência foram opressões dos inimigos, seguidos cativeiros, que se intercalavam com períodos de arrependimento e clamor quando então o Senhor lhes suscitava um juiz, libertador militar e magistrado civil, para reconduzi-los aos caminhos corretos. O capítulo 2 de Juízes é uma súmula de todo o livro, e explica por que o Senhor mesmo não expulsou os inimigos por eles. Santidade, não por extermínio do mal, mas por separação voluntária dele. A mensagem do livro é fundamental: maior do que a persistente rebeldia do homem é a graça e a misericórdia de Deus.
DIVISÃO – Podemos dividir o livro de Juízes em três partes:
a) Período pós-morte de Josué – caps. 1 e 2
b) Período das apostasias, opressões e libertações – caps. 3 a 16
c) Período de confusão e anarquia – caps. 17 a 21
Este período não é cronologicamente sucessivo aos anteriores, mas como um apêndice, que apresentado após o capítulo 16, relata o estado de caos e anarquia em que a nação vivia. Seus fatos descritos podem ser concomitantes aos descritos nos capítulos anteriores.
Note as instruções, repetitivas em 17.6; 18.1; 19.1 e 21.25.
COMENTÁRIO
O caráter moral e espiritual dos israelitas decaíra muito desde os últimos dias da liderança de Josué (vide suas últimas palavras de exortação – Js. 23 e 24). Talvez a grande extensão da terra e a separação das tribos, onde cada um lutava por isoladamente estabelecer-se e prosperar, tenha agravado a situação. O sentimento nacional perdeu-se assim como o zelo religioso.
Decidiram que era mais vantajoso escravizar os inimigos que expulsá-los, e neste convívio adquiriram costumes, hábitos e ritos indesejáveis, vieram os casamentos mistos e alianças espúrias (Js. 16.10 e 17.12-13; Jz. 3.5-6). Fortaleceram-se os antigos habitantes da terra e num descuido ou fraqueza, aconteceram os cativeiros e opressões.
Esta é a lista de opressões e livramentos:
– Primeira Opressão – Jz, 3:7-11 -Mesopotâmïa – a causa: idolatria – oito anos de opressão – Juiz libertador: Otniel – 40 anos de paz.
– Segunda Opressão – Jz. 3:12-31 – Moabitas e Filisteus – a causa: imoralidade e idolatria -18 anos de opressão – Juízes libertadores: Eude a Sangar – 80 anos de paz.
– Terceira Opressão – Jz. 4 e 5 – Cananeus – a causa: abandonara O Senhor – 20 anos de opressão – Juiz: Débora – 40 anos de paz.
– Quarta Opressão – Js 6 a 8 – Midianitas – a causa; abandonaram o Senhor – sete anos de opressão – Juiz: Gideão – 40 anos de paz.
– Quinta Opressão – Jz. 8 a 10 – Rei usurpador – a causa: abandonaram o Senhor – 3 anos de opressão e uma guerra civil Juízes: Tola e Jair – 45 anos de paz.
– Sexta Opressão – Jz. 10 a 12 – Filisteus e Amonitas – a causa: idolatria – 18 anos de opressão – Juízes: Jefté, Ibsã, Elom e Abdom – 31 anos de paz.
– Sétima Opressão – Jz. 13 a 16 – Filisteus – a causa: abandonaram o Senhor – 40 anos de opressão – Juiz: Sansão – 20 anos de paz.
Se somarmos todos estes anos de cativeiros e livramentos, alcançaremos um número de anos maior do que 300-350 anos de período estimado para o período dos Juízes. A explicação é que muitos cativeiros eram localizados, e alguns juízes Julgaram concomitantemente em regiões diferentes de Canaã.
3 – O livro de Juízes termina com as histórias tristes das tribos de Dã e Benjamim, porém elas são contemporâneas aos mandatos dos primeiros juízes. Estão datados após o capítulo 16 apenas por uma arrumação do autor, o qual a tradição acredita ser Samuel, pois já conhecia o tempo do governo monárquico sobre Israel (17.6; 18.1; 19.1; 21.25).
4 – O caso de Jefté (Jz. 11:29-40) merece uma explicação: Seu voto era oferecer ao Senhor quem lhe primeiro saísse ao encontro, e complementou: “e oferecerei em holocausto”.
Quem primeiro lhe saiu ao encontro foi sua filha única.
Ele cumpriu sua palavra e a entregou ao Senhor, porém não cremos que literalmente como um sacrifício humano em holocausto, mas entregou-a para servir ao Senhor definitivamente no tabernáculo, por que cremos assim?
a) Não era costume do povo de Deus oferecer sacrifícios humanos.
b) Em especial, um voto deste tipo não seria feito por um homem de Deus.
c) Ela chorou sua virgindade, e não sua vida (vs. 37), pois dedicava-se exclusivamente ao serviço do Senhor.
d) Fez-se conforme o voto de seu pai: “ela jamais foi possuída por varão” (vs. 39).
Registra-se, contudo que há muitos autores que acreditam ter a filha de Jefté sido ofertada mesmo em sacrifício de holocausto. Jefté era meio cananeu (Jz. 11:1), embora piedoso, ignorante quanto às formas corretas de agradar ao Senhor,
5 – Pelo realce e maior espaço que o livro de Juízes dá às repetidas quedas de Israel, temos a impressão que a maior parte do tempo, nestes 300-350 anos de Juízes, foram vividos no pecado e na opressão, isto não é verdade, pois apenas cerca de 100 anos o povo viveu desta forma.
As histórias dos Reis
Aos livros de Samuel, que narram a fundação da monarquia hebraica seguem-se Reis, cuja história continua até sua queda sob os assaltos dos poderosos impérios da Assíria e da Babilônia, isto é, desde os últimos dias de Davi (cerca de 970 a.C). até à tomada de Jerusalém em 587 a.C., uma duração de cerca de quatro séculos. A cisão política e religiosa, que se seguiu à ascensão ao trono do segundo sucessor de Davi, cindiu a nação em dois reinos rivais, o de Israel e o de Judá, e findou com o desaparecimento do primeiro na luta com a Assíria (721 a.C.), delimitando este lapso de tempo em três períodos, com reflexos análogos na composição da obra.
O livro é escrito à base de um esquema simples e transparente, sobretudo na segunda e maior parte, daquela dos reinos separados. Seu enredo é formado pelas notícias sobre cada um dos reis, quer de Judá, quer de Israel, redigido com um cunho uniforme e distribuído em três partes:
1) Introdução: sincronização do outro reino com o rei contemporâneo, duração do reinado no momento e para os reis de Judá também os anos de idade à elevação ao trono e nome da rainha-mãe.
2) Corpo: qualidades morais relativamente à religião e ao culto mosaico, e breves referências a algum fato mais relevante.
3) Epílogo: envio para notícias mais amplas, aos “anais dos reis” (de Judá ou de Israel, segundo o caso), morte e sepultura.
Nas linhas deste traçado, inserem-se os mais amplos e minuciosos relatos de coisas concernentes à religião e à atividade dos profetas, entre os quais avultam as grandiosas figuras de Elias e Eliseu. O interesse religioso, sobre o qual se fixa o olhar do autor sagrado, manifesta-se, inclusive nos poucos acontecimentos políticos narrados com abundância de pormenores fora do comum, como as ações de Acabe (1Rs cc. 20-22), a ascensão de Jeú ao trono (2Rs 9.1-7), o cerco e libertação de Jerusalém do exército de Senaqueribe (2Rs 18.13-19.37). Essas notícias mais abundantes formam o fundo do livro, ao passo que os esquemáticos perfis dos reis, donde lhe vem o título usual, constituem-lhe como que a moldura e o enredo.
O valor histórico do livro dos Reis é incontestável. Garantido pela inspiração divina, é confirmado por documentos paralelos da história secular. Não nos foi transmitido quem seja o autor de Reis nem a data da sua existência; seu nome permanecerá provavelmente para sempre ignorado, ao passo que a idade pode ser deduzida do próprio livro.
É visível o caráter essencialmente religioso desta história dos reis. Numerosos ensinamentos de doutrina e vida religiosa estão contidos especialmente na atividade dos profetas, que ocupam continuamente o centro da cena, e nas reflexões do autor sagrado sobre o procedimento dos reis e dos povos, que frequentemente rematam o quadro.
Cumpre não deixar de notar o impressionante fato de que, enquanto no reino cismático de Israel houve em apenas dois séculos (930-730 a.C.), nada menos de oito mudanças de dinastia, no vizinho e politicamente mais fraco reino de Judá dominou, por mais de 4 séculos (1010-586 a.C.), constante e invariavelmente a descendência de Davi. Verificava-se assim o cumprimento da promessa divina feita a Davi por boca do profeta Natan em II Samuel capítulo 7.
NOME – Este nome foi dado no hebraico devido às suas primeiras palavras, “Wehammelek” em hebraico é “sendo o rei”.
No Cânon hebraico os livros de Samuel, Reis e Crônicas são sempre um só livro, e foram separados em I e II pela tradução grega, já que este idioma possui maior número de letras e necessitava dois rolos para cada um destes livros.
O título foi mantido no grego por resumir bem o assunto de que o livro trata.
CONTEÚDO
Os dois livros de SamueI e os dois livros de Reis formam na Bíblia um conjunto de livros sobre o reino de Israel e, na verdade, devem ser lidos juntos. l e II Reis são uma compilação de crônicas sobre os reis de Israel onde, provavelmente o profeta Jeremias tinha o objetivo de mostrar que o bem estar do povo dependia de sua fidelidade ao Senhor, e que o sucesso político dos reis estava diretamente ligado à observância da lei mosaica e à obediência à aliança entre Davi e Jeová. Salomão substitui seu pai no trono (971 a.C.), cumprindo-se a promessa de Deus (II Sm 7:12) e mantendo a linhagem davídica.
Torna-se o homem mais sábio e rico que já se conheceu (IRs 3:12 e 13; 4:29 – 31), tudo porque fez a escolha certa diante de Deus (I Rs 3:5 e 9). Compôs Cânticos e Provérbios. O maior empreendimento do reinado de Salomão foi a construção do templo; era o que o seu pai empreendera fazer. Era a mais bela e luxuosa construção da antiguidade, uma das sete maravilhas do mundo.
A Salomão Deus repete a aliança feita com seu pai Davi (1Rs. 9:4 -9), tornando a adverti-lo quanto ao nefasto futuro de Israel, previsto por Moisés na entrada da terra de Canaã, caso houvesse desobediência do povo ao Senhor (Dt 28:36 – 42).
Salomão, assim como Saul e Davi, reinou por 40 anos, e a princípio tudo foi bem até que o poder, o luxo, a riqueza, a sabedoria, parece terem lhe subido à cabeça e daí surgiram sérios problemas. Aumentou em muito a carga de impostos, para fazer frente aos seus gastos, e sufocou o povo. Para agradar suas 1000 mulheres estrangeiras, construiu altares pagãos e entregou-se à idolatria (1Rs. 11), pelo que Deus se indignou contra ele. Talvez tenha sido neste tempo de declínio, juízo e reflexão que escreve Eclesiastes.
Havia rixas e ciúmes entre as tribos, em especial Efraim contra Judá, pois de Efraim vieram grandes líderes como José e Josué e agora Judá estava no trono com um momentâneo mau rei.
Ao morrer Salomão, seu filho Roboão assume o trono e por aumentar ainda mais os impostos, num clima já de rixa e revolta, as doze tribos separam-se cindindo o reino em dois. O reino do Norte, sob a liderança de Efraim, entrega seu trono a Jeroboão e o reino do Sul, com Judá e Benjamim, mantém o trono com Roboão, da linhagem davídica (931 a.C. – I Rs 12).
Daqui em diante todo o relato dos livros de Reis, Crônicas e mesmo dos profetas, apresentará os reis e reinos do Norte (Israel) e do Sul (Judá) bem como seu caráter, decadência moral e espiritual. A fidelidade dos reis ao Senhor sempre será comparada a Davi ou Jeroboão (l Rs 15:2 e 3, 9 – 11, 33 e 34). Vinte reis da mesma família de Davi sucedem-se no trono de Judá, dos quais somente oito foram justos (destaquem-se Asa e Josafá em 1Reis, e Ezequias e Josias em 2Reis); enquanto dezenove reis, de diversas dinastias, todos eles maus, sucedem-se no trono de Israel.
Este período de reis é o período mais rico do ministério profético e Elias aparece como o mais ilustre deles, em especial ministrando no período descrito em I Reis.
DIVISÃO – O 1 Reis pode ser dividido didaticamente em três blocos de capítulos:
a) O reinado de Salomão – caps. 1 a 11.
b) A divisão dos reinos – caps. 12 a 16.
c) O ministério de Elias – caps. 17 a 22
COMENTÁRIOS
1 – No cânon hebraico, os livros de Reis são considerados proféticos e crê-se que Jeremias foi seu autor. A visão destes livros é mais espiritual do que biográfica, pois pouco tempo é gasto com o relato das vidas de reis como Onri, Azarias, etc., enfatizando-se por outro lado, os reinados de Acabe, Ezequias os quais são ricos em lições espirituais.
2 – Há algumas dificuldades cronológicas quando somamos todos os anos descritos na Bíblia da duração dos Reis em Judá e comparamos esta soma com o tempo histórico decorrido entre a morte de Salomão e a queda de Jerusalém. Isto, contudo, se explica pelo fato de se ter coroado algumas vezes o filho antes da morte de seu pai.
Vide o próprio Salomão e Davi (1:32-39 e 2:11 e 12).
3 – O rei Acabe não gostava de consultar o profeta Micaías, o único em seu reinado que permanecia fiel ao Senhor.
Qual a razão disto?
Ele nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau” (Rs. 22:8). Ainda hoje há muitos ”Acabes”, que só gostam de ouvir o que a eles é agradável e aprovação.
4 – O conteúdo relatado em l Reis 1 a 10 está correlacionado com o conteúdo de 2 Crônicas 1 a 9, assim como 1 Reis 11 a 22 e todo 2 Reis, aparecem correlacionados com o conteúdo de II Crônicas 10 a 36.
5 – A Bíblia nos dá conta de três templos:
a) O de Salomão, que levou sete anos para ser construído, e era o mais belo e luxuoso (966 – 959 a.C.). Foi destruído pelos babilônios em 586 a.C.
b) O de Zorobabel, reconstrução feita na volta do cativeiro babilônico, (536 – 516 a.C.) não tinha nem de perto a mesma beleza do 1º templo. (Ed, 3, 4, 5 e 6:15).
c) O de Herodes, erigido entre 20 a.D, e 64 a.D., era maior que os dois primeiros, mas não tão belo. Foi destruído por Tito em 70 a.D.
Hoje a mesquita de Omar, centro religioso dos maometanos, ergue-se nesse local.
6 – A luxuosa, majestosa construção do templo de ouro de Salomão bem como a organizadíssima e linda cerimônia de culto, não foram por si só suficientes para impedir a idolatria entre o povo de Israel. O mal vem do coração do homem que se afasta de seu Deus.
7 – Quando houve a divisão dos reinos (93I a.C. – 1 Reis 12), Jeroboão visando impedir que o povo descesse para cultuar Jeová em Jerusalém, no templo, levantou altares e cultos alternativos em Betel e Dã, com bezerros de ouro. Infringiu o 1º e 2º mandamentos do Senhor, bem como a sucessão do trono fugindo da linhagem davídica. As conseqüências foram terríveis, bem como a destruição total do reino em 722 a.C. sob mão dos assírios.
8 – Elias aparece em Israel durante o reinado de Acabe e sua mulher Jezabel adoradora de Baal, deus da chuva e da agricultura.
Todo Israel, (ou quase todo) já adorava e servia a Baal, assim seu primeiro milagre foi fechar o céu pura chuvas por 3 anos e depois desafiar Baal no monte Carmelo (I Rs 17 e I8).
9 – Há algumas semelhanças entre o ministério de João Batista e Elias (Lc. l:l7 e Mt. 1:10- 13).
a) Ambos profetizam a um Israel decaído moral e espiritualmente,
b) Ambos se assemelham na aparência. (2 Rs 1:8 e Mt 3:4)
c) Ambos pregavam o arrependimento. (1 Rs 18:21 e Mt 3:2)
d) Ambos repreenderam reis malvados. (1 Rs 18:18 e Mt 14:3 e 4)
e) Ambos foram perseguidos por rainhas perversas. (1 Rs. 19: 1 e Mt l4:8)
f) Os sucessores de Elias (Eliseu) e de João (Jesus) receberam unção do Espírito no rio Jordão.
g) Ambos tiveram um período de desânimo. (1 Rs 19:4 e Mt. 11:2-6)
h) Ambos foram cheios do mesmo Espírito Santo. (Ml 4:5; Mt 11:l4; Mt 17:10-13)
As histórias presentes na Bíblia são verdadeiras e dão testemunho da fidelidade e misericórdia divinas.
OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO TESTAMENTO
Os livros sapienciais e poéticos
Os livros sapienciais são conhecidos como “livros de sabedoria”. Os livros poéticos são conhecidos como “livros de poesia”. Trata-se de estilo literário empregado na redação do terceiro grupo dos livros do Antigo Testamento. Nesse aspecto, convém esclarecer que essa composição literária não desqualifica a inspiração divina, nem a autoridade ou canonicidade desses escritos bíblicos. A mensagem poética traz sabedoria para o relacionamento com Deus e o viver diário em qualquer época.
Stanley Ellisen informa que “os hebreus identificavam três grandes livros poéticos: Jó, Salmos e Provérbios. Na classificação da Vulgata estão também incluídos os livros didáticos, Eclesiastes e Cantares, perfazendo um total de cinco livros”. Quanto aos livros sapienciais, Jó, Provérbios e Eclesiastes são considerados tanto poéticos como de sabedoria. A poesia veterotestamentária abrange também grande parte dos ditos proféticos ou da literatura sapiencial.
Em relação à importância desses livros, transcrevemos o seguinte: Esses livros continuam sendo importantes para os cristãos hoje. Seus principais temas — louvor e oração, orientação para uma vida santa, nosso relacionamento com Deus e com as pessoas ao nosso redor — e sua linguagem forte, evocativa, continuam a moldar o coração e a mente do povo de Deus. Ao lermos Salmos, meditarmos em Provérbios, nos comovermos com a beleza de Cantares de Salomão e nos esforçarmos para entender tópicos difíceis de Jó e Eclesiastes, o Espírito Santo transforma e renova nosso coração e nossa mente.
Em suma, esses escritos ensinam a sabedoria por meio da poesia ou da prosa. Eclesiastes foi escrito quase todo em prosa, e os outros livros foram redigidos, em sua maioria, em forma de poesia.
De modo geral, a prosa retrata o modo como normalmente falamos. E a poesia expressa sentimentos e pensamentos mediante versos que atingem o intelecto e as emoções. Na Bíblia, esse gênero literário trata da aplicação da verdade divina à experiência humana, refere-se à sabedoria prática mais do que teórica (Jó 28.28; Sl 19.7; Pv 23.12; Ec 7.12, Ct 8.7). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021
Eclesiastes, Provérbios e Jó
O título de Eclesiastes é uma tradução grega do hebraico qôhelet, significando “aquele que convoca uma congregação” a fim de pregar para ela. Por isso, a expressão “pregador” usada por alguns é perfeitamente adequada (Ec 1.1). O livro afirma “que sua sabedoria vem do ‘único pastor’, e que ao ultrapassar os limites de tal sabedoria, o pretendente a sábio deve exercer o máximo de cuidado (Ec 12.11ss)”. Essa declaração reivindica sua inspiração divina. A expressão “único pastor” é referência a um dos títulos divinos. O tema de Eclesiastes está na frase “é tudo vaidade” (Ec 1.2). Indica a efemeridade e a futilidade da vida humana. O pregador convida seus leitores a abandonar a confiança na visão secular da vida.
Por isso, ao final, o autor declara que o sentido e o verdadeiro significado da vida é “teme a Deus e guarda os seus mandamentos” (Ec 12.13). O título de Provérbios é uma tradução grega do hebraico mãshãl, que deriva de uma raiz que significa “ser como” ou “comparado com”. Desse modo, entende-se que o propósito do autor é apresentar o contraste existente em uma vida de sabedoria e uma vida de insensatez. Corrobora com essa compreensão a introdução do livro quando o autor estabelece seu objetivo: “para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras da prudência” (Pv 1.2). Provérbios oferece aos seus leitores a oportunidade de fazer a escolha pela sabedoria. Em vista disso, o tema de Provérbios afiança que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 9.10). Ensina que observar os princípios divinos nos faz pessoas sábias. Portanto, ao concluir, o escritor enfatiza que uma pessoa temente a Deus é digna de ser honrada (Pv 31.30).
O título de Jó é tradução do hebraico “iyyôb”, que parece significar “onde está meu pai?”. O livro narra a experiência de um personagem real. O escritor registra que Jó alcançou o testemunho de ser um servo “íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal” (Jó 1.8, NAA). Apesar de sua vida justa, Jó experimentou muita dor e sofrimento. Inexplicavelmente, ele perdeu todas as suas posses (Jó 1.13-17); tragicamente perdeu todos os seus filhos (Jó 1.18,19) e inesperadamente foi atingido por uma dolorosa doença (Jó 2.7,8). Portanto, o tema de Jó é o sofrimento do justo (Jó 1.21).
Mostra que a dor não é racional, que o sofrimento nem sempre é resultado de algum pecado. Por isso, se faz necessário sempre confiar na sabedoria do Senhor. Em última instância, Jó reconheceu que a aflição o aproximou de Deus (Jó 42.5). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021
Salmos e Cantares de Salomão
O título de Salmos reflete o grego Psalmoi, que designa o nome do livro na Septuaginta (LXX). Outro título grego por vezes empregado é Psalterion, que, na forma aportuguesada, é transliterado como “Saltério”. Ambos os termos entraram em nossas Bíblias pela Vulgata latina, que transliterou o grego. O termo Psalmoi descreve “um cântico ou um louvor”, e o Psalterion indica “uma coleção de cânticos ou louvores”. No Novo Testamento, o evangelista e historiador Lucas utiliza o título grego completo — “livro de Salmos” (Lc 20.42; At 1.20). A obra completa é uma coletânea de 150 poemas distribuídos em cinco livros: Livro 1 (Sl 1–41); Livro 2 (Sl 42–72); Livro 3 (Sl 73–89); Livro 4 (Sl 90–106); Livro 5 (Sl 107–150).
A autoria dos salmos é atribuída a vários escritores distintos. Dentre eles, citam-se os setenta e três salmos que são reputados ao rei Davi, o que equivale a quase metade deles; dois salmos são de autoria do rei Salomão (Sl 72 e 127); ao menos um salmo é de Moisés (Sl 90); doze salmos são atribuídos a Asafe (Sl 50; 73–83); dez salmos são dos filhos de Coré (Sl 42; 44–45; 47–49; 84–85; 87–88). Os tradutores da LXX atribuíram a profetas a autoria de alguns dos Salmos, tais como Jeremias (Sl 137), Ageu (Sl 146), Zacarias (Sl 147), e outros salmos são de ilustres anônimos chamados de “salmos órfãos”. Não obstante, reitera-se que a diversidade de autores não invalida a autoridade dos ensinos e nem a inspiração divina da totalidade do livro de Salmos.
Outro aspecto a frisar é que o título hebraico para “Salmos” é tehillim, com o significado de “louvores” ou “cânticos de louvor”. E era com essa finalidade utilizado pelos israelitas em suas liturgias. O cântico sempre esteve presente na história de Israel. A nação cantava em todas as situações, por vezes acompanhada por algum instrumento musical (Êx 5.20; Nm 21.17, 27; Jz 5.1; 2 Sm 1.17; Am 5.23). Assim sendo, a mensagem principal dos Salmos é o louvor, a oração e a adoração. Também é um livro de instrução, porque nos mostra como servir ao Senhor. E ainda fala profeticamente acerca do Messias. Nesses aspectos, considera-se como verso-chave Salmo 29.2: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor na beleza da sua santidade”.
O livro de Cantares de Salomão ou “Cântico dos Cânticos” significa o cântico que supera todos os outros cânticos. O Guia Cristão de Leitura da Bíblia o considera como “um comovente e dramático poema sobre o desenvolvimento de um relacionamento”. Ilustra o compromisso, a intimidade e o amor que deve existir no casamento. Refere-se ao plano original de Deus acerca do relacionamento conjugal. O versículo-chave sintetiza o ideal da fidelidade entre o marido e a sua mulher: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (Ct 6.3). Teologicamente, esse amor é entendido “como uma tipificação do caloroso relacionamento pessoal que Deus deseja ter com a sua noiva espiritual, composta de todos os crentes redimidos que deram o seu coração a Ele”. Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
Os livros poéticos e de sabedoria expressam de forma bela, singela e prática a verdade e a sabedoria de Deus.
UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO
Uma mensagem de soberania
A soberania indica o domínio absoluto de Deus sobre todas as obras criadas: a terra, os céus, a vastidão do universo, os seres espirituais, os animais, os homens, e sobre todo o curso da história: “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1); “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4.25). A soberania é demonstrada, dentre outros atributos, pela sua Onipotência que executa o plano eterno e opera no controle de tudo e de todos (Rm 9.15-19).
Lewis Chafer anota que a soberania divina “é discernida de maneira absoluta pela qual todas as coisas receberam os seus devidos lugares na criação, no assinalar aos homens sobre o dia deles e sobre a geração deles assim como os limites da habitação deles, e no exercício da graça salvadora”. Porém, a soberania não é arbitrária a ponto de tolher o livre-arbítrio. Todavia, a ação humana é limitada aos desígnios divinos. Dessa forma, a paciência de Deus Como já visto nesta obra, a sabedoria é a habilidade de aplicar o conhecimento para fazer escolhas certas no momento oportuno.
A mensagem bíblica também enaltece a integridade. A integridade se relaciona com firmeza de caráter e conduta ilibada. Os ensinos no livro de Jó sobrepujam os padrões de integridade do mundo. O manter-se íntegro independe das circunstâncias (Jó 1.22). O sofrimento e a dor são uma realidade, mas Deus provê os meios de cura (Jó 5.17,18). Por conseguinte, somos exortados a confiar sempre no Senhor (Jó 19.25); e a desfrutar do verdadeiro amor (Ct 8.7). No entanto, essas ações não devem ser observadas de forma legalista para evitar o castigo; ao contrário, elas devem ser o resultado do toque divino no coração humano (Pv 4.23). Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
Uma mensagem de sabedoria
A Sabedoria de Deus
A sabedoria de Deus é um de seus atributos (ver I Sam. 2:3 e Jó 9:4).
A sabedoria de Deus é descrita como perfeita (ver Jó 36:4 e 37: 16).
É poderosa (ver Jó 36:5).
É universal (ver Jó 28:24; Dan. 2:22 e Atos 15: 18).
É infinita (ver Sal 147:5 e Rorn, 11:3).
É insondável (ver Isa. 40:28 e Rom. 11:33).
É maravilhosa (ver Sal. 139:6).
Ultrapassa a compreensão humana (ver Sal 139:6).
É incomparável (ver Isa. 44:7 e Jer. 10:7).
Não é derivada (ver Jó 21:22 e Isa. 40:44).
O evangelho contém os tesouros da sabedoria divina (ver I Cor. 2:7).
A sabedoria dos santos é derivada da sabedoria de Deus (ver Esd. 7: 25).
Toda a sabedoria humana deriva da sabedoria divina (ver Dan. 2:2).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 10.
Uma mensagem de adoração
Guardo no coração as tuas palavras. Qualquer criança que frequente a escola dominical conhece este versículo e qualquer crente adulto também o conhece, mas porventura nós o observamos? Este versículo é largamente usado para falar sobre a sabedoria da memorização da Bíblia e, embora provavelmente não seja esse o sentido pretendido, é uma boa aplicação. Naturalmente, este versículo fala sobre a lei, empregando a terceira das dez palavras listadas no vs. 1.
Guardo. Isto é, “escondo” (conforme diz a Revised Standard Version), aludindo à metáfora de um tesouro escondido. O homem que tem o tesouro escondido em seu coração tem menor inclinação a ceder à tentação. “A palavra de Cristo deve habitar nele ricamente. Caso contrário, em breve ele pode ser surpreendido por algum pecado teimoso”
Habite ricamente em vós a palavra de Cristo, instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão em vossos corações. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. p. 2433).
Os sentimentos do coração estão impressos na história, na poesia da Bíblia, que nos ensinam a respeito da verdadeira adoração.
CONCLUSÃO
A experiência do povo de Deus na conquista e posse da Terra Prometida aponta para a soberania divina. O texto bíblico em prosa e poesia revela a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário. Essa mensagem alegra o nosso coração, serve de bom remédio, e conserva saudável nosso espírito, alma e corpo (Pv 17.22).