Prezados professores e alunos,
Paz do Senhor!
“E Hilquias respondeu e disse a Safã, o escrivão: Achai o livro da Lei na Casa do Senhor. E Hilquias deu i livro a Safã” (2Cr 34.15)
Na sequência do estudo dos livros dos Reis, estudaremos o reinado de Josias, em mais um salto cronológico, não tão grande quanto da lição anterior, já que agora o período saltado é de 57 anos, abrangendo apenas dois reinados, de Manassés e de Amom.
Deixamos a história de Judá na lição passada com a morte de Ezequias, que o texto sagrado diz ter sido o rei que mais próximo esteve do Senhor em toda a história Judá
“No Senhor, Deus de Israel, confiou, de maneira que, depois dele, não houve seu semelhante entre todos reis de Judá, nem entre os que foram antes dele” (2Rs 18.5).
No entanto, como ninguém é perfeito, vimos que Ezequias teve duas falhas: o ativismo, que o fez esquecer-se da sua vida familiar, tanto que, doente e avisado que morreria, chorou muitíssimo, em especial porque não tinha ainda herdeiro para dar seguimento à linhagem real.
Como podemos afirmar isso? Simples. Deus deu a Ezequias mais quinze anos de vida naquela oportunidade (2Rs 20.6) e, quando morreu, seu filho Manassés assumiu o trono com doze anos de idade
“Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém: era o nome de sua mãe Hefzibá” (2Rs 21.1).
Portanto, ao tempo da cura, Ezequias não tinha ainda filhos e, observemos, demorou ainda três anos para que tivesse descendência.
A segunda falha de Ezequias foi a soberba que tomou conta dele após a cura recebida e a consciência de que isto foi conhecido internacionalmente. Precisamente quando Manassés passava a sua primeira infância, teve como exemplo um pai soberbo, o que fez com que também desenvolvesse a soberba como “modus vivendi”, o que foi fatal para o futuro rei e para seu país.
Morrendo Ezequias, Manassés assumiu o trono com 12 anos de idade e reinou 55 anos (2Rs 21.1) e, tendo tido a má formação já aludida, fez o que era mau aos olhos do Senhor conforme a todas as abominações dos gentios. Manassés no hebraico significa “Quem faz esquecer”. E por que o povo não se rebelou como fez com Davi séculos antes? Porque apesar de sua maldade, Manassés fazia tudo para agradar ao povo: dava-lhe deuses, baalins e superstição. É muito fácil agradar ao povo idólatra; basta fabricar e fazer ampla doação de ídolos. Comentando 2 Cronicas 33.3, Alexandre MacClaren diz: “Manassés desprezou tudo o que seu pai cultuara e cultuou tudo o que seu pai desprezara” (MacClaren, Alexandre, Expositions of holy scripture, p. 252)
Sendo assim, o rei Manassés cometeu a maior blasfêmia que era introduzir ídolos na casa do Senhor
“E edificou altares na Casa do Senhor, da qual o Senhor tinha dito: Em Jerusalém estará o meu nome eternamente. Também pôs uma imagem esculpida , o ídolo que tinha feito, na Casa de Deus, da qual Deus tinha dito a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa, em Jerusalém, que escolhi dentre todas as tribos de Israel, porei eu o meu nome para sempre” (2Cr 33.4,7)
Manassés instituiu em Judá o sacrifício de crianças (2Cr 33.6). Além de desprezar crianças, Manassés também instituiu o reinado de terror. Mandava matar quem o “olhasse atravessado na rua”
“De mais disso, também Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu a Jerusalém de um ao outro extremo, afora o seu pecado, com que fez pecar a Judá, fazendo o que era mal aos olhos do Senhor” (2Rs 21.16)
Além da idolatria e violento, Manassés também se fazia de surdo aos apelos de Deus. Tinha os ouvidos fechados
“E falou o Senhor a Manassés e ao seu povo, porém não deram ouvidos” (2Cr 33.10)
Por fim Manassés foi ao fundo do poço. Os violentos assírios o prenderam “com ganchos”, amarraram-no e o conduzem cativo para a Babilônia:
“Pelo que o Senhor trouxe sobre ele os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés entre os espinhais, e o amarraram com cadeias, e o levaram à Babilônia” (2Cr 33.11)
É aí que se inicia o seu processo de volta. Na sua angústia, procede como o salmista:
Clama ao Senhor e se rende ao domínio do Eterno Deus.
“Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me ouviu” (Sl 120.1)
Passa conhecer como real é “o Deus dos seus pais”
“E ele, angustiado, orou deveras ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais” (2Cr 33.12)
E conheceu que o Senhor é Deus
“E lhe fez oração, e Deus se aplacou para com ele, e ouviu a sua súplica, e o tornou a trazer a Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o Senhor é Deus” (2Cr 33.13)
Lembra o significado do nome Manassés? A explicação está em Gênesis,
“E chamou José o nome do primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho e de toda a casa de meu pai” (Gn 41.51)
“Deus faz esquecer”. Sim, Deus esquece mesmo os nossos pecados (Hb 10.17; Mq 7.19). Atende-se, porém, para a condição que Deus mesmo estabelece para esquecer os nossos pecados: arrependimento e confissão, Sl 51.17; Is 57.15. (FONSECA, 2000, p. 96,97).
Trabalho de restauração espiritual de Manassés foi insuficiente para se sobrepor aos males que haviam sido causados, tanto que, morto Manassés, seu filho Amom, que no hebraico significa “Artesão”, sem hesitação, ele reverteu às práticas idólatras que havia sido iniciada e promovida por seu pai. (2Rs 21.19-24; 2Cr 33.21-25).
Em 640 a.C. Amom foi assassinado por escravos do seu palácio. Embora seu reinado tenha sido curto, o ímpio exemplo dado durante esses dois anos proveu a oportunidade de Judá reverter a um terrível estado de apostasia (SCHULTZ, 1995, p. 207)
“E os servos de Amom conspiraram contra ele e mataram o rei em sua casa” (2Rs 21.23).
JOSIAS REPARA O TEMPLO
Josias assume o reino em tenra idade e numa situação espiritual extremamente complicada, pois o povo havia se desviado espiritualmente por causa de Manassés e havia sido mal sucedida a tentativa de Manassés de reverter este quadro, quadro este que se intensificara no curto reinado de Amom.
Josias no hebraico significa “Curado por Yahweh” e é bem este o caráter que terá o seu reinado. Ele curará os males de Judá, extirpará as mazelas estatuídas por seu avô Manassés, ainda que, lamentavelmente, o povo não vá corresponder a esta cura e, após a sua morte, tornará ao pecado e de modo irremediável ao ponto de ter o mesmo destino do reino do norte: o cativeiro.
Nos primeiros anos do seu governo, Josias foi, sem dúvida, monarca apenas de nome. Quando tinha apenas 16 anos de idade, ele já começara a impor sua vontade, com a eliminação da idolatria e a purificação geral das formas religiosa e práticas. Quando estava com 20 anos de idade, esse era um fenômeno generalizado em Judá. Ele chegou a execrar as sepulturas dos sacerdotes idólatras, consumando seus ossos em altares e destruindo-os posteriormente (2Cr 34.3-7).
Durante o seu reinado, o Templo é restaurado, e durante a restauração o Livro da Lei é encontrado pelo sumo sacerdote. Sabendo do encontrado e do conteúdo do mesmo, Josias sentiu-se alarmado diante das penalidades impostas pela Lei quanto a diversas transgressões, e consultou a profetisa Hulda. Ela afirmou que dias de intenso sofrimento estavam a caminho, mas que Josias, pessoalmente, não haveria de viver o bastante para ser testemunha dos mesmos. A leitura da Lei levou o estabelecimento de um solene pacto, o que foi ratificado pela observância da Pascoa, no tempo determinado, 2Rs 22.8-23.3; 2Cr 34.29-33. (BENTHO, Introdução ao estudo do Antigo Testamento, p.277).
A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
Foi a maior Páscoa celebrada na Terra Prometida (2 Rs 23.22). Josias orientou sacerdotes e levitas para a celebração, inclusive dispensando os levitas de terem a seu cargo a arca do concerto:
“E disse aos levitas que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que edificou Salomão, filho de Davi, rei de Israel; não tereis mais esta carga aos ombros; agora, servi ao Senhor, vosso Deus, e ao seu povo de Israel” (2Cr 35.3),
o que leva alguns a crer que, até aquele momento, a arca era frequentemente retirada do templo toda vez que houvesse alguma ameaça, tendo em vista as várias invasões e saques sofridos em Jerusalém desde os dias de Roboão.
Josias reorganizou o serviço do templo, reinstituindo as turmas como havia sido planejado por Davi e implementado por Salomão, tudo para que houvesse uma correta celebração da Páscoa.
Josias deu o exemplo, oferecendo aos filhos do povo cordeiros e cabritos do rebanho para os sacrifícios da Páscoa, sendo seguido pelos príncipes. O segredo da liderança é o exemplo.
“E ofereceu Josias aos filhos do povo cordeiros e cabritos do rebanho, todos para os sacrifícios da Pascoa, em número de trinta mil, por todos que ali se achavam, e, de bois, três mil; isso era da fazenda do rei. Também fizeram os seus príncipes ofertas voluntarias ao povo, aos sacerdotes e os levitas; Hilquias, e Zacarias, e Jeiel, maioral da Casa de Deus, deram aos sacerdotes para os sacrifícios da Páscoa duas mil e seiscentas reses de gado miúdo e trezentos bois” (2Cr 35.7,8).
A celebração seguiu o rito estabelecido (2Cr 35.11-19), tendo sido a maior Páscoa desde o profeta Samuel:
“Nunca, pois, se celebrou tal Páscoa em Israel, desde os dias do profeta Samuel, me, nenhum reis de Israel celebraram tal Páscoa como a que celebrou Josias com os sacerdotes, e levitas, e todo o Judá e Israel que ali se acharam, e os habitantes de Jerusalém (2Cr 35.18).
Aí o texto sagrado diz que Josias foi o rei mais convertido que houve e que depois dele nenhum outro surgiu semelhante a ele (2Rs 23.25). Entendem alguns, então, que haveria aqui uma contradição, pois Ezequias também tinha sido assim considerado (2Rs 18.5).
No entanto, um olhar detido sobre os dois textos mostra que não há qualquer contradição. Em primeiro, é dito que não houve quem confiasse tanto em Deus quanto Ezequias (2Rs 18.5). Com relação a Josias, é dito que não houve quem se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma e com todas as suas forças:
“E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo a seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a Lei de Moisés; e, depois dele, nunca se levantou outro tal” (2Rs 23.25).
Se bem formos verificar, Ezequias teve uma fé maior que a de Josias. Ao ser confrontado pelo rei da Assíria, clamou a Deus e nele confiou inteiramente. Ao ser informado de que morreria por uma mensagem vinda do Senhor, orou pedindo mais anos de vida. Já Josias, foi enfrentar Faraó Neco e acabou sendo morto por causa disso, não demonstrando, assim, fé igual a de seu bisavô.
Simultaneamente, quando vemos a conversão de Josias, vemo-lo buscando a Deus desde a tenra idade e rasgando as suas vestes quando lhe foi lido o livro da lei, procurando, também, levar o povo ao arrependimento, ao ter notícia de que seria poupado do cativeiro, mas não Judá. Ezequias, além de ter desenvolvido soberba após a sua cura milagrosa, contentou-se em saber que não sofreria o cativeiro, não se preocupando com o povo. Josias, pois, era mais convertido e amava mais a Deus que Ezequias.
Além do mais, é dito que Ezequias não teve semelhante entre os reis que foram antes dele e Josias foi um sucessor seu, enquanto que, com relação a Josias, é dito que nenhum sucessor seu chegou ao seu nível espiritual, de modo que não há qualquer contradição na comparação entre Ezequias e Josias.
Conclusão
Josias fez uma limpeza geral em Israel, eliminando todas as formas de idolatria instituídas pelos reis que o antecederam, inclusive o rei Salomão. Os esforços desse grande rei para servir ao Senhor com fidelidade, lhe renderam a honra divina. O castigo de Judá somente veio depois da morte de Josias.