Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.6)
Se levarmos em conta a cronologia da vida de Paulo, iremos descobrir que esse imponente homem, uns 20 anos aproximadamente depois do Pentecostes e uns poucos anos depois da sua conversão dramática e memorável encontro que teve com o Senhor Jesus no caminho de Damasco, foi um homem guiado pelo Espírito Santo, Impactado pela revelação de Jesus no caminho de Damasco e, depois, recuperado das vistas, foi batizado em nome de Jesus. Depois dessa gloriosa experiência, Paulo foi cheio do Espírito Santo e, consciente do seu ministério, exerceu-o com a unção do Espírito Santo por onde andava (CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, p. 73, 2021).
“E estes eram, ao todo, uns doze homens” (At 19.7).
Percebemos no texto bíblico o resultado de uma vida na plenitude do Espírito, e, repartindo com a igreja em Éfeso, ele posicionava as mãos sobre as pessoas, e estas recebiam o Espírito Santo.
Nesta lição estaremos explicando que Cristo deve ser pregado no Poder do Espírito, classificaremos o argumento de Paulo sobre a plenitude do Espírito e explicaremos a fonte de ensino de Paulo sobre o Espírito Santo. Que Deus nos ajude no decorrer desta maravilhosa lição.
PREGANDO A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO
“E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. E logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus” (At 9.19,20.
Saulo ficou vários dias com os cristãos de Damasco, que o recebem imediatamente na comunhão. Em seguida ao batismo em águas e no Espírito, ele começa a cumprir a missão que Deus lhe deu de pregar que Jesus é o Filho de Deus. Como Pedro no dia de Pentecostes, ele é capacitado pelo Espírito a proclamar aos judeus incrédulos que Jesus é o iniciador da salvação e que sua morte é o único meio de reconciliar as pessoas a Deus. Nesta ocasião Saulo tinha apenas um ministério pequeno na cidade (ARRIGTON, French L.; STROSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015).
A palavra poder no grego é: “dúnamis”, que significa: “força, energia, habilidade, poder”, mas que normalmente se refere a algum agente de poder ou força capaz de realizar um determinado trabalho. Nosso vocábulo “dinamite” se deriva desse termo grego; e isso ilustra a natureza da palavra. Tal palavra era usada para indicar “milagres” e “maravilhas”, isto é, “feitos” que requerem poder extraordinário e sobre-humano (Mt 7.22; 11.20,23; 13.54) (CHAMPLIN, 2004, p. 311).
Paulo pregava um Cristo de poder. Embora o Cristo crucificado fosse a mensagem central de Paulo (1Co 2.2), foi a ressurreição de Cristo que o declarou Filho de Deus em poder:
“Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.3,4).
Paulo afirmou que Cristo Jesus é o poder e a sabedoria de Deus (1Co 1.24); que Ele se encontra acima de todo principado e poder (Ef 1.1); que tem o poder de sujeitar a si todas as coisas (Fp 3.21), pois é o “único Poderoso Senhor” (1Tm 6.15).
Paulo pregava um evangelho de poder. Paulo considerava o evangelho poder de Deus:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16).
O apóstolo registrou que a palavra da cruz parecia ser loucura para os que não criam, mas para os que criam, era poder de Deus (1Co 1.18). Ao contrário dos oradores gregos, cujos discursos eram aferidos pela eloquência, Paulo não baseou a pregação evangélica em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas pregou revestido do poder de Deus, pois ele não queria fãs. Seu intuito era conduzir as almas para Cristo:
“E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus” (1Co 2.4,5).
Paulo falou do poder que opera nos cristãos. Para Paulo, o poder de Cristo foi concedido pelo Espírito aos cristãos. Na Epístola aos Efésios, o apóstolo assevera isso:
“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” (Ef 3.20).
Diante dos desafios da vida cristã, ele ouviu o Senhor dizer-lhe:
“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2Co 12.9).
Este poder lhe trouxe uma autoconsciência de sua fragilidade e de quanto Deus poderia usá-lo, por isso podia afirmar com muita segurança:
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (2Co 4.7).
O Espírito Santo impulsionava o apóstolo. O mover do Espírito em sua vida, não deixava Paulo estagnado. Esse mover o fez entender que ele precisava prosseguir na missão recebida pelo próprio Senhor e anunciá-Lo aos gentios. Somente através da Plenitude do Espírito o apóstolo deixou ser conduzido em sua jornada para crescimento do Reino de Deus.
“Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo” (At 9.22).
Cristo deve ser pregado no poder do Espírito. No ministério de Paulo, observamos o quanto o apóstolo era movido pelo Espírito Santo. Todo o seu caminho percorrido na exposição da Palavra de Deus tinha o Espírito Santo como agente confirmador e sustentador. Pelo Espírito, Paulo não tinha outra missão, senão, a de pregar Cristo Jesus no poder do alto (Revista o Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, Ano 22, nº 87).
O poder do Espírito movia-o de tal modo que ele não conseguia aquietar-se. Tornou-se, por isso, a razão do crescente movimento da igreja. A despeito de toda bagagem cultural, religiosa e secular, isso não era suficiente para que Paulo saísse imediatamente no campo missionário. Ele mesmo percebeu que precisava conhecer um pouco mais sobre Cristo e suas doutrinas (CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, p. 74, 2021).
O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
“disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.2,5,6).
Paulo percebe a necessidade da unção e pergunta: “Recebeste vós já o Espírito Santo quando crestes?” (At 19.2). Esta pergunta lida com a experiência que eles tinham no Espírito […] A pergunta de Paulo não trata com o fato de eles receberem o Espírito Santo no momento da conversão. Do instante em que os doze efésios foram convertidos, o Espírito Santo passou a habitar neles, como ocorre com todos os cristãos:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9).
Assim, a pergunta não é sobre receber o Espírito na salvação, mas sobre o que é básico para Lucas-Atos e para o contexto imediato, quer dizer, a unção do Espírito com poder subsequente à experiência de salvação (ARRIGTON, French L.; STROSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015).
Paulo quando chega a Éfeso, deparou-se com discípulos fiéis de João Batista, mas que pouco sabiam acerca de Cristo. Eles só conheciam o batismo do arrependimento, não conheciam o Espírito Santo. Aqueles discípulos pensavam que ainda prevalecia monoteísmo judaico, não tinham noção acerca da Trindade. Após serem batizados em água, Paulo cheio do poder do Espírito Santo impôs as mãos sobre eles “veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” .
Plenitude do Espírito, O que o apóstolo quer dizer com essa expressão? Para isso, o texto bíblico (At 18) mostra como Paulo agiu para que Apolo fosse doutrinado acerca do Espírito Santo. Apolo era um pregador habilidoso, mas não havia experimentado ainda o poder do Espírito. Ou seja, além de nascer de novo, o seguidor de Jesus pode e deve ter uma experiência sobrenatural por intermédio do Batismo no Espírito Santo com evidência das línguas estranhas (Revista o Ensinador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, Ano 22, nº 87).
Apolo era um judeu de Alexandria, no Egito, e era muito culto e eloquente. Era um homem com profundo conhecimento das Escrituras, com uma índole boa e honesta. Entretanto, tudo o que conhecia sobre o Messias era o que tinha aprendido com João Batista. Ele conheceu os fatos da vida de Jesus, mas ainda não sabia sobre a morte e ressurreição de Jesus. Áquila e Priscila, então, fizeram-no conhecer a verdade sobre Jesus e instruíram-no acerca disso. Portanto, os discípulos que estavam em Éfeso ouviram falar de Jesus, mas não conheciam a doutrina de Cristo. Eles haviam crido (At 19.2) em Cristo e sabiam que havia uma promessa do Espírito Santo, mas nada sabiam da experiência do Pentecostes. Paulo percebeu que, a despeito de terem crido no Cristo das Escrituras, eles não haviam recebido o poder do Espírito para tornarem-se testemunhas de Cristo (CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, p.77.2021).
A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS
O batismo no Espírito Santo não é loucura. Estamos falando de algo real e com total amparo nas Escrituras Sagradas, anunciado no Antigo Testamento e com o início do cumprindo no Novo Testamento. Atos 2 marca o derramar do Espírito Santo sobre todos aqueles que crerem.
Atos 2 é Pentecoste Judaico, no capítulo 8 Pentecoste Samaritano, no capítulos 10, 19 Pentecoste Gentílico. Vinte anos depois do Pentecoste Judaico, os discípulos de João não tinham conhecimento suficiente.
Perceba que o acontecimento com os cristãos efésios demonstram com clareza isso. Paulo conversa com cristãos convertidos que precisavam do revestimento do Espírito Santo como poder para a missão evangelizadora de Cristo.
O Pentecostes efésio não marca uma experiência de conversão, mas uma dotação do poder do Espírito para divulgar o Evangelho. O livro inteiro de Atos enfatiza esta experiência carismática de receber poder para o evangelismo. Os doze efésios recebem o novo poder vital do Espírito para que eles, como os discípulos no Dia de Pentecostes, Samaria e Cesaréira, sejam equipados a cumprir a comissão de Atos 1.8. Paulo espera que os crentes sejam cheios com o Espírito (ARRIGTON, French L.; STROSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015).
O apóstolo Paulo desenvolveu seu conhecimento na experiência que ele mesmo teve com o Espírito Santo. À igreja em Éfeso, Paulo não desfez a mensagem de João Batista, porque o que esse profeta revelou referia-se a Jesus e, quando falou que “ele batizaria com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11), reforçava o fato do cumprimento dessa profecia na experiência do Pentecostes. Paulo também não desfez a mensagem que Apolo pregava. Pelo contrário, o apóstolo fortaleceu o teor da mensagem de João Batista e revela que o Cristo profetizado por João era exatamente o que “havia de vir” (At 19.4). Os que ouviram Paulo entenderam que o batismo de João era para arrependimento e, então, receberam a palavra de Paulo e, convencidos, foram batizados no nome de Jesus Cristo (CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, p.80,2021).
“Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo” (At 19.4)
CONCLUSÃO
Para o apóstolo Paulo, o Espírito é a Presença gloriosa, inconfundível e invisível de Deus é identificado pela “presença de Deus” na vida do seu povo, Israel, nos vários eventos sagrados da vida religiosa de Israel, no Tabernáculo e, especialmente, no Santuário interior do Tabernáculo. No Novo Testamento, essa presença é renovada mediante a promessa de que o Espírito seria derramado sobre toda a carne (Jl 2.28-30). Para Israel, essa presença voltaria à vida do seu povo, que, mesmo tendo se afastado, o Senhor honraria Sua promessa a Abraão (Ez 37.27; Ml 3.1; Mq 4.1,2; Zc 14.16-19). Na mente de Paulo, essa “Presença” representa o “Espírito” (CABRAL, Elienai. O Apóstolo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, p.81,2021).
No poder do Espírito, o apóstolo Paulo, além de realizar curas e milagres em nome de Jesus, levou a igreja em Éfeso a espalhar o Evangelho de Cristo. À luz desse exemplo, precisamos resgatar a simplicidade da fé crista, buscando os sinais que demonstram o poder do Espírito Santo nos dias de hoje.