Paz do Senhor!
Prezados professores e alunos,
Neste trimestre estudaremos o primeiro e o segundo livro de Reis (1 e 2 Reis). Esses livros revelam a história do povo de Deus desde o final do reinado de Davi até o cativeiro babilônico. Neste domingo, especificamente, trataremos acerca do sucessor de Davi, o seu filho Salomão. Analisaremos sua correta atitude em pedir sabedoria a Deus enquanto jovem, contudo, veremos a necessidade de permanecer em comunhão com Ele, tendo como exemplo as atitudes ruins de Salomão movidas pelo orgulho ao final de sua vida. Por fim, destacaremos o grande feito do reinado do filho de Davi que foi a construção do Templo.
Com objetivo de contribuir para o preparo de sua aula, e apresentar um comentário a parte da revista, trazendo um conteúdo extra ao seu estudo, espero em Deus que vocês possam aproveitar o máximo esta maravilhosa lição.
INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE
DEUS fez Aliança com Davi
“Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha benignidade se não apartará dele, como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” (2 Samuel 7:12-16)
QUEM ESCREVEU 1 REIS E 2 REIS?
1 Reis e 2 Reis como a maioria dos livros do Antigo Testamento, são anônimos. Qualquer proposta com relação a data da redação e da autoria deve permanecer como matéria de conjectura. (Beacon, comentário Bíblico, p. 274)
Não há menção nominal do autor, mas é evidente que se tratava de um historiador profético inspirado, que abordou os reinados de todos os reis de Israel e de Judá à luz do concerto de Deus com o povo hebreu. “São tradicionalmente considerados como tendo saído da pena de Jeremias, auxiliado pelo seu secretário, Baruque (Jr 45). Alguns trechos de livro de Jeremias lembram o de Reis” (compare 2 Rs 24.18-20 e 2Rs 25.8-30 com Jr 52.1-3; 39.1-7; 52.3-11; 39.8-10; 52.12-16; 52.31-34) (ANTIGO TESTAMENTO, Introdução ao estudo do, p. 218, 2019)
Abrangência desde reinado de Salomão até cativeiro na Babilônia.
O que havia de mais importante em Israel, mais precisamente, em Jerusalém, e era cobiçado por todos os reinos a sua volta, era o templo. O que era mais importante no templo era a Arca da Aliança, símbolo da presença de DEUS e de maior valor monetário.
No tempo de Salomão já não havia dentro da Arca o Vaso contendo o Maná e nem tampouco a Vara de Arão que floresceu.
A Arca continha três objetos quando saiu do Monte Horebe que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto;
“que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda ao redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto” (Hebreus 9:4)
“Na arca, nada havia, senão só as duas tábuas de pedra que Moisés ali pusera junto a Horebe, quando o Senhor fez aliança com os filhos de Israel, saindo eles da terra do Egito”. (1 Reis 8:9)
“Na arca, não havia senão somente as duas tábuas que Moisés tinha posto junto a Horebe, quando o Senhor fez concerto com os filhos de Israel, saindo eles do Egito”. (2 Crônicas 5:10)
No tempo de JESUS aqui na Terra nem mesmo a Arca da Aliança estava no templo.
O que aconteceu com a Arca da Aliança é uma pergunta que tem fascinado teólogos, estudantes da Bíblia e arqueologistas por vários séculos. No décimo oitavo ano do seu reino, Josias, o rei de Judá, ordenou que aqueles que zelavam pela Arca da Aliança a retornassem ao templo em Jerusalém (2 Crônicas 35:1-6; veja também 2 Reis 23:21-23). Essa é a última vez que a Arca da Aliança é mencionada nas Escrituras. Apocalipse menciona a Arca como estando no céu:
“Abriu-se, então, o santuário de DEUS, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada”. (Ap. 11:19)
No fim das contas, apenas DEUS realmente sabe onde a Arca está.
Provavelmente Salomão começou a reinar com 18 anos e reinou 40 anos em Jerusalém.
Estes dois livros eram originalmente um único livro ou rolo em hebraico. A divisão em dois volumes no texto hebraico apareceu primeiro nos manuscritos de meados do século XV, e então na Bíblia de Daniel Bomberg impressa em hebraico em 1516-17 d.C. Porém, uma vez que os textos gregos exigiam duas vezes mais espaço que os hebraicos (no qual as vogais só foram introduzidas depois de 600 d.C.), a tradução do livro de Reis ao grego para a LXX havia precipitado, séculos antes, uma divisão pela qual passou-se a utilizar dois rolos ao invés de um. Os livros de Samuel e Reis, nas Bíblias em grego e latim, são considerados uma história contínua em quatro volumes. Em alguns textos gregos, porém, o final do reinado de Davi (1 Rs 2.11) ou o início do reinado de Salomão (1 Rs 2.46a) marcam a divisão entre os livros de Samuel e Reis. A divisão entre 1 e 2 Reis parece ser bastante artificial.
Embora Josefo considerasse os livros de Samuel e Reis como dois volumes, os judeus alexandrinos os consideravam como livros “de reinos” (basileion) formando quatro livros. A Vulgata Latina os identificou como livros de “reis”, apresentando para este relato histórico a atual designação como 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Reis. Cronologicamente, os eventos de 1 e 2 Reis abrangem um período de mais de quatro séculos, começando com o reinado de Salomão, em aprox. 971 a.C., até a libertação de Joaquim do cativeiro babilônico, em aprox. 562 a.C. Além de oferecer um estudo contínuo da dinastia davídica, ele também narra os desenvolvimentos contemporâneos no Reino do Norte a partir de seu início, em 931 a.C., até a queda de Samaria em, 722 a.C. (PFEIFFER, Charles F. Dicionário Wicliffe, p. 1661)
Introdução da Lição
A Sabedoria de Salomão é impressionante, pois ele pediu a Deus sabedoria e Deus agradou desse pedido e lhe concedeu. Na metade do seu reinado a rainha de Sabá, que veio “dos confins da terra” para ouvir a sua sabedoria.
“A Rainha do Sul se levantará no Dia do Juízo com esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis que está aqui quem é mais do que Salomão” (Mt 12.42)
A rainha ficou impressionada pela beleza da sua capital, pela comida em sua mesa, pela sua força militar, e pelo esplendor geral da sua corte que “não houve mais espírito nela” (1Rs 10.5).
Porém foi a sabedoria de Salomão que a impressionou profundamente. Ela o bombardeou com perguntas e enigma. Todos os seus enigmas e charadas foram respondidas de uma forma tão inteligência, que ela finalmente exclamou palavras de congratulação:
“Bem-aventurados os teus homens, bem-aventurados estes teus servos que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!” (1Rs 10.8)
Entretanto, mesmo diante de toda essa grandeza promovida por sua sabedoria, esse monarca se deixou levar por interesses políticos e desejos pecaminosas. Que o nosso Deus nos guarde, e que possamos buscar a sabedoria proveniente de Deus, a fim de mantermos o equilíbrio, a coesão e a justiça.
SABEDORIA DE SALOMÃO
Salomão já vivenciava alguns traços de sabedoria, antes de receber como um dom divino. O grande rei escolhera sabedoria, do que depreende o quanto já era sábio. Salomão pediu a Deus a coisa certa.
“E em Gibeão apareceu o Senhor a Salomão de noite em sonhos e disse-lhe Deus: Pede o que quiseres que te dê”. (1Rs 3.5)
Além de mostrar a prioridade, Salomão demonstra humildade ao escolher a sabedoria, que ele mesmo, posteriormente, diria que era a “coisa principal” (Pv.4:7), pois a sabedoria é absolutamente necessária para que tudo que se faça seja exitoso.
A sabedoria é “saber fazer as coisas” e para que possamos fazer algo é necessário que saibamos fazê-lo. Não é à toa que o primeiro aspecto do Espírito Santo é o “Espírito de sabedoria”
“E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11.2)
e que Tiago tenha dito que o que deve ser pedido e é dado liberalmente a todos é a sabedoria
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe á dada” (Tg 1.5)
Deus Se agradou tanto do pedido feito por Salomão que não só lhe concedeu a sabedoria, mas tudo quanto ele não havia pedido, de modo que Salomão foi o homem que pôde desfrutar abundantemente de tudo o que a dimensão terrena pode oferecer a alguém, como, aliás, o rei deixou claro ao escrever o livro de Eclesiastes, a saber: fortuna, fama, poder, conhecimento e prazer (1Rs 3.11-14).
Após acordar do sonho, Salomão creu naquilo que Deus lhe dissera e prova disso é que, já em Jerusalém, diante da arca do Senhor (que seu pai Davi havia levado para lá e ficava numa tenda ao lado do palácio de Davi (2Sm 6.16,17; 7.2), ofereceu mais sacrifícios pacíficos e holocaustos, tendo, ainda, feito um banquete a todos os seus servos.
Logo se revelaria ao povo que estavam diante de um rei sábio, do mais sábio homem que já pisou sobre a face da Terra. Uma questão intrincada foi apresentada ao rei: duas prostitutas disputavam a maternidade de uma criança, pois ambas haviam dado à luz e, à noite, uma acidentalmente matara seu filho, ao dormir sobre ela, trocando a criança com a da outra. Pela manhã, a mãe notou que o seu filho não era o morto, mas sim, o vivo.
Impossível praticamente era a solução desta questão. Não havia exame de DNA naquele tempo. As mulheres eram prostitutas, de modo que não se sabia sequer quem eram os pais das crianças, o que tornava impossível saber quem era a verdadeira mãe.
Entretanto, sabiamente, Salomão mandou dividir a criança pelo meio e a verdadeira mãe preferiu dar a criança à outra mulher do que ver a morte de seu filho e, assim, Salomão descobriu quem era a verdadeira mãe e Israel todo ficou ciente de que Salomão era dotado de uma sabedoria proveniente da parte de Deus (1Rs 3.16-28).
“E todo o Israel ouviu a sentença que dera o rei e temeu ao rei, porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça”. (1Rs 3.28)
Outra demonstração da sabedoria que Deus deu a Salomão está na organização administrativa que trouxe ao reino de Israel, trazendo uma descentralização e permitindo, através disso, que a chamada “máquina pública” pudesse ter recursos e funcionasse bem. Pôs príncipes e provedores.
Agindo com sabedoria, Salomão, que vivia em paz com os povos vizinhos, pôde criar um ambiente favorável ao progresso e à prosperidade de seu povo, tanto que havia comunhão e alegria na população
“Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, como a areia que está ao pé do mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se”. (1Rs 4.20).
Sua construção do templo foi uma grande realização espiritual, mas, no início, influenciado por seu bando de mulheres e concubinas, ele caiu em idolatria (1Rs 11. 5,33). Seus abusos morais (elevados impostos e trabalho escravo) definiram o palco para o colapso de seu império e a conseqüente divisão nas partes norte (Israel) e sul (Judá-Benjamim). O homem que inicialmente teve um “coração que ouvia” (1Reis 3.20) logo passou a ter uma mente poluída. Um típico julgamento deuteronômico é passado ao homem em I Reis 11. Este capítulo fala de vários adversários que se levantaram contra o rei e o puniram por suas infrações. (Dicionário Russell Norman Champlin)
A CONTRUÇÃO DO TEMPLO
Nos primeiros anos do seu reinado, o monarca revela um coração sábio. Na construção do Templo, foi empregado diversos materiais, como por exemplo cedro do Líbano, e muito ouro. Para demonstrar o seu amor por Deus, Salomão usou em todos os utensílios muita pompa e glória, todos esses detalhes do Templo para dá uma morada da mais excelente qualidade.
“E eis que eu intento edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus, como falou o Senhor a Davi, meu pai, dizendo: Teu filho, que porei em teu lugar no teu trono, esse edificará uma casa ao meu nome”. (1Rs 5.5)
A redenção efetuada por Cristo na cruz, a morada de Deus passa ser o homem nascido de novo. Portanto, na nova aliança, templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante, porque o seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. (Pommerening, Claiton, p. 23, 2021)
“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos”? (1Co 6.19)
Se somos crentes, nosso corpo é a morada pessoal do Espírito Santo. Porque Ele habita em nós e pertencemos a Deus, nosso corpo nunca deve ser profanado por qualquer impureza ou mal, proveniente da imoralidade, nos pensamentos, desejos, atos, filmes, livros ou revistas. Pelo contrário, devemos viver de tal maneira que glorifiquemos e agrademos a Deus em nosso corpo. (STAMPS, Donald C.)
“Porque foste comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus nos vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”. (1Co 6.20)
A glória do Senhor manifestou-se no Templo depois de pronto de forma extraordinária em vários momentos. O primeiro foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o Lugar Santíssimo, de tal forma que não puderam retornar ao local e tiveram que parar o seu trabalho
“E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor. e não podia os sacerdotes ter-se em pé, para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a Casa de Deus” (1 Rs 8.11; 2 Cr 5.14).
Percebe-se que a glória do Senhor se manifestou num ambiente de intensa adoração, por meio de instrumentos musicais e cantores que salmodiavam ao Senhor:
“e quando os levitas, cantores de todos eles, isto é, Asafe, Hemã, Jedutum, seus filhos e seus irmãos, vestidos de linho fino, com címbolos, e com alaúdes e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar, e com eles até cento e vinte sacerdote, que tocavam as trombetas, e quando eles uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor, e quando levantaram eles a voz com trombetas, e címbolos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao Senhor, porque era bom, porque a sua benignidade durava para sempre, então, a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a Casa do Senhor” (2 Cr 5.12,13)
A segunda vez em que a glória do Senhor se manifestou foi quando Salomão acabou de proferir a oração de inauguração
“E, acabando Salomão de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a gloria do Senhor encheu a casa. E os sacerdotes não podia entrar na Casa do Senhor, porque a glória do Senhor tinha enchido a Casa do Senhor. e todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo e a glória do Senhor sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o Senhor, porque é bom, porque a sua benignidade dura para sempre” (2 Cr 7.1-3)
Dessa vez, além da glória, também desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios. (POMMERENING, Claiton, p. 23, 2021)
Conclusão
O Senhor escolheu Davi, que exerceu com fidelidade o governo do povo de Israel. Divinamente orientado, o homem segundo o coração de Deus, separou Salomão para ser o seu sucessor. Nunca houve na terra um homem com tanta sabedoria como Salomão, e que soubesse empregá-la com justiça e correção durante anos de reinado. Este, por sua vez, comportou-se inicialmente de forma agradável a Deus, no entanto se esqueceu da benignidade divina e rebelou-se contra a vontade do Senhor. Tais verdades históricas nos ensinam que Deus escolhe os homens para propósitos específicos, porém os tais homens devem ser submissos e fiéis à vontade divina.